Tecnological organization of team’s health-related work in an emergency room – previous note.
Organização tecnológica do trabalho da equipe de saúde que atua em uma unidade de emergência – nota prévia.
Estela Regina Garlet 1, Maria Alice Dias da Silva Lima 1
1 UFRS
Resumo: Este estudo tem o objetivo de analisar a organização tecnológica do trabalho da equipe de saúde que atua em uma unidade de emergência de um hospital público do interior do Estado do Rio Grande do Sul, no intuito de descrever o contexto do trabalho da unidade de emergência e as concepções dos profissionais que nela atuam. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com desenho de estudo de caso, que será apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul para a obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Descritores: Enfermagem, Emergência, Serviços Médicos de Emergência.
INTRODUÇÃO
No processo de trabalho estabelecem-se relações entre objeto, instrumentos e produto, diante das necessidades existentes e que direcionam a sua finalidade, dirigida pela intencionalidade do trabalho perante a um saber operatório (1). A organização tecnológica do trabalho é definida pelas ligações estabelecidas no interior do processo de trabalho entre a atividade operante, realizada por meio de instrumentos, considerada em sentido amplo, sendo o conhecimento o principal deles porque orienta todo processo, os objetos de trabalho e a finalidade (1).
O processo de trabalho em uma unidade de emergência tem a finalidade de assistir pacientes criticamente enfermos, com potencial risco à vida. A assistência deve ser realizada de forma imediata, além de eficaz e integrada. A especificidade da dinâmica do trabalho em uma unidade de emergência, tendo em vista a tensão que se apresenta no momento da tomada de decisão, baseada na coordenação de um líder e a execução pelos demais membros da equipe, indica a presença de uma organização tecnológica própria do processo de trabalho nesse setor.
A organização atual dos serviços de emergência tem trazido conseqüências desfavoráveis à prática assistencial dos trabalhadores de enfermagem, que enfrentam dificuldades em garantir um atendimento com qualidade e resolutividade aos pacientes que chegam a esses serviços. Nesse sentido, um dos grandes desafios impostos aos trabalhadores, às instituições e à sociedade é a busca de um modo de gerir e operar processos de trabalho que levem em conta as relações que se estabelecem entre trabalhadores e usuários (2).
Os resultados deste estudo poderão contribuir para a identificação do processo de trabalho de uma equipe que atua em uma unidade de emergência de um hospital público do interior do estado do Rio Grande do Sul. Com base nisso, será possível visualizar estratégias que possibilitem a qualificação e o planejamento no setor das urgências e emergências e agregar novos aspectos para reflexão nos serviços de atendimento hospitalar de referência, auxiliando na agenda de discussão das urgências, no País, bem como a estruturação do trabalho baseado na interdisciplinaridade, potencializando a utilização dos recursos públicos.
OBJETIVOS
- Analisar a organização tecnológica do trabalho da equipe de saúde que atua em uma unidade de emergência de um hospital público do interior do Estado do Rio Grande do Sul;
- Descrever o contexto onde ocorre o trabalho em saúde na unidade de emergência em estudo;
- Identificar as concepções dos profissionais que atuam na unidade de emergência sobre o processo de trabalho da equipe de saúde que atua na unidade de emergência.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo cujo desenho metodológico é o estudo de caso. A unidade de emergência do Hospital Universitário de Santa Maria é o local aonde a pesquisa foi realizada. A população do estudo foram os profissionais que atuam nesta unidade de emergência. Para a coleta dos dados foram utilizadas as técnicas de observação e entrevista semi-estruturada. A mesma encontra-se em fase de análise dos dados constitui-se de três etapas: ordenação, classificação dos dados e análise final (3). O estudo segue as normas da Resolução 196, 10 de outubro de 1996, tendo como compromisso oferecer o máximo de benefícios e mínimo de riscos e danos aos sujeitos envolvidos (4).
RESULTADOS PARCIAIS
Os caminhos percorridos permitem divulgar, que embora todos os integrantes da equipe conheçam o objeto, os instrumentos utilizados e a finalidade técnica do trabalho, o trabalho está centrado na prescrição médica, pois todos os sujeitos envolvidos desenvolvem atividades complementares e necessárias à sua atividade clínica. O ato médico é concebido, programado e modificado por ele, que exerce controle relativo sobre o processo de trabalho da equipe.
A enfermagem é parte integrante da equipe de saúde que atua na unidade de emergência e depende das decisões médicas como os demais profissionais. O enfermeiro tem autonomia no que diz respeito à especificidade do trabalho de enfermagem. Especificidade aqui traduzida por ações de cuidado direto ao paciente, gerenciamento de recursos humanos de enfermagem, definição de atendimentos de urgência, indicação de recursos materiais a serem utilizados em relação a este ou aquele procedimento.
Apesar da composição multiprofissional da equipe, não podemos afirmar que existe um trabalho em equipe. As ações realizadas mostram-se interdependentes e complementares e a equipe está buscando a construção de um projeto assistencial comum, pautado nos problemas identificados na área de abrangência.
No processo de trabalho na unidade de emergência foi observado um desencontro entre as necessidades de saúde que levam os usuários a procurar a unidade de emergência e a finalidade do trabalho nesse local, destacada pelos profissionais. Este desencontro se deve à necessidade do profissional estender o seu olhar para além da finalidade técnica do trabalho na unidade de emergência, identificando a finalidade institucional e social do trabalho na emergência.
REFERÊNCIAS
1. Gonçalves RBM. Tecnologia e organização social das práticas de saúde. São Paulo: Hucitec; 1994.
2. Marques GQ; Leal SMC; Lima MADS; Bonilha ALL; Lopes MJM. As práticas e o cotidiano de profissionais em serviços públicos de saúde, na ótica de estudos acadêmicos. Online Brazilian Journal of Nursing [Online] 2007; 6(2) [Acesso em 02 de setembro de 2007] Disponível:
http://www.uff.br/objnursing/viewarticle.php?id=249&layout=html.
3. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo (SP): Hucitec; 2000.
4. Goldim JM. Manual de iniciação à pesquisa em saúde. Porto Alegre (RS): Dacasa; 2000.
Dados do projeto:Projeto de dissertação do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFRGS, orientado pela Profa. Dra. Maria Alice Dias da Silva Lima, aprovado em fevereiro de 2007 pela banca de qualificação composta pelas Doutoras: Clarice Maria Dall’Agnol, Liana Lautert, Carmem Lúcia Colomé Beck.
O projeto de pesquisa foi aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sob número 2007688 em 10 de maio de 2007.
Endereço para correspondência: Estela Regina Garlet: Avenida Integração, 2290, Pinhal Grande- RS, cep: 98150000, fone: (55) 3278 1197.E-mail: estelagarlet@hotmail.com