Analysis of the publications
about child health in journals of nursing from 2000 to 2005
Análise
das publicações
sobre
saúde
da
criança
em
periódicos
de
enfermagem
de 2000 a 2005
Maria
Vera
Lúcia Moreira
Leitão
Cardoso1, Débora Feitosa de França2, Wiliane Resende Sousa3,
Ingrid Martins
Leite
Lúcio4.
1-4
Universidade
Federal
do Ceará - UFC, CE, Brasil;
ABSTRACT:
Publications of research in child health have been increasing every year. This
study’s objective was to analyze the content of articles about health child from
abstracts published in Brazilians journals of nursing classified on
“Qualis
CAPES” as International B and C, in the period between 2000 and 2005.
Descriptive and documentary study, which the sample consisted of 202 abstracts
which had as focus child health in their titles. They were consulted on
BVS/BIREME
site,
universities’ libraries and personal collection of the authors. After that,
they were photocopied, read and examined from March to May, 2006. The
data
about the name of journal, year of publication, title of the article, authors,
city, theme, objective and type of research were noted in a specific instrument.
The findings revealed that the themes most investigated were nursing care
(16.0%) and nutrition (12.3%); the themes least researched were domestic
accidents (2.0%), HIV (2.0%), and pain (1.2%). In relation to year of
publication, 2004 had the highest number of articles/abstracts (23.3%). The
Southeast Region published 53.6% of the abstracts and the North 0.6%. Nursing
have been doing studies about child health, but it is necessary to stimulate and
support continuing these researches, on a broader variety of topics about child
health, especially in regions like North and Central-West of Brazil.
Keywords:
Nursing, child health, periodicals.
RESUMO:
As publicações de
pesquisas
sobre
a
saúde
da
criança
crescem a
cada
ano.
Este
estudo
objetivou
analisar
o
conteúdo
dos
resumos
dos
artigos
da
área
da
saúde
da
criança
publicados
em
periódicos
de
enfermagem
brasileiros,
classificados
no “Qualis Capes”
como
internacionais
B e C, no
período
entre
2000 e 2005,
Estudo
descritivo, documental,
cuja
amostra
consistiu de 202
resumos
que
enfocavam
em
seus
títulos
a
saúde
da
criança.
Foram consultados no
site
da BVS/ BIREME,
bibliotecas
universitárias e
acervo
pessoal
das autoras.
Em
seguida,
foram xerocopiados, lidos e examinados de
março
a
maio
de 2006. Os
dados
contendo
nome
do
periódico,
ano
de publicação,
título
do
artigo,
autores,
cidade,
tema,
objetivo
e
tipo
de
pesquisa
foram registrados
em
um
instrumento
especifico. Os
resultados
mostraram
que
as
temáticas
mais
investigadas foram
assistência
de
enfermagem
(16.0%) e
nutrição
(12,3%); as
menos
pesquisadas foram
acidentes
domésticos
(2.0%), HIV (2.0%) e
dor
(1.2%).
Em
relação
ao
ano
de publicação, 2004 foi o
que
teve o
maior
numero de
artigos/resumos
(23.3%). A
Região
Sudeste
publicou 53,6% dos
resumos
e a
Norte
0,6%. A
enfermagem
vem desenvolvendo
estudos
sobre
Saúde
da
Criança,
porém
é
necessário
estimular
e
apoiar
a continuidade dessas
pesquisas,
numa
ampla
variedade
de
temas
em
saúde
da
criança,
especialmente,
em
regiões
como
a
Norte
e
Centro-Oeste
do Brasil.
Palavras
chaves:
enfermagem,
saúde
da
criança,
publicações periódicas.
INTRODUÇÃO
Enfermagem é uma disciplina científica recente. Atualmente, vem desenvolvendo
sua própria produção científica, pois necessita solidificar seus conhecimentos
para proporcionar aos profissionais que a integra uma base concreta para o
desenvolvimento de sua prática, reforçando assim a legitimidade de sua
autonomia. Uma questão que vem despertando preocupação no campo da Enfermagem é
o processo de produção de conhecimento que vai desde a forma aos padrões, aos
tipos e à organização das linhas de pesquisas.
A
publicação dos resultados das pesquisas é fundamental para proporcionar
oportunidade aos profissionais de diversas áreas, que tenham interesse de lerem
e de criticarem descobertas e inovações, aderindo-as em sua prática quando
adequado. No que concerne à área da saúde, trata-se de uma atividade crescente e
contínua entre os profissionais instigados por “problemas e/ou situações de
pesquisa”, estimulada e aperfeiçoada cada vez mais.
