Isabel Cruz, RN, PhD. OBJN Editor

picture by Paulinho Ganaê

Peer Review : the case of Online Brazilian Journal of Nursing

Revisão por pares: o caso do Online Brazilian Journal of Nursing

 Isabel CF da Cruz*

* Editora do Online Brazilian Journal of Nursing; coordenadora do Mestrado Profissional Enfermagem Assistencial, UFF, RJ, Brazil.

 Abstract: the article discusses some issues relating to peer review in the evaluation of papers submitted to OBJN. It points out the need to promote discussions about scientific divulgation at Nursing Schools.

Keywords:  scientific divulgation; peer review; nursing 

Resumo: o artigo discute algumas questões relativas ao procedimento de revisão por pares na avaliação de manuscritos submetidos ao periódico e a dificuldade na formação de revisores. Recomenda-se o ensino de divulgação científica.

Palavras-chave: divulgação científica; revisão por pares; enfermagem

 Breve descrição do contexto

A divulgação científica se dá em congressos ou por meio da publicação de artigos em periódicos, com a finalidade de alcançar um público bem definido que deverá utilizar estas informações ou conhecimento na sua prática profissional.

Todavia, antes de ter seu manuscrito publicado, o autor deverá submetê-lo a um processo sistemático de avaliação, denominado revisão por pares (peer-review).

Descrição do problema

Muito tem sido investido no desenvolvimento da habilidade de redação científica para os pesquisadores. Todavia, enquanto editora de um periódico científico, noto que o mesmo não é feito no sentido de habilitar a enfermeira para a análise crítica, instrumento básico para uma revisão por pares de qualquer tipo de manuscrito.

Assim, neste estudo, tangenciarei a revisão por pares para a publicação dos diversos tipos de manuscritos no Online Brazilian Journal of Nursing (OBJN), visando num primeiro momento reconhecer o valioso trabalho daqueles que atuam nesta área, tanto no OBJN quanto em outros periódicos. Além disso, pretendo também apontar para as escolas de Enfermagem sobre a necessidade de se preparar de forma sistemática e sistematizada as enfermeiras para esta atividade.

Processo de obtenção dos dados

Os que fundamentam este editorial foram obtidos em parte ao longo de quase 25 anos de ensino sobre metodologia da pesquisa em enfermagem (de forma direta ou indireta) e de 08 anos como editora do Online Brazilian Journal of Nursing. Alguns dados também foram obtidos por meio da experiência obtida com a criadora da Revista Enfermagem UERJ, Prof. Dra Iraci dos Santos, e na atuação  como revisora em alguns periódicos científicos de enfermagem no Brasil (Revista da Escola de Enfermagem da USP, Acta Paulista, etc) e no exterior (Journal of Nursing Diagnoses Association).

Análise e interpretação

A discussão sobre se a avaliação por pares é necessária ou não para um periódico científico sempre ocupa a maior parte de qualquer congresso de editores[1]. Para fins deste estudo, parto do princípio que a avaliação por pares é imprescindível para o periódico científico, em geral, e para apoiar o trabalho do editor, em especial[2].

A minha experiência como docente e editora do OBJN me leva à compreensão de que a divulgação científica ainda não é vista como uma etapa inerente do processo de pesquisa em enfermagem. Ignora-se (e não é também ensinado) a trajetória a ser percorrida a partir da elaboração de um manuscrito, assim como as atividades e obrigações que fazem parte deste caminho até a publicação[3]. O(a) autor(a) deveria primeiro pensar exatamente sobre o que se quer comunicar[4] (uma nota prévia sobre um projeto de pesquisa? Um relato de uma visita técnica? Um relatório final de uma pesquisa?) e para quem exatamente quer enviar sua comunicação ( para a enfermeira líder? Para a enfermeira chefe de unidade? Para os gestores do sistema de saúde? Para os docentes de enfermagem?).

A partir de sua mensagem (o manuscrito) e do provável receptor ( o/a leitor/a, o espectador), então o autor deveria escolher o veículo para sua mensagem. Pode ser um jornal de grande circulação, por exemplo. Pode ser um jornal local. Quem sabe a televisão ou o rádio. Sem esquecer um website na internet. Infelizmente, os sistemas de avaliação de cursos de graduação e pós-graduação ainda não consideram as mídias de massa como instrumentos de difusão do conhecimento e, consequentemente, não valorizam aqueles(as) que publicam nestes meios de massa.

