Mothers adhesion to nursing plan for irritant diaper dermatitis- an exploratory study

Adesão das mãe às condutas de enfermagem na dermatite irritativa de fraldas- estudo exploratório

Patricia Cristina Boscatto1; Ana Llonch Sabatés2

1 PSF / Francisco Morato-SP. 2  Universidade Guarulhos/SP. 

Abstract: This exploratory, descriptive, transversal, field study, which takes a quantitative approach, was carried out at a Family Health Unit in the municipal district of Francisco Morato, with the following objectives: to determine the knowledge, care actions and adhesion of mothers to nursing conducts to deal with irritant diaper dermatitis in their children; to identify the facilities and difficulties reported by the mother when carrying out the prescribed nursing conducts. The study population consisted of 29 mothers, and 29 children with irritant diaper dermatitis. The adhesion was classified as total, partial or non-existent. The results show that the majority of the mothers (58.8%) had no knowledge of irritant diaper dermatitis. As for the care actions to deal with their children’s dermatitis, 93.1% of the mothers opted to use disposable diapers and 58.7% used a moist tissue when carrying out perineal hygiene, during diaper changes. In relation to the conditions of the child, the majority presented inadequate hygiene and hyperemia with skin peeling in the diaper region. It was determined that 65.6% of the mothers adhered to all the prescribed nursing conducts, 17.2% adhered only partially, and 17.2% did not adhere at all to the nursing conducts. 

Descriptors: Pediatric nursing , Adhesion, Diaper Rash.  

Resumo: Estudo exploratório, descritivo, transversal, de campo, com abordagem quantitativa, realizado em uma Unidade de Saúde da Família do município de Francisco Morato, que teve como objetivos: verificar o conhecimento, as ações de cuidado e a adesão das mães às condutas de enfermagem na dermatite irritativa de fraldas do filho; identificar as facilidades e dificuldades referidas pela mãe na execução das condutas de enfermagem prescritas. A população foi constituída de 29 mães e 29 crianças com dermatite irritativa de fraldas. Os dados foram coletados durante a consulta de enfermagem e a visita domiciliária. A adesão foi classificada em total, parcial e não adesão. Os resultados mostraram que a maioria (58,8%) das mães não possui conhecimentos a respeito da dermatite irritativa de fraldas. Quanto às ações de cuidado com a dermatite do filho 93,1% das mães optavam pelo uso da fralda descartável e 58,7% usavam lenço umedecido na higiene do períneo durante a troca das fraldas. Em relação às condições da criança, a maioria apresentava higiene inadequada e hiperemia com descamação na região das fraldas. Verificou-se que 65,6% das mães aderiram a todas as condutas de enfermagem prescritas, 17,2% apresentaram uma adesão parcial e que a não adesão foi de 17,2%.

Descritores: Enfermagem pediátrica, Adesão, Dermatites, fraldas

Introdução 

A dermatite irritativa de fraldas, anteriormente chamada de dermatite amoniacal, é uma patologia bastante freqüente, ocorre principalmente nos dois primeiros anos de vida, não tendo predileção por sexo, raça ou situação sócio-econômica e independe da cultura da mãe.

Alguns autores conceituam a dermatite irritativa de fraldas como dermatite resultante da exposição constante de fatores diversos no local de uso das fraldas, dentre os quais o contato prolongado da pele com fraldas úmidas e materiais impermeáveis 1,2.

Outros afirmam que a dermatite irritativa de fraldas está relacionada à maceração, oclusão, calor, umidade, reação de contato com borracha, plástico, detergentes, amaciantes, alvejantes, fraldas impermeáveis, limpeza excessiva ou precária, medicamentos tópicos do local 3,4.

A dermatite irritativa de fraldas apresenta-se, basicamente, com as seguintes características; na fase hiperemiada, com hiperemia e descamação na área de contato com a fralda; na ulcerativa por lesões ulcerativas que aparecem por toda área de contato com a fralda e na fase eruptativa com lesões eritematosas profundas, freqüentemente associadas à infecção, geralmente por Cândida Albicans e em casos mais graves por Staphylococcus Aureus 3.

As condutas terapêuticas para a dermatite irritativa de fraldas geralmente baseiam-se na aplicação tópica de substâncias que atuam na recuperação da integridade cutânea e nos processos infecciosos secundários e a sua prescrição é de competência médica.

No entanto, é imprescindível que cuidados relativos a higienização do períneo do bebê sejam realizados adequadamente pela mãe, independente dos medicamentos prescritos pelo médico, quando necessários.

A Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras 5 comenta que uma das principais e mais simples medidas para a prevenção da dermatite irritativa de fraldas é a higiene do local, que deve ser feita corretamente, tão logo as fraldas fiquem molhadas. Após a micção, a região do períneo deve ser lavada com água morna, e após a evacuação com sabão neutro ou glicerinado; não recomendando uso excessivo de lenços descartáveis.

Outra medida recomendada no combate à dermatite irritativa de fraldas, é a helioterapia na região das fraldas, muito útil tanto na prevenção como no tratamento, conduta que determina a cura mais rápida 6.

A helioterapia, do grego Hélios, que significa sol, é o banho de sol. A exposição do bebê ao sol, deverá iniciar com cinco minutos por dia, aumentando gradualmente, até atingir 30 minutos ao dia, no horário das 7:00 às 10:00 horas ou após às 16:00 horas, horários em que estão presentes os raios ultravioletas; a pele deve estar livre de sujidade ou qualquer produto químico 5.

Na prática cotidiana, junto à crianças com dermatite irritativa de fraldas, tem sido observado com freqüência, que essas medidas são muito úteis para diminuir a incidência da dermatite e por essa razão fazem parte das condutas de enfermagem prescritas em uma Unidade do Programa Saúde da Família (PSF) do município de Francisco Morato, local da coleta de dados deste estudo.

A dermatite irritativa de fraldas é uma constante, nas consultas de enfermagem dessa unidade de PSF em crianças de até um ano de idade, não só pela incidência como pela reincidência e dificuldades na resolutividade, durante a qual as mães são orientadas para o cuidado, porém, muitas vezes, a criança retorna sem melhora. Esta situação despertou uma inquietação e questionamento: “Será que as mães aderem às condutas de enfermagem prescritas”?

Embora muitas das vezes, a mãe procura o atendimento de saúde, quando a pele da criança já está bastante afetada, o que certamente implica na maior dificuldade para a resolução do problema, há também situações em que a mãe, mesmo recebendo orientações sobre os cuidados adequados, adere às orientações dos familiares e vizinhos, como por exemplo, o uso de óleo de cozinha ou do amido de milho bastante difundidos na cultura familiar.

Considerando que vários aspectos podem ser críticos no comprometimento da adesão das mães às condutas de enfermagem este estudo teve como objetivos: verificar o conhecimento, as ações de cuidado e a adesão das mães na dermatite irritativa de fraldas do filho; identificar as facilidades e dificuldades, referidas pela mãe, na execução das condutas de enfermagem prescritas.

Método 

Estudo descritivo, transversal, de campo, com abordagem quantitativa, desenvolvido em uma Unidade de Saúde da Família do município de Francisco Morato. Nesta unidade as crianças com até um ano de idade são consultadas, mensalmente, pelo médico ou pela enfermeira com o objetivo de acompanhar o crescimento e desenvolvimento, orientando a mãe sobre os cuidados infantis relacionados a higienização, alimentação/hidratação e vestuário.

Fizeram parte deste estudo 29 mães e 29 crianças com até um ano de idade portadoras de dermatite irritativa de fraldas, atendidas em consulta de enfermagem.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Guarulhos (CEP – UnG), recebendo parecer favorável com registro no CEP-UnG 101/2006, atendendo à resolução 196/96 para pesquisa com seres humanos. Antes da coleta de dados a mãe assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando a sua participação e a do filho nessa pesquisa.

Os dados foram coletados, nos meses de agosto e setembro de 2006, durante as consultas de enfermagem realizadas pela enfermeira, autora da pesquisa, e na visita domiciliária pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS), por meio de dois formulários, um aplicado durante a consulta de enfermagem e outro na visita domiciliária.

A verificação da adesão das mães às condutas de enfermagem foi feita mediante o confronto das condutas prescritas pela enfermeira e as realizadas pelas mães, com os dados obtidos no momento da visita domiciliária e confirmados na consulta de retorno. A adesão foi classificada em adesão total (a mãe realizou todas as condutas prescritas), adesão parcial (a mãe realizou pelo menos uma conduta) e não adesão (a mãe não realizou nenhuma conduta). 

Resultados e discussões: 

Características sócio-demográficas da mãe e do filho

A média de idade das 29 mães, participantes deste estudo, foi de 24,2 anos, variando entre 15 e 41 anos; 48,2% dessas mães viviam em união consensual e 38,0% eram casadas; 41,3% cursaram o ensino fundamental incompleto e 31,1% completo e a maioria não trabalhava (86,4%). A renda familiar mensal estava situada entre um e dois salários mínimos (62,0%)

O maior número de crianças portadoras de dermatite irritativa de fraldas encontrava-se na faixa etária de zero a três meses de idade (62,1%), com predomínio no sexo masculino (34,5%). Sabe-se que a dermatite irritativa de fraldas é um problema comum em crianças de zero a dois anos de idade 7, com predominância maior por volta dos dois aos quatro meses 8.

Das 29 crianças incluídas no estudo, 82,8% apresentaram dermatite irritativa de fraldas caracterizada por hiperemia e descamação, 13,8% tiveram lesões ulcerativas e apenas uma apresentou lesões eritematosas. Na prática profissional tem-se observado maior incidência da dermatite com essas características, porém o que acontece rotineiramente é que muitas evoluem para lesões ulcerativas, principalmente quando a mãe demora a procurar o atendimento à criança e iniciar os cuidados pertinentes.

Conhecimento das mães sobre a dermatite irritativa de fraldas do filho

O conhecimento das mães a respeito da dermatite irritativa de fraldas está na Tabela 1. 

Tabela 1 - Distribuição das mães, segundo o conhecimento sobre dermatite irritativa de fraldas. Francisco Morato - SP, 2006. N=29

 

Mães

Conhecimento

Categorias

N

%

Nenhum conhecimento

17

  58,8

Conhecimento das causas da dermatite irritativa de fraldas

 

 

Demora na troca de fralda

  13,8

Ação das fezes e urina

    6,9

Fraldas, lenços ou produtos inadequados.

1

    3,4

Conhecimento das ações de cuidado

 

 

Saber cuidar adequadamente

2

    6,9

Limpar com água e sabão

1

    3,4

Limpar a região e passar pomada

1

    3,4

Usar amido de milho no períneo

1

    3,4

Total

29

100,0

 A maioria das mães (58,8%) não possuía conhecimento a respeito da dermatite irritativa de fraldas. Entretanto, algumas delas demonstraram ter conhecimento sobre causas e ações de cuidado, sendo que 13,8% apontaram a demora na troca das fraldas e 6,9% a ação das fezes e urina, como fatores para a causa da dermatite irritativa de fraldas. Geralmente a ação das fezes e urina e a demora na troca de fraldas estão incluídas como causas dessa dermatite 4,5,9. Em relação às ações de cuidado, 6,9% das mães disseram que é necessário saber cuidar adequadamente, entretanto, uma citou a limpeza com água e sabão, outra o uso de pomada e uma outra o uso de amido de milho no local.

A falta de conhecimento pode estar relacionada às características sócio-demográficas das mães. Foi observado, durante as consultas de enfermagem do filho no Programa de Puericultura desta Unidade de Saúde da Família de Francisco Morato, que a mãe pouco sabia informar a respeito do cuidado com o filho.

 

Ações de cuidado das mães sobre a dermatite irritativa de fraldas do filho

A escolha do tipo de fralda para o uso no filho e dos cuidados no momento da troca da fralda representa uma ação relevante na prevenção da dermatite irritativa de fraldas e está expressa na Tabela 2. 

Tabela 2 - Distribuição das mães, segundo o tipo de fralda utilizada no filho com dermatite irritativa de fraldas. Francisco Morato – SP, 2006. N = 29

 

Mães

Tipo de fralda utilizada no filho

N

%

Descartável

27

93,1

Tecido

2

  6,9

Total

29

               100,0

 

A opção pelo uso da fralda descartável foi citada pela maioria das mães (93,1%) e justificada pela facilidade do uso, economia de tempo e por não terem que lavar fraldas. Apenas duas (6,9%) mães referiram o uso de fraldas de tecido.

Sabe-se que a fralda descartável possui material absorvente gelatinoso que tem maior poder de absorção, diminuindo a umidade da pele e provocando menos dermatite do que as fraldas de tecido. O gel absorvente mantém o pH próximo do normal, permite menor crescimento de microorganismos e impede a mistura de fezes e urina, levando à diminuição da atividade nas enzimas irritantes produzidas por essas eliminações na pele do bebê 5. Estas fraldas são mais toleráveis que as de pano e mantém o bebê mais seco 10.

O uso de fralda descartável tem reduzido o número de crianças com dermatite irritativa de fraldas 11. No entanto, devido ao efeito oclusivo, não consegue eliminar totalmente o contato pele/fezes 6, o que pode explicar a presença de dermatite irritativa de fraldas, também, em crianças que usam fralda descartável.

Quanto ao uso da fralda de tecido, são necessários alguns cuidados, uma vez que, os produtos que compõe os sabões utilizados na lavagem são agressivos à pele da criança e podem contribuir para o aparecimento da dermatite irritativa de fraldas. Para minimizar essa condição, recomenda-se o uso de sabão neutro na lavagem e no enxágüe o uso de vinagre, considerado uma boa indicação como antimicrobiano 5,7,12.

As ações de cuidado realizadas pelas mães, no momento da troca de fraldas do filho, podem ajudar na orientação de medidas curativas e preventivas para bebês com dermatite irritativa de fraldas.

As ações de cuidado citadas pelas mães deste estudo estão descritas na Tabela 3.  

Tabela 3- Distribuição das mães, segundo a ação de cuidado realizado na troca de fraldas do filho com dermatite irritativa de fraldas. Francisco Morato SP, 2006. N = 29

 

Mães

Ação de cuidado realizado nas trocas das fraldas

N

%

Higiene do períneo com lenço umedecido

17

        58,7

Higiene do períneo com água

 8

        27,6

Aplicação de pomada no períneo

 2

          6,9

Aplicação de talco no períneo

 1

          3,4

Aplicação de amido de milho no períneo

 1

          3,4

Total

29

      100,0

 

O uso de lenço umedecido, na higiene do períneo durante a troca de fraldas, foi citado por 58,7%. Embora seja bastante usual a utilização de lenço umedecido durante a higienização do bebê, esta é uma medida nem sempre recomendada 2. A higiene local somente com água é a mais indicada 6 e foi a ação de cuidado referida por 27,6% das mães. A aplicação de pomada (6,9%), de talco (3,4%) ou amido de milho (3,4%) foram citados por algumas mães.

 

Condições de higiene do períneo da criança com dermatite irritativa de fraldas

As condições de higiene do períneo da criança podem contribuir, entre outros fatores, no aparecimento da dermatite irritativa de fraldas nas crianças de zero a doze meses de idade.

 

 

 

Tabela 4 – Distribuição das crianças, segundo as condições de higiene na região das fraldas. Francisco Morato - SP, 2006.N=29

Condições da higiene da criança na região das fraldas

Crianças

N

        %

Presença de restos de Fezes/ Urina

11

37,9

Presença de restos de pomada

8

27,6

Presença de amido de milho

4

13,8

Presença de restos de talco

2

  6,9

Presença de cabelo aderido à pele

2

  6,9

Higiene adequada

2

  6,9

Total

29

       100,0

 

Quanto às condições de higiene, 37,9% das crianças deste estudo apresentaram restos de fezes no períneo e a pele molhada pela urina, 27,6% restos de pomada, 13,8% de amido de milho, 6,9% cabelo aderido à pele e somente em 6,9% das crianças foi observada higiene adequada.

A Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras 5 orienta que a não retirada completa de resíduos de fezes e urina, bem como a demora em proceder a troca da fralda, mantendo a pele do bebê em contato prolongado com as eliminações, leva a maceração da pele, aumento do crescimento de microorganismos e alteração no pH da pele, fatos que contribuem no desenvolvimento da dermatite.

Uma higienização freqüente, bem feita, mas não excessiva nem agressiva e a troca de fraldas após as evacuações são cuidados fundamentais para a prevenção e o controle da dermatite de fraldas 13.

Sendo assim, considera-se importante orientar a mãe nos cuidados de higiene adequados na região das fraldas do filho, respeitando os conhecimentos que ela já adquiriu ou assimilou na sua cultura.

 

Condutas de enfermagem prescritas para a dermatite irritativa de fraldas

As condutas de enfermagem prescritas foram baseadas no protocolo de atendimento de enfermagem da saúde da criança 14, respaldadas na literatura e compatíveis com a situação sócio-econômica da população alvo e estão descritas na Tabela 5.

Tabela 5 – Distribuição das condutas de enfermagem prescritas segundo a característica da dermatite na criança. Francisco Morato - SP, 2006. N=29

 

 

Condutas de enfermagem

Característica da dermatite nas crianças

Hiperemia e descamação

N=24

N            %

Lesões ulcerativas

N=4

N             %

Lesões eritematosas

N=1

N               %

Lavar o local com água morna

 

 

     24         100,0

     

       4          100,0

       

      1           100,0

Suspender o uso de lenço umedecido

 

 

     15           62,5

 

       1            25,0

 

      1           100,0

Troca mais freqüente das fraldas

 

 

     12           50,0

 

       4           100,0

 

      1           100,0

Encaminhamento médico

 

 

     11           45,8

 

       4           100,0

      1           100,0

Helioterapia

 

       9           37,5

       1             25,0

      -                -

Lavar as fraldas com sabão neutro

 

       1            4,2

     

         -              -

    

       -               -

             Em relação às condutas prescritas pela enfermeira, os resultados mostraram que, para todas as crianças do estudo, foi prescrito “lavar o local com água morna na troca de fraldas”. Esta é uma medida considerada fundamental tanto para o tratamento como para a prevenção da dermatite irritativa de fraldas 6. A higiene da região das fraldas com água morna, ajuda a manter a pele limpa, livre de sujidades, de resíduos, presentes na maioria das crianças no momento da consulta de enfermagem.

A prática do uso do lenço umedecido presente em 58,7% das mães, foi suspensa na prescrição de enfermagem de 62,5% das crianças com hiperemia e descamação, de uma criança com lesão ulcerativa e de outra com lesão eritematosa. Os lenços úmidos são irritantes e devem ser evitados 2.

As trocas freqüentes de fraldas foi uma conduta prescrita para 50,0% das crianças com hiperemia e descamação, 100,0% crianças com lesões ulcerativas e para a única criança com lesão eritematosa. Essa é uma ação bastante recomendada na literatura 1,2,15.

Helioterapia foi prescrita para 37,5% das crianças com hiperemia e descamação e para uma das crianças com lesão ulcerativa. É uma medida muito útil e deve ser aplicada, aproximadamente por 15 minutos, na área perineal das crianças afetadas pela dermatite irritativa de fraldas, tanto na prevenção quanto no tratamento 5.

O uso de sabão neutro foi prescrito para a lavagem das fraldas de tecido, uma vez que os sabões líquidos ou em pedra contem substâncias irritantes 1,15.

Pode-se observar, nas condutas prescritas (Tabela 5), que não são necessários muitos recursos financeiros para a melhora da dermatite irritativa de fraldas, o mais importante é conscientizar a mãe que a higiene da região das fraldas com água morna, a helioterapia e troca mais freqüentes das fraldas são medidas eficientes que promovem a melhora e podem impedir a piora do quadro.

Quando a dermatite irritativa de fraldas envolve lesões mais severas, deve ser solicitada uma avaliação médica 14, o encaminhamento foi prescrito para 45,8% das crianças com hiperemia e descamação grave assim como, para a totalidade de crianças com lesões ulcerativas e lesões eritematosas, que precisaram de complementação medicamentosa.

A literatura recomenda o tratamento medicamentoso devido à freqüente associação da dermatite de fraldas com a Cândida Albicans indicando o uso de antifúngicos tópicos, e na presença de infecção secundária, antibioticoterapia tópica. Nos casos rebeldes ao tratamento pode ser necessário o uso de corticosteróide tópico por tempo limitado 6.  

Adesão às condutas de enfermagem prescritas na dermatite irritativa de fraldas

O conceito de adesão varia entre diversos autores, mas de forma geral, é compreendido como a utilização de medicamentos ou outros procedimentos prescritos, em pelo menos 80% de seu total 16.

Tabela 6 – Distribuição das mães, segundo a adesão às condutas de enfermagem prescritas. Francisco Morato - SP, 2006.N=29

 

Mães

Adesão às Condutas

N

%

Adesão Total

19

65,6

Adesão Parcial

5

17,2

Não adesão

5

17,2

Total

29

          100,0

 Neste estudo a maioria das mães (65,6%) aderiu a todas as condutas de enfermagem. No entanto, 17,2% realizaram parte das ações de cuidado prescritas, e sua adesão foi considerada parcial, a não adesão foi registrada em 17,2% das mães (Tabela 6).

Não foram encontrados, na literatura, estudos similares que possibilitassem a comparação e discussão desses resultados, por outro lado, há outros estudos, com pacientes pediátricos, sobre a adesão às terapêuticas medicamentosas ou orientações e suas relações causais, que mostram resultados relativamente elevados de não adesão.

Em estudo sobre a adesão à prescrição após atendimento em pronto-socorro pediátrico, a maioria (82,6%) das crianças, não apresentou adesão ao tratamento sendo que em 43,3% delas o tratamento era de curta duração, motivo que levou os pesquisadores a considerarem este resultado como um importante fracasso terapêutico 17.

Neste sentido, os resultados expressos na Tabela 6, podem ser considerados satisfatórios levando em consideração percentuais de pesquisas que apontam porcentagem de não adesão ou adesão parcial entre 30% e 70% 18.

As mães que aderiram parcialmente ou não aderiram às condutas de enfermagem prescritas apresentaram como justificativa a falta de recursos financeiros (60,0%); a interferência familiar (20,0%) e os afazeres domésticos (20,0%).

Publicações sobre os possíveis fatores causais da não adesão, detectaram o baixo nível socioeconômico da mãe ou responsável como um dos fatores relacionados 17,19 situação presente na população estudada, que pode ter contribuído para a obtenção dos percentuais de não adesão deste estudo.

Por outro lado, as mães que aderiram as prescrições de enfermagem apontaram facilidades na execução das condutas prescritas. (Tabela 7)  

Tabela 7 – Distribuição das mães, segundo a facilidade na execução da conduta de enfermagem prescrita. Francisco Morato - SP, 2006. N=27

 

Facilidade na execução da conduta prescrita

Mães

N

%

Conduta fácil de ser realizada

13

48,2

Fácil devido à clareza na orientação da enfermeira

12

44,4

Fácil por ter os produtos em casa

1

  3,7

Não informado

1

  3,7

Total

27*

   100,0

* Duas mães foram excluídas por terem se referido à prescrição médica.

 

Observa-se na Tabela 7, que as expressões “conduta fácil de ser realizada” (48,2%) e “clareza na orientação da enfermeira” (44,4%) foram condições facilitadoras da adesão às condutas prescritas pela enfermeira.

Quando as pessoas recebem explicações claras e têm uma boa compreensão do tratamento tem mais vontade de cooperar20.

O sucesso do tratamento depende integralmente de uma correta compreensão e execução da “receita” e para que uma ação de cuidado seja devidamente realizada pela mãe, a explicação deve ser adequada ao nível cultural 19.

Os resultados aqui discutidos não podem ser considerados conclusivos. Considera-se necessária a realização de outros estudos com maior número de participantes para propiciar oportunidade de comparação.

A inquietação inicial despertada pela experiência empírica que levantou a hipótese de que a não adesão da mãe às condutas de enfermagem poderia ser uma das causas da não melhora da dermatite irritativa de fraldas na criança não foi confirmada considerando que 65,6% das mães aderiram às condutas. 

Conclusões

Os resultados permitiram concluir que :

- a maioria das mães não tinha conhecimento sobre a dermatite irritativa de fraldas (58,8%);

- nas ações de cuidado das mães com a dermatite do filho, 93,1% optaram pelo uso da fralda descartável e 58,7% usavam lenço umedecido na higiene do períneo durante a troca das fraldas;

- 37,9% apresentaram restos de fezes e a pele molhada pela urina, e 27,6% restos de pomada;

- 65,6% das mães aderiram a todas as condutas de enfermagem prescritas, 17,2% apresentaram uma adesão parcial e a não adesão foi verificada em 17,2%;

- das mães que não aderiram às condutas de enfermagem 60,0% foi devido à falta de recursos financeiros, 20,0% a interferência familiar e as outras 20,0% devido aos afazeres domésticos;

- 48,2% das mães que aderiram às condutas de enfermagem prescritas referiram como fator facilitador a “conduta fácil de ser realizada” e 44,4% a “clareza na orientação da enfermeira”.

Acredita-se que para minimizar a incidência da dermatite irritativa de fraldas mais importante do que prescrever condutas para o cuidado é a orientação da mãe nas ações de cuidados preventivos da dermatite, não só após o nascimento do filho como também no período gestacional. 

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Endereço para correspondência: Patrícia Cristina Boscatto. R.19 de novembro, nº40, Jd. Benintende – Franco da Rocha, SP, CEP:07851-080. E-mail: patricia.enfer@bol.com.br

Nota: Este estudo é parte da Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Enfermagem da Universidade Guarulhos em 2007.