Aline Togni Braga*; Profª Drª
*
ABSTRACT: The objectives of this study was to analyze the Service of Continuated Education (SCE) of a teaching hospital, from the perspective of the nursing team in the evaluative dimensions of structure, process and outcome and to identify factors involved in the activities undertaken by that service, based on the Donabedian model. This is an exploratory-descriptive study, carried through in a private teaching hospital. The data collection was conducted through a questionnaire, using a Likert scale. The treatment of the data was carried through a descriptive statistics using the Cronbach Alpha test. Analyzing the data, we observed that in the tree evaluated dimensions (structure, process and result) the nurse team had favorable perception relative to this service. However, the structure dimension received the highest favorability score, average of 4,56 (dp±4,97), with process dimension receiving the lower score of, average 40,44 (dp±5,11).
Keywords: Education continued in nursing; Evaluation of health services; Nursing.
RESUMO:
Os
Descritores: Educação continuada em enfermagem; Avaliação de serviços de saúde; Enfermagem.
INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura, a necessidade de desenvolvimento profissional tem sido fortemente enfatizada, devido aos resultados dos avanços tecnológicos, à facilidade de acesso às informações e, conseqüentemente, à maior competição no mundo de trabalho.
Nas últimas décadas, nos estabelecimentos de saúde, o percentual quantitativo do pessoal de enfermagem vem sendo considerado o mais significativo, chegando a atingir em alguns casos cerca de 60% do contingente de recursos humanos. Dessa maneira, esses recursos têm requerido maior atenção dos responsáveis pela administração dos serviços de enfermagem (1).
Na
Nessa dimensão, o enfermeiro atuante no SEC constitui-se num agente de mudanças, que interage com toda da equipe de enfermagem mediante as estratégias para sua capacitação e aprimoramento das suas ações, além de seu papel de interface e apoio para a gerência e equipe de enfermagem, estimulando a integração e desenvolvimento desses profissionais (3,4). Desse modo, os serviços de enfermagem necessitam de propostas que permitam gerenciar as ações, os processos de trabalho e os recursos relacionados à assistência.
Com efeito, a avaliação de programas e serviços de saúde configura-se como uma dessas propostas, sendo um processo de determinação da extensão com a qual as metas e os objetivos estão sendo alcançados e de como esse processo técnico-administrativo fornece subsídios para uma tomada de decisão (5).
Tendo em vista essas considerações, o gerenciamento das ações e processos educacionais, exige metodologias avaliativas específicas, que atendam às peculiaridades próprias do setor saúde.
Donabedian(6), propõe a avaliação da
Neste
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de abordagem quantitativa. O estudo foi realizado em um hospital universitário privado, sem fins lucrativos, de grande porte, referência terciária, localizado no interior do Estado de São Paulo.
Ressalta-se que, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição cenário do estudo (protocolo nº 137/08).
Fizeram
Os
Para verificar se o conteúdo era representativo frente ao conteúdo do universo teórico que se pretendia medir, o instrumento foi validado por oito especialistas da área de educação continuada (EC) e para análise do coeficiente de consistência interna do questionário foi aplicado o Alpha de Cronbach que obteve o valor de 0,893, sendo considerado confiável, uma vez que pode variar de 0 a 1.
Os dados foram armazenados em Planilha Eletrônica Excel® para o processamento. Com relação à análise foram utilizados recursos de computação por meio do processamento no sistema Microsoft R Excel® e Statistic Package for Social Sciences (SPSS®), versão 15.0 ambos em ambiente Windows XP.
O tratamento dos dados foi realizado por meio da estatística descritiva e pelo emprego do teste Alpha de Cronbach. Para comparar os escores nas três dimensões, utilizaram-se os testes não-paramétricos de Friedman e o Kruskal-Wallis (7).
Cabe ressaltar, que o nível de significância utilizado para os testes foi de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Obteve-se
A equipe de enfermagem apresentou tempo de formação entre 5 e 10 anos, sendo a média de 5,6 anos e a mediana 5,0 anos.
Quanto à dimensão de estrutura:
A maioria dos sujeitos mostrou percepção favorável referente à estrutura do SEC nas questões em que são abordadas temáticas sobre divulgação, recursos físicos e materiais, duração dos treinamentos, capacitação dos profissionais, horário de funcionamento e localização da sala de treinamento do SEC.
Observa-se na
Figura 1 – Distribuição da resposta à questão: Os profissionais que atuam no SEC são preparados para o desenvolvimento das atividades desse serviço (Q34). São Paulo (Interior - SP) – 2008
A
É importante enfatizar que a capacitação do enfermeiro do SEC é precípua para a manutenção das atribuições que o cargo lhe confere.
Destaca-se ainda, a afirmação de autores, que considera como desejável que o enfermeiro desse serviço tenha a formação compatível com a de um educador, buscando continuamente o autodesenvolvimento e capaz de influenciar as pessoas na busca do conhecimento com todos os envolvidos na assistência de enfermagem (8).
Nesse cenário, torna-se essencial que todo enfermeiro, também, assuma a responsabilidade pela educação de sua equipe, com o intuito de melhorar o padrão da assistência prestada na instituição(9).
Figura 2 – Distribuição da resposta à questão: Os horários em que acontecem os treinamentos são inadequados às minhas necessidades (Q31). São Paulo (Interior - SP) – 2008
Na
Os
treinamentos ocorrem
Há
A dificuldade para encontrar um horário apropriado para as ações educativas para os trabalhadores de nível médio é apontada em estudo no qual utilizou depoimentos de gerentes de vinte e cinco hospitais de São Paulo e encontrou divergências nos depoimentos em relação ao melhor horário para o desenvolvimento de programas de treinamento (4).