Então restam os periódicos científicos. Nem todos são iguais, ainda que todos sigam normas editoriais consagradas nos meios acadêmicos. Portanto, o(a) autor(a)  deve escolher exatamente para qual periódico enviar o seu manuscrito, seja pela linha editorial do periódico, seja pelo público que ele alcança.

Lamentavelmente, no Brasil, na área de enfermagem, os periódicos são muito gerais e, infelizmente, o OBJN também tem essa característica. Na medida do possível, eu, enquanto editora, tento fazer com que os trabalhos publicados sejam dirigidos para a enfermeira que presta cuidado direto para o cliente, a família e a comunidade (cliente centered care). Busco e peço preferencialmente manuscritos que tratem da razão da nossa existência: o paciente (cliente)! No quadro a seguir, apresento uma síntese dos temas desejados para publicação no OBJN

Temas de interesse para o Online Brazilian Journal of Nursing

*Artigos clínicos que descrevam aspectos particulares de doenças, distúrbios ou condições, com ênfase nos diagnósticos de enfermagem, cuidados/intervenções e resultados relevantes da enfermeira.
*Artigos clínicos que descrevam ou focalizem técnicas específicas ou especiais de exame físico, laboratorial, radiológico ou por imagem. Igualmente técnicas de entrevista para o cliente, família ou comunidade.
*Procedimentos de enfermagem – artigos “Como fazer” em formato passo a passo com ilustrações e/ou pequenos vídeos. Preferência por procedimentos de execução autônoma pela enfermeira e indelegáveis para a equipe técnica ou auxiliar. Importante também ressaltar seu custo financeiro.
*Artigos clínicos que descrevam a administração de medicamento focalizando desde a preparação até a a avaliação da resposta do cliente, visando a prevenção de erros, reações adversas, igualmente.
*Artigos clínicos que descrevam registro em prontuário ou documentação clínica para ajudar a enfermeira a superar a burocracia, a fazer registros precisos e relevantes e a resguardar-se de problemas éticos ou legais.
*Artigos clínicos que descrevam problemas emocionais ou sociais que o cliente, a família ou a comunidade vivenciam, tal como o luto ou a raiva, e, principalmente como a enfermeira pode ajudá-los a superar

 Mas, o foco da imensa maioria dos manuscritos que o OBJN recebe ainda não é o paciente/cliente. Quase todos também não são prescritivos para a enfermeira-líder de equipe ou gestora de unidade.  E então eu pergunto, ainda que retoricamente: - Assim, como a enfermeira poderá basear sua prática em evidência?

Todavia, uma vez que o autor escolhe o OBJN para publicar seu manuscrito, ele deve estar ciente tanto das normas quanto do processo editorial.

Não vou aqui repetir as informações que constam para os autores no site do OBJN. Quero apenas dar destaque a algumas sutis etapas que foram introduzidas visando aperfeiçoar o sistema.

Estratégias para mudanças

A saber: apenas 36% dos manuscritos submetidos chegam, em aproximadamente 40 dias, à etapa final. Um valor tão baixo de aceitação pode até parecer que o OBJN é muito exigente. Mas não é. É que a imensa maioria dos manuscritos é rejeitada logo de início pela editora por não se adequarem às normas editoriais (qualidade dos metadados, formatação e indicação de observação da ética).

São estes números que me fazem afirmar que a divulgação científica não é absolutamente ensinada no âmbito das Escolas de Enfermagem, nas inúmeras disciplinas que tratam formalmente de pesquisa. Como editora fico triste quando sou obrigada a rejeitar um manuscrito interessante por ele estar em desacordo com as normas editoriais ou por não valorizar as informações contidas nos metadados que alimentarão os indexadores[5]. O que me ajuda a prosseguir é a convicção de que este é um trabalho didático, que mostra ao autor o que ainda falta para ele prosseguir de forma bem sucedida na atividade de difusão do conhecimento científico.