O
conhecimento é entendimento e interpretação que vão além dos achados de uma
pesquisa ou de uma visão filosófica. Isso se deve à capacidade de identificar e
priorizar questões centrais e de procurar respondê-las, quando são passíveis de
resposta, ou buscar maneiras para trabalhar aquelas que ainda necessitam de
investigação, quer do âmbito clínico, que surge a partir da prática assistencial
ao cliente, do âmbito conceitual, que aflora a partir de abstrações que tentam
generalizar as experiências pessoais ou do âmbito empírico, que se origina dos
achados de pesquisas (1).
Notam-se os
esforços
dirigidos
pelos
pesquisadores
de
Enfermagem
em
busca
de
reestruturação
de
princípios,
conceitos,
significados
e
criação
de
seu
próprio
corpo
de
conhecimentos,
pois
é
através
dele
que
há
consolidação
da
definição
do
papel
da
Enfermagem
no
mundo.
Dentre
os
vários
temas
focalizados
em
pesquisa,
têm-se
aqueles
que
englobam a
Saúde
da
Criança,
dentre
os
quais
se destacam
trabalhos
respaldados no
Estatuto
da
Criança
e do
Adolescente
-
ECA,
na
formulação
e na
execução
das
políticas
sociais
públicas voltadas às
questões
da
infância
e da
saúde.
Atrelado a
isso,
acompanha-se a
evolução
da
enfermagem
pediátrica e neonatal
através
da
criação
de
sociedades
de
enfermagem
em
pediatria,
como
a SOBEP (Sociedade
Brasileira
de
Enfermagem
Pediátrica) e a ABENFO (Associação
Brasileira
de
Enfermagem
Obstétrica),
além
de
grupos
de
pesquisa
no Brasil e no
exterior
que
abordam a
saúde
da
criança.
Tudo
isso
advém da
necessidade
de
aperfeiçoar
o
cuidado,
o
conhecimento,
a
assistência
à
criança,
visando
melhor
qualidade
de
vida
e
sobrevivência
das
crianças
consideradas,
outrora
“inviáveis”,
como
os recém-nascidos
prematuros
extremos
e
aqueles
de
baixo
peso.
Logo,
existe a
crescente
necessidade
dos
enfermeiros
e
outros
profissionais
que
assistem à
criança,
seja na
área
da
pesquisa,
do
ensino
ou
da
assistência,
de apropriarem-se de
conhecimentos
técnico-científicos
para
aprimorar
sua
prática.
Desse
modo,
considera-se
pertinente
uma
investigação
que
aborde
pesquisas
sobre
saúde
da
criança,
com
as respectivas
temáticas,
tipos
de
estudos
e
centros
de
produção
de
estudos.
Ressalta-se
que
o
incremento
das
revistas
científicas
em
Enfermagem
tem propiciado a
divulgação
das
pesquisas,
permitindo
caminhos
para
acessibilidade
das mesmas
por
vários
meios,
como
os
eletrônicos
e os
impressos.
Entretanto, apesar de presenciarmos uma era digital, em que a informação está ao
alcance de todos por meio da Internet, algumas revistas avançaram de forma lenta
no processo tecnológico, fato que pode estar diretamente associado aos recursos
técnicos e financeiros para a manutenção do periódico em rede, acessibilidade e
assinaturas, assim como o incentivo à pesquisa, nos diversos centros de estudo
no Brasil. Porém, tem-se percebido uma melhora na qualidade e quantidade de
periódicos de Enfermagem e sua indexação em bancos de dados que propiciam a
ampliação do consumo das pesquisas em Enfermagem. Esse panorama configura-se
como uma porta para desenvolvimento de estudos bibliográficos que podem divulgar
o perfil das principais publicações a serem analisadas em diversas áreas do
conhecimento.
Motivadas
pela
participação e
integração
em
um
grupo
de
pesquisa,
cuja
área
de
atuação
centra-se na “Saúde
do
Binômio
Mãe
e
Filho”,
do
qual
fazem
parte
enfermeiros,
alunos
de
doutorado,
mestrado,
especialização e
graduação
em
Enfermagem,
o
estudo
analisar o
conteúdo
dos
resumos
dos
artigos
da
área
da
saúde
da
criança
publicados
em
periódicos
de
enfermagem
brasileiros,
classificados
no “Qualis Capes”
como
internacionais
B e C, no
período
entre
2000 e 2005.