Quanto à dimensão de processo:
Os itens que obtiveram os melhores resultados foram: a forma e as estratégias utilizadas pelo SEC nos treinamentos 82 (85,4%), as dúvidas sanadas nos treinamentos 82 (85,4%), o conteúdo do treinamento admissional 65 (67,7%), a disponibilidade dos profissionais do SEC para atender seus profissionais 73 (76,1%) e a liberação da instituição para a participação dos profissionais nos treinamentos 61 (63,6%).
Os
Do total de participantes, 26 (27,1%) também ficaram indiferentes com relação aos itens que compõem o instrumento de avaliação de desempenho, demonstrando a necessidade de maior inserção dos avaliados nos treinamentos sobre avaliação de desempenho. Dessa forma, corroboramos com os autores (9) quando citam que para a compreensão da avaliação de desempenho é indispensável à capacitação de avaliadores e avaliados.
Figura 3 – Distribuição da resposta à questão: Não participo dos treinamentos do SEC, pois não tenho interesse (Q26). São Paulo (Interior - SP) – 2008
Verifica-se na
Na
Figura 4 – Distribuição da resposta à questão: As estratégias de ensino utilizadas pelo SEC desfavorecem a minha aprendizagem (Q8). São Paulo (Interior - SP) – 2008
Na
Para viabilizar os objetivos e concretizar as atribuições, os profissionais envolvidos com a EC devem manter-se atualizados com as novas propostas pedagógicas, a fim de implementá-las no ensino (10).
Quanto à dimensão de resultado:
Houve
Na figura 5, destaca-se uma elevada concordância, na percepção da equipe de enfermagem, com relação às atividades desenvolvidas pelo SEC acarretam melhorias na qualidade da assistência de enfermagem.
Figura 5 – Distribuição da resposta à questão: As atividades desenvolvidas pelo SEC acarretam melhorias na qualidade da assistência de enfermagem (Q3). São Paulo (Interior - SP) – 2008
Os
resultados salientados na Figura 5 demonstram
As
Verifica-se,
Figura 6 – Distribuição da resposta à questão: Os resultados dos treinamentos são divulgados para toda a equipe de enfermagem (Q15). São Paulo (Interior - SP) – 2008
De
O resultado encontrado nessa questão retrata a realidade da instituição, pois não há a divulgação dos resultados das capacitações para a equipe de enfermagem.
Nesse sentido, o SEC não deve se preocupar somente com a divulgação dos resultados para a equipe, mas, também, recomenda-se que desenvolva mecanismos de avaliação e acompanhamento permanente, que permitam identificar o impacto e os efeitos das ações desenvolvidas pela educação, possibilitando a reorganização e o replanejamento de seus programas (13).
Outros
achados encontrados destacam-se em
Atualmente, nas instituições hospitalares, a responsabilidade pela seleção de profissionais de enfermagem está ligada ao SEC. Estudiosos em gerenciamento de recursos humanos consideram que os responsáveis pelo recrutamento e seleção enfrentam grandes dificuldades em conseguir no mercado de trabalho, profissionais habilitados para ocuparem as vagas disponíveis (14).
Outro
item são as
Reforça-se a
A maioria dos participantes 60 (62,5%) concorda que as chefias incentivam a participação dos seus profissionais nos treinamentos promovidos pelo SEC. Isso demonstra, por parte da chefias, preocupação, interesse e comprometimento com a educação e desenvolvimento da equipe de enfermagem.
Quanto aos escores de favorabilidade nas dimensões de estrutura, de processo e de resultado:
Averigua-se na
Figura 7 –
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo demonstrou a complexidade que envolve a análise de serviços de saúde, em especial o SEC, que é o objeto deste estudo, e que há diferentes métodos no sentido de analisar esse atributo no contexto das organizações.
Ressaltam-se os elevados percentuais de concordância nas questões que envolvem estrutura e na de processo com o maior percentual na questão em que trata do interesse dos profissionais em participar dos programas de capacitação.
Evidencia-se,
REFERÊNCIAS
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5. Tronchin DMRT, Melleiro MM, Takahashi RT. A qualidade e a avaliação dos serviços de saúde e de enfermagem. In: Kurcgant P. coordenadora. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 75- 88.
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12. Adami NP. A melhoria da qualidade nos serviços de enfermagem. Acta Paul Enferm. 2000;13(n.esp. Pt. 1):190-6.
13. Salum NC. A educação permanente e suas contribuições na constituição do profissional e nas transformações do cuidado de enfermagem. 2007 [tese] 316p. Universidade Federal de Santa Catarina.
14. Gondim SMG. Perfil profissional e mercado de trabalho: relação com a formação acadêmica pela perspectiva de estudantes universitários. Est Psicol. 2002;7(2):299-309.
Endereço para correspondência: Aline Togni Braga. Rua Salvador Lombardi Neto, 550, Bloco C Apto 34. Vila Nova Teixeira, CEP: 13034740, Campinas -SP. E-mail: alinetogni@yahoo.com.br
1 Nota: Este estudo é parte da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo – 2009.
Banca examinadora: Profas. Dras.Sueli de Fátima Sampaio (PUC-Campinas) e Vera Lúcia Mira Gonçalves (USP).
Editor´s Note: |
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