Dos manuscritos que passam pela análise inicial da editora, apenas uma pequena parcela ou é rejeitada pelo Comitê de Revisores por não atender a um mínimo de qualidade científica ou é retirada de publicação pelo autor por razões diversas (não pagamento da taxa de publicação, não pagamento da multa de desarquivamento ou mesmo decisão por outro periódico).

Fora o nosso sistema online[6], o maior avanço do OBJN para o trabalho de editoria foi, neste ano, a implantação da avaliação inicial após o pagamento de uma taxa de submissão. Tempo é dinheiro, mas o tempo da editora não tem preço! Com esta estratégia, ficou agora mais nítido que o problema é a falta de conhecimento do autor sobre as normas. Só que o autor agora paga por seu erro. Sem problema.

Quanto aos revisores, o OBJN sempre procurou resguardá-los de trabalho desnecessário ou de sobrecarga. Além disso, o OBJN sempre buscou orientar os revisores[7] no processo de análise oferecendo um roteiro de avaliação. Com a implantação da taxa de submissão e a rejeição do manuscrito inadequado, evita-se agora o trabalho futuro do editor em corrigir manuscritos que eventualmente eram aprovados com problemas ainda nos metadados, nas referências, enfim, no seu formato.

Tal como todos os periódicos científicos nacionais e internacionais de qualidade inquestionável, o OBJN adota a revisão por pares e a revisão cega (blind review), isto é, os pareceristas analisam, com base em um instrumento próprio do OBJN (ver Quadro 1) e julgam sem conhecimento da autoria dos originais e, por sua vez, o autor desconhece quem exarou os pareceres.

