Proxemic communication between undergraduate nursing students and newborns in neonatal unit: an exploratory-descriptive study

Comunicação proxêmica entre estudantes de graduação em enfermagem e recém-nascidos na unidade neonatal: estudo exploratório descritivo

 Leiliane Martins Farias1; Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso1; Gleicia Martins de Melo2; Ana Luíza Paula de Aguiar Lélis1; Lívia Silva de Almeida1.

 1 Universidade Federal do Ceará, CE, Brasil; 2 Hospital Geral de Fortaleza, CE, Brasil

 Abstract. Proxemic communication between undergraduate nursing students and newborns is essential for effective nurse assistance between the binomial. It aimed to characterize the proxemic communication between undergraduate nursing students and newborns. Exploratory-descriptive study carried out at the neonatal medium care unit (NMCU) of a public hospital of Fortaleza-Ceará-Brazil, from November/2009 to May/2010. The subjects were 22 students and 22 newborns. Two ways of interaction between students and newborns were described: face to face (12), sideways (10). Students adopted personal (12), social (8), intimate (2) distance. Students showed expression of tranquility (15), smile (4), tranquility and smile (2), indifference (1). While the newborns presented expression of tranquility (13), cry (7), indifference (2). Twenty-one students looked at the newborns, six spoke quietly, eleven normally, five remained in silence. The proxemic factors allow assessing the communication in NMCU, improving the students' assistance to newborns.

Keywords: communication; nursing care; infant, newborn; students, nursing.  

Resumo.  A comunicação proxêmica entre estudantes de graduação em enfermagem e recém-nascidos (RN) é essencial para uma assistência de enfermagem efetiva entre o binômio. Objetivou caracterizar a comunicação proxêmica entre estudantes de graduação em enfermagem e RN. Estudo exploratório-descritivo, desenvolvido na unidade de cuidados intermediários neonatal (UCIN) de um hospital público de Fortaleza-CE, de novembro/2009 a maio/2010. Os sujeitos foram 22 RN e 22 estudantes. Descreveram-se dois ângulos de inte­ração entre estudantes e RN: frente a frente (12), lateral (10). Os estudantes adotaram distância pessoal (12), social (8), íntima (2). Mostraram face de tranquilidade (15), sorriso (4), tranquilidade e sorriso (2), indiferente (1). Enquanto os RN, face de tranquilidade (13), choro (7), indiferente (2). Vinte e um estudantes olharam para os RN, seis falaram baixo, 11 normal, 5 permaneceram em silêncio. Os fatores proxêmicos permitem avaliar a comunicação na UCIN, melhorando a assistência dos estudantes aos RN.

Palavras-chave: comunicação; cuidados de enfermagem; recém-nascido; estudantes de enfermagem. 

Introdução

Desde os tempos de Nightingale, comunicar-se com o cliente de forma positiva e efetiva já era uma preocupação, visto que para um cuidado diferenciado, nos diversos ciclos da vida, a comunicação é essencial.

A comunicação efetiva é indispensável para se estabelecer uma relação entre dois ou mais seres humanos. No caso da equipe de enfermagem, a comunicação se torna essencial, pois para a profissão se concretizar, é inevitável a comunicação do profissional com o cliente e ou a família. Desse modo, é de extrema importância que o enfermeiro se comunique de forma positiva com o outro(1).

Diante dessa necessidade de uma comunicação efetiva na profissão de enfermagem, pesquisas apontam a busca de preparo para uma comunicação positiva, do profissional de enfermagem com o ser humano(2).

A busca de uma qualidade maior na comunicação pelo profissional de enfermagem motiva a investir na formação do enfermeiro ainda na graduação, tornando o profissional hábil, desde a sua formação acadêmica, já que no início da prática de enfermagem, o estudante sofre uma verdadeira repulsa pela falta de experiência e habilidade, o que dificulta o processo de interação e comunicação entre estudante e paciente(1,3).

Esse processo se agrava ainda mais na prestação de cuidados do estudante com o cliente recém-nascido (RN), visto que a comunicação do RN se caracteriza pela elevada carga de componentes não verbais, demandando habilidade e conhecimento adquiridos durante a graduação em enfermagem. Dessa forma, o cuidar por parte do estudante de graduação em enfermagem para com o RN muitas vezes encontra-se prejudicado(4-5).

Ao particularizar os tipos de comunicação, tem-se a proxêmica, a qual se enquadra na comunicação não verbal, isto é, quando o ser humano se comunica de forma territorial com o espaço. Ela compreende as expressões emitidas pelas atitudes corporais, ou seja, livres da simples associação com palavras. Na maior parte das vezes, é emitida pelo corpo de forma inconsciente(6-7).

Em face desse contexto, preocupou-se com a ocorrência da comunicação proxêmica na assistência de enfermagem entre estudante de graduação em enfermagem e RN.

Sendo assim, o estudo se propôs a caracterizar a comunicação proxêmica entre estudantes de graduação em enfermagem e RN internado em Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN).

Metodologia

Tratou-se de estudo exploratório descritivo, desenvolvido na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN), de um hospital público, de alta complexidade, em Fortaleza-Ceará, de novembro de 2009 a maio de 2010.

A amostra constituiu-se de 22 interações entre os acadêmicos do 7º semestre de enfermagem de uma Universidade pública do Ceará durante atividades práticas curriculares da disciplina Enfermagem no Processo de Cuidar da Criança II e os RN internados na UCIN, independente de diagnóstico médico, tempo de internação e idade gestacional.

Elaborou-se um formulário para identificar os sujeitos do estudo. Deste modo, do prontuário do RN, contemplaram-se as condições de nascimento, idade gestacional, Apgar, peso, sexo, hipótese diagnóstica e tempo de internação. Durante as intervenções de enfermagem, realizou-se observação direta não participante e sistemática de interações, entre estudantes e RN, cujos dados foram registrados em diário de campo.

Nesse momento, utilizou-se um roteiro observacional estruturado que permeou seis fatores da Teoria de Edgard Hall: postura-sexo, eixo sociófugo-sociópeto, fatores cinestésicos, comportamento de contato, código visual e volume da voz(8). Ressalta-se que são oito fatores proxêmicos, porém, incluindo-se o código térmico e olfativo, os quais não foram analisados, visto que os parâmetros técnicos e metodológicos para avaliá-los estavam indisponíveis, como instrumentos capazes de mensurar e qualificar os parâmetros a serem investigados, como identificados também em outros estudos semelhantes (9).

Para captar o processo comunicativo, observaram-se os acadêmicos, realizando pelo menos um dos cuidados de enfermagem com o RN, sob a supervisão do professor da disciplina, no máximo, por uma hora consecutiva, no período da manhã, horário determinado para a prática da disciplina referida. Todos os acadêmicos realizaram procedimentos como: gavagem, introdução de sonda orogástrica, verificação de glicemia capilar e higienização do RN. Não houve padronização de procedimentos, visto que esses foram realizados no decorrer da dinâmica da UCIN. 

A análise dos sinais não verbais realizou-se mediante descrição quantitativa dos dados, no momento da interação entre estudantes de enfermagem e RN.

Este estudo foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, conforme Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde(10), conforme protocolo no060609.  Dadas as informações sobre objetivos, relevância e modo de desenvolvimento do estudo, os pais das crianças e acadêmicos de enfermagem assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados

Caracterização dos sujeitos do estudo

No total, 22 binômios, ou seja, 22 estudantes de graduação em enfermagem e 22 RN foram observados na oportunidade da realização de procedimentos relacionados à assistência de enfermagem.

Quanto aos RN, oito eram do sexo masculino e 14 do feminino. Conforme a IG, vinte e um RN foram classificados como pré-termo, com predominância de 32 semanas gestacionais, e, apenas um a termo, com 37 semanas e 3 dias de vida.  

Tabela 1 - Fatores proxêmicos do binômio estudante de graduação em enfermagem e recém-nascido. Fortaleza, CE, Brasil, 2010

Fatores proxêmicos

%

Postura sexo

 

 

Pé (acadêmico) 

22

100

Deitado (RN)                                                           

22

100

Eixo sociófugo

 

 

Frente a Frente

12

54,5

Lateral

10

45,4

Fatores cinéstesicos

 

 

Pessoal

12

54,5

Social

8

36,3

Intima

2

9

Expressão facial (acadêmico)

 

 

Indiferença

1

4,5

Sorriso e tranqüilidade

21

95,5

Comportamento de contato (acadêmico)

 

 

Tocar

11

50

Tocar e acariciar

4

18

Tocar, acariciar e apalpar

2

9

Apalpar

1

4,5

Acariciar

3

13,6

Segurar

1

4,5

Código visual

 

 

Aluno olha para o RN

21

95,4

Aluno sem contato Visual

1

4,5

Tom de voz do acadêmico

 

 

Baixo

6

27,7

Normal

11

50,0

Não fala

5

22,7

 

De acordo com a Tabela 1, o primeiro fator proxêmico, postura-sexo, que consiste em observar o posicionamento adotado por ambos os indivíduos (estudante e RN) durante as interações, as quais poderiam ser: em pé, sentado ou deitado, evidenciou RN na mesma posição deitada, enquanto que os estudantes de graduação, em todas as situações observadas, encontravam-se de pé, realizando o procedimento, à beira do leito (incubadora).

Em relação ao sexo, houve variação apenas em relação aos bebês, por ter se identificado que todos os estudantes de graduação em enfermagem envolvidos na pesquisa eram do sexo feminino.

Sobre o eixo sociófugo-sociópeto, foram considerados três ângulos dos interlocutores: frente a frente, lateral (ou paralelo) e de costas. Os resultados obtidos demonstraram que 12 estudantes de graduação adotaram o eixo frente a frente, enquanto 10 permaneceram no eixo lateral, os quais não fixaram o olhar no RN, bem como se mantiveram conversando com os colegas de turma, já o ângulo de costas não foi observado.

Quanto aos fatores cinésicos ou cinestésicos, os quais retratam a proximidade dos indivíduos em termos de tocalidade, em que podem se apresentar entre quatro zonas proxêmicas: íntima, pessoal, social e pública. Pôde-se observar que 12 alunos de graduação demonstraram distância pessoal, 8 demonstraram uma distância social e 2 uma distância íntima adotada.

No tocante à expressão facial, a de tranquilidade predominou em 15 estudantes de graduação, 4 evidenciaram sorriso, dois alternaram em alguns momentos, expressão de sorriso e tranquilidade, e apenas um se mostrou indiferente ao RN. Em relação aos neonatos, 15 demonstraram tranquilidade e sete choraram durante a realização dos cuidados de enfermagem realizado pelos acadêmicos.

Em relação ao comportamento de contato, para os propósitos deste estudo, considerou-se, apenas, o toque afetivo. As seis formas de relações táteis dos alunos de graduação aos RN: tocar localizado, acariciar, agarrar, apalpar, segurar longo e sem contato. Dos 22 alunos, 11 apresentaram toque localizado, 4 tocaram e acariciaram, dois tocaram, acariciavam e apalpavam,  três acariciaram, apenas um segurou demoradamente o corpo do RN, nenhum agarrou, um apalpou o bebê e apenas um não promoveu toque no RN.

No código visual das 22 interações observadas, apenas, um aluno de graduação não apresentou contato visual com o RN, o que já foi justificado na categoria eixo sociófugo-sociópeto.

No concernente ao sexto e último fator proxêmico analisado, volume da voz, observou-se o volume normal em 11 estudantes e 6 reduziram o tom de voz  para falar com o RN e 5 não desenvolveram nenhuma interação com a voz.

Discussão

No momento da inserção do estudante no ambiente da UCIN, é natural que ele demonstre ansiedade e uma postura inicial de distanciamento ao perceber a ampla variedade de recursos humanos, tecnológicos e terapêuticos envolvidos no cuidado ao RN(11).

A UCIN agrega condições físicas, tecnológicas e humanas para favorecer o restabelecimento de saúde do RN, entretanto pode se apresentar como um ambiente com excesso de ruídos, luminosidade, fluxo intenso de procedimentos técnico-cientifícos que se desenvolvem para viabilizar a melhoria da saúde do RN(12).

Nesse cenário, embora os sujeitos da pesquisa tenham sido estudantes de graduação com vivências em outros campos de prática, compreendeu-se a apreensão demonstrada por eles na interação com o RN durante o procedimento realizado. Observou-se essa apreensão também nos momentos iniciais de contato com o RN, principalmente, por considerar que a prematuridade, algumas vezes, exige condições terapêuticas que limitam o contato e o manuseio ao RN.

Assim, para muitos estudantes, a primeira interação com recém-nascido é na prática clínica, e percebe-se que ao mesmo tempo há uma infinidade de detalhes e dúvidas a serem esclarecidas, frente ao novo, há o problema da instabilidade clínica de alguns RN, particularmente, quando são prematuros ou estão em uso de oxigenoterapia(11).

Nessa perspectiva, deve-se considerar que a postura dos alunos em relação ao RN refletiu a comunicação estabelecida entre ambos, durante as interações para a realização dos procedimentos de enfermagem, particularmente, a comunicação não verbal, em que as observações são direcionadas às atitudes comportamentais demonstradas pelo binômio.

No fator proxêmico postura-sexo, considerou-se que a posição adotada por ambos os indivíduos foi coerente para manutenção de uma adequada comunicação no momento do cuidado, por considerar que as condições ambientais e estruturais impostas no cenário da UCIN, bem como as condições de saúde dos RN, exigem que o aluno permaneça de pé para estabelecer o contato com o RN na incubadora ou no berço aquecido, como também o RN, por estar envolvido no processo saúde-doença, apresenta uma postura passiva que expressa a necessidade de cuidados(13).

  Em relação ao sexo, embora a inserção de homens na profissão de enfermagem seja contemporânea, a presença do sexo feminino ainda é significativa, particularmente, nas unidades neonatais, possivelmente, por considerar que a mulher agrega características peculiares ao cuidado humano, talvez pelo perfil atribuído ao feminino, associado com princípios da maternidade, da amamentação e outras peculiaridades do gerar, cuidar e prover(14).

Quanto ao fator eixo sóciofugo-sociopeto, embora a maioria tenha adotado o ângulo frente a frente, o que sugere o eixo mais adequado quando se visa uma apropriada comunicação entre os indivíduos, o quantitativo de 10 estudantes em ângulo lateralizado evidenciou que naquele momento não houve interação satisfatória entre ambos. Essa atitude indicou que o estudante ao realizar o cuidado, possivelmente, não buscou observar as mensagens não verbais apresentadas pelo RN, o que acarreta em uma comunicação não condizente com o cuidado holístico e humanizado preconizado pela enfermagem.

Deve-se enfatizar que a conversa não qualificada ou não direcionada entre os estudantes durante o procedimento, deve ser evitada. O estudante, por apresentar-se em situação de aprendizagem prática, precisa manter-se atento e concentrado no procedimento que está sendo realizado, pois este ainda está em fase de aquisição de habilidades acerca do cuidado a ser realizado. Neste caso, qualquer fator que promova dispersão e minimize sua concentração diante do procedimento deve ser mínimo.

Nesse momento, torna-se pertinente por parte do docente um re-direcionamento das ações desenvolvidas pelo estudante acerca de sua postura e atitude perante o RN quanto ao procedimento de enfermagem que está a ser desenvolvido.

Tratando-se de avaliação, ressalta-se a importância por parte dos docentes de fornecer retorno avaliativo, momento para feedback, no qual os professores explicitam ao aluno como estão sua comunicação verbal e a não verbal e o que pode ser melhorado(15).

A respeito dos fatores cinésicos ou cinestésicos, salienta-se que a distância íntima se estabeleceu nas interações em que o RN encontrava-se em berço aquecido. Todavia, quando este estava mantido em incubadora manifestou-se a distância pessoal e social.

As barreiras estruturais em relação ao tipo de berço que o RN se encontra, muitas vezes, interferem na aproximação entre aluno e RN. Nesse aspecto, os obstáculos existentes no decorrer da interação podem influenciar a distância adotada, bem como dificultar o contato físico, dentre os quais os mais comuns no cenário hospitalar foram o uso de máscara, presença do suporte de soro, extensor do cateter endovenoso encontrava-se com resquícios de sangue em seu percurso, motivo a desviar a atenção do profissional durante a comunicação com o paciente, a escadinha entre os interlocutores e a realização de outra atividade, como conversas entre os profissionais(16).

Nesse contexto, o estudante deve ser motivado a refletir sobre sua atuação como futuro profissional de enfermagem e sobre os obstáculos estruturais, pois barreiras inerentes a situação saúde-doença do cliente sempre farão parte do cotidiano de trabalho da enfermagem. Assim, enfatiza-se que a atuação do aluno/enfermeiro deve transpor as limitações impostas no processo de comunicação com a finalidade de promover uma assistência de qualidade.

Há fatores que constituem limites ou barreiras à comunicação humana, todavia, não devem ser visualizados como intransponíveis, mas percebido como desafios a serem aspirados com ajuda de outros conhecimentos, do trabalho interdisciplinar, do desenvolvimento tecnológico-cientifíco, entre outros(17).

Quanto à expressão facial, estudante ou profissional de enfermagem deve manter-se atento aos sinais não verbais caracterizados pelas expressões ou mímicas faciais manifestadas pelos clientes, por entender que as mensagens não verbais podem suplementar uma informação verbal ou uma atitude realizada pelo enfermeiro. Algumas vezes, o cliente demonstra uma expressão contraria ao que foi dito verbalmente(18).

Todavia, o RN, por não apresentar comunicação verbal, necessita de um olhar diferenciado por parte dos acadêmicos ou profissionais de enfermagem com a finalidade de uma adequada interpretação das mensagens não verbais expressas por gestos, comportamentos e mímicas faciais.

Reconhecer as mensagens de comunicação não verbal deve fazer parte da rotina do enfermeiro, principalmente, do atuante em unidades neonatais, pois através da avaliação dos sinais não verbais pode-se constatar se o RN sente satisfação, tranquilidade ou até mesmo dor. Do mesmo modo, o enfermeiro precisa rever sua percepção frente à dor do RN durante a coleta de sangue, pois quando se comparou os resultados de duas escalas de avaliação de dor, os enfermeiros apresentaram uma limitação quanto ao reconhecimento dos sinais de dor manifestados pelo RN(19).

Em análise dos fatores pro­xêmicos, na interação dos profissionais de saúde com pacientes queimados, observaram-se, entre profissio­nais e pacientes, expressões faciais: sorriso, choro, indiferença e tranquilidade(20).

O toque pode ser considerado uma ferramenta para o desenvolvimento das interações envolvidas no cuidado de enfermagem. Porém, quando se trata das relações envolvidas pela comunicação não verbal, principalmente, com o RN, a iniciativa de tocar sugere um novo procedimento, ou até mesmo uma nova interação com as pessoas que ali se encontram.

O toque pode ser também utilizado como ajuda para manejar uma interação, guiar um indivíduo, chamar-lhe atenção, acentuar alguma mensagem verbal ou facial e mesmo estabelecer o início e o fim de um encontro(21). Por isso, trata-se de uma comunicação significativa para o recém-nascido, por ser o tato um componente importante no modo como os RN se consolam, exploram seu mundo e iniciam contato, ele é ativado antes do nascimento(22).

Por conseguinte, salienta-se que o ato de tocar deve transpor atitude tecnicista centrada no procedimento em si, pois a distância, o olhar, a voz, e o tipo de toque influenciam no modo em que o RN perceberá a forma de cuidado prestado pelos alunos.

O acadêmico deve ser estimulado a realizar o cuidado de forma mais humana, visualizando o RN como um ser único, no qual o toque pode ser o diferencial, em que o recém-nascido receberá e interpretará o cuidado desempenhado.

Sobre o contato visual, o olhar como expressão facial, é um dos sinais do rosto que retrata emoções e envolve, entre outras, a função reguladora do fluxo da interação. Uma das formas do docente avaliar o interesse do aluno pelo RN é perceber a continuidade do olhar, ou seja, se o aluno, ao abordá-lo, abandona o olhar ou o fixa, ambas as formas de contato visual podem demonstrar atitudes diferentes diante da busca pela inter-relação com o RN(21).

Embora os alunos tenham apresentado o volume de voz compatível com uma assistência ao RN, é importante sinalizar que este responde de maneira variada a di­ferentes tons de vozes. No caso das mães, ele já conhece a voz desde a vida fetal, então é normal que ela fale de forma diferente e, mesmo assim, seu filho a reconhe­ça. Essa voz diferente acalma, tranquiliza e o consola de todo o ambiente estressante em que ele se encontra(4,23).

O volume da voz, muitas vezes, é influenciado pelo significativo número de ruídos que se estabelecem dentro da UCIN, sem perceber, os profissionais apresentam um volume de voz elevado por encontrar-se em um ambiente barulhento, em que se desenvolve uma miscelânea de conversas entre profissionais, alunos e familiares, bem como ruídos de alarmes sonoros de aparelhos, abertura e fechamento de portinholas das incubadoras, salto dos sapatos, entre outros(24).

Considerações finais e implicações para a enfermagem

Considera-se este estudo de significativa relevância por demonstrar o desenvolvimento da comunicação entre estudantes de graduação e RN internados na UCIN.

Percebeu-se que embora os acadêmicos se encontrassem em processo de aquisição de conhecimentos e habilidades, demonstraram, diante dos fatores da Teoria Proxêmica, atitudes e comportamentos adequados visando a uma interação e comunicação com os RN por eles assistidos.

É importante destacar que os fatores proxêmicos auxiliam na sistematização da observação das interações desenvolvidas entre estudantes de graduação em enfermagem e RN, promovendo um instrumento para avaliar o processo de comunicação que está sendo desenvolvido durante as práticas de campo e, assim, permitir ajustes e modificações diante das atitudes dos estudantes junto ao RN que foram observadas mediante os pressupostos proxêmicos.

Mais estudos que visem à descrição do estabelecimento da relação interpessoal entre os estudantes de graduação em enfermagem com os clientes são pertinentes para que docentes possam conhecer, à luz da comunicação não verbal, como estudantes de graduação interagem com os pacientes, com a finalidade de minimizar a lacuna ainda existente no âmbito da comunicação interpessoal entre profissional e cliente nos diversos cenários do ciclo vital envolvendo o cuidar à saúde.

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