The beliefs of health workers in occupational accidents with exposure to
biological fluid: descriptive research
As crenças dos
trabalhadores de saúde nos acidentes de trabalho com exposição a fluido
biológico: pesquisa descritiva
Marilene Loewen Wall1, Fernanda
Moura D'almeida Miranda2, Leila Maria Mansano Sarquis3, Liliana Maria Labronici4, Elaine Drehmer de Almeida Cruz5
1,3,4,5Escola de Enfermagem da Universidade Federal do
Paraná, PR, Brasil; 2Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná,
PR, Brasil
Abstract: It is descriptive
quantitative and qualitative approach
performed between September and October 2010 with
15 health workers. Objective- To identify the
knowledge about the consequences of exposure to biological material, and the protocol
of post-accident, and know beliefs that influence this adherence.
Methods- The data were collected through structured
interview recorded and analyzed using thematic
analysis. Results- The workers are
concerned about contracting AIDS and hepatitis, related preventive behaviors add to the risk after the event, the
serological follow perceive as a benefit, they recognize the accident as a generator
of emotional stress and reported no investments of
institutions to promote awareness and prevent
accidents biological exposure.
Conclusion- The nursing consultation to
the rugged provides subsidies
through health education for behavior change and
helps to improve the
quality of life of the worker.
Keywords: Nursing; Education; Exposure to biological fluids; Health knowledge,
attitudes, practice
Resumo: Trata-se de pesquisa descritiva
de abordagem quanti-qualitativa realizada entre
setembro e outubro de 2010 com 15 trabalhadores de saúde. Objetivo- Identificar o
conhecimento sobre as consequências da exposição a fluido biológico e sobre o
protocolo de monitoramento pós-acidente, e conhecer as crenças que influenciam
essa adesão. Metodologia- Os dados foram coletados mediante entrevista
estruturada gravada e analisados por meio de análise temática. Resultados- Os
trabalhadores demonstram preocupação em contrair
AIDS e hepatite; referem agregar comportamentos preventivos ao risco após o
evento; percebem o acompanhamento sorológico como benefício; reconhecem o
acidente como gerador de estresse emocional e relatam não haver investimentos das
instituições para promover o conhecimento e evitar acidentes com exposição
biológica. Considerações Finais- A consulta de
enfermagem ao acidentado fornece subsídios, por meio da educação em saúde, para
mudanças de comportamento e contribui para a melhoria da qualidade de vida do
trabalhador.
Descritores: Enfermagem;
Educação; Exposição a fluídos biológicos; Conhecimentos, atitudes e prática em
saúde.
*Artigo
desenvolvido durante a disciplina Vivência da Prática Assistencial, do Programa
de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná – PPGENF/UFPR.
INTRODUÇÃO
Os acidentes de trabalho com exposição a fluidos
biológicos podem causar doenças aos trabalhadores de saúde, devido ao fato de
realizarem direta ou indiretamente, o cuidado a pacientes e, por conseqüência,
estarem potencialmente expostos aos microrganismos existentes no sangue e
outros fluidos biológicos1.
O risco de exposição biológica está presente nos
diversos serviços de saúde, porém, é no ambiente hospitalar que há maior
concentração de pacientes com doenças infecciosas e infecto-contagiosas, e
também um grande número de profissionais da saúde2-3. Estudos
nacionais e internacionais mostram a problemática do acidente de trabalho com
exposição a fluidos biológicos entre os trabalhadores de serviços de saúde,
permitindo compreender a freqüência e a gravidade dessa exposição.
Segundo estudo norte-americano foram
confirmados, até dezembro de 2001, 57 casos de soroconversão
após exposição ocupacional a fluidos biológicos e 138 casos de suspeitos de soroconversão entre os trabalhadores de serviços de saúde.