METODOLOGIA
Estudo
de caráter descritivo e documental, realizado por meio de uma pesquisa
bibliográfica, adotando como fontes resumos de artigos publicados em periódicos
brasileiros de Enfermagem (Revista Latino-Americana de Enfermagem, Revista Texto
e Contexto Enfermagem, Revista Brasileira de Enfermagem, Revista da Escola de
Enfermagem da USP, Revista Paulista de Enfermagem, Revista Gaúcha de Enfermagem)
que foram classificados pelo Qualis CAPES 2005 como periódicos
internacionais B e C no período entre 2000 e 2005.
A
pesquisa
bibliográfica
procura
explicar
um
problema
a
partir
de
referências
teóricas publicadas
em
documentos,
busca
conhecer
e
analisar
as
contribuições
culturais
ou
científicas do
passado
existente
sobre
um
determinado
assunto,
tema
ou
problema.
A
pesquisa
bibliográfica
não
é
mera
repetição
do
que
já
foi
dito
ou
escrito
sobre
certo
assunto.
Mas,
propicia o
exame
de
um
tema
sob
um
novo
enfoque
ou
abordagem,
chegando a
conclusões
inovadoras. E,
quando
esta constitui
parte
da
pesquisa
descritiva, é
feita
com
o
intuito
de
reconhecer
informações
e
conhecimentos
prévios
acerca
de
um
problema
para
qual
se
procura
uma
resposta
ou
uma
hipótese
que
se
quer
experimentar
(2).
A busca
pelos resumos dos artigos deu-se na cidade de Fortaleza - Ceará, no período de
março a maio de 2006, através da internet, em consulta direta ao site da BVS/
BIREME (Biblioteca Virtual em Saúde), e de modo complementar, buscou-se aqueles
exemplares não disponíveis on line no acervo pessoal das autoras, nas
bibliotecas, tanto da Universidade Federal do Ceará, como Universidade Estadual
do Ceará e Universidade de Fortaleza, nos campos das áreas de saúde e também
na Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Ceará,
ABEn CE.
Para
compor
a
amostra
o
resumo
deveria
contemplar
em
seu
título
a
área
da “saúde
da
criança”,
independente
da
faixa
etária.
Foram encontrados
um
total
de 202
resumos.
Findado o
levantamento
dos
resumos,
procederam-se a
seleção,
fotocópia
e
análise,
cujos
dados
foram registrados
em
ficha
composta
pelos
seguintes
itens:
nome
do
periódico,
ano
de publicação,
título
do
artigo/
resumo,
autor
(es),
cidade,
tema
de
estudo,
objetivo
e
tipo
de
pesquisa,
sendo os
dados
apresentados
em
tabelas
e analisados
por
meio
da
estatística
descritiva.
RESULTADOS
E
DISCUSSÕES
A
atenção
à
saúde
da
criança
representa
um
campo
prioritário
dentro
dos
cuidados
à
saúde
das
populações.
Para
que
essa se desenvolva de
forma
mais
efetiva
e
eficiente,
além
do
conhecimento
sobre
as
características
relacionadas a morbimortalidade,
tais
como
aspectos
biológicos, demográficos e
socioeconômicos,
é
importante
salientar
o
papel
que
desempenham os
serviços
e o
sistema
de
saúde.
Nesse
contexto,
é
crescente
o
interesse
de
profissionais
de
Enfermagem
nas
mais
variadas
instâncias
do
cuidado
em
temas
relacionados à
saúde
da
criança.
Na
tabela
1, apontou-se a
freqüência
de
trabalhos
publicados
em
periódicos
de
enfermagem,
entre
os
anos
de 2000 a 2005.
TABELA
01:
Freqüência
de publicações (resumos)
sobre
saúde
da
criança
nos
periódicos
de
enfermagem
selecionados.
Fortaleza,
2006.
Periódicos |
F |
% |
Revista Latino Americana de Enfermagem
|
63 |
31,2 |
Revista
Brasileira de Enfermagem |
48 |
23,8 |
Revista Texto
Contexto Enfermagem |
36 |
17,8 |
Revista da Escola
de Enfermagem USP |
21 |
10,4 |
Revista Gaúcha Enfermagem
|
20 |
9,9 |
Revista Paulista
de Enfermagem |
14 |
6,9 |
Total |
202 |
100,0 |
Diante
dos
dados
expostos,
observou-se
que
as
revistas
Latino
Americana
de
Enfermagem
e a
Brasileira
de
Enfermagem
apresentaram os
maiores
números
de publicações na
área
de
Saúde
da
Criança.
Este
fato
deve-se a periodicidade,
pois
ambas
são
bimestrais.
Já
a
revista
Texto
e
Contexto,
apesar
de
ser
temática
e
trimestral,
apresentou
um
número
superior
de publicações
em
relação
as
demais
que
são
trimestrais,
ou
seja, a
Revista
da
Escola
de
Enfermagem
da
Universidade
de
São
Paulo - USP e a
Revista
Paulista
de
Enfermagem.
