Risk factors for breast cancer in women who use a basic health unit: descriptive study

 

Fatores de risco para câncer de mama em mulheres de uma Unidade Básica de Saúde: estudo descritivo

 

Anna Paula Souza da Silva1, Francisco José Maia Pinto2, Francisco Stélio de Sousa3, Carla Monique Lopes Mourão4, Marcos Venícios de Oliveira Lopes5, Ana Fátima Carvalho Fernandes6

 

1,4,5,6Universidade Federal do Ceará, CE, Brasil; 2Universidade Estadual do Ceará, CE, Brasil; 3Universidade Estadual da Paraíba, PB, Brasil

 

Abstract: Aimed to evaluate risk factors for breast cancer in women who used a Basic Health Unit in Fortaleza. Quantitative study, carried out from March to November 2009 with 320 women. It was used for a data collection form. Among the participants, 206 (64.38%) reported menarche over twelve years, 238 (74.38%) had their first pregnancy below 30 years, 210 (65.63%) breastfed their children, it was found that 177 (55.31%) reported using oral contraceptives, 71 (22.19%) had a family history of breast cancer, 62 (19.38%) were smokers, 89 (27.81%) consumed alcohol. It is noteworthy that even with the technology developed for the control of breast cancer, one can’t ignore the many factors that make up its etiology. Hence, the need for nurses show greater effectiveness in the early recognition of risk factors.

Keywords: Breast Neoplasms; Risk Factors; Nursing Diagnosis.

 

Resumo: Objetivou-se avaliar fatores de risco para câncer de mama, em mulheres de uma Unidade Básica de Saúde em Fortaleza-Ce. Estudo quantitativo, desenvolvido de março a novembro de 2009 com 320 participantes. Utilizou-se para coleta de dados um formulário. Dentre as participantes, 206 (64,38%) relataram menarca acima de doze anos, 238 (74,38%) tiveram a primeira gestação, abaixo de 30 anos; 210 (65,63%) amamentaram seus filhos; constatou-se que 177 (55,31%) fazem uso anticoncepcional oral; 71 (22,19%) tinham histórico familiar de câncer de mama; 62 (19,38%) eram tabagistas; 89 (27,81%) consumiam bebida alcoólica. Vale ressaltar, que mesmo com a tecnologia desenvolvida para o controle do câncer de mama, não se pode desconsiderar os múltiplos fatores que compõem sua etiologia. Daí, a necessidade de enfermeiros mostrarem mais efetividade no reconhecimento precoce dos fatores de risco.

Descritores: Neoplasias da Mama; Fatores de Risco; Diagnóstico de Enfermagem.

 

 

INTRODUÇÃO

A importância das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como o câncer, no perfil atual de saúde das populações é extremamente relevante1. Os fatores de risco para DCNT, como modificações no estilo de vida e uma maior exposição a determinados riscos ambientais, embora passíveis de prevenção, não vêm sendo monitorados adequadamente na população brasileira2.

O câncer, no Brasil, tem se constituído como um grave problema de saúde pública, não só pelo número de casos crescentes diagnosticados a cada ano, mas também pelo investimento financeiro que é necessário para equacionar as questões de diagnóstico e tratamento3.

No Brasil, o câncer de mama, representa a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer - INCA, o número de casos novos de câncer de mama esperados no Brasil para 2010 é de 49.240. Para o Ceará, houve uma estimativa de 1660 novos casos, sendo 690 destes para a capital, o que equivale às taxas brutas de 37,29/100.000 e 51,57/100.000 mulheres, respectivamente3.

Até o momento, o câncer de mama não tem uma causa conhecida. O que se pode considerar são alguns fatores que predispõem seu aparecimento, tais como: história familiar, especialmente de mãe e irmã acometidas antes da pré-menopausa; a idade, que constitui outro importante fator de risco, havendo um aumento rápido da incidência com o aumento da idade; a menarca precoce; a menopausa tardia; a ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos e a nuliparidade; a ingestão regular de álcool, mesmo que em quantidade moderada; a exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 35 anos e o uso de contraceptivos orais, embora este último ainda seja controvertido3.