Estima-se que a cada ano acontecem 385 mil ferimentos ocupacionais com perfurocortantes, ou seja, uma média de 1000 acidentes
percutâneos por dia4. Em outro estudo sobre acidente de trabalho com
exposição a fluidos biológicos, verificou-se que em um hospital no sul do
Brasil, foram notificados em média 1,75 acidentes por dia, no ano de 20075.
O risco do trabalhador de saúde desenvolver
infecções após acidente de trabalho com exposição a fluido biológico é variável
e depende do tipo de exposição; tipo e quantidade de fluido e tecido; o status sorológico da fonte; o status sorológico do acidentado e a
suscetibilidade do profissional exposto6.
Os ferimentos com agulhas e materiais perfurocortantes são considerados perigosos, podendo
transmitir mais de 20 patógenos diferentes, entre eles o vírus da
imunodeficiência humana (HIV),vírus da hepatite B
(HBV) e vírus da hepatite C (HCV)6.
A exposição ocupacional a fluidos biológicos é
considerada como caso de emergência devido à necessidade da quimioprofilaxia
para a prevenção da infecção pelo vírus do HIV, de inicio imediato, ou em até 2
horas após o acidente. É necessário também que em 72 horas seja prescrita a
gamaglobulina para profilaxia do vírus do HBV, porém, não há profilaxia para o
vírus do HCV6.
Neste contexto ressalta-se a baixa adesão dos
trabalhadores dos serviços de saúde ao protocolo de segmento pós-exposição
tanto no aspecto da subnotificação do acidente e conseqüente falha no primeiro
atendimento. Principalmente, no acompanhamento subseqüentes o Ministério da
Saúde preconiza que uma vez ocorrido o acidente de trabalho com exposição a
fluidos biológicos, este deve ser notificado por meio do Comunicado de Acidente
de Trabalho (CAT) e a ficha de notificação do Sistema Nacional de Agravos de
Notificação (SINAN); e o trabalhador seja encaminhado a atendimento médico6.
Porém, em seis anos realizando a consulta de enfermagem
aos trabalhadores que sofreram exposição a fluido biológico, foi possível
perceber por meio dos relatos dos trabalhadores atendidos pela Unidade Saúde do
Trabalhador (UST) que: as condições de trabalho, o desconhecimento das chefias
e dos trabalhadores sobre o protocolo de exposição a fluido biológico e as
crenças dos trabalhadores de saúde tornaram impedimento para a continuidade do
acompanhamento completo de 180 dias ou 360 dias após exposição
ocupacionais.
No ano de 2009 foram realizadas 1975 consultas de
enfermagem na UST para atendimento pós exposição
ocupacional a fluidos biológicos, sendo neste número inclusas as consultas de
retorno de 30, 90, 180 e 360 dias pós acidente de trabalho com exposição a
fluido biológico, sendo a média é de 80 atendimentos/mês no Pronto Socorro (PS)8.
A consulta de enfermagem é uma atividade exclusiva
do enfermeiro e a sua utilização possibilita prestar uma assistência de
qualidade ao trabalhador9. A lei do exercício profissional, Lei
nº7498/86, em seu artigo 8º, dispõe que ao “enfermeiro incumbe (...) a
participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de
saúde (...)”10. O enfermeiro deve sistematizar,
individualizar, administrar e assumir seu papel de prestador de cuidado ao
trabalhador9.
Na consulta de enfermagem,
o trabalhador recebe os resultados de exames laboratoriais, realizados no
primeiro atendimento e os coletados durante o seguimento sorológico por 180
dias ou 360 dias, dependendo do status sorológico do paciente-fonte. O
trabalhador de saúde também é reorientado quanto à importância do
acompanhamento sorológico, o uso de preservativo nas relações sexuais, a não
doar sangue no período do acompanhamento, a evitar gravidez e suspender a
amamentação, no período de monitoramento, conforme protocolo do Ministério da
Saúde / MS6.