Isso
evidencia
que
a
saúde
da
criança
vem sendo
foco
de
estudo
para
Enfermagem
e no
âmbito
da
atenção
do
Ministério
da
Saúde
constituem
ações
prioritárias a
Atenção Humanizada ao Recém- Nascido de Baixo Peso Método Mãe Canguru,
Ações de Promoção e Incentivo ao Aleitamento;Caderneta
de Saúde da Criança; e
Comitês de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. Além desses enfoques, a
melhoria dos indicadores de saúde da criança foi fruto da política nacional,
principalmente, pela implantação e expansão da estratégia da Saúde da Família e
das ações do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Infantil
(3).
Os
dados
da
tabela
2 enfocam a
freqüência
das publicações
segundo
o
ano
de publicação,
nos
periódicos
de
enfermagem
no
período
de 2000 a 2005.
TABELA 02:
Freqüência
de publicações
sobre
saúde
da
criança
nos
periódicos
de
enfermagem
de 2000- 2005.
Fortaleza,
2006.
Ano |
F |
% |
2000 |
35 |
17,3 |
2001 |
21 |
10,4 |
2002 |
28 |
13,9 |
2003 |
44 |
21,8 |
2004 |
47 |
23,3 |
2005 |
27 |
13,4 |
Total |
202 |
100,0 |
Observa-se
que
as publicações na
área
da
criança
apresentaram
um
crescimento
não
uniforme
até
o
ano
de 2004, e no
ano
de 2005 houve uma redução de 57,5%
em
relação
ao
ano
anterior.
A
crescente
busca
pelo
conhecimento
na
área
pode
estar
associada
ao
fato
do
desenvolvimento
de
políticas
públicas,
iniciativas
aos
Programas
do
Ministério
da
Saúde,
com
vistas
à redução da morbimortalidade
infantil,
nutrição,
imunização,
prevenção
de acidades e
violência,
prevenção
de
doenças
prevalentes na
infância,
por
exemplo,
as
recomendações
preconizadas
pela
Organização
Mundial de
Saúde
(OMS).
O
ano
de 2001 foi o
ano
com
menor
índice
de publicações na
área
em
estudo.
Dentre
as
prioridades
de
estudos
e
estratégias
de
investigações
em
saúde
e
em
enfermagem,
têm-se os
estudos
sobre
as
condições
de
vida
e o
bem-estar
da
população,
os
quais
envolvem a
identificação
de
determinantes
da
qualidade
de
vida,
saúde
e
doença
de
grupos
populacionais, e nestes, estão incluídos o
grupo
das
crianças
(4-5).
Os
dados
apresentados na
tabela
3 se referem ao
tipo
de
estudo
identificado
nos
resumos
sobre
saúde
da
criança
nos
periódicos
de
enfermagem
no
período
de 2000 a 2005. Considera-se
esse
aspecto
extremamente
relevante,
pois
poderá
fornecer
subsídios
para
mapear
os
principais
desenhos
dos
estudos
desenvolvidos
pelos
autores,
particularmente
nesse
caso,
os da
enfermagem.
TABELA
03:
Freqüência
do
tipo
de
estudo
nos
resumos
sobre
saúde
da
criança
nos
periódicos
de
enfermagem
de 2000- 2005.
Fortaleza,
2006.
Tipo de
Estudo |
F |
% |
Qualitativo |
161 |
79,7 |
Quantitativo |
25 |
12,4 |
Quali -
quantitativo |
4 |
2 |
Não explicitado |
12 |
5,9 |
Total |
202 |
100 |
A
tabela
3
mostra
que
ocorreu
maior
tendência
de
produção
científica
em
estudos
com
abordagem
qualitativa,
identificado
em
161 (79,7%) dos
resumos.
O
objeto
de
estudo
dos
temas
que
se sobressaíram foram
geralmente
investigados
através
de
abordagens
qualitativas,
tais
como
relações
familiares,
assistência
de
enfermagem
e
nutrição,
devido
ao
caráter
subjetivo
das
propostas
dos
estudos.
Este
tipo
de
estudo
se caracteriza
por
uma
pesquisa
empírica
nas
ciências
humanas e
sociais,
comportando as
cinco
características
seguintes:
uma
pesquisa
concebida
principalmente
numa
perceptiva
compreensiva;
seu
objeto
de
estudo
é abordado de
maneira
aberta
e
ampla;
sua
coleta
de
dados
é
baseada
nos
métodos
qualitativos
que
não
implicam nenhuma quantificação
ou
mesmo
nenhum
tratamento,
tais
como
a
entrevista,
a
observação
livre
ou
a
coleta
de
documentos;
ele
permite uma
análise
qualitativa
dos
dados,
cujas
palavras
são
analisadas
diretamente
por
outras
palavras
sem
a mediação de uma
operação
numérica;
ela
conduz a uma
narração
ou
uma
teoria
(6).