As ações de prevenção primária objetivam diminuir a incidência de uma doença numa população, reduzindo o risco de surgimento de casos novos, ao prevenir a exposição aos fatores que levam ao seu desenvolvimento, interromper seus efeitos ou alterar as respostas do hospedeiro a essa exposição, impedindo que ocorra seu início biológico4.

Os processos educativos em enfermagem devem almejar a transição do estado de desconhecimento relativo para um conhecimento capaz de mudar a realidade atual que permeia a prática voltada para a promoção da saúde5.

Dentre os fatores associados às condutas preventivas do câncer de mama, estão: melhor nível socioeconômico, história familiar de câncer de mama e história pessoal de biópsia mamária com resultado benigno6.

Diante da realidade em que se encontra o município, caracterizado por um número crescente de casos novos de câncer de mama em estágios bastante avançados e com mulheres com o nível educacional e socioeconômico desfavorável e visando ressaltar o potencial da atenção primária em saúde na implementação de ações de vigilância da neoplasia mamária teve-se como objetivo: identificar fatores de risco para câncer de mama em mulheres atendidas em uma Unidade Básica de Saúde para realização de consulta ginecológica.

Além de produzir informações que orientem as políticas de promoção da saúde e redução das neoplasias mamárias nos níveis local e nacional, o presente estudo também pretende contribuir para uma maior incorporação da vigilância à saúde nas atividades da atenção básica, especialmente na Estratégia Saúde da Família.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa realizado no período de março a novembro de 2009.  Foram incluídas no estudo mulheres com consulta marcada para prevenção ginecológica com o enfermeiro nos dias destinados à coleta e com idade acima de 18 anos.

A pesquisa foi realizada após a marcação de consultas, que possui um número médio de 40 atendimentos ginecológicos agendados por semana, totalizando 1920 atendimentos por ano. Obteve-se uma amostra de 320 mulheres, utilizando-se uma amostragem não probabilística do tipo consecutiva.

O instrumento de coleta de dados foi um formulário semi-estruturado contendo informações acerca dos dados relativos à identificação e fatores de risco para o câncer de mama.

A organização dos dados quantitativos foi realizada por meio do programa Excel, e o tratamento dos mesmos pelo SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows, versão 16.0, para construção do banco de dados e posterior análise dos resultados.

Foi realizada uma análise exploratória dos dados envolvendo a representação gráfica e valores de frequências (absolutos e percentuais). Os testes estatísticos utilizados para dados onde não haja garantia de representação em curva normal devem ser os não paramétricos7.

O presente estudo foi submetido à aprovação do Comitê de Ética da Pesquisa Clínica da Universidade Federal do Ceará, conforme é exigido pela Resolução 196/968 sobre pesquisa em seres humanos, respeitando a liberdade de sua participação e conservando o anonimato dos mesmos, com o parecer sob nº 12/08.

 

RESULTADOS

A amostra está apresentada na Tabela 1, sendo caracterizada conforme dados sociodemográficos das usuárias entrevistadas.

Tabela 1 – Características sociodemográficas das usuárias entrevistadas. Fortaleza-CE, 2009

Variáveis

N=320

%

Idade das participantes

< 50 anos

267

83,44

> 50 anos

53

16,56

Situação conjugal

Com companheiro

173

54,06

Sem companheiro

147

45,94

Ocupação

 

 

Sim

177

55,31

Não

143

44,69

Religião

Católica

231

72,19

Protestante

64

20,00

Sem religião

16

5,00

Outras

9

2,81

Renda familiar

Menos de 1 salário mínimo

139

43,44

Acima de 1 salário mínimo

181

56,56

Tempo de estudo

0  |--| 5

25

7,81

6  |--| 10

85

26,56

Acima de 11 anos

210

65,63

 

Conforme observado na Tabela 1, existem 267 (83,44%) participantes com idade menor ou igual a cinqüenta anos. A idade média das mulheres entrevistadas foi de 37 anos, com idade máxima de 80 anos e mínima de 18 anos.  Foi observado que a maioria das mulheres entrevistadas 173 (54,06%) encontrava-se no grupo das que responderam viver com companheiro.

Quanto à ocupação, 177 (55,31%) referiram ter uma profissão a qual se dedicavam. Com relação à religião, a maior proporção das mulheres, 231 (72,19%), seguia a doutrina católica.