Durante a consulta também há a preocupação em
orientar: correto uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI); os riscos
da exposição aos vírus da HCV; HBV e HIV; a prevenção de acidentes; o esquema
vacinal para Hepatite B e as questões referentes a
legislação trabalhista e previdenciária que envolvem o acidente de trabalho.
Neste contexto o objetivo deste estudo foi identificar o
conhecimento sobre as conseqüências da exposição a fluido biológico e sobre o
protocolo de monitoramento pós-acidente, e conhecer as crenças que influenciam
essa adesão.
METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa
descritiva de abordagem quanti-qualitativa realizada na Unidade Saúde do
Trabalhador (UST) do Hospital do Trabalhador (HT), no município de Curitiba –Paraná, de 15 de setembro a 15 de outubro de 2010,
com 15 trabalhadores
de saúde, sendo 3 auxiliares de enfermagem, 3 técnicos de enfermagem, 2
enfermeiros, 2 coletadoras de laboratório, 1 servente
de limpeza, 1 bombeiro-socorrista, 1 técnica de higiene bucal, 1 farmacêutica e
1 recicladora de resíduos, e foi fundamentada no Modelo de Crenças em Saúde
(MCS).
O MCS busca explicar o
comportamento humano no processo saúde-doença-trabalho, parte do pressuposto de
que o ser humano expressa comportamentos em relação a
doença11. Foi
elaborado na década de 50 por um grupo de psicólogos sociais que trabalhavam
para o Serviço de Saúde Pública Norte-Americano com o
intuito de explicar a escassa participação dos indivíduos em programas de
prevenção de agravos à saúde. Entretanto, na continuidade dos estudos seu uso
se direcionou para a análise de comportamentos decorrentes de sintomas ou
doenças diagnosticados, como por exemplo, terapias medicamentosas
anti-hipertensivas e dietas para emagrecer12.
O MCS é composto por seis pressupostos:
susceptibilidade percebida, severidade percebida; benefícios percebidos;
barreiras percebidas; conceito de eficácia pessoal e a presença do estímulo à
ação13.
Os critérios de inclusão
foram: ser trabalhador de saúde, ter sofrido acidente
de trabalho com exposição a fluido biológico, e ser atendido pela primeira vez
na consulta de enfermagem na UST.
A UST é uma unidade referência para o atendimento
dos trabalhadores acometidos por doenças ocupacionais e para os trabalhadores
de saúde que sofreram acidente de trabalho com exposição a fluido biológico
para Curitiba e Região Metropolitana e está localizada dentro do Hospital do
Trabalhador (HT). Os trabalhadores acidentados receberão o primeiro atendimento
no Pronto Socorro, nesta ocasião é agendada a consulta de enfermagem, para
seguimento do protocolo pós- exposição a fluido biológico7.
A coleta de dados
ocorreu mediante entrevista estruturada gravada durante a consulta de
enfermagem, e seu roteiro era constituído por questões fechadas referentes ao
perfil sociodemográfico dos trabalhadores de saúde, e
abertas sobre aspectos relacionados ao acidente de trabalho com exposição a
fluido biológico, e os pressupostos do MCS. Após a transcrição na íntegra
realizou-se a análise temática proposta por Minayo15. Esta é
constituída por três fases: a) pré-análise – consiste na análise dos documentos
coletados, a partir dos objetivos da pesquisa e a reformulação destes frente ao
que foi coletado, além da elaboração de indicadores que irão orientar sua
interpretação final, b) exploração do material – consiste em codificar nos
dados brutos em núcleos de compreensão de texto e c) tratamento dos resultados
obtidos e interpretação – os resultados são submetidos a operações estatísticas
que permitem visualizar os resultados obtidos, assim é possível propor
inferências e realizar interpretações15.