Em
relação
à
pesquisa
quantitativa,
esta se apresentou
em
25 (12,4%) dos
resumos.
A
pesquisa
quantitativa
tende a
enfatizar
o
raciocínio
dedutivo,
as
regras
lógicas
e os
atributos
mensuráveis da
experiência
humana.
Assim,
ela
possui
suas
raízes no
positivismo
lógico
(6).
Desenhos de pesquisas quantitativas refletem uma
filosofia
determinista
com
base
na
escola
positivista,
ao
contrário
da
abordagem
qualitativa,
pautada no
paradigma
naturalista.
Ambos
são
importantes
para
a
pesquisa
em
Enfermagem
e
para
a
construção
do
conhecimento,
melhoria na
saúde
e
desafio
à
prática
de
Enfermagem.
A
escolha
adequada de
um
desenho
de
pesquisa
repercute
diretamente
no
impacto
dos resultados (7).
O tipo
de pesquisa quali-quantitativo foi utilizado em 4 (2%) dos resumos. As
abordagens qualitativa e quantitativa em pesquisa envolvem conjuntos de práticas
interpretativas, os quais são denominados métodos, que não se prendem a um único
campo de conhecimento. A integração quantitativo-qualitativo há muito é ensaiada
por vários pesquisadores em saúde, apesar da revelia dos posicionamentos mais
pragmáticos e, vem acumulando críticas, não por sua impossibilidade, mas pela
fragilidade em decorrência da lacuna em responder de onde se origina essa
prática e a que tipo de construção de conhecimento serve (8).
A
integração dos métodos tem suas próprias identidades, permanecendo assim do
momento da idealização à elaboração do relatório final. Discute-se essa
articulação em virtude de quando se opta pelas duas abordagens pela
possibilidade de perder em sofisticação e detalhamento desses métodos adotados,
devendo o pesquisador, certifica-se da contribuição dessa integração para o
objeto investigado, bem como da clareza sobre que tipo de análise que ela
possibilita construir (8).
Em
12
resumos
(5,9%),
não
foram encontradas
informações
que
fornecesse
indícios
para
a
inferência
quanto
ao
tipo
de
estudo,
devido
à
inadequação
da
elaboração
do
texto.
Ressalta-se
que
o
resumo
é
importante,
pois
a
partir
dele surge o
interesse
dos
leitores
em
busca
de
um
aprofundamento
acerca
do
assunto,
devendo
então,
ser
cuidadosamente elaborado, constando de
todos
os
itens
relevantes:
introdução,
objetivos,
metodologia,
resultados
e
conclusão.
Na
tabela
4, foram apresentados os
dados
quanto
à
distribuição
das publicações
sobre
saúde
da
criança
segundo
as
regiões
brasileiras, no
período
de 2000 a 2005.
TABELA 04:
Distribuição
por
regiões
brasileiras de publicações
sobre
saúde
da
criança
no
período
de 2000- 2005.
Fortaleza,
2006.
Região
|
F |
% |
SUDESTE |
90 |
53,6 |
SUL |
48 |
28,6 |
NORDESTE |
22 |
13,0 |
CENTRO- OESTE |
7 |
4,2 |
NORTE |
1 |
0,6 |
TOTAL |
168 |
100,0 |
As
regiões
Sudeste
e
Sul
se destacaram
em
produção
cientifica (53% e 28%,
respectivamente),
isto
se deve ao
fato
de serem
pólos
de
destaque
em
formação
profissional,
possuindo
grande
número
de
Programas
de
Pós-graduação,
enfermeiros
pesquisadores
na
área,
financiamento de
órgãos
de
fomento,
o
que
facilita a
produção
de
pesquisa
na
academia
e na
assistência.
Existem 29
Programas
de
Pós-graduação
em
Enfermagem,
reconhecidos
pela
CAPES,
entre
eles
14
com
mestrado
acadêmico,
1
com
doutorado,
2
com
mestrado
profissional
e 12
com
mestrado
e
doutorado.
Sendo
assim,
tem-se
um
total
de 41
cursos
de
Pós-graduação,
isto
é, 26 de
mestrado,
13 de
doutorado
e
dois
mestrados
profissionalizante (9).