Analisando-se a variável renda familiar, observou-se que 139 (43,44%) da amostra, possuíam renda menor que um salário mínimo. O valor médio aproximado, das pessoas que ganham acima de um salário mínimo é de R$ 720,00. Quanto à escolaridade, 210 (65,63%) referiram ter acima de 11 anos de estudo.

A Tabela 2 apresenta as variáveis referentes aos fatores de risco.

Tabela 2 – Fatores de risco encontrados nas usuárias entrevistadas. Fortaleza-CE, 2009

Variáveis

N

%

Idade da menarca

< 12 anos

114

35,62

> 12 anos

206

64,38

Idade do início da menopausa

< 50 anos

> 50 anos

49

15

15,31

4,69

Não se aplica

256

80,00

Já engravidou

Sim

252

78,75

Não

68

21,25

Número de gestações

Primigesta

64

20,00

Multigesta

188

58,75

Não se aplica

68

21,25

Idade da primeira gestação

Acima de 30 anos

14

4,38

Menos de 30 anos

238

74,38

Não se aplica

68

21,25

Amamentou

Sim

210

65,63

Não

42

13,13

Não se aplica

68

21,25

Tempo de amamentação

1 a 2 meses

24

7,50

3 a 4 meses

30

9,38

5 a 6 meses

36

11,25

Acima de 6 meses

120

37,5

Não se aplica

68

21,25

Não respondeu

42

13,12

Uso de anticoncepcional oral

Sim

177

55,31

Não

142

44,38

Não respondeu

1

0,31

Tempo de uso de anticoncepcional oral

Acima de 5 anos

49

15,31

Menos de 5 anos

128

40,00

Não se aplica

143

44,69

Histórico de CA de mama na família

Sim

71

22,19

Não

249

77,81

Parentesco

Parente de 1° grau

25

7,81

Parente de 2° grau

46

14,38

Não se aplica

249

77,81

Idade do diagnóstico

Menos de 50 anos

40

12,50

Acima de 50 anos

31

9,69

Não se aplica

249

77,81

Fumo

Sim

62

19,38

Não

258

80,63

Alcoolismo

Sim

89

27,81

Não

231

72,19

 

Observando a Tabela 2, vê-se que a maioria das entrevistadas 206 (64,38%) teve seu episódio menstrual com idade acima de doze anos. Apenas 64 mulheres (20%) haviam entrado na menopausa. Dentre estas, 49 (15,31%) apresentaram idade da menopausa igual ou inferior a 50 anos.

Constatou-se que 68 mulheres (21,25%) nunca engravidaram. De um total de 252 mulheres (78,75%) que já engravidaram 238 (74,38%) tiveram a primeira gestação, na faixa etária abaixo de 30 anos de idade. Verificou-se ainda que 14 (4,38%) delas tiveram a primeira gravidez com pelo menos 30 anos de idade.

Em relação ao número de gestações, observou-se que: dentre as mulheres que já engravidaram 64 (20%) eram primíparas e 188 (58,75%) eram multíparas, com o número de gestações acima de dois.

Quanto à variável amamentação, do total de mulheres que já engravidaram, 210 (65,63%) amamentaram seus filhos e 42 (13,13%) nunca amamentaram.

Foi interrogado também o tempo de amamentação e observou-se que a maior parte das mulheres que amamentaram 120 (37,5%) relatou tempo de aleitamento acima de seis meses.       Quanto ao uso de anticoncepcional oral (ACO), pode-se constatar que do total de mulheres entrevistadas, 177 (55,31%) fazem uso deste método contraceptivo. Dentre estas, 128 (40%) relataram tempo de uso abaixo de cinco anos.

Em relação ao histórico familiar de câncer de mama, 71 mulheres (22,19%) relataram casos de câncer de mama na família, dentre estas, 25 (7,81%) afirmaram ser parentesco de primeiro grau (mãe e irmã).

As mulheres também foram interrogadas a respeito da idade dos familiares quando do descobrimento do diagnóstico, e observou-se que 40 (12,50%) tiveram a doença com uma idade inferior a 50 anos.