Diante das informações obtidas durante a consulta
de enfermagem, classificaram-se as respostas quanto à freqüência e se agrupou
por temas, com base em assuntos
As respostas foram agrupadas em seis unidades
temáticas: Percepção para a aquisição da infecção; Sentimentos vivenciados após
o acidente; Facilidades encontradas após os acidentes; Dificuldades encontradas
para a prevenção do acidente; Comportamentos para a prevenção de acidentes e
Conhecimento do protocolo de monitoramento para exposição a material biológico.
Os dados quantitativos
foram agrupados em uma planilha do EXCEL que possibilitou a análise do perfil sociodemográfico.
No que diz respeito aos
aspectos éticos o projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da
Secretaria de Saúde do Estado do Paraná/Hospital do Trabalhador no dia 25 de
março de 2010, sob o número de protocolo: CEP-SESA/HT nº 161/2010, CAAE:
0027.0.429.091-10 de acordo com o preconizado pela Resolução 196 do Conselho
Nacional de Saúde. Para garantir o anonimato dos participantes, os trechos das
entrevistas que ilustraram esta pesquisa foram codificados com a letra T, seguido
por algarismo arábico em ordem crescente de sua realização.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
A população da pesquisa apresentou as seguintes
características: faixa etária entre
A seguir, apresentam-se as categorias, unidades
temáticas, e também discutem-se as referidas
temáticas.
Categoria
1- “Suscetibilidade Percebida”
Unidade
temática: Percepção para a aquisição da infecção.
Foram extraídas as seguintes respostas ao
questionamento: Você acredita que é possível adquirir alguma infecção ou doença
após acidente de trabalho com material biológico? Como?
[...] sim, através
de material contaminado, saliva, gotículas de sangue, bem possível de
contaminação [...] (T14)
[...] sim, da
mesma forma como eu me acidentei, com perfuro, ou se espirrar alguma coisa em
você [...] (T11)
[...] sim,
pela perfuração, contato com a mucosa ocular, uso inadequado de EPIs, mas a
probabilidade é pequena [...] (T10)
[...] sim,
existe o risco, o risco é vago. Relatam que 0,01% para HIV, 0,03% para
hepatite, é remoto [...] (T03)
A unidade temática
“Percepção para a aquisição da infecção” nos fez perceber que os trabalhadores
de saúde acreditam que estão expostos ao risco de contrair AIDS ou hepatites, e
têm conhecimento incipiente no que diz respeito a
forma de contágio por acidente de trabalho com exposição a fluido biológico. A
suscetibilidade percebida é relativa ao risco do indivíduo de contrair um
agravo, porém alguns trabalhadores de saúde acreditam que esta possibilidade é
remota, ou pequena, mesmo assim evidenciam uma crença de suscetibilidade.
Categoria
2- “Severidade Percebida”
Unidade
Temática: Sentimentos vivenciados após o acidente.
As repostas dos
trabalhadores de saúde ao questionamento: Quais as conseqüências que os
acidentes de trabalho por exposição à material
biológico podem acarretar para você? Foram:
[...] pode ter se contaminado com
HIV e hepatites, o psicológico [...] (T07)
[...] nervoso, irritado,
preocupado [...] (T03)
[...] abalado psicologicamente,
risco que o profissional corre, e pode contrair a doença [...] (T06)
[...] o caso de adoecer, se não
fizer o acompanhamento [...](T10)
Por meio dos relatos é possível identificar as
crenças sobre a severidade da doença, sendo esta definida como: a percepção do
grau de severidade da doença sobre os aspectos fisiológico, mental, psicológico
e social. O grau de severidade pode variar dependendo do nível de motivação
emocional, e também em função da dificuldade encontrada pelo indivíduo em
identificar as condições de saúde16.
Nas falas dos trabalhadores de saúde podemos
encontrar as crenças na severidade percebida, tomadas pela preocupação em se
adquirir uma doença como a AIDS e as hepatites.
Categoria
3- “Benefícios percebidos”
Unidade
Temática: Facilidades encontradas após os acidentes.