Esses
resultados
indicaram
fortes
assimetrias
no
Sistema
Nacional
de
Pós-Graduação,
evidenciando
que
a
expansão
da
Pós-graduação
stricto sensu
em
Enfermagem,
na
região
Nordeste,
é
resultado
de
sua
capacidade
de
resposta
às
demandas
oficiais
do
atual
Sistema
Nacional
de
Pós-graduação
(10).
A região Nordeste apareceu em
terceiro lugar (13%), e vem se destacando com programas no Ceará, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Bahia, com curso de especialização, mestrado e doutorado. A
região Norte foi a que menos produziu artigos na área,
ressalte-se que esta região possui o
menor número de cursos de Graduação (9) e Pós-graduação do país.
Na
tabela
5 apresentou-se a
distribuição
de
temáticas
sobre
saúde da
criança
identificadas nos
resumos
analisados no
período
de 2000-2005. E, para
melhor
esclarecimento dessas
temáticas,
descreve-se os
principais
assuntos
nelas adotados: 1.
Assistência
de
Enfermagem,
resumos
sobre
o
cuidado
de
enfermagem,
qualidade
da
assistência,
técnicas
e procedimentos,
administração
e
interações
medicamentosas,
processo
de
enfermagem,
organização
de
prontuários,
fototerapia
e humanização da
assistência;
2.
Nutrição,
resumos
que
descrevem
aspectos
do aleitamento
materno
e avaliação nutricional; 3.
Relações
familiares,
resumos
que
descrevem
características
que
avaliam o
vínculo
familiar
entre
o
binômio
mãe-filho,
sentimentos,
percepções,
atitudes
e
expectativas
dos
pais
frente
à
hospitalização
dos
filhos;
4.
Atenção
Primária,
resumos
que
descrevem os
modelos
de
assistência
de
Enfermagem
no PSF, o
papel
da
enfermeira,
os
programas
de
saúde
da
criança,
atividades
educativas voltadas
para
criança
e vacinação;
Em
menor
freqüência,
os
temas
5.
Doenças
crônicas,
resumos
sobre
oncologia,
asma,
doenças
degenerativas do SNC,
Diabetes
Mellitus
tipo
I e
aplicação
de
insulinas;
6.
Hospitalização,
resumos
que
relacionam
implicações
da
hospitalização
na
vida
da
criança,
utilização
do
brinquedo
terapêutico
e
lesão
de
pele
dos RN internados
em
UTI; 7.
Violência,
resumos
que
destacam
violência
doméstica
e
estupro;
8.
Desenvolvimento,
resumos
que
avalia o
crescimento
de
acordo
com
a
faixa
etária,
aspectos
físico-sociais
que
influenciam no
crescimento,
puericultura
e
mortalidade
infantil;
9.
Parto,
resumos
que
retrataram
condições
de nascimento e
história
neonatal; 10.
Acidentes
domésticos,
resumos
relacionados a queimaduras no domicilio, ingestão
acidental
de
medicamentos
e
produtos
químicos
e avaliação de
risco
para
quedas;
11. HIV,
resumos
que
abordam a
transmissão
vertical
e
suas
implicações;
12.
Processo
de
morte
e
morrer,
com
a
abordagem
da
doença
e
percepção
dos
pais
e
profissionais,
13.
Dor,
enfoque
nas
medidas
farmacológicas e
não
–
farmacológicos,
e 14.
outros
temas.
TABELA 05:
Distribuição
de
Temáticas
sobre
Saúde
da
Criança
nos
resumos
analisados no
período
de 2000 a 2005.
Fortaleza,
2006.
Temática |
F |
% |
Assistência de
enfermagem |
32 |
16,0 |
Nutrição/
|
25 |
12,3 |
Relações
familiares |
22 |
11,0 |
Atenção Primária |
21 |
10,3 |
Doenças Crônicas |
18 |
9,0 |
Hospitalização |
13 |
6,4 |
Violência |
12 |
5,9 |
Desenvolvimento |
11 |
5,5 |
Parto
|
6 |
3,0 |
Acidentes
Domésticos |
4 |
2,0 |
HIV |
4 |
2,0 |
Processo Morte
Morrer |
3 |
1,4 |
Dor |
3 |
1,4 |
Outros |
28 |
13,8 |
Total |
202 |
100,0 |
A
tabela
5 evidenciou
que
os
temas
mais
abordados
nos
periódicos
analisados foram:
assistência
de
enfermagem
(16%),
nutrição
(12,3%),
relações
familiares
(11%),
atenção
primária
(10,3%). A
maior
produção
com
estas
temáticas
podem
estar
associadas a
políticas
públicas, preconizadas
pelo
Ministério
da
Saúde
(MS) e
pela
Organização
Mundial de
Saúde
(OMS)
como:
Programas
de melhoria da
qualidade
da
atenção
ao
parto
e ao recém nascido:
acessibilidade,
humanização,
regionalização,
hierarquização
na
atenção
ao
parto
e
atenção
ao
recém-nascido
de
risco;
Assistência
a Recém-nascidos,
Método
Canguru,
e
Hospital
Amigo
da
Criança.
Estas estratégias visam à
qualificação da assistência em todos os níveis de serviço, incluindo a equipe
interdisciplinar de saúde da qual a Enfermagem esta inserida, inclusive nos
programas: Estímulo ao aleitamento materno e nutrição infantil (Os Dez Passos
para uma Alimentação Saudável), Bolsa Alimentação; Acompanhamento do Crescimento
e Desenvolvimento; Programa Nacional de Imunização; Programas de melhoria da
atenção às crianças no primeiro ano de vida: classificações de risco para
recém-nascidos e programa de atenção integrada às doenças prevalentes na
infância /AIDIPI; O Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (Paisc).
A nova ótica nacional da saúde
estabelece o fortalecimento da atenção básica, humanização da assistência e
interdisciplinaridade dos serviços de saúde. A Enfermagem possui atribuições que
permitem o alcance dos objetivos propostos por tais programas, daí a necessidade
de aumentar a produção de conhecimento científico no intuito de capacitá-la e
fortalecê-la em seu conhecimento próprio, o que conferirá maior visibilidade a
sua identidade, valorizando a prática da assistência dispensada por essa
categoria.
Os
temas
acidentes
domésticos
e HIV
ambos
com
(2%),
processo
morte
e
morrer
e
dor
ambos
com
(1,4%) foram os
assuntos
menos
abordados
nos
periódicos
analisados. O
processo
de
morte
e
morrer
envolve
questões
culturais
que
os
próprios
profissionais
de
saúde
não
estão
preparados,
embora
isto
permeie a
sua
vivência
profissional.
No
estudo
que
explorou a
experiência
de enfermeiras ao cuidarem da
criança
e da
família
que
vivenciam o
processo
de
morte
na
pediatria,
possibilitou a
compreensão
do
cuidado
neste
contexto,
assim
como
e
identificação
de
fatores
que
interferiam na
aproximação
e/ou
afastamento da
criança
e da
família
nesse
momento
particular
(11). Constatou-se
também
a
pouca
habilidade
das enfermeiras
em
lidar
com
a
situação
de
morte,
dificultando o
cuidado
humanizado à
criança
e à
família.
Autores
apontam
para
uma
lacuna
existente no
conhecimento
referente
à
experiência
das enfermeiras
em
relação
ao
processo
de
morte
da
criança,
considerando a
existência
de
poucos
estudos
que
exploram a
experiência
dos
profissionais
que
cuidam de
crianças
terminais
(11).
Esse
fato
pode
ser
verificado,
especialmente,
em
nível
nacional,
dado
o
número
reduzido de publicações
que
tratam do
tema.
Da mesma forma, o tema
Acidentes domésticos está incluso no Programa de Prevenção de Acidentes e
Violência na Infância, mas apresentou baixa produção. Crianças com idades de 1 a
5 anos necessitam de maior proteção e vigilância por parte das pessoas
responsáveis, uma vez que a noção de perigo ainda não está concretizada sendo
influenciada pela imaginação, brincadeira, curiosidade, características do
comportamento infantil que, se não vigiados, podem induzir a sérios acidentes.
No
cuidado
de
Enfermagem,
devem-se
priorizar
condutas
dirigidas à
prevenção,
cujo
foco
não
seja
somente
a
criança,
mas
a
família
e a
sociedade.
Isso
se
torna
um
desafio,
especialmente,
para
os
profissionais
de
saúde,
que
devem
dirigir
a
atenção
à
orientação
em
educação,
integrando
escolas,
grupos
formais
e
informais
na
faixa
infanto-juvenil,
visando a
despertar
mudanças comportamentais,
que
possam
contribuir
para
uma redução dos
acidentes
(12).
Apesar
de o
tema
acidentes
domésticos
ter
sido
pouco
identificado,
este
pode
ser
considerado uma
importante
abordagem
como
problema
de
saúde
pública.
Ao desenvolverem uma
pesquisa
com
108
crianças
entre
0 e 6
anos
de
idade,
identificaram 101
casos
de
injúrias
acidentais
envolvendo 57
crianças.
Os
autores
ressaltaram
que
estudos
dessa
natureza
permitem o
conhecimento
do
contexto
que
envolve os
acidentes
domésticos
e, facilitam a
atuação
dos
profissionais
de
saúde
que
desempenham
ações
com
essa
clientela.
(13)
A dor foi outro tema
importante identificado, o qual foi encontrado apenas em três estudos. A
participação do enfermeiro, como agente cuidador não pode permitir que a dor
seja encarada como algo esperado em traumas e agir somente como expectadores. A
intervenção precoce ao relato de dor pela criança ou acompanhante é
imprescindível (14).
No
que
se referiu à
temática
outros
(13,8%) foram incluídos
trabalhos
sobre
epidemiologia e
mortalidade
infantil,
processo
saúde
e
doença
em
pediatria,
processo
de
trabalho
em
pediatria,
saúde
ocular. São temas considerados atuais e relevantes que apontam problemas de
saúde pública como por exemplo a saúde ocular. Os programas voltados para ações
no âmbito da saúde ocular com intervenções eficazes, ainda não são uma realidade
efetiva na maioria dos países em
desenvolvimento, como no Brasil, e, quando existentes, são dirigidos à atenção
primária de saúde (15).
CONCLUSÕES
Com a
realização do estudo, constatou-se o interesse na área de pesquisa por questões
referentes à saúde da criança, partindo-se apenas de cinco periódicos de
Enfermagem, com Qualis internacional B e C, estimando-se, portanto, uma produção
ainda maior, considerando-se os demais periódicos nas áreas e outras fontes de
produção científica. A disponibilidade dos periódicos on line foi
considerada um fator positivo para o acesso às publicações. Constatou-se após a
análise dos resumos dos artigos publicados nos periódicos estudados uma
predominância de publicações na área nos anos de 2003 (44 resumos; 21,8%) e 2004
(47 resumos; 23,3%); de estudos com abordagem qualitativa 161 (79,7%).
Ressalta-se que não foi possível a identificação do tipo de abordagem do estudo
em 12 resumos (5,9%), devido à inadequação
da elaboração do texto.
Quanto
aos
temas
pesquisados, sobressaíram-se
aqueles
que
enfocaram a
assistência
de
enfermagem,
nutrição
infantil
e
relações
familiares.
Assim,
considera-se
que
a
Enfermagem
vem desenvolvendo
trabalhos
sobre
Saúde
da
Criança,
respeitando as
principais
diretrizes
de
atenção
à
saúde
desse
grupo
específico,
embora,
alguns
temas,
necessitem de
maior
inserção
pelo
enfermeiro
como
HIV,
processo
morte
e
morrer
e
acidentes
domésticos. O
cuidado
de
enfermagem
à
criança
com
HIV
ainda
é
pouco
pesquisado. As
questões
que
envolvem a
morte
e
morrer,
geralmente
são abordadas
junto
a
situações
de
doenças
crônicas,
como
no
âmbito
da
oncologia
pediátrica e
também
em
situações
de
emergência.
Além
disso,
devido
a
pouca
abordagem
do
assunto
na
academia,
os
estudos
têm apresentado
como
foco
a
percepção
dos
profissionais
de
enfermagem
diante
da
morte,
ou
sobre
a
percepção
da
doença
e
morte
pela
criança.
Quanto
aos
acidentes
o
enfoque
preventivo merece
empenho
pelos
profissionais
de
enfermagem,
especialmente
relacionado à
prevenção
com
o envolvimento da
família
e da
escola.
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Contribuição
dos
autores:
-Concepção e
desenho:
Maria
Vera
Lúcia Moreira
Leitão
Cardoso -Análise e
interpretação:
Maria
Vera
Lúcia Moreira
Leitão
Cardoso, Ingrid Martins
Leite
Lúcio, Wiliane Resende Sousa e Débora Feitosa de França.-Escrita do
artigo:
Maria
Vera
Lúcia Moreira
Leitão
Cardoso, Ingrid Martins
Leite
Lúcio, Wiliane Resende Sousa e Débora Feitosa de França. -
Revisão
crítica
do
artigo:
Maria
Vera
Lúcia Moreira
Leitão
Cardoso, Ingrid Martins
Leite
Lúcio, -
Aprovação
final
do
artigo:
Maria
Vera
Lúcia Moreira
Leitão
Cardoso, Ingrid Martins
Leite
Lúcio, -
Colheita
de
dados:
Wiliane Resende Sousa e Débora Feitosa de França.
Endereço
para
correspondência:
Endereço:
Rua
Pinho
Pessoa,
499, CEP: 60135-170
Bairro
Joaquim Távora -
Fortaleza
- Ceará
E-mail:
Ingrid_lucio@yahoo.com.br
Received: Sep 14,
2007
Revised: Oct 23, 2007
Accepted: Jan 16, 2008