Quadro – Instrumento de Avaliação do OBJN

Online Brazilian Journal of Nursing - Manuscript Review Guide
Please complete the review form bellow and then post it in the OBJN site. Provide specific evaluation (Total Score), comments, and recommendations. Do not forget to register your decision online to finish the review process.
1-Adequacy of Scientific Quality of Research (appropriateness of method and its clarity, robustness of data to reach the conclusion, fulfillment of objective, generalizability)
(   ) 4 Adequate
(   ) 3 Requires some addition or clarity
(   ) 2 Requires substantial addition or clarity
(   ) 1 Inadequate
2- Significance of Research Finding (scientific value, exploration mechanism of health/biomedical phenomenon, potentiality of use: public health, national/international)
(   ) 4 High (immediate use, high scientific value, national/global value)
(   ) 3 Medium (Regional significance, likely use in near future or regionally)
(   ) 2 Low (use in a small population group, use likely after many years)
(   ) 1 Extremely low (Poor public health/scientific importance, use less likely)
3- Originality of Research Work (newness of finding, duplication of study, extension of previous work, intentional copying or plagiarism)
(   ) 4 Original and new
(   ) 3 Deliberate duplication to confirm previous finding or advanced extension of previous work
(   ) 2 Small part of a previous work
(   ) Minus 15 Copy or plagiarism
4- Presentation Quality (logical sequence of text, paragraphing; tables and figures, and their self-explanatory nature; Title [accurate? follows the Vancouver style?], adherence to Vancouver style? utilization of the OBJN as a source for the article? References follow the Vancouver style for references?)
(   ) 3 Very good
(   ) 2 Good
(   ) 1 Poor
(   ) 0 Extremely Poor
5- Language Adequacy (correctness of English/Portuguese structures, simplicity style)
(   ) 3 Adequate
(   ) 2Requires some editing
(   ) 1Requires substantial improvement
(   ) 0 Inadequate
6- Ethical Issue (statement of following standard ethical guidelines: Resolução 196/96 CNS-MS and/or international – Helsinki declarations, research violation)
(   ) 2 Statement confirm absence of violation
(   ) 1 Unclear statement
(   ) 0 No statement
(   ) Minus 8 Violated
7- Type of Research: randomized controlled trail to case reports (5-1)
(   ) 5
Randomised controlled trail
(   ) 4.5; or  4; or  3.5; Non-randomised trial or multiple time series, cohort, case control
(   ) 3; or  2.5 Case series, cross sectional,  Meta-analysis
(   ) 1 Case report; Review
8- Reporting Race/Ethnicity: indicate in the Methods section
(   ) 2 States subjects race and gender
 (   ) 1 Unclear statement
(   ) 0 No statement
9- Agreement between abstract (descriptors/key-words as DeCS and MSH) and body of full length article
(   ) 3 Very good
(   ) 2 Good
(   ) 1 Poor
(   ) 0 Extremely Poor
10- Adequacy of Literature Review: to justify the rationale and objectives/hypothesis of the study as the results and discussion of data. Discussion and conclusion of the nature and findings of the study are placed in context of other relevant published data.
(   ) 3 Adequately justifies and discuss
(   ) 2 Justification/discussion requires some addition
(   ) 1 Requires substantial addition
(   ) 0 No justification/discussion of the study
11- Utilize recent and original  references (5 years or less, preferably from Brazilian or international scientific nursing journals) to discuss your data.
(   ) 3 Very good
(   ) 2 Good
(   ) 1 Poor
(   ) 0 Extremely Poor
12- Adequacy of Statistical Tool used (appropriateness of statistical tool: inferential to support hypothesis, descriptive etc)
(   ) 3 Adequate
(   ) 2 Some more statistics is required to draw inference
(   ) 1 Substantial statistics is required to draw inference
(   ) Up to Minus 2 Misuse or wrong use statistical tool or no data presented
13- Vancouver sytle for references and citation (ver http://www.lib.monash.edu.au/tutorials/citing/vancouver.html )
(   ) 2 Adequate
(   ) 1 Corrections are required
 (   ) 0 Incorrect
14- OBJN must be one of the references and must be cited correctly.
(   ) 2 Adequate
(   ) 1 Corrections are required
 (   ) 0 No citation at all
15- The author(s) points out the manuscript implications for the Registered Nurse (nursing diagnosis, interventions, and outcomes or procedures related to the client/family/community care) or to the Executive Nurse.
(   ) 2 Adequate
(   ) 1 More considerations are required
 (   ) 0 No implications at all
16- The author(s) points out new insights or information about (one or all of them)
•        diseases, disorders, or conditions, or specific assessment techniques with the emphasis on relevant nursing care and interventions. (   ) yes (1)   (   ) no (0)
•        Procedures, client security (   ) yes (1)   (   ) no (0)
•        Drug(s) focusing on nursing considerations related to preparing and administering drugs, avoiding medication errors, preventing adverse reactions, and evaluating patient response. (   ) yes (1)  (   ) no (0)
•        Charting/documentation  (   ) yes (1)   (   ) no (0)
•        Emotional problems patients and families experience and how nurses can help them cope.
(   ) yes (1)   (   ) no (0)
•        Legal issues confronting nurses (   ) yes (1)   (   ) no (0)
•        Ethical dilemmas  (   ) yes (1)   (   ) no (0)
•        Professional/Educational issues and perspectives relevant to practice.
(   ) yes (1)   (   ) no (0)
17- Focus on nursing actions or nurses/teachers' roles.
(   ) 2 Adequate
(   ) 1 Corrections are required
 (   ) 0 Incorrect
18- Change the section to
(  )review (  )original (  )research note (  )other
TOTAL SCORE: _________
(   ) Maximum: 56; Recommended for publication in its present form.
(   ) Good: 55 a 50; Recommended for publication with minor revision as done on the paper
(   ) Regular: 49 a 39; Needs to be sent back to the author (for correction) with the following comments: _
(   ) Minimum: -38; The paper should be rejected due to the following reasons: ________

 Com base no instrumento de análise crítica apresentado, a editora designa os pareceristas para que procedam à análise no prazo máximo de 2 semanas.

Se nos parágrafos anteriores, eu apontei para a necessidade de ensinar o autor a submeter um manuscrito para um periódico de enfermagem, agora o problema que eu aponto é a falta de preparação das enfermeiras para a função de parecerista. O OBJN sempre contou com um Comitê Revisor formado por profissionais voluntários, dedicados e de grande expertise. Mas, estas pessoas são poucas, pouquíssimas para a demanda de um (ou mais) periódico científico.

Hoje, o maior problema à expansão do OBJN é a falta, em quantidade e qualidade, de revisores preparados para a análise de manuscritos. Cabe observar também que falta familiaridade com email, website, processo online, internet, inglês, etc. Das habilidades mais antigas (mas que nunca saem de moda), falta pontualidade com o compromisso assumido

A preparação de um(a) revisor(a) inicia com a oferta da própria expertise. O sistema do OBJN permite que o leitor/autor se habilite para a função de revisor. Muitos o fazem, só que de maneira incompleta, sem fornecer dados cruciais de sua biografia (titulação, área de expertise, etc). Daí, sobrecarregam o sistema e não podem ser acionados pela editora!

Outro aspecto importante da preparação do revisor é a sua atenção às comunicações online/eletrônicas feitas pela editora. Acusar o recebimento da solicitação de revisão e comunicar imediatamente se aceita ou não realizar a análise é um padrão-ouro de revisor para o OBJN!

Partindo do pressuposto que o parecerista aceite analisar o manuscrito e que observe o prazo para emissão do julgamento, no caso de necessidade de revisão, o OBJN comunica prontamente ao autor e lhe concede 10 dias para reformulação sugerida. Até a presente data, este tempo se mostrou adequado.

Nunca é demais repetir que o propósito da revisão pelos pares é indicar para o autor e, principalmente, para o editor o que falta para o manuscrito alcançar a qualidade de publicação. Assim, podemos garantir ao leitor que aquele texto passou por um processo de refinamento, sem esquecer contudo que a validação definitiva é dele(a), do(a) leitor(a).

Em que pese o propósito nobre do processo editorial, infelizmente, há ainda um grupo pequeno de autores que não vislumbra o valor incomensurável do trabalho (em média 03 horas/trabalho) do revisor e se ressente da análise crítica recebida.

Há também um grupo não tão pequeno de revisores que desconhece a responsabilidade de sua função de sugerir de forma concreta melhorias no manuscrito (reflexões, leituras complementares, etc). É por esta razão que o OBJN e vários periódicos possuem mecanismos de avaliação de seus revisores.

Quadro – Avaliação (técnica e editorial) sobre a análise crítica do Revisor pelo Editor

1. Actively unhelpful (do not observe time limits)
2. Reasonable comments, but no useful information
3. Valid minor points and/or details
4. Major points in line with solicited reviewers' comments

5. Directly influenced publication over and above reviewers' comments.

 Após cada parecer, o revisor ganha uma nota que varia de 1 a 5. Os periódicos mais estruturados e avançados, solicitam aos autores que avaliem igualmente a qualidade da análise crítica recebida. Espero em breve ver o OBJN neste patamar, ainda que nada impeça os autores de comentarem sobre o quanto o processo editorial ajudou no aprimoramento de seus manuscritos.

Com certeza, muitos editores concordarão comigo que a maioria das poucas mensagens que os autores nos enviam, quando enviam, nem sempre pode ser considerada uma “avaliação”. Geralmente é um queixume. Esta atitude me entristece. Cito então um ditado indígena americano: Se você não vê razão para dar graças, o erro está dentro de você mesmo.

Então, o que importa mesmo é que a gratidão é um valor do OBJN[8] [9] [10]. Portanto, no quadro a seguir, estão relacionados os revisores que emitiram 1 ou mais pareceres de novembro de 2007 a novembro de 2008 e receberam da editora a nota máxima 5.  

Revisores do OBJN – novembro 2007/novembro de 2008: nota 5.

 Ana Karina Pinheiro  
Ana Kelve Castro Damasceno   
Ana Luiza Vilela Borges  
Ana Roberta Vilarouca da Silva
Anuska I Alencar 
Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva  
Christiane Inocencio Vasques  
Claudinei José Gomes Campos   
Cristiane A. Silveira     
Débora Cristina Modesto Barbosa 
Emilia Campos Carvalho       
Emiliane Nogueira de Souza     
Erika de Cássia Lopes Chaves       
Gisele Martins       
Graciele Fernanda da Costa Linch       
Grazielle Roberta Silva
Helena H  Vaghetti  
Hellen Roehrs       
Jenifer Adriana Domingues Guedes
Laura Redic       
Leila Maria Mansano Sarquis  
Lucia Marta Giunta da Silva   
Lucilia Maria Nunes Falcão    
Luiza Maria Gerhardt     
Maria Dalva Santos Alves 
Maria Denise Denise Schimith 
Mariana Bueno       
Mariluci Alves Maftum  
Mirelle Finkler       
Monica Oriá  
Sílvio Eder Dias da Silva  
Sayonara Barbosa
Sonia Silva Marcon    
Vanda Andres Felli    
Vanessa Poveda       
Vitor Oliveira Carvalho 
William Cesar Alves Machado     

 Assim como interessa ao editor um parecerista comprometido com os prazos limite, interessa muito mais o parecerista que ajuda a enriquecer o manuscrito com suas contribuições. Foram poucas as vezes que assisti a este fenômeno da ciência de publicação, mas vi e vivi. É absolutamente fantástico e gratificante!

O meu sonho, mas em breve será uma meta, como editora do OBJN, é um dia poder fazer igual ao Nephrology Nursing Journal (NNJ): publicar ao final do manuscrito o parecer dos revisores. São resenhas e mereciam ser publicadas. O leitor ganharia muito com isso. No caso do NNJ, muitos leitores se envolvem tanto neste processo de réplica e tréplica que interagem posteriormente enviando cartas ao editor. As quais, por sua vez, são também publicadas! Para mim isto é um real fator de impacto de um manuscrito!

No processo de revisão por pares, nem sempre é possível ao parecerista detectar fraudes e condutas impróprias. O OBJN exige que todos os artigos que tratam de clientes ou instituições tenham em destaque que houve aprovação prévia do projeto original de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa. É uma das estratégias possíveis para garantir ao periódico que o autor possui uma conduta ética. Todavia, em breve, o OBJN, assim como os demais periódicos, terá que criar um mecanismo para prevenção de fraude ou plágio ou publicação múltipla.

À guisa de conclusão, reitero que a submissão online de manuscritos tornou evidente a responsabilidade dos autores quanto à qualidade das informações para as bases de dados e indexadores (os metadados) e à formatação do manuscrito (adesão às normas de Vancouver, redação correta das referências, etc,).

Ressalto mais uma vez o trabalho valioso do revisor de periódico científico, mas aponto para a necessidade de uma preparação mais formal para a atividade. A revisão crítica de um manuscrito é uma função óbvia do revisor, mas também deve ser do leitor do periódico científico.

Afinal, a(o) enfermeira(o) enquanto consumidora de pesquisa e leitora do OBJN[11] deve ser capaz avaliar a qualidade do artigo e decidir como (e quanto) o conhecimento que ele apresenta pode ser incorporado à sua prática clínica.

Próximos passos

Diante do exposto sobre divulgação científica para o crescimento da profissão e a formação de revisores, o OBJN se propõe a premiar os revisores que alcançam a nota 05.

- Bônus para o revisor nota 05: para cada 03(três) pareceres efetuados com qualidade e pontualidade (a partir de 2008), o revisor ganhará isenção nas taxas de submissão e publicação em relação a um manuscrito. Bastará para isso apresentar a relação dos manuscritos analisados ao momento da submissão do seu próprio (conforme consta nos arquivos da sua página de revisor).

- Estimular a avaliação da revisão crítica pelo(s) autor(es).

Para o âmbito externo ao OBJN, apresento, mais uma vez[12]  [13],  algumas recomendações para as Escolas de Enfermagem e Instituições de Saúde:

 Aos professores de Metodologia da Pesquisa em Enfermagem
- Incluir a etapa de Divulgação Científica no programa da disciplina. Em especial sobre publicação em periódicos científicos
- Incluir o estudo sobre os tipos de manuscritos científicos e a relação de cada um deles com determinada etapa de uma pesquisa ou estudo. Observar quanto ao tipo de manuscrito e a relação com determinadas seções dos periódicos científicos.
- Incluir o estudo sobre as normas de publicação Vancouver, observando que estas normas tratam mais do que apenas estilo de referência bibliográfica (ética, autoria, colaboração, etc).
- Incluir o estudo de análise crítica de artigo científico.
- Envolver a bibliotecária de sua instituição no processo de planejamento e execução da unidade sobre divulgação científica.
- Realizar um encontro anual para discutir o que ensinar e, principalmente, para que  e como ensinar metodologia da pesquisa em enfermagem, observando o consumo de pesquisa, a produção de textos e a divulgação científica, igualmente as habilidades mínimas para o ensino desta natureza.

Aos professores de Graduação em Enfermagem

- Incluir artigos originais de pesquisa na bibliografia das disciplinas
- Exigir o consumo de artigos científicos para fundamentação dos trabalhos da disciplina
- Adotar as normas de Vancouver para a formatação dos textos da disciplina e para as referências bibliográficas
- Envolver a bibliotecária de sua instituição no processo de planejamento e execução da unidade sobre divulgação científica.
- Realizar resenhas (réplicas) de artigos científicos relativos a casos clínicos

Aos enfermeiros da atenção à saúde

- Ler criticamente os artigos científicos numa base regular (semanal, por exemplo)
- Dar retorno sobre o artigo para os autores e editores
- Recomendar a leitura do artigo para os colegas, indicando os aspectos relevantes para o cuidado do cliente. Preferencialmente, formar um clube de periódico em sua instituição.
- Elaborar protocolos assistenciais da sua instituição com base em revisão sistemática da literatura profissional.
- Realizar sessões clínicas nas quais os casos dos clientes sejam discutidos e comparados com os artigos científicos de enfermagem
- Demandar a bibliotecária de sua instituição (ou de instituição próxima) no processo de localização de fontes e referências.

 Referências:

[1] Cruz I. Fifth International Congress on Peer Review in Biomedical Publication - travel scholarship report Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2005 December 1; [Cited 2008 November 15]; 4(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/33

[2]  Cruz I. Peer review: what are the OBJN responsabilities? Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2006 December 16; [Cited 2008 November 15]; 5(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/745

[3] Cruz I. Publishing Your Paper Online: what they don't teach you in nursing school you will learn with the OBJN Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2005 December 1; [Cited 2008 November 15]; 4(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/2

[4] Cruz I. Online Brazilian Journal of Nursing is a resource for authors Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2007 August 12; [Cited 2008 November 15]; 6(2). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/1081

[5] Cruz I. OBJN Databases and Scholar Links Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2005 December 1; [Cited 2008 November 15]; 4(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/1

[6] Cruz I. To be SEER 1.0 or not to be SEER 2.0? That is one of a few questions Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2007 April 21; [Cited 2008 November 15]; 6(1). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/927

[7] Cruz I. How to review online an OBJN article Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2005 December 1; [Cited 2008 November 15]; 4(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/30

[8] Cruz I. Online Braz J of Nursing 2006 Thanks to Peer Reviewers and Authors Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2006 December 16; [Cited 2008 November 15]; 5(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/744

[9] Cruz I. OBJN 2005 Thanks to Peer Reviewers and Authors Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2005 December 1; [Cited 2008 November 15]; 4(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/72

[10] Cruz I. Online Brazilian Journal of Nursing 2007 Thanks to Peer Reviewers and Authors Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2007 November 18; [Cited 2008 November 15]; 6(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/1323

[11] Cruz I. The Readers wrote to Editor Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2005 December 1; [Cited 2008 November 15]; 4(3). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/76

[12] Cruz I. Nursing Science Training for Undergraduates Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2007 April 21; [Cited 2008 November 15]; 6(1). Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/901

[13] Cruz I. Scientific publication must be part of the undergraduated research planning Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2007 January 20; [Cited 2008 November 15]; 6(0):[about ## p.]. Available from: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/787

 Bibliografia

Cassiani, SH de B Uma nova estrutura para a redação de artigos científicos e teses de doutoramento. Informativo Latino-Americano de Enfermagem  http://www.eerp.usp.br/ilaenf/42/p/index.html, julho2002. Acesso em 26/04/2003 (útil até hoje!)

The Buddist Society. 1001 Pérolas da Sabedoria Budista - idéias que iluminam e trazem paz interior. SP, Publifolha, 2007.

 

Ogum protects the roads and the internet is a virtual road. Ogum is also the god of technology.
He used the iron to create the instruments that help people to work for a better life and to build a better world. He is with us since the beginning.I pray to him to be with us always.

Ogunhê!

Imagem: http://www.pallaseditora.com.br/ Bianca Earp