Ao serem indagadas a respeito do hábito de fumar e ingestão de álcool, encontrou-se que dentre as entrevistadas, 62 (19,38%) referiram o uso do fumo e 89 (27,81%) afirmaram ingerir bebida alcoólica.

 

DISCUSSÃO

O presente estudo encontrou um baixo percentual de mulheres com idade acima de cinqüenta anos. De acordo com estudos bem desenhados e controlados, a idade elevada, geralmente após os 50 anos, é um fator de risco importante, e, na maioria dos casos, é o único encontrado9.

Mais de 80% dos óbitos ocorrem em pessoas maiores de 50 anos de idade e pode-se afirmar que o risco de morrer devido às neoplasias malignas, em uma década qualquer da vida, é o dobro da década anterior10.

O percentual de mulheres encontrado com renda menor que um salário mínimo (43,44%) pode ser considerado alto já que, dentre os fatores associados às condutas preventivas de câncer de mama está o maior nível socioeconômico6.

Dentre os fatores reconhecidamente de risco para o câncer mamário está a classe econômica10. A análise deste estudo revelou que as mulheres inseridas nas classes mais baixas apresentaram menor probabilidade de serem examinadas.

Observa-se, em relação ao tempo de estudo, que a maioria das entrevistadas ficou no intervalo entre 11 e 15 anos. Quanto maior o grau de instrução, maior o conhecimento sobre métodos de prevenção para o câncer de mama, devido ao próprio domínio da leitura e melhores oportunidades de acessar serviços de saúde11.

O principal desafio metodológico do presente estudo foi a existência ou não dos fatores de risco dentre a população estudada.

É considerado fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama, mulheres que tiveram sua menarca com idade igual ou inferior a doze anos3. A menarca precoce está intimamente relacionada a um aumento no risco relativo de ter câncer de mama devido ao fato de que nessa situação as mulheres ficam expostas a estrógenos endógenos, por maior período de tempo12

Embora, a maioria das mulheres não tenha apresentado fator de risco para câncer de mama, na faixa etária da menopausa acima dos 50 anos, é válido comentar que a mulher que entrou na menopausa somente após esta idade, sofreu uma maior exposição aos estrógenos endógenos, o que a fez ficar exposta a mais um fator de risco13

O estudo mostra que apesar da maioria das mulheres entrevistadas já terem engravidado e serem multíparas, não se pode desconsiderar a porcentagem de mulheres que engravidaram em idade considerada tardia, após os trinta anos, bem como, as primíparas.

Um discreto aumento no risco para a doença parece estar relacionado a alguns subgrupos de mulheres, como as nulíparas e aquelas que tiveram filhos, mas foram expostas ao fator antes da primeira gestação a termo9.

Quanto mais ciclos ovulatórios vivenciados pela mulher, maior é sua exposição ao estrogênio, conseqüentemente, aumenta o potencial de alterações genéticas que podem levar ao desenvolvimento da neoplasia mamária4

O percentual de amamentação (65,64%) apresentou-se satisfatório para a análise do estudo. Uma meta-análise publicada anteriormente concluiu que o fator amamentação é protetor para o desenvolvimento do câncer de mama, porém é de pequena magnitude quando comparado aos fatores de risco já estabelecidos. O efeito protetor de um longo período de amamentação parece ser mais forte, ou restrito, às mulheres em pré-menopausa14.

Apesar do uso do ACO ainda ser considerado uma controvérsia dentre os fatores de risco para a neoplasia, o número de mulheres (177) que relataram o seu uso foi bastante significante. Alguns estudos realizados com mulheres jovens têm demonstrado que o uso prolongado destes medicamentos aumenta o risco da doença em mulheres com menos de 45 anos15.

A história familiar de câncer de mama parece ser o fator de risco de maior impacto na busca aos fatores de risco6. Apesar de apenas 7,81%, das mulheres entrevistadas apresentarem familiares de primeiro grau com a doença, este número não deve ser desconsiderado e desencadeia motivo de preocupação para novos estudos na temática.

Observa-se um risco aumentado em mulheres com casos da doença em familiares próximos (mãe, irmã ou filha). Este risco é especialmente elevado quando o familiar tem câncer antes dos 50 anos de idade e em ambas as mamas4.

Muitas vezes as mutações ocorrem nos genes BRCA1 e BRCA, implicando um elevado risco de desenvolver a doença, sendo metade dos casos antes dos 50 anos de idade. Estes genes produzem proteínas que regulam o mecanismo de multiplicação celular e são conhecidos como supressores de tumores.  Entretanto, observa-se que somente uma em cada 1000 mulheres apresenta este padrão de mutação16-17.

Deve-se levar em consideração que o presente estudo possui como possíveis limitações o viés de memória, já que foram colhidas informações, como a idade do diagnóstico dos familiares, que correspondem a fatos ocorridos no passado com certa distância cronológica.

Em relação à variável fumo (tabagismo), na realização das entrevistas, foram consideradas como fumantes, as mulheres que independentemente da quantidade, faziam uso diário da nicotina, já que na literatura não se tem informação a respeito da quantidade de cigarros suficiente para se tornar um fator de risco.

A associação positiva entre o tabagismo e o desenvolvimento de tumor mamário ainda é questionada por alguns autores. Porém existem relatos de uma relação entre o hábito de fumar e o câncer de mama18

Evidências conclusivas dos efeitos nocivos da exposição ao fumo em relação ao câncer de mama, foram vistas em estudos anteriores, demonstrando um risco médio estimado de 1,40 (IC 95% 1,17-1,68) confirmando uma relação positiva entre fumar e câncer de mama, particularmente em mulheres pré-menopausadas e expostas precocemente ao fumo19

Já em relação à ingestão de álcool, estudos desenvolvidos para conhecer seus efeitos no organismo humano e sua relação com a neoplasia mamária, demonstram a ocorrência de associação positiva entre a ingestão de álcool e o câncer de mama20-21.

Do ponto de vista da saúde das populações os dados aqui apresentados, embora estejam em porcentagens pequenas, precisam ser levados em consideração, uma vez que as complicações decorrentes do hábito de fumo e álcool resultam em ocorrências letais, como o câncer22.

Mesmo sendo o fumo considerado um dos principais fatores de risco para o câncer do aparelho respiratório e o álcool relacionado com os cânceres de boca, de faringe, de esôfago e de fígado, existe uma associação ou uma maior potencialidade de ambos como responsáveis pelo desenvolvimento do câncer de mama23.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS E AS IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM

O desenvolvimento deste estudo ofereceu margens à percepção de detalhes do universo das mulheres entrevistadas, pois além de procurar contemplar os objetivos da pesquisa, permitiu a observação de pontos adversos como a falta de programas de educação para a saúde que possibilitem um maior conhecimento dos fatores de risco para câncer de mama. 

Os dados reunidos neste trabalho visam contribuir para um melhor conhecimento da efetividade das ações de prevenção do câncer de mama feminino. Com base nas informações disponíveis, fica evidente que os principais fatores de risco para o câncer de mama na mulher, tais como: idade, história familiar, história reprodutiva, suscetibilidade genética, etc. não são passíveis de intervenção em nível populacional.

Entretanto, um pequeno número de fatores de risco poderá ser alvo das estratégias de prevenção primária para o câncer de mama, entre eles fumo e álcool. Logo, entre as possíveis recomendações para a população em geral está o estímulo a hábitos de vida saudáveis, o que inclui não fumar e ingerir bebidas alcoólicas com moderação.

Torna-se necessária uma clara descrição a respeito dos fatores de risco que estão presentes nesta neoplasia. Constatando-se uma falta por parte de profissionais em relação à orientação quanto à existência potencial destes fatores.

Diante disso, observa-se que para a prática de enfermagem tornar-se eficiente, faz-se necessário a criação e aprimoramento de novos programas de educação em saúde, transformando as salas de espera para consultas em espaços para ações educativas.

A enfermagem tem papel fundamental no desenvolvimento destas estratégias, já que tem seu trabalho voltado para prevenção e não para a cura das doenças.

Vale ressaltar, a partir dos resultados da pesquisa, que mesmo com a tecnologia desenvolvida nas últimas décadas para o controle do câncer de mama, não se pode desconsiderar os múltiplos fatores que compõem a etiologia desta neoplasia. Daí, a necessidade de uma maior efetividade no reconhecimento precoce dos seus fatores de risco.

 

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