Resumo
O artigo apresenta as concepções sobre corpo que se forjaram no transcurso da história da humanidade, para responder às questões: que corpo a enfermagem moderna encontrou? Que discurso estabeleceu sobre ele e como vem se ocupando dele no cuidado? A construção da profissão ocorre, paralelamente, ao silenciamento sobre os corpos das enfermeiras e dos clientes, como forma de neutralizar o erotismo da relação. O cuidar se constituiu na heteronomia do cuidar, e o corpo a ser cuidado foi, habilmente, enquadrado como um “segundo corpo”. Refletir e analisar a relação estabelecida na enfermagem sobre os corpos cuidados pode beneficiar uma prática criativa e sensível, compartilhada com o sujeito do cuidado e o reencantamento de volta ao “primeiro corpo”.
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