Contributions from Alfred Schütz’s phenomenological sociology for nursing research - review article
Contribuições da sociologia fenomenológica de Alfred Schütz para as pesquisas em enfermagem – revisão de literatura
Marcio Wagner Camatta 1, Cíntia Nasi 1, Diego Schaurich 1, Jacó Fernando Schneider 1
1Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil
Abstract: Understanding the human being is a complex task, because it involves biological, psychological and social questions. Investigation of Cartesian procedure had suffered ruptures, mainly because of the criticism to objectivity, on dealing whit human questions. In the end of nineteen century, phenomenology is born as a philosophical-methodological option for research, in which Comprehensive Sociology, from Alfred Schütz, outstands. This study’s objective is discuss some of the possible contributions from Schütz’s Phenomenological Sociology for nursing research. The main concepts boarded were intentionality, intersubjectivity, determined biographical situation, human actions, typification and social relation. Phenomenological research seeks the meanings that people attribute to their own experience, which are revealed with these people’s descriptions. Alfred Scütz’s phenomenological sociology aims the subjective meaning of the human actions, trying to establish the ideal type by typification. These concepts can be used as a theoretical-methodological base to investigate about things lived in the social world, mainly when it is about a social world in which nursing professionals are part of.
Keywords: nursing; philosophy; qualitative research
Resumo: Compreender o ser humano é uma tarefa complexa, pois envolve questões biológicas, psicológicas e sociais. O modelo cartesiano de investigação sofreu ruptura principalmente com a crítica à objetividade ao lidar com as questões humanas. No fim do século XIX a fenomenologia nasce como opção filosófico-metodológica de pesquisa, na qual se destaca a Sociologia Compreensiva de Alfred Schütz. O objetivo deste artigo é discutir algumas possíveis contribuições da Sociologia Fenomenológica de Schütz para as pesquisas em enfermagem. Os principais conceitos destacados foram o de intencionalidade, intersubjetividade, situação biográfica determinada, ações humanas, tipificação e relacionamento social. A pesquisa fenomenológica visa os significados que os sujeitos atribuem à sua experiência vivida e que são revelados a partir das descrições desses sujeitos. A sociologia fenomenológica de Schütz busca o significado subjetivo das ações humanas e estabelecer o tipo ideal por meio da tipificação. Esses conceitos podem servir de alicerce teórico-metodológico para se investigar sobre questões vividas no mundo social, principalmente quando se trata do mundo social do qual profissionais de enfermagem fazem parte.
Palavras-chave: Enfermagem; Filosofia; Pesquisa Qualitativa.
O Panorama das Pesquisas em Enfermagem
Pesquisar apresenta múltiplos e inter-relacionados objetivos, como descrever,
compreender, analisar, testar, desvelar, validar, conhecer, entre outros. Sendo
assim, a enfermagem, como arte e ciência na área da saúde, tem se utilizado das
investigações científicas para, por exemplo, conseguir maior reconhecimento à
profissão por meio da construção de um aporte de conhecimentos próprios, bem
como auxiliar na compreensão dos diversos contextos que permeiam o processo
saúde-doença, e na transformação de realidades adversas e/ou difíceis ao viver
humano
Tanto a abordagem quantitativa quanto a qualitativa têm sido empregadas, utilizando-se dos mais diversos referenciais teóricos e percursos metodológicos para desvelar os fenômenos que fazem parte do processo de cuidar em enfermagem. Há que se considerar, todavia, que um número expressivo de pesquisas qualitativas, em especial, tem buscado suporte teórico-metodológico em outras disciplinas da área da saúde, como a psicologia, por exemplo, ou, então, nas ciências humanas, como a antropologia, a sociologia, a filosofia, entre outras; em relação a esta última, vale ressaltar as contribuições do pensamento fenomenológico nas investigações em enfermagem.
Há que
se considerar que o desenvolvimento de pesquisas brasileiras em enfermagem teve
seu impulso a partir da criação dos cursos de pós-graduação stricto sensu,
na década de 1970, que foi garantida pela Lei da Reforma Universitária, n°
5540/68
Estas pesquisas vêm evoluindo de forma gradual objetivando, além de construir conhecimentos e saberes específicos à área da saúde, possibilitar respostas relacionadas aos inúmeros aspectos do processo saúde-doença e do viver humano que encontram-se velados e, com isso, fornecer subsídios que facultem uma mudança da e na prática do cuidar. Portanto, percebe-se que as investigações científicas vêm se consolidando como caminho importante à construção e ampliação dos fundamentos que constituem o conhecimento em enfermagem.
Além
disso, o pesquisar demonstra que a enfermagem é uma “disciplina em construção
através de sua história, da produção de seu corpo de conhecimento, do discurso
epistemológico, da busca de novas abordagens metodológicas e da articulação com
a prática assistencial”
Em
relação à abordagem qualitativa e, mais especificamente, àquelas que se utilizam
do referencial filosófico fenomenológico, percebe-se que este tem se revelado
“um caminho possível para a realização de investigações, vislumbrando um novo
horizonte de compreensão da enfermagem”
A
fenomenologia surgiu no final do século XIX fundamentalmente como um movimento
questionador da aplicabilidade do método científico aos fenômenos humanos, sem
discernir que o objeto de pesquisa das ciências exatas era diferenciado daqueles
das ciências humanas
Compreende-se que a fenomenologia é um movimento que busca a investigação,
descrição, compreensão e interpretação dos fenômenos do existir, daquilo “que se
mostra a si e em si, tal como é, e é uma alternativa para trabalhos cuja
abordagem traz consigo a necessidade de ver o outro, dentro do outro, como o
outro”
E é a
partir destes entendimentos que o pesquisador precisa, a priori, perceber
a si mesmo, o seu ser sendo-no-mundo para, então, vislumbrar a realidade que o
cerca em termos de possibilidades, uma vez que ele deve voltar sua atenção aos
elementos mais significativos daquilo que se revela de forma não neutra em
relação ao estudo. Faz-se fundamental que o referencial fenomenológico seja para
além de um modo de pesquisar, mas como um pensar que fundamenta um ver o mundo,
uma opção de postura diante do mundo
Na enfermagem, a fenomenologia tem sido utilizada como referencial teórico e/ou metodológico de investigações que visam, entre outras questões, compreender a visão do ser humano em seu todo vivido – e não mais em partes e separadamente –, bem como de forma situada no mundo e em sua totalidade de vida. Compreender o ser humano é uma tarefa muito complexa, pois envolve questões biológicas, psicológicas e, também, sociais. Entende-se que o modelo cartesiano de investigação sofreu ruptura principalmente com a crítica à objetividade ao lidar com as questões humanas.
A
fenomenologia representa um método adequado para pesquisas na área da
enfermagem, pois ao considerar o ser que experiencia um determinado fenômeno,
pode ser possível ao pesquisador compreender o significado real dessa
experiência.
A fenomenologia nasce, então, como opção filosófico-metodológica de pesquisa, na qual destaca-se a vertente da Sociologia Compreensiva de Alfred Schütz. Assim, este artigo tem por objetivo discutir algumas possíveis contribuições da Sociologia Fenomenológica de Alfred Schütz para as pesquisas em enfermagem. Antes do aprofundamento nas peculiaridades que envolvem esta vertente, explora-se de forma sucinta os conceitos fundamentais da fenomenologia.
Fenomenologia: breves considerações
A fenomenologia, concebida como conhecimento da essência das coisas, teve seu início com Edmund Husserl, que sob a influência de Franz Brentano, concebeu a idéia de fazer da filosofia uma ciência rigorosa, baseada num novo método, o fenomenológico. Muitos têm sido seus seguidores, especialmente Alfred Schütz, Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty, Jean-Paul Sartre, entre outros.
Para
Husserl
A fenomenologia é mais que um método de investigação científica, consistindo também como uma atitude ou modo de pesquisar, pois este modo refere-se a um pensamento impreterivelmente filosófico diante dos eventos da vida mundana. Em outras palavras, isso significa que pensar por meio desta vertente implica numa atitude fundamentalmente reflexiva, de profundidade filosófica.
A construção de conhecimento na fenomenologia foca-se não nos fatos, mas nos fenômenos. Neste entendimento, este conhecimento está em permanente construção, haja vista que a fenomenologia volta-se para o vivido, ou seja, para as experiências humanas e os significados atribuídos a essas vivências.
Vale
ressaltar que a cientificidade do método repousa sobre a produção de
conhecimento do ser-no-mundo
Dentre os conceitos suscitados e explorados por Husserl na fundamentação da fenomenologia, destaca-se alguns nessa discussão para permitir avançar especificamente na fenomenologia de Alfred Schütz. Assim, torna-se elementar o entendimento dos fundamentos da fenomenologia de Husserl, principalmente dos conceitos de fenômeno, essência, atitude fenomenológica, consciência, intencionalidade, epoché e redução eidética.
Fenômeno refere-se a tudo aquilo de que podemos ter consciência, de qualquer
modo que seja; é tudo o que existe e aparece diretamente à consciência
Para se chegar à essência, ao sentido-da-coisa-em-si, a fenomenologia husserliana propõe superar a atitude natural pela atitude fenomenológica. Na primeira, há uma ingenuidade do ser frente ao mundo da vida, aceitando-o em sua aparência como verdade, numa relação dicotômica entre o ser humano e o mundo, entre sujeito e objeto. Por outro lado, por meio da atitude fenomenológica, esta relação entre ser humano e o mundo é resgatada, ou seja, é justamente na consciência dele que este mundo é constituído, ganha significado.
À consciência então, é atribuída a tarefa de constituição das essências e significados das coisas. Estas, por sua vez, são os correlatos da consciência, aquilo que é visado por ela e que, por meio dela, recebem significado.
Um
importante elemento da fenomenologia de Husserl, e que ocupa lugar de destaque
em seus manuscritos, diz respeito à intencionalidade. Esta característica da
consciência permite que ela somente exista como “consciência de alguma coisa”
que é visada. Nesse sentido, “a consciência enquanto intencionalidade é o ato de
expandir-se para o mundo e de apreendê-lo nos atos vivenciais”
Na
busca do fenômeno puro, da sua essência, Husserl propõe ainda que se coloque o
‘mundo entre parênteses’, a partir da redução fenomenológica
Por
fim, frente ao fenômeno, o fenomenólogo procede a sucessivas reduções em busca
da essência
Diante
do exposto, salienta-se o pensamento de Peixoto
Alguns Aspectos da Sociologia Fenomenológica
Partindo dos pressupostos estabelecidos nos conceitos elementares da
fenomenologia de Husserl e nos
estudos da sociologia compreensiva de Max Weber,
Schütz fundamentou a estrutura de uma Sociologia Fenomenológica, também
denominada de Fenomenologia Social ou Sociologia Compreensiva. Schütz se
apropria dos conceitos husserlianos de intencionalidade, de intersubjetividade e
de Lebenswelt
A partir desses conceitos, Schütz tinha por objetivo fundamentar filosoficamente as ciências sociais, procurando saber o que é a sociologia nela mesma, buscando a compreensão do sentido das ciências sociais e voltando-se para sua fonte originária na vida da consciência.
O
conceito de intersubjetividade é fundamental no pensamento de Schütz. Este
conceito foi desenvolvido primeiramente por Husserl, contudo, segundo Capalbo
Este mundo intersubjetivo pode ser constituído quando um sujeito torna-se intencionalmente consciente do semelhante que o confronta e compartilham o mesmo tempo e espaço, caracterizando a experiência comum do mundo do ‘nós’.
Importante destacar que o sujeito vivencia o mundo como um mundo compartilhado,
como um mundo social, o qual não é de maneira nenhuma homogêneo, mas mostra uma
estrutura multiforme
A
experiência da vida cotidiana do mundo social do sujeito está em íntima relação
com os semelhantes, por meio do mundo dos antecessores
O estabelecimento de um relacionamento social ocorre quando um sujeito compartilha com um semelhante um ambiente comum ou quando esse está orientado para um contemporâneo. Desta maneira, é possível experienciar o outro de forma direta, numa situação denominada de face a face, ou indireta, quando nesta relação o sujeito se volta para um contemporâneo.
Para
Schütz
Por
outro lado, Schütz
O relacionamento social sofre interferência do sistema de relevâncias intrínseco e imposto e, também, é influenciado pelo estoque de conhecimento à mão, que é dado pela situação biográfica do sujeito. Ambos, o sistema de relevâncias e o estoque de conhecimento à mão definem os interesses à mão do sujeito, e isto vai motivá-lo a um determinado comportamento social;
O
sistema de relevâncias intrínseco diz respeito aos meus interesses, já o sistema
imposto diz respeito aos interesses do outro. Assim, nesta situação, o outro
está parcialmente sob meu controle, assim como eu estou sob o dele. Voltando-se
espontaneamente um para o outro, ‘afinando-se’, emergem as relevâncias
intrínsecas em comum; contudo, uma parte do sistema de relevâncias intrínseco de
cada um permanecerá não compartilhada
O
estoque de conhecimento à mão refere-se à biografia do sujeito, ou seja, ao
estoque de conhecimento adquirido ao longo de sua vida, por meio das suas
vivências e experiências no mundo social. Para Schütz
Portanto, para determinar como ocorrem os relacionamentos com os diversos tipos
de mundos sociais, também é preciso compreender cada tipo diferente de
congênere, suas diferentes peculiaridades, sua tipificação. Pode-se compreender
o outro mediante tipos ideais de pessoas e tipos ideais de cursos de ações,
sendo que ambos estão em íntima ligação
A
tipificação é a forma de abstração que leva à conceituação mais ou menos
padronizada, embora vaga, do pensamento do senso comum, “isso é assim porque
nossa experiência, [...] é organizada, desde o princípio, a partir de certos
tipos”
O ‘tipo
ideal de pessoa’ é um esquema interpretativo do mundo social que tem um valor de
significação do qual os sujeitos fazem uso nas relações sociais; para isto, o
mesmo utiliza-se do seu estoque de conhecimento à mão
O
conceito de ação de Schütz
Os
‘motivos para’ refere-se a uma categoria subjetiva, em que o ato do sujeito
social é projetado, portanto numa perspectiva de futuro, sendo idêntico ao
propósito cuja realização da ação é um meio. Por ser subjetiva, esta categoria
de motivos só é revelada ao pesquisador social se ele perguntar ao ator da ação
qual o significado que ele atribui a ela
Já os
‘motivos porque’ é uma categoria objetiva, na qual a atitude do ator está
concluída, portanto está numa perspectiva de passado, podendo ser denominada,
também, de razão ou causa. Esta categoria de motivos é acessível ao pesquisador
quando este reconstrói, a partir do ato realizado ou, mais precisamente, a
partir do estado de coisas provocado no mundo exterior pela ação do ator, a
atitude do ator em sua ação
Possíveis Aplicações da Sociologia Fenomenológica para as Pesquisas em Enfermagem
Em
relação à compreensão do outro, tem-se que toda compreensão está dirigida para
aquilo que tem significado, ou seja, o vivido no passado. A atenção do
pesquisador deve focar-se no que se manifesta por meio do discurso, e não se
limitar às indicações
Conforme Schütz
Há três
abordagens indiretas para interpretar as motivações do outro: a) utilizar-se da
lembrança de experiências semelhantes vivenciadas pelo sujeito pesquisador
Contudo, Schütz
Uma outra maneia de compreensão do comportamento do outro pode ser definido por meio de um contexto de significado objetivo. Este contexto diz respeito aos ‘motivos porque’ de uma determinada ação, que está acessível tanto ao ator, quando o mesmo reflete sobre sua ação, quanto ao pesquisador no momento em que este reconstrói os ‘motivos porque’ do ator frente à ação desempenhada, concluída como ato.
Diante
desse contexto de significado objetivo, o pesquisador social tenta estabelecer o
‘tipo ideal’ de pessoa que desempenha uma determinada ação típica em um cenário,
e em uma situação tipicamente similar. Para Schütz
Assim,
quanto mais anônimo for este ator que desempenha esta ação, mais o pesquisador
utiliza-se de um contexto de significados objetivos para a compreensão desta
ação. Desta maneira, Schütz
Além destas maneiras citadas anteriormente para a compreensão das ações humanas, surge do relacionamento do ‘nós’ concreto, na medida em que o pesquisador e o outro, o ator de uma ação que está sendo estudada pelo pesquisador, estabelecem uma relação social direta. Nesta situação, o pesquisador pergunta ao ator da ação: qual o significado que o mesmo atribui àquela determinada ação em estudo? Desta forma é possível ao pesquisador acessar a categoria subjetiva da ação do ator, ou seja, os ‘motivos para’ daquela ação.
O estudo do comportamento social tem sido tema das discussões no âmbito da sociologia há muitas décadas, contudo, por meio dos conhecimentos acumulados como sociólogo, Schütz aproxima esta temática aos conhecimentos desenvolvidos na fenomenologia. O diálogo entre estas disciplinas – sociologia e fenomenologia – tem permitido a observação do comportamento humano por outras perspectivas, contribuindo para a construção do conhecimento na área das ciências humanas e sociais.
A
característica filosófica, inerente ao método fenomenológico, por vezes é
considerada complexa por aqueles que se enveredam em sua direção, principalmente
para os profissionais da área de saúde, como a enfermagem que ainda possui uma
formação acadêmica predominantemente biologicista e mecanicista. Contudo, o
processo saúde-doença não deve mais ser analisado isoladamente da pessoa que
vivencia concretamente esse fenômeno em sua existência, requerendo uma
metodologia para dar conta desta totalidade existencial
Reconhecendo o mundo da vida como um mundo social, que é compartilhado, vivenciado e interpretado pelo sujeito, e por seus semelhantes, o campo de investigação do pesquisador social é o da realidade social. Esta realidade tem um significado específico e uma estrutura de relevância para os seres humanos que vivem, agem e pensam dentro dela.
Então,
por meio de uma série de construções do senso comum, os seres humanos
previamente selecionam e interpretam a realidade social que vivenciam como a
realidade de suas vidas diárias, classificado por Schütz como construtos de
primeiro grau. São esses objetos de pensamento que determinam o seu
comportamento, motivando-os
Em outras palavras, pode-se afirmar que os significados atribuídos pelos sujeitos do mundo social são reconhecidos pelo pesquisador social como construtos de primeiro grau ou de primeira ordem. Contudo, quando esses significados são interpretados e compreendidos pelos pesquisadores do mundo social, são tidos como construtos de segundo grau ou de segunda ordem.
Portanto, a primeira tarefa da metodologia das ciências sociais é a de explorar
os princípios gerais segundo os quais o homem organiza suas experiências na vida
diária e, especialmente, as do mundo social
Considerações Finais
O que
se busca na pesquisa fenomenológica são os significados que os sujeitos atribuem
à sua experiência vivida, significados esses que se revelam a partir das
descrições desses sujeitos. Em Schütz, a tarefa da fenomenologia é fundamentar a
intersubjetividade na realidade social. Esta realidade tem um significado e uma
estrutura de relevância para os seres humanos que vivem, agem e pensam dentro
dela. Além disto, este é o campo de investigação do pesquisador social. Para a
captação desta realidade, a fenomenologia se mostra adequada
O mundo social não deve ser aceito de forma ingênua, mas deve-se reconhecê-lo como ambiente complexo de atividades humanas, que para serem compreendidas deve-se voltar ao ator dessas ações, ao homem do mundo social. A primeira tarefa da metodologia das ciências sociais é a de explorar os princípios gerais segundo os quais o homem organiza suas experiências na vida diária e especialmente as do mundo social.
Diante disto, os conceitos aqui apresentados, dentro da perspectiva fenomenológica da Sociologia Compreensiva de Alfred Schütz, nos permitiriam aprofundar em questões vividas, numa perspectiva compreensiva, livre de explicações e generalizações.
Referências
1 Polit DF, Beck CT, Hungler BP.
Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 5ª ed. Porto Alegre
2
Ministério do Planejamento e Coordenação Geral
3
Carvalho EC. A produção do conhecimento em enfermagem. Rev. latino-am.
enfermagem. 1998; 6
4 Prado
ML, Gelbcke FL. Produção do conhecimento em enfermagem no Brasil: as temáticas
de investigação. Rev. bras. enferm. 2001;54
5
Corrêa AK. Fenomenologia: uma alternativa para a Pesquisa em Enfermagem. Rev.
latino-am. Enfermagem. 1997;5
6
Martins J, Boemer MR, Ferraz CA. A fenomenologia como alternativa metodológica
para pesquisa: algumas considerações. Rev. Esc. Enferm. USP. 1990;24
7
Simões SMF, Souza IEO. O método fenomenológico heideggeriano como possibilidade
na pesquisa em enfermagem. Texto & contexto enferm. 1997;6
8 Boemer MR. A fenomenologia na pesquisa em enfermagem. Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem, 4; 1985; São Paulo. São Paulo: ABEn-CEPEn; 1985.
9 Leite
PC, Merighi MAB, Silva A. O cotidiano de trabalhadoras de enfermagem acometidas
por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
10
Husserl E. A idéia da fenomenologia. Lisboa
11
Schneider JF. O método fenomenológico na pesquisa em enfermagem psiquiátrica.
Rev. gauch. enferm. 1996;17
12 Peixoto AJ. A origem e os fundamentos da
fenomenologia: uma breve incursão pelo pensamento de Husserl. In: Peixoto AJ,
organizador. Concepções sobre fenomenologia. Goiânia
13
Zilles U. Paradigma da fenomenologia. In: Zilles U, organizador. Teoria do
conhecimento e teoria da ciência. São Paulo
14
Boemer MR. A condução de estudos segundo a metodologia de investigação
fenomenológica. Rev. latino-am. enfermagem. 1994;2
15
Capalbo C. Metodologia das ciências sociais: a fenomenologia de Alfred Schütz.
Londrina
16
Capalbo C. A intersubjetividade em Alfred Schütz.
Veritas. 2000;45
17 Schütz A.
La construcción significativa del mundo
social. Buenos Aires
18 Schütz A.
El problema de la realidad social.
Escritos I. Buenos Aires
19
Schütz A. O mundo das relações
sociais. In: Wagner HR, organizador. Fenomenologia e relações sociais: textos
escolhidos de Alfred Schütz. Rio de Janeiro
20
Capalbo C. Considerações sobre o método fenomenológico e a enfermagem. Rev.
enferm. UERJ. 1994;2
Contribuição dos autores
- Concepção e o desenho: 1,2,3; - Escrita do artigo: 1,2,3; - Revisão Crítica do artigo: 4; - Aprovação final do artigo: 4; - Pesquisa bibliográfica: 1,2,3.
Endereço para correspondência Marcio Wagner Camatta: Rua São Manoel, 844/201, Santa Cecília, CEP: 90620-110, Porto Alegre, RS, Brasil.