Resumo
Na busca de construir novos saberes para transformar práticas assistências produzidas na saúde mental, como preconiza a Reforma Psiquiátrica, este estudo objetivou unir falas de profissionais e moradores das residências terapêuticas, para compreender o que elas têm de similitudes e diferenças acerca das diversas temáticas que envolvem a moradia e o cuidado neste dispositivo de atenção. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cuja coleta de dados ocorreu através da observação sistemática, diário de campo e entrevista semi-estruturada, aplicada a 10 profissionais e 07 moradores do Serviço de Residências Terapêuticas do município de Campina Grande, Paraíba. Como resultado, os depoimentos sinalizam que estas residências prestam um serviço de qualidade, refletindo uma tendência à humanização, sendo um espaço intermediário para alcançar a cidadania dos egressos de internações manicomiais. No que se refere à atuação dos profissionais, observa-se que o processo de trabalho tem proporcionado à equipe um modo de conduzir o cuidado de forma menos tecnicista do que ocorre no hospital. Em relação aos sofredores psíquicos, estes começam a se apropriar de um espaço que há muito lhe tinha sido seqüestrado, que é o lar, o morar, o habitar uma cidade, surpreendendo pela capacidade de (re) adaptação e (re) apropriação do espaço urbano.