Analysis of the publications about child health in journals of nursing from 2000 to 2005

Análise das publicações sobre saúde da criança em periódicos de enfermagem de 2000 a 2005

 Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso1, Débora Feitosa de França2, Wiliane Resende Sousa3, Ingrid Martins Leite Lúcio4.

1-4 Universidade Federal do Ceará - UFC, CE, Brasil;

ABSTRACT: Publications of research in child health have been increasing every year. This study’s objective was to analyze the content of articles about health child from abstracts published in Brazilians journals of nursing classified on “Qualis CAPES” as International B and C, in the period between 2000 and 2005. Descriptive and documentary study, which the sample consisted of 202 abstracts which had as focus child health in their titles. They were consulted on BVS/BIREME site, universities’ libraries and personal collection of the authors.  After that, they were photocopied, read and examined from March to May, 2006. The data about the name of journal, year of publication, title of the article, authors, city, theme, objective and type of research were noted in a specific instrument. The findings revealed that the themes most investigated were nursing care (16.0%) and nutrition (12.3%); the themes least researched were domestic accidents (2.0%), HIV (2.0%), and pain (1.2%). In relation to year of publication, 2004 had the highest number of articles/abstracts (23.3%). The Southeast Region published 53.6% of the abstracts and the North 0.6%. Nursing have been doing studies about child health, but it is necessary to stimulate and support continuing these researches, on a broader variety of topics about child health, especially in regions like North and Central-West of Brazil.

Keywords: Nursing, child health, periodicals. 

RESUMO: As publicações de pesquisas sobre a saúde da criança crescem a cada ano. Este estudo objetivou analisar o conteúdo dos resumos dos artigos da área da saúde da criança publicados em periódicos de enfermagem brasileiros, classificados no “Qualis Capes” como internacionais B e C, no período entre 2000 e 2005, Estudo descritivo, documental, cuja amostra consistiu de 202 resumos que enfocavam em seus títulos a saúde da criança. Foram consultados no site da BVS/ BIREME, bibliotecas universitárias e acervo pessoal das autoras. Em seguida, foram xerocopiados, lidos e examinados de março a maio de 2006. Os dados contendo nome do periódico, ano de publicação, título do artigo, autores, cidade, tema, objetivo e tipo de pesquisa foram registrados em um instrumento especifico. Os resultados mostraram que as temáticas mais investigadas foram assistência de enfermagem (16.0%) e nutrição (12,3%); as menos pesquisadas foram acidentes domésticos (2.0%), HIV (2.0%) e dor (1.2%). Em relação ao ano de publicação, 2004 foi o que teve o maior numero de artigos/resumos (23.3%). A Região Sudeste publicou 53,6% dos resumos e a Norte 0,6%. A enfermagem vem desenvolvendo estudos sobre Saúde da Criança, porém é necessário estimular e apoiar a continuidade dessas pesquisas, numa ampla variedade de temas em saúde da criança, especialmente, em regiões como a Norte e Centro-Oeste do Brasil. 

Palavras chaves: enfermagem, saúde da criança, publicações periódicas.

INTRODUÇÃO 

Enfermagem é uma disciplina científica recente. Atualmente, vem desenvolvendo sua própria produção científica, pois necessita solidificar seus conhecimentos para proporcionar aos profissionais que a integra uma base concreta para o desenvolvimento de sua prática, reforçando assim a legitimidade de sua autonomia. Uma questão que vem despertando preocupação no campo da Enfermagem é o processo de produção de conhecimento que vai desde a forma aos padrões, aos tipos e à organização das linhas de pesquisas.

A publicação dos resultados das pesquisas é fundamental para proporcionar oportunidade aos profissionais de diversas áreas, que tenham interesse de lerem e de criticarem descobertas e inovações, aderindo-as em sua prática quando adequado. No que concerne à área da saúde, trata-se de uma atividade crescente e contínua entre os profissionais instigados por “problemas e/ou situações de pesquisa”, estimulada e aperfeiçoada cada vez mais.

O conhecimento é entendimento e interpretação que vão além dos achados de uma pesquisa ou de uma visão filosófica. Isso se deve à capacidade de identificar e priorizar questões centrais e de procurar respondê-las, quando são passíveis de resposta, ou buscar maneiras para trabalhar aquelas que ainda necessitam de investigação, quer do âmbito clínico, que surge a partir da prática assistencial ao cliente, do âmbito conceitual, que aflora a partir de abstrações que tentam generalizar as experiências pessoais ou do âmbito empírico, que se origina dos achados de pesquisas (1).

Notam-se os esforços dirigidos pelos pesquisadores de Enfermagem em busca de reestruturação de princípios, conceitos, significados e criação de seu próprio corpo de conhecimentos, pois é através dele que consolidação da definição do papel da Enfermagem no mundo. Dentre os vários temas focalizados em pesquisa, têm-se aqueles que englobam a Saúde da Criança, dentre os quais se destacam trabalhos respaldados no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, na formulação e na execução das políticas sociais públicas voltadas às questões da infância e da saúde. Atrelado a isso, acompanha-se a evolução da enfermagem pediátrica e neonatal através da criação de sociedades de enfermagem em pediatria, como a SOBEP (Sociedade Brasileira de Enfermagem Pediátrica) e a ABENFO (Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica), além de grupos de pesquisa no Brasil e no exterior que abordam a saúde da criança.

Tudo isso advém da necessidade de aperfeiçoar o cuidado, o conhecimento, a assistência à criança, visando melhor qualidade de vida e sobrevivência das crianças consideradas, outrorainviáveis”, como os recém-nascidos prematuros extremos e aqueles de baixo peso. Logo, existe a crescente necessidade dos enfermeiros e outros profissionais que assistem à criança, seja na área da pesquisa, do ensino ou da assistência, de apropriarem-se de conhecimentos técnico-científicos para aprimorar sua prática. Desse modo, considera-se pertinente uma investigação que aborde pesquisas sobre saúde da criança, com as respectivas temáticas, tipos de estudos e centros de produção de estudos. Ressalta-se que o incremento das revistas científicas em Enfermagem tem propiciado a divulgação das pesquisas, permitindo caminhos para acessibilidade das mesmas por vários meios, como os eletrônicos e os impressos.

Entretanto, apesar de presenciarmos uma era digital, em que a informação está ao alcance de todos por meio da Internet, algumas revistas avançaram de forma lenta no processo tecnológico, fato que pode estar diretamente associado aos recursos técnicos e financeiros para a manutenção do periódico em rede, acessibilidade e assinaturas, assim como o incentivo à pesquisa, nos diversos centros de estudo no Brasil. Porém, tem-se percebido uma melhora na qualidade e quantidade de periódicos de Enfermagem e sua indexação em bancos de dados que propiciam a ampliação do consumo das pesquisas em Enfermagem. Esse panorama configura-se como uma porta para desenvolvimento de estudos bibliográficos que podem divulgar o perfil das principais publicações a serem analisadas em diversas áreas do conhecimento.

Motivadas pela participação e integração em um grupo de pesquisa, cuja área de atuação centra-se na “Saúde do Binômio Mãe e Filho”, do qual fazem parte enfermeiros, alunos de doutorado, mestrado, especialização e graduação em Enfermagem, o estudo analisar o conteúdo dos resumos dos artigos da área da saúde da criança publicados em periódicos de enfermagem brasileiros, classificados no “Qualis Capes” como internacionais B e C, no período entre 2000 e 2005.  

METODOLOGIA 

Estudo de caráter descritivo e documental, realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica, adotando como fontes resumos de artigos publicados em periódicos brasileiros de Enfermagem (Revista Latino-Americana de Enfermagem, Revista Texto e Contexto Enfermagem, Revista Brasileira de Enfermagem, Revista da Escola de Enfermagem da USP, Revista Paulista de Enfermagem, Revista Gaúcha de Enfermagem) que foram classificados pelo Qualis CAPES 2005 como periódicos internacionais B e C no período entre 2000 e 2005.

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existente sobre um determinado assunto, tema ou problema. A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que foi dito ou escrito sobre certo assunto. Mas, propicia o exame de um tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. E, quando esta constitui parte da pesquisa descritiva, é feita com o intuito de reconhecer informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para qual se procura uma resposta ou uma hipótese que se quer experimentar (2).

A busca pelos resumos dos artigos deu-se na cidade de Fortaleza - Ceará, no período de março a maio de 2006, através da internet, em consulta direta ao site da BVS/ BIREME (Biblioteca Virtual em Saúde), e de modo complementar, buscou-se aqueles exemplares não disponíveis on line no acervo pessoal das autoras, nas bibliotecas, tanto da Universidade Federal do Ceará, como Universidade Estadual do Ceará e Universidade de Fortaleza, nos campos das áreas de saúde e também na Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Ceará, ABEn CE.

Para compor a amostra o resumo deveria contemplar em seu título a área da “saúde da criança”, independente da faixa etária. Foram encontrados um total de 202 resumos. Findado o levantamento dos resumos, procederam-se a seleção, fotocópia e análise, cujos dados foram registrados em ficha composta pelos seguintes itens: nome do periódico, ano de publicação, título do artigo/ resumo, autor (es), cidade, tema de estudo, objetivo e tipo de pesquisa, sendo os dados apresentados em tabelas e analisados por meio da estatística descritiva. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A atenção à saúde da criança representa um campo prioritário dentro dos cuidados à saúde das populações. Para que essa se desenvolva de forma mais efetiva e eficiente, além do conhecimento sobre as características relacionadas a morbimortalidade, tais como aspectos biológicos, demográficos e socioeconômicos, é importante salientar o papel que desempenham os serviços e o sistema de saúde. Nesse contexto, é crescente o interesse de profissionais de Enfermagem nas mais variadas instâncias do cuidado em temas relacionados à saúde da criança. Na tabela 1, apontou-se a freqüência de trabalhos publicados em periódicos de enfermagem, entre os anos de 2000 a 2005.

TABELA 01: Freqüência de publicações (resumos) sobre saúde da criança nos periódicos de enfermagem selecionados. Fortaleza, 2006.

Periódicos

F

%

Revista Latino Americana de Enfermagem

63

31,2

Revista Brasileira de Enfermagem

48

23,8

Revista Texto Contexto Enfermagem

36

17,8

Revista da Escola de Enfermagem USP

21

10,4

Revista Gaúcha Enfermagem

20

9,9

Revista Paulista de Enfermagem

14

6,9

Total

202

100,0

Diante dos dados expostos, observou-se que as revistas Latino Americana de Enfermagem e a Brasileira de Enfermagem apresentaram os maiores números de publicações na área de Saúde da Criança. Este fato deve-se a periodicidade, pois ambas são bimestrais. a revista Texto e Contexto, apesar de ser temática e trimestral, apresentou um número superior de publicações em relação as demais que são trimestrais, ou seja, a Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo - USP e a Revista Paulista de Enfermagem. Isso evidencia que a saúde da criança vem sendo foco de estudo para Enfermagem e no âmbito da atenção do Ministério da Saúde constituem ações prioritárias a Atenção Humanizada ao Recém- Nascido de Baixo Peso Método Mãe Canguru, Ações de Promoção e Incentivo ao Aleitamento;Caderneta de Saúde da Criança; e Comitês de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. Além desses enfoques, a melhoria dos indicadores de saúde da criança foi fruto da política nacional, principalmente, pela implantação e expansão da estratégia da Saúde da Família e das ações do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Infantil (3).

Os dados da tabela 2 enfocam a freqüência das publicações segundo o ano de publicação, nos periódicos de enfermagem no período de 2000 a 2005.

TABELA 02: Freqüência de publicações sobre saúde da criança nos periódicos de enfermagem de 2000- 2005. Fortaleza, 2006.

Ano

F

%

2000

35

17,3

2001

21

10,4

2002

28

13,9

2003

44

21,8

2004

47

23,3

2005

27

13,4

Total

202

100,0

Observa-se que as publicações na área da criança apresentaram um crescimento não uniforme até o ano de 2004, e no ano de 2005 houve uma redução de 57,5% em relação ao ano anterior. A crescente busca pelo conhecimento na área pode estar associada ao fato do desenvolvimento de políticas públicas, iniciativas aos Programas do Ministério da Saúde, com vistas à redução da morbimortalidade infantil, nutrição, imunização, prevenção de acidades e violência, prevenção de doenças prevalentes na infância, por exemplo, as recomendações preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O ano de 2001 foi o ano com menor índice de publicações na área em estudo. Dentre as prioridades de estudos e estratégias de investigações em saúde e em enfermagem, têm-se os estudos sobre as condições de vida e o bem-estar da população, os quais envolvem a identificação de determinantes da qualidade de vida, saúde e doença de grupos populacionais, e nestes, estão incluídos o grupo das crianças (4-5).

Os dados apresentados na tabela 3 se referem ao tipo de estudo identificado nos resumos sobre saúde da criança nos periódicos de enfermagem no período de 2000 a 2005. Considera-se esse aspecto extremamente relevante, pois poderá fornecer subsídios para mapear os principais desenhos dos estudos desenvolvidos pelos autores, particularmente nesse caso, os da enfermagem.

TABELA 03: Freqüência do tipo de estudo nos resumos sobre saúde da criança nos periódicos de enfermagem de 2000- 2005. Fortaleza, 2006.

Tipo de Estudo

F

%

Qualitativo

161

79,7

Quantitativo

25

12,4

Quali - quantitativo

4

2

Não explicitado

12

5,9

Total

202

100

 

 

 

 

 

 

A tabela 3 mostra que ocorreu maior tendência de produção científica em estudos com abordagem qualitativa, identificado em 161 (79,7%) dos resumos. O objeto de estudo dos temas que se sobressaíram foram geralmente investigados através de abordagens qualitativas, tais como relações familiares, assistência de enfermagem e nutrição, devido ao caráter subjetivo das propostas dos estudos. Este tipo de estudo se caracteriza por uma pesquisa empírica nas ciências humanas e sociais, comportando as cinco características seguintes: uma pesquisa concebida principalmente numa perceptiva compreensiva; seu objeto de estudo é abordado de maneira aberta e ampla; sua coleta de dados é baseada nos métodos qualitativos que não implicam nenhuma quantificação ou mesmo nenhum tratamento, tais como a entrevista, a observação livre ou a coleta de documentos; ele permite uma análise qualitativa dos dados, cujas palavras são analisadas diretamente por outras palavras sem a mediação de uma operação numérica; ela conduz a uma narração ou uma teoria (6).

Em relação à pesquisa quantitativa, esta se apresentou em 25 (12,4%) dos resumos. A pesquisa quantitativa tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras lógicas e os atributos mensuráveis da experiência humana. Assim, ela possui suas raízes no positivismo lógico (6).

Desenhos de pesquisas quantitativas refletem uma filosofia determinista com base na escola positivista, ao contrário da abordagem qualitativa, pautada no paradigma naturalista. Ambos são importantes para a pesquisa em Enfermagem e para a construção do conhecimento, melhoria na saúde e desafio à prática de Enfermagem. A escolha adequada de um desenho de pesquisa repercute diretamente no impacto dos resultados (7).

O tipo de pesquisa quali-quantitativo foi utilizado em 4 (2%) dos resumos. As abordagens qualitativa e quantitativa em pesquisa envolvem conjuntos de práticas interpretativas, os quais são denominados métodos, que não se prendem a um único campo de conhecimento. A integração quantitativo-qualitativo há muito é ensaiada por vários pesquisadores em saúde, apesar da revelia dos posicionamentos mais pragmáticos e, vem acumulando críticas, não por sua impossibilidade, mas pela fragilidade em decorrência da lacuna em responder de onde se origina essa prática e a que tipo de construção de conhecimento serve (8).

A integração dos métodos tem suas próprias identidades, permanecendo assim do momento da idealização à elaboração do relatório final. Discute-se essa articulação em virtude de quando se opta pelas duas abordagens pela possibilidade de perder em sofisticação e detalhamento desses métodos adotados, devendo o pesquisador, certifica-se da contribuição dessa integração para o objeto investigado, bem como da clareza sobre que tipo de análise que ela possibilita construir (8).

Em 12 resumos (5,9%), não foram encontradas informações que fornecesse indícios para a inferência quanto ao tipo de estudo, devido à inadequação da elaboração do texto. Ressalta-se que o resumo é importante, pois a partir dele surge o interesse dos leitores em busca de um aprofundamento acerca do assunto, devendo então, ser cuidadosamente elaborado, constando de todos os itens relevantes: introdução, objetivos, metodologia, resultados e conclusão.

Na tabela 4, foram apresentados os dados quanto à distribuição das publicações sobre saúde da criança segundo as regiões brasileiras, no período de 2000 a 2005.

 

TABELA 04: Distribuição por regiões brasileiras de publicações sobre saúde da criança no período de 2000- 2005. Fortaleza, 2006.

Região

F

%

SUDESTE

90

53,6

SUL

48

28,6

NORDESTE

22

13,0

CENTRO- OESTE

7

 4,2

NORTE

1

 0,6

TOTAL

168

100,0

 

As regiões Sudeste e Sul se destacaram em produção cientifica (53% e 28%, respectivamente), isto se deve ao fato de serem pólos de destaque em formação profissional, possuindo grande número de Programas de Pós-graduação, enfermeiros pesquisadores na área, financiamento de órgãos de fomento, o que facilita a produção de pesquisa na academia e na assistência. Existem 29 Programas de Pós-graduação em Enfermagem, reconhecidos pela CAPES, entre eles 14 com mestrado acadêmico, 1 com doutorado, 2 com mestrado profissional e 12 com mestrado e doutorado. Sendo assim, tem-se um total de 41 cursos de Pós-graduação, isto é, 26 de mestrado, 13 de doutorado e dois mestrados profissionalizante (9).

Esses resultados indicaram fortes assimetrias no Sistema Nacional de Pós-Graduação, evidenciando que a expansão da Pós-graduação stricto sensu em Enfermagem, na região Nordeste, é resultado de sua capacidade de resposta às demandas oficiais do atual Sistema Nacional de Pós-graduação (10).

A região Nordeste apareceu em terceiro lugar (13%), e vem se destacando com programas no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia, com curso de especialização, mestrado e doutorado. A região Norte foi a que menos produziu artigos na área, ressalte-se que esta região possui o menor número de cursos de Graduação (9) e Pós-graduação do país.

Na tabela 5 apresentou-se a distribuição de temáticas sobre saúde da criança identificadas nos resumos analisados no período de 2000-2005. E, para melhor esclarecimento dessas temáticas, descreve-se os principais assuntos nelas adotados: 1. Assistência de Enfermagem, resumos sobre o cuidado de enfermagem, qualidade da assistência, técnicas e procedimentos, administração e interações medicamentosas, processo de enfermagem, organização de prontuários, fototerapia e humanização da assistência; 2. Nutrição, resumos que descrevem aspectos do aleitamento materno e avaliação nutricional; 3. Relações familiares, resumos que descrevem características que avaliam o vínculo familiar entre o binômio mãe-filho, sentimentos, percepções, atitudes e expectativas dos pais frente à hospitalização dos filhos; 4. Atenção Primária, resumos que descrevem os modelos de assistência de Enfermagem no PSF, o papel da enfermeira, os programas de saúde da criança, atividades educativas voltadas para criança e vacinação;

Em menor freqüência, os temas 5. Doenças crônicas, resumos sobre oncologia, asma, doenças degenerativas do SNC, Diabetes Mellitus tipo I e aplicação de insulinas; 6. Hospitalização, resumos que relacionam implicações da hospitalização na vida da criança, utilização do brinquedo terapêutico e lesão de pele dos RN internados em UTI; 7. Violência, resumos que destacam violência doméstica e estupro; 8. Desenvolvimento, resumos que avalia o crescimento de acordo com a faixa etária, aspectos físico-sociais que influenciam no crescimento, puericultura e mortalidade infantil; 9. Parto, resumos que retrataram condições de nascimento e história neonatal; 10. Acidentes domésticos, resumos relacionados a queimaduras no domicilio, ingestão acidental de medicamentos e produtos químicos e avaliação de risco para quedas;  11. HIV, resumos que abordam a transmissão vertical e suas implicações; 12. Processo de morte e morrer, com a abordagem da doença e percepção dos pais e profissionais, 13. Dor, enfoque nas medidas farmacológicas e não farmacológicos, e 14. outros temas.

TABELA 05: Distribuição de Temáticas sobre Saúde da Criança nos resumos analisados no período de 2000 a 2005. Fortaleza, 2006.

Temática

F

%

Assistência de enfermagem

32

16,0

Nutrição/

25

12,3

Relações familiares

22

11,0

Atenção Primária

21

10,3

Doenças Crônicas

18

9,0

Hospitalização

13

6,4

Violência

12

5,9

Desenvolvimento

11

5,5

Parto

6

3,0

Acidentes Domésticos

4

2,0

HIV

4

2,0

Processo Morte Morrer

3

1,4

Dor

3

1,4

Outros

28

13,8

Total

202

100,0

             A tabela 5 evidenciou que os temas mais abordados nos periódicos analisados foram: assistência de enfermagem (16%), nutrição (12,3%), relações familiares (11%), atenção primária (10,3%). A maior produção com estas temáticas podem estar associadas a políticas públicas, preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como: Programas de melhoria da qualidade da atenção ao parto e ao recém nascido: acessibilidade, humanização, regionalização, hierarquização na atenção ao parto e atenção ao recém-nascido de risco; Assistência a Recém-nascidos, Método Canguru, e Hospital Amigo da Criança.

Estas estratégias visam à qualificação da assistência em todos os níveis de serviço, incluindo a equipe interdisciplinar de saúde da qual a Enfermagem esta inserida, inclusive nos programas: Estímulo ao aleitamento materno e nutrição infantil (Os Dez Passos para uma Alimentação Saudável), Bolsa Alimentação; Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento; Programa Nacional de Imunização; Programas de melhoria da atenção às crianças no primeiro ano de vida: classificações de risco para recém-nascidos e programa de atenção integrada às doenças prevalentes na infância /AIDIPI; O Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (Paisc).

A nova ótica nacional da saúde estabelece o fortalecimento da atenção básica, humanização da assistência e interdisciplinaridade dos serviços de saúde. A Enfermagem possui atribuições que permitem o alcance dos objetivos propostos por tais programas, daí a necessidade de aumentar a produção de conhecimento científico no intuito de capacitá-la e fortalecê-la em seu conhecimento próprio, o que conferirá maior visibilidade a sua identidade, valorizando a prática da assistência dispensada por essa categoria.

Os temas acidentes domésticos e HIV ambos com (2%), processo morte e morrer e dor ambos com (1,4%) foram os assuntos menos abordados nos periódicos analisados. O processo de morte e morrer envolve questões culturais que os próprios profissionais de saúde não estão preparados, embora isto permeie a sua vivência profissional. No estudo que explorou a experiência de enfermeiras ao cuidarem da criança e da família que vivenciam o processo de morte na pediatria, possibilitou a compreensão do cuidado neste contexto, assim como e identificação de fatores que interferiam na aproximação e/ou afastamento da criança e da família nesse momento particular (11). Constatou-se também a pouca habilidade das enfermeiras em lidar com a situação de morte, dificultando o cuidado humanizado à criança e à família.

Autores apontam para uma lacuna existente no conhecimento referente à experiência das enfermeiras em relação ao processo de morte da criança, considerando a existência de poucos estudos que exploram a experiência dos profissionais que cuidam de crianças terminais (11). Esse fato pode ser verificado, especialmente, em nível nacional, dado o número reduzido de publicações que tratam do tema.

Da mesma forma, o tema Acidentes domésticos está incluso no Programa de Prevenção de Acidentes e Violência na Infância, mas apresentou baixa produção. Crianças com idades de 1 a 5 anos necessitam de maior proteção e vigilância por parte das pessoas responsáveis, uma vez que a noção de perigo ainda não está concretizada sendo influenciada pela imaginação, brincadeira, curiosidade, características do comportamento infantil que, se não vigiados, podem induzir a sérios acidentes.

 No cuidado de Enfermagem, devem-se priorizar condutas dirigidas à prevenção, cujo foco não seja somente a criança, mas a família e a sociedade. Isso se torna um desafio, especialmente, para os profissionais de saúde, que devem dirigir a atenção à orientação em educação, integrando escolas, grupos formais e informais na faixa infanto-juvenil, visando a despertar mudanças comportamentais, que possam contribuir para uma redução dos acidentes (12). Apesar de o tema acidentes domésticos ter sido pouco identificado, este pode ser considerado uma importante abordagem como problema de saúde pública. Ao desenvolverem uma pesquisa com 108 crianças entre 0 e 6 anos de idade, identificaram 101 casos de injúrias acidentais envolvendo 57 crianças. Os autores ressaltaram que estudos dessa natureza permitem o conhecimento do contexto que envolve os acidentes domésticos e, facilitam a atuação dos profissionais de saúde que desempenham ações com essa clientela. (13)

A dor foi outro tema importante identificado, o qual foi encontrado apenas em três estudos. A participação do enfermeiro, como agente cuidador não pode permitir que a dor seja encarada como algo esperado em traumas e agir somente como expectadores. A intervenção precoce ao relato de dor pela criança ou acompanhante é imprescindível (14). No que se referiu à temática outros (13,8%) foram incluídos trabalhos sobre epidemiologia e mortalidade infantil, processo saúde e doença em pediatria, processo de trabalho em pediatria, saúde ocular. São temas considerados atuais e relevantes que apontam problemas de saúde pública como por exemplo a saúde ocular. Os programas voltados para ações no âmbito da saúde ocular com intervenções eficazes, ainda não são uma realidade efetiva na maioria dos países em desenvolvimento, como no Brasil, e, quando existentes, são dirigidos à atenção primária de saúde (15).

CONCLUSÕES

Com a realização do estudo, constatou-se o interesse na área de pesquisa por questões referentes à saúde da criança, partindo-se apenas de cinco periódicos de Enfermagem, com Qualis internacional B e C, estimando-se, portanto, uma produção ainda maior, considerando-se os demais periódicos nas áreas e outras fontes de produção científica. A disponibilidade dos periódicos on line foi considerada um fator positivo para o acesso às publicações. Constatou-se após a análise dos resumos dos artigos publicados nos periódicos estudados uma predominância de publicações na área nos anos de 2003 (44 resumos; 21,8%) e 2004 (47 resumos; 23,3%); de estudos com abordagem qualitativa 161 (79,7%). Ressalta-se que não foi possível a identificação do tipo de abordagem do estudo em 12 resumos (5,9%), devido à inadequação da elaboração do texto.

Quanto aos temas pesquisados, sobressaíram-se aqueles que enfocaram a assistência de enfermagem, nutrição infantil e relações familiares. Assim, considera-se que a Enfermagem vem desenvolvendo trabalhos sobre Saúde da Criança, respeitando as principais diretrizes de atenção à saúde desse grupo específico, embora, alguns temas, necessitem de maior inserção pelo enfermeiro como HIV, processo morte e morrer e acidentes domésticos. O cuidado de enfermagem à criança com HIV ainda é pouco pesquisado. As questões que envolvem a morte e morrer, geralmente são abordadas junto a situações de doenças crônicas, como no âmbito da oncologia pediátrica e também em situações de emergência. Além disso, devido a pouca abordagem do assunto na academia, os estudos têm apresentado como foco a percepção dos profissionais de enfermagem diante da morte, ou sobre a percepção da doença e morte pela criança. Quanto aos acidentes o enfoque preventivo merece empenho pelos profissionais de enfermagem, especialmente relacionado à prevenção com o envolvimento da família e da escola.

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Contribuição dos autores: -Concepção e desenho: Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso -Análise e interpretação: Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso, Ingrid Martins Leite Lúcio, Wiliane Resende Sousa e Débora Feitosa de França.-Escrita do artigo: Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso, Ingrid Martins Leite Lúcio, Wiliane Resende Sousa e Débora Feitosa de França. - Revisão crítica do artigo: Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso, Ingrid Martins Leite Lúcio, - Aprovação final do artigo: Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso, Ingrid Martins Leite Lúcio, - Colheita de dados: Wiliane Resende Sousa e Débora Feitosa de França.

Endereço para correspondência: Endereço: Rua Pinho Pessoa, 499, CEP: 60135-170 Bairro Joaquim Távora - Fortaleza - Ceará E-mail: Ingrid_lucio@yahoo.com.br

Received: Sep 14, 2007
Revised: Oct 23, 2007
Accepted: Jan 16, 2008