Foi realizado o seguinte questionamento para a
entrevista dos trabalhadores: Você desfruta de algum benefício para realizar o
monitoramento após acidente de trabalho com material biológico? e extraída as seguintes falas:
[...] o benefício de estar sendo
acompanhado, se diagnosticado precocemente [...] (T05)
[...] sim, importante ter o
acompanhamento, ter certeza, o paciente já tinha exames negativos [...]
(T13)
[...] o trabalhador fica mais
atento [...] (T06)
[...] o carro da prefeitura
trouxe, mas não é comum...é bom porque fica sabendo
que sua saúde está bem [...] (T09)
Ao analisar as respostas obtidas identificamos que
os benefícios percebidos foram: o diagnóstico precoce em caso de soroconversão; a atenção nas atividades de trabalho e o
recurso de transporte oferecido pela instituição empregadora. Segundo o MCS, o
benefício percebido é à eficácia da ação em reduzir a ameaça criada pelas
percepções de suscetibilidade11.
Assim, nesta pesquisa constatou-se que o
acompanhamento sorológico é um benefício percebido pelos trabalhadores, já que
se relaciona à redução e severidade que o risco do acidente de trabalho com
exposição a fluido biológico impõe. Porém, cabe ressaltar que no Brasil, a legislação
vigente para a proteção da saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde foi
publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 16 de novembro de 2005, sendo
denominada a norma regulamentadora- NR 32 que estabelece as diretrizes básicas
para implementação de medidas de proteção à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, além de atividades de promoção e
assistência à saúde em geral17.
Categoria
4- “Barreiras percebidas”
Unidade
temática: Dificuldades encontradas para a prevenção do acidente.
O questionamento utilizado para a entrevista dos
trabalhadores foi: Cite os principais motivos que influenciam na ocorrência da
exposição acidental com material biológico potencialmente contaminado em sua
instituição. Obteve-se as seguintes respostas:
[...] falta de lixos adequados nos
consultórios, estresse, rotina estressante, cobrança, equipe incompleta,
descuido... o acompanhamento, deslocamento, a
ansiedade[...] (T08)
[...]-estou abalada emocionalmente
por motivos pessoais, não tenho apoio da instituição, tenho que ser perfeita, pressão no trabalho... falta
de consideração, “apoio”, falta de confiança, abalo emocional, fofocas da
equipe [...] (T07)
[...]a pressa, o não uso de EPIs, a falta de
educação continuada [...] (T03)
[...] sobrecarga de trabalho... demora para chegar no hospital do trabalhador, devido o
processo por lá, me piquei as 13 horas, cheguei aqui as 16 horas [...]
(T04)
Ao analisar as barreiras percebidas identifica-se
que o acidente de trabalho com exposição a fluido biológico gera um estresse
emocional aos trabalhadores de saúde, e que o deslocamento e o tempo para
realização das consultas também traz preocupações. As barreiras percebidas são
os aspectos negativos da ação, segundo o MCS12.
Na aérea da saúde as
relações de trabalho causam situações de estresse que levam ao acidente de
trabalho e ao sofrimento psíquico. O ritmo, a intensidade de trabalho são
fatores desencadeantes de estresse psicossocial causando distúrbios emocionais
como ansiedade e depressão. Nas organizações de saúde é comum a falta de recursos humanos, e este é o principal fator para
o ritmo acelerado de trabalho18.
A exposição a fluídos
biológicos dos trabalhadores de saúde faz parte de seu trabalho e de sua forma
de organização. Porém, muitas vezes, os trabalhadores de saúde trabalham em
turnos, utilizam dispositivos inseguros e fazem o uso inadequado dos EPIs.
Assim, suas atividades são exercidas com sobrecarga de trabalho, sob supervisão
direta e sem investimento das instituições para a manutenção de sua força de
trabalho e em medidas de proteção coletiva18,19.
Categoria
5- “Conceito de eficácia pessoal”
Unidade
temática: Comportamentos para a prevenção de acidentes.
O questionamento utilizado foi: Cite as medidas
empregadas no seu trabalho para prevenir as exposições com material biológico.
A seguir as falas dos trabalhadores:
[...] prevenir,
se cuidar, ter mais atenção [...] (T01)
[...] não reencapar agulhas, ter lixos adequados, orientações mais adequadas[...]
(T08)
[...] utilização
de EPIs, descarte do material perfurocortante,
educação em serviço para a equipe [...] (T10)
[...] medidas
explicativas, não reencapar agulhas, criar rotinas de
descarte, informativos [...] (T13)
O trabalhador de saúde ao perceber que está
suscetível a uma doença adquire novos comportamentos como o de utilizar os
EPIs, não reencapar agulhas e criar rotinas de
descarte. Entretanto, a NR 32 tem por objetivo reduzir o número de
acidentes de trabalho, por meio da informação aos empregados, dos riscos aos
quais são submetidos; além de garantir gratuitamente ao trabalhador acesso a um
programa de imunização contra doenças transmissíveis e capacitação continuada,
e ainda que sejam fornecidos os equipamentos de proteção individual antes do
início de suas atividades17,21.
Categoria 6- “Estímulos para ação”
Unidade Temática: Conhecimento
do protocolo de monitoramento para exposição a fluido biológico.
O questionamento escolhido foi: Você tem
conhecimento do protocolo para monitoramento após exposição a material
biológico do Ministério da Saúde ou outro órgão?
[...] mais ou
menos, não certinho, uma base [...] (T13)
[...] sim,
faz uma avaliação do acidentado e após reavalia [...] (T12)
[...] não, já
vi [...] (T08)
[...] só
ouvir falar [...] (T06)
Ao analisar as falas dos
trabalhadores de saúde, foi possível perceber que falta investimento das
instituições na qualificação dos trabalhadores em relação ao protocolo de
monitoramento para exposição a fluido biológico e biossegurança.
Estudo realizado em
2008, com 86 artigos publicados na base de dados LILACS, apontou que os fatores
predisponentes à ocorrência de acidente de trabalho com material biológico
estão relacionados tanto com as condições de trabalho institucionais quanto ao
comportamento individual dos trabalhadores. Os fatores de destaque em relação
às condições de trabalho foram: ausência de programa de educação continuada,
sobrecarga de trabalho, escassez de recursos humanos e a falta de materiais e
equipamentos de segurança. E os fatores relacionados ao comportamento dos
trabalhadores são: desconhecimento do risco de infecção, tensão e estresse e
desconsideração das precauções-padrão21.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
acidente de trabalho com exposição a fluido biológico é vivenciado
cotidianamente pelos trabalhadores de saúde, e a consulta de enfermagem
possibilitou a identificação das reais necessidades apresentadas pelos
participantes da pesquisa. Poderemos intervir por meio da consulta de
enfermagem para a melhoria dos ambientes de trabalho e das relações de
trabalho.
A consulta de enfermagem deve fornecer subsídios
para as mudanças de comportamento, tão necessárias quanto o acompanhamento por
acidente de trabalho com exposição a fluido biológico. Neste sentido, o
enfermeiro deve ter como objetivo a melhoraria da qualidade de vida do
trabalhador de saúde, e isso pode ser obtido mediante a educação.
A educação em saúde deve ser uma premissa para os
enfermeiros a fim de que estes possam construir estratégias individualizadas e
eficazes, que possibilitem a transformação das práticas em saúde, gerando
melhores condições de trabalho para as equipes de saúde.
O MCS pode ser utilizado pelos enfermeiros, com o
objetivo de transformar comportamentos não saudáveis em saudáveis podendo se
aplicado na área de promoção em saúde através de estratégias e programas em
educação em saúde, a fim de conscientizar os trabalhadores de saúde sobre os
riscos da exposição a material biológico e assim propor mudanças de comportamento.
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