Therapeutic communication underlying interpersonal relationship between elementary school adolescent and teacher

 A comunicação terapêutica sustentando a relação interpessoal entre adolescente e professor do ensino fundamental

 La comunicación terapéutica que sustenta la relación interpersonal entre adolescente y profesor de la enseñanza fundamental

 Hellen Roehrs1 ; Mariluci Alves Maftum1; Maguida Costa Stefanelli2

 1. Universidade Federal do Paraná, PR, Brasil; 2. Universidade de São Paulo, SP, Brasil.

 ABSTRACT: Descriptive research, qualitative in nature, carried out with 11 teachers from an elementary school in Curitiba/Brazil. Objective: to bring about effective interpersonal relationship between teaching staff and teenage students. Data collection was performed by means of group discussion strategy. Theoretical landmark was Therapeutic Communication by Maguida Stefanelli. Results were presented under the following theme categories: “Communication in the interpersonal relationship between teacher and teenage student”; “The teacher acknowledges the therapeutic function in communication”; “The specificities in teenagers’ communication”; they pointed out the relevance to health and education professionals in learning therapeutic communication, specially for those who work with teenagers, in order to make pedagogic relationship and actions more effective, less conflicting and trustworthy. Participants became aware of how important it is to deepen their knowledge on the studied theme for a constructive teaching practice among teenagers.

KEY WORDS: Communication; Interpersonal relationships; Adolescent; Education.

 RESUMO: Trata-se de uma pesquisa descritiva, tipo qualitativa, desenvolvida com 11 docentes do Ensino Fundamental de uma Escola de Curitiba. Objetivo: Sensibilizar docentes do ensino fundamental para efetivas relações interpessoais com o estudante adolescente. Obteve-se dados mediante a estratégia da Discussão de Grupo. O referencial teórico foi o da Comunicação Terapêutica de Maguida Costa Stefanelli. Nos resultados identificou-se as categorias temáticas: A comunicação na relação interpessoal do professor e estudante adolescente. O professor reconhece a função terapêutica de sua comunicação e, A especificidade da comunicação do adolescente. Estas demonstraram a relevância para todos profissionais da área da saúde e da educação envidarem esforços no aprendizado da comunicação terapêutica, em especial para os que trabalham com adolescentes, a fim de tornarem suas relações e ações pedagógicas mais efetivas, menos conflitivas e fornecedoras de confiança. Os participantes foram sensibilizados para a importância do aprimoramento do conhecimento do tema estudado para uma prática docente construtiva.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; Relações interpessoais; Adolescente; Educação.

 RESUMEN: Esta es una investigación cualitativa descriptiva, desarrollada con 11 docentes de Enseñanza Fundamental de una escuela de Curitiba. Su finalidad fue sensibilizar docentes de la enseñanza fundamental para efectivas relaciones interpersonales con el estudiante adolescente. Fueron obtenidos datos por medio de la estrategia Discusión de Grupo. El referencial teórico fue el de la Comunicación Terapéutica de Maguida Costa Stefanelli. Los resultados fueron presentados en las categorías temáticas: “La comunicación en la relación interpersonal del profesor y estudiante adolescente”; “El profesor reconoce la función terapéutica de su comunicación” y “La especificidad de la comunicación del adolescente”; demostraron la relevancia para que todos los profesionales del área de la salud y de la educación unan esfuerzoss en el aprendizaje de la comunicación terapéutica, en especial para los que trabajan con adolescentes, a fin de que sus relaciones y acciones pedagógicas se vuelvan más efectivas, menos conflictivas y proveedoras de confianza. Los participantes fueron sensibilizados para la importancia del perfeccionamiento del conocimiento del tema estudiado para una práctica docente constructiva con el estudiante adolescente.

PALABRAS CLAVE: Comunicación; Relaciones interpersonales; Adolescente; Educación.

 INTRODUÇÃO

A prática profissional como docente do curso Técnico em Enfermagem de um Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médio de Curitiba ensejou a observação e conhecimento um pouco do mundo de significados do adolescente e sua relação com os docentes e colegas. Comumente, percebe-se que estudantes são convocados a comparecer à Direção ou Coordenação Pedagógica para tratar de assuntos relacionados à expressão de comportamentos agressivos e inadequados que eles manifestam, principalmente, nos horários em que o professor não se encontra em sala de aula e nos intervalos. Em muitas dessas ocasiões, a relação estudante-professor tem-se estabelecido de forma conturbada. O adolescente, em geral, se expressa verbalmente de forma intempestiva, autoritária e com tom de voz alterado; o professor, na maior parte das vezes, reage do mesmo modo ou até com certa arrogância, na tentativa de manter o controle da situação.

Nessa experiência percebeu-se a necessidade dos alunos serem ouvidos e de estabelecerem uma relação com o professor, além da transmissão de conteúdos ou apenas com o foco no ensino. Na adolescência, o professor pode auxiliar esse jovem, por meio da comunicação adequada, a esclarecer suas dúvidas e dificuldades. Por conviverem com o adolescente parte significativa do seu dia, podem perceber as dificuldades, sentimentos e emoções que o afeta. Quando estas se apresentam causando sofrimento ou conflitos, eles poderão ajudar o estudante adolescente na superação e prevenção da exacerbação dos problemas com uma atitude antecipatória de cuidado. Uma das ferramentas que o professor pode utilizar nessa tarefa é a comunicação, que se constitui em um componente essencial nas relações interpessoais, que tem como finalidade a troca de experiências entre as pessoas, compreender como elas vivenciam o seu mundo e até mesmo ajudar na resolução dos problemas específicos de cada um.

Em face do exposto, esta pesquisa teve como objetivo: Sensibilizar docentes do ensino fundamental para efetivas relações interpessoais com o estudante adolescente. 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste item apresento conteúdos de comunicação humana e comunicação terapêutica, segundo Stefanelli(1,2,3,5) e de outros autores(4) que tratam desse tema, os quais considero que oferecem sustentação teórica ao presente estudo. A comunicação é fundamental para todas as ações dos profissionais de enfermagem sendo também, aos demais profissionais da área da saúde e da educação. Para tanto, torna-se importante que adquiram a competência interpessoal para uma prática efetiva.

Por se constituir em algo inerente ao ser humano, a comunicação ocorre em todos os momentos da vida, e nem sempre de forma verbal. Antes, é o meio pelo qual as pessoas participam do mundo em que vivem e, é ela que propicia o compartilhar das experiências entre pessoas. Um olhar, um presente de aniversário, um telefonema não efetivado levam consigo uma mensagem. Diferencia-se a comunicação humana da comunicação terapêutica, em que a primeira é concebida como “um processo de compreender, compartilhar mensagens enviadas e recebidas, sendo que as próprias mensagens e o modo como se dá seu intercâmbio exerce influência no comportamento das pessoas envolvidas” (1:30).

A segunda é o uso da comunicação humana com o objetivo definido de ajudar outra pessoa, desenvolvendo relações interpessoais construtivas. Classifica-se a comunicação em duas formas: verbal e não verbal; a verbal acontece com o uso da linguagem escrita ou falada e a não verbal são as mensagens enviadas ou recebidas por meio de gestos, postura do corpo, expressões faciais, timbre de voz, sudorese, rubor, entre outros. Isto quer dizer que todas as mensagens possuem algum significado com ou sem o uso das palavras(1,2).

Na maioria das vezes estão presentes, na comunicação, ambas as formas; entretanto, há momentos em que a não verbal é toda a comunicação. Dois terços de tudo que comunicamos acontece dessa maneira(1). É importante que as pessoas que se relacionam com o adolescente, em especial os professores, conheçam a comunicação não verbal, uma vez que esta, possui, entre outras funções, a de expressão dos sentimentos, de confirmação ou desconfirmação das mensagens(1,2,3).

O diálogo é uma forma de comunicação verbal, no qual a apropriação da palavra é utilizada para transmitir uma mensagem, expor suas idéias. A capacidade de se comunicar permite a ampliação dos relacionamentos e o compartilhar das experiências vividas, valores, crenças e atitudes(1,2,3). Ora, o adolescente necessita revelar os seus segredos, esclarecer suas dúvidas, aliviar sua ansiedade e, por isso, precisa de alguém que o escute e o aceite sem julgá-lo para desenvolver um vínculo de confiança(8).

As pessoas precisam ser escutadas(7) para que ordenem e organizem as suas próprias vivências, e isso poderá auxiliá-las na elaboração de solução de seus dilemas. O escutar ou ouvir reflexivamente o próximo, é um cuidado e uma ação indispensável às relações de ajuda e terapêutica(2,3,5). Conquanto a habilidade de escutar seja um instrumento valioso no desenvolvimento de uma relação de ajuda, não se trata de tarefa fácil, pois vai além do ouvir mecanicamente. Para tanto, faz-se necessário o aprendizado e o treino, pois se deve compreender o que implica a ação de ouvir. É preciso estar interessado no que está sendo explicitado pela pessoa, para que ela experimente os sentimentos de aceitação e confiança. Ouvir reflexivamente ou saber ouvir implica escutar como as coisas estão sendo ditas, perceber a entonação da voz, observar as expressões faciais e os gestos empregados, bem como a coerência entre eles. É necessário perceber o que não está sendo verbalizado, pois além da audição, utilizamos também a visão observando o todo do outro, nosso mundo afetivo, a empatia, aceitação da pessoa sem julgamentos e a mente aberta para percebermos o que o outro está querendo comunicar, do ponto de vista dele(1,2,3,5).

Quando o adolescente percebe que tem na figura do professor alguém que o compreende como ele é e o acolhe nas suas necessidades, esta relação extrapola o papel de uma relação de ensinar e se torna terapêutica ou educadora na verdadeira acepção da palavra(9). Assim, a comunicação terapêutica é:

“a competência do profissional de saúde em usar o conhecimento sobre a comunicação humana para ajudar o outro a descobrir e utilizar sua capacidade e potencial para solucionar conflitos, reconhecer suas limitações pessoais, ajustar-se ao que não pode ser mudado e a enfrentar os desafios a auto-realização, procurando aprender a viver da forma mais saudável possível, tendo como meta encontrar um sentido para viver com autonomia”(3:.65).

          A aplicação prática do conhecimento de comunicação humana para torná-la terapêutica exige competência interpessoal em utilizá-lo para ensejar a outra pessoa uma resposta ou mudança de maneira consciente. Oferece-se à pessoa elementos para que compreenda o seu comportamento e, se for o caso, entenda o limite colocado a seu comportamento, propiciando-lhe a oportunidade de tomada de decisão fundamentada em informações adequadas. Há uma série de estratégias ou guias para tornar terapêutica a comunicação, sendo estas classificadas em três grupos: expressão, clarificação e validação. O uso consciente da comunicação é enfatizado, pois só assim pode-se tornar o uso da comunicação terapêutica um estilo de vida, ou seja, uma pessoa de apoio, ajuda e cuidado(5).

A autora(1,2,3,5) discorre também, a respeito dos modos não terapêuticos os quais estão presentes na comunicação cotidiana, social e profissional, e prejudicam a emissão e o entendimento das mensagens. São eles: não saber ouvir, usar jargões técnicos ou linguagem científica, dar conselhos, falsa tranqüilização, julgar o comportamento, manter-se na defensiva, induzir respostas, por o outro estudante à prova, mudar de assunto subitamente, comunicar-se unidirecionalmente.

Nesse sentido, o profissional, independente da sua área de atuação deve tomar conhecimento das suas características pessoais e ter consciência de como elas repercutem na sua habilidade de comunicar-se e nos seus relacionamentos interpessoais. É importante que os professores conscientizem-se do valor da comunicação com seus alunos e despertem o interesse pelo uso da comunicação de forma efetiva para que aprendam interagir e relacionar-se com os adolescentes a fim de construírem juntos uma relação efetiva. Quando se desenvolve a competência interpessoal esta passa a fazer parte do dia-a-dia da pessoa tanto em suas atividades profissionais como pessoais(1).  Torna-se um estilo de vida (1,3,5).

          As estratégias para o desenvolvimento da competência comunicacional do profissional, são classificadas didaticamente em três grupos, expressão, clarificação e validação. Entretanto, a autora alerta que o uso delas não deve ocorrer de forma rígida e nem repetitiva, pois se tratam de linhas gerais de ação, pistas ou dicas, associadas ou isoladamente e não de roteiro para utilizar mecanicamente e de maneira seqüencial(1,3,5).

          As estratégias do grupo expressão são utilizadas para ajudar o outro a expressar ou exteriorizar idéias e sentimentos, assim como descrever fatos vivenciados, são exemplos: usar terapeuticamente o silêncio, ouvir reflexivamente, verbalizar aceitação, verbalizar interesse, usar frases com sentido aberto ou reticentes, repetir comentários ou últimas palavras ditas, fazer perguntas relativas aos dados comunicados, devolver a pergunta feita, usar frases descritivas, manter o estudante no mesmo assunto, permitir ao estudante que escolha o assunto, colocar em foco a idéia principal, verbalizar dúvidas, dizer não, estimular a expressão de sentimentos subjacentes e usar terapeuticamente o humor(5).

         O grupo clarificação inclui as técnicas cuja finalidade é ajudar a pessoa a tornar claro o significado do conteúdo expresso, entender o que o outro quer dizer, tornando mais explícita a mensagem emitida. São elas: estimular comparações, solicitar ao estudante que esclareça termos incomuns, solicitar que precise o agente da ação, descrever eventos em seqüência lógica. O grupo validação refere-se às técnicas que permitem verificar a existência de significação comum da mensagem expressa, que permitem a pessoa constatar que a mensagem expressa pelo outro foi corretamente entendida e ao mesmo tempo oferecer oportunidade ao que expressou de efetuar correção no conteúdo. Entre alas tem-se: repetir a mensagem da pessoa, pedir a pessoa para repetir o que foi dito, sumarizar o que foi dito na interação(5). 

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva, pois ela é favorável à compreensão da realidade humana, permitindo maior proximidade do pesquisador com o grupo pesquisado e é essencialmente utilizada em estudos com grupo de pessoas(10).

Participaram dessa pesquisa 11 professores do ensino fundamental de um colégio estadual, sugeridos pela direção da instituição campo de estudo, caracterizando-se uma amostra intencional. Esta estratégia se torna adequada, quando a escolha de uma amostra é capaz de representar a população que está sendo estudada. Desta forma, foram selecionados profissionais que mantêm relacionamento mais próximo com os estudantes adolescentes, entre si e outros professores, consideramo-lo um grupo relevante capaz de refletir a totalidade do fenômeno estudado.

Optamos pela estratégia de Discussão de Grupo para a coleta dos dados, pois esta permite complementar as informações sobre conhecimentos peculiares a um grupo em relação a crenças, atitudes e percepções. Em grupos sociais desenvolvem-se opiniões informais de modo que tais fatos influem normativamente na consciência e no comportamento dos indivíduos (10).

A análise dos dados, que emergiram dos dois encontros, ocorreu com a proposta de interpretação de dados de Minayo(10) pelos seguintes passos: Ordenação dos dados. Classificação dos dados. Análise final. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, na reunião do dia 09/11/2005,  CEP/SD: 212 SM 087.05.10. FR: 74445 CAE 0050.0.091.675-05.

APRESENTAÇÃO DOS DADOS

a) A comunicação na relação interpessoal do professor e estudante adolescente

Os conteúdos de comunicação humana e de comunicação terapêutica foram abordados em duas Discussões de Grupo contemplando conceitos, tipos, funções, importância e como acontece o seu uso no cotidiano da prática dos professores com os adolescentes. Embora os participantes não tivessem conhecimento dos conteúdos de comunicação terapêutica, emergiram categorias relativas a esse assunto, bem como dos modos não terapêuticos. Conforme acontecia a teorização e discussão dos conceitos, eles identificavam os comportamentos de ajuda que, embora não soubessem, já tinham na sua prática e, igualmente, os modos não terapêuticos de comunicação presentes na sua relação com os estudantes.

Os sujeitos relataram que a comunicação está relacionada com a emissão de mensagem, com a produção de idéia ou conceito. Para que isso aconteça, utiliza-se a linguagem que deve ser expressa com clareza e objetividade de modo que não propicie interpretação de forma inadequada. Os ruídos também foram colocados pelos participantes como algo que perturba a comunicação entre as pessoas.

“Acho que comunicação é você expressar algo, dizer alguma coisa a alguém, é o ato de se comunicar...”

“Comunicação para mim é a produção de uma idéia, de um conceito, de valores, com linguagem em si mesmo, tem que ser bem natural, bem objetiva, para que não haja uma má interpretação em uma linguagem, na comunicação, qualquer ruído que tenha pode já dar um problema e acabar gerando outro...”

“Na comunicação sempre tem uma mensagem, tem que ter a mensagem.”

Para que haja comunicação é necessário haver a mensagem, conteúdo transmitido, que são enviados por estímulos físicos, verbais ou não, produzidos pelo emissor, que devem possuir o mesmo significado para o destinatário. Ao se emitir uma mensagem por meio dos estímulos físicos, são necessários recursos denominados canais; utilizamos um ou mais, concomitantemente no ato comunicativo. Esses canais são os órgãos dos sentidos, sendo a visão, a audição e o tato, os mais utilizados, sendo que o olfato e o paladar também devem ser considerados(1, 2).

         Além da linguagem, os professores reconhecem outras formas de se estabelecer uma comunicação como a escrita, falada e não verbal, expressa por gestos e expressões do olhar, da face e posturas corporal.

“A comunicação se dá de várias formas, escrita, palavras, visual...”.

“Pode ser escrita, pode ser visual e só em ouvir pode estar se comunicando, eu acho que todo mundo se comunica de alguma forma...”.

O compartilhar idéias e pensamentos, o comunicar-se, pode acontecer por meio das formas verbal e não verbal. A linguagem é um instrumento que a pessoa usa para expressar a sua idéia, partilhar experiência e validar o significado da percepção sobre o assunto. A comunicação não verbal engloba todas as manifestações de comportamento que revelam uma mensagem sem o uso das palavras. É possível comunicar-se utilizando somente a forma não verbal sem utilização da verbal, mas o contrário é quase impraticável. A não verbal, porém, tem de ser validada pela verbal, para que haja um significado comum realmente. O que dá significado às nossas interações com o outro é a percepção destas que se traduz na habilidade para decodificar as mensagens verbais e não verbais. A comunicação não-verbal pode também demonstrar o estado físico e emocional da pessoa com quem nos comunicamos (1,2).

“O corpo fala, querendo ou não você sabe o que funciona através do seu corpo, às vezes você não quer se comunicar falando, você está mais quieta, os colegas já falam, o que você tem? Você não está bem? Não, eu estou bem. Não, você não está bem, eu estou vendo teu rosto, está diferente”.

A linguagem não verbal se origina de três fontes; a primeira é herdada, faz parte do desenvolvimento neurológico do sujeito e pode ser verificada pela expressão da alegria, tristeza, vergonha, surpresa, por intermédio do nosso corpo. A segunda é relacionada ao atendimento das necessidades básicas do ser humano, como o bocejar, devido ao sono e a terceira é constituída pela cultura, classe social e experiências que os indivíduos têm, como exemplo, um olhar dos pais direcionado aos filhos como pedido para “ficarem quietos”. Quanto mais a pessoa se conhecer e souber o que está expressando, maior desenvoltura terá em suas relações interpessoais, pois o conhecimento que possui a respeito dos sinais de comunicação possibilita a percepção e avaliação do grau de aceitação do outro(4).

Para os participantes, a comunicação tem importância em vários aspectos da vida humana: perceber o outro, promover a interação, contribuir na aprendizagem, no desenvolvimento, dentre outros. Ao se referirem a respeito das funções da comunicação, os professores relataram a sua importância para o desenvolvimento da pessoa, pois é essa interação que possibilita trocar experiências e conhecimentos. De uma maneira geral, as funções da comunicação que encontramos no referencial estudado foram mencionadas pelos participantes como “investigação, informação, persuasão e entretenimento” (1:34).

Observa-se que os participantes possuem consciência de que a falha na comunicação repercute no processo ensino aprendizagem, sentida como obstáculo da prática educativa docente, desencadeando nas pessoas e, principalmente, nos estudantes, manifestações como a não satisfação das necessidades de inclusão e afeição. Reconheceram que a falha na comunicação geralmente acarreta diversas dificuldades.

 “Acho que a comunicação tem uma importância fundamental, para a aprendizagem, para a interação. Eu diria que, os grandes problemas que hoje temos é a falta de comunicação. A falta de comunicação gera dificuldades, tanto na escola, quanto nos relacionamentos familiares”.

“Uma das funções da comunicação é a relação entre as pessoas, promove a interação dos mesmos, ela pode ser tanto visual, escrita ou verbal, e que tem um papel fundamental principalmente na educação, ou na família (...) e se ela for falha pode ocorrer vários problemas durante sua interação”.

“Acho que sem comunicação não há desenvolvimento. Não tem como se desenvolver como ser humano se você não se comunicar de alguma forma, seja por gestos, seja por palavras, seja pelo meio que você vai usar para essa comunicação, porque tudo se dá através da comunicação”.

“Às vezes é falta de treino, uma licenciatura, de didática. Eu acho que o professor tinha que ter uma didática para lidar com o ser humano, uma comunicação e postura melhor em sala, porque quem tem só a parte técnica, não tem essa parte. Talvez a mulher ainda tenha mais”.

 b) O professor reconhece a função terapêutica de sua comunicação

Na discussão do tema comunicação terapêutica, os participantes relataram que a identificavam na sua prática docente na escola. Colocaram vários exemplos em que atuam de forma terapêutica e as estratégias que utilizam, como escutar reflexivamente, cultivar uma relação de confiança entre o professor e o estudante e as estratégias para ajudar em sua expressão. De acordo com o exposto no referencial teórico deste trabalho, as estratégias que os professores utilizam para exercer o seu papel terapêutico, quando se relacionam com os alunos, podem ser incluídas em dois grupos. O de expressão: ouvir reