Ana Izabel Oliveira Nicolau*, Ana Karina Bezerra Pinheiro*
UFC, CE, Brasil
Situação problema e sua significância:
O ambiente prisional oferece maior exposição a riscos físicos, psicológicos e a transmissão de doenças infecciosas. Portanto, pessoas encarceradas em todo mundo necessitam de mais assistência à saúde do que a população em geral, sobretudo pela maior prevalência de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)/HIV e comportamentos de risco. Aliadas aos fatores presentes no contexto prisional, as características biológicas e de gênero da figura feminina as tornam especialmente suscetíveis às DST/HIV, sendo um fato a maior vulnerabilidade por parte das presidiárias1. Estudo realizado com 2.039 presos do estado do Rio de Janeiro demonstrou que as mulheres presas apresentam 3,8 vezes mais história de DST adquiridas na prisão do que entre os homens presos2. As únicas barreiras comprovadamente efetivas contra DST/HIV são os preservativos masculinos e femininos, seu uso correto e consistente pode reduzir substancialmente o risco de transmissão3. Desse modo, o uso do preservativo nas relações sexuais em ambiente prisional é algo imprescindível para interromper essa cadeia de transmissão das DST/HIV entre pessoas em situação de cárcere e suas parcerias sexuais. Destarte, é indispensável maior atenção à promoção da saúde da mulher presidiária pelos profissionais envolvidos no Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, em particular o enfermeiro, não somente pelos maiores riscos presentes na atmosfera prisional, mas, também, pela carência de ações preventivas oferecidas pelo sistema de saúde carcerário. As estratégias de controle das DST/HIV precisam considerar as particularidades envolvidas na negociação e uso de preservativos masculinos e femininos por detentas e suas parcerias. Diante dessa perspectiva é importante uma avaliação do que as presidiárias sabem, pensam e atuam frente ao uso do preservativo masculino e feminino.
Questão norteadora: Qual o conhecimento, atitude e prática de presidiárias quanto ao uso do preservativo masculino e feminino como medida preventiva às DST/HIV?
Objetivos: Geral- Avaliar o conhecimento, atitude e prática de presidiárias quanto ao uso do preservativo masculino e feminino. Específico- Comparar o conhecimento e atitude com a prática do uso do preservativo masculino e feminino por presidiárias.
Metodologia: Trata-se de um estudo avaliativo de corte transversal e abordagem quantitativa a ser desenvolvido em uma instituição penitenciária feminina do Estado do Ceará com uma amostra de 155 mulheres. A coleta de dados acontecerá no período de março a maio de 2010 e terá como instrumento o Inquérito Conhecimento, Atitude e Prática (CAP). Os componentes do CAP sobre o preservativo masculino e feminino como métodos preventivos de DST/HIV serão avaliados da seguinte forma: a) Conhecimento: Adequado: quando a mulher referir já ter ouvido falar sobre o preservativo masculino e feminino, souber que são para prevenir as DST/HIV em geral e gravidez indesejada e souber citar, pelo menos, três cuidados necessários para o uso correto de cada método; Inadequado: quando a mulher referir nunca ter ouvido falar sobre o preservativo masculino ou feminino ou já ter ouvido, mas não souber que são para prevenir DST/HIV; ou quando não souber citar, pelo menos, três cuidados necessários para o uso correto dos métodos. b) Atitude: Adequada: quando a mulher referir que é sempre necessário o uso do preservativo masculino ou feminino em todas as práticas sexuais; Inadequada: quando a mulher referir que utilizar o preservativo masculino ou feminino é desnecessário, é pouco necessário ou não tem opinião sobre a sua necessidade. c) Prática: Adequada: quando a mulher referir utilizar preservativo masculino ou feminino sempre e do início ao fim das práticas sexuais realizadas; não ter engravidado indesejadamente; não ter sido diagnosticada DST desde a sua institucionalização. Inadequada: quando a mulher referir não utilizar preservativo masculino e feminino sempre ou nunca empregá-los nas práticas sexuais realizadas, ou ainda, referir não usar preservativo sempre do início ao fim das práticas sexuais; ou ter engravidado contra sua vontade ou ter sido diagnosticada alguma DST desde a sua institucionalização. Os dados serão compilados, armazenados e associados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC), como parte integrante do projeto intitulado “Saúde sexual e reprodutiva de presidiárias de Fortaleza” sob protocolo número 229/09.
Bibliografia de Referência:
Strazza L, Massad E, Azevedo RS, Carvalho HB. Estudo de comportamento associado à infecção pelo HIV e HCV em detentas de um presídio de São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2007 jan; 23(1):197-205.
Carvalho ML, Valente JGA, Assis SG, Vasconcelos AGG. Perfil dos internos no sistema prisional do Rio de Janeiro: especificidades de gênero no processo de exclusão social. Ciênc saúde coletiva 2006 abri-jun; 11(2):461-71.
Carvalho ALS, Bezerra SJS, Leitão NMA, Joca MT, Pinheiro AKB. Porte, acondicionamento e utilização de preservativo masculino entre jovens de Fortaleza – um estudo descritivo. Online Brazilian Journal of Nursing [Online],2007,[cited 2009-06-10] 6 (0). Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/566/130
Dados do projeto:
Projeto de dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Enfermagem
da UFC, aprovado em 22/12/2009 pela banca composta pelos professores: Profª.
Drª. Ana Karina Bezerra Pinheiro (orientadora), Profª. Drª. Escolástica Rejane
Ferreira Moura - UFC (1º membro), Profª. Drª.
Namie Okino Sawada
- Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP (2º membro). Projeto aprovado
pelo CEP da UFC em 07/08/2009. Protocolo n. 229/09.
Apoio financeiro à pesquisa:
PROPAG
– Programa Reuni de Orientação e Operacionalização da Pós-graduação Articulada à
Graduação. Concessão de bolsa de mestrado.
Endereço para correspondência: Ana Izabel Oliveira Nicolau. Avenida João
Pessoa, 5053. Apto. 604. Damas. CEP: 60425681. Fortaleza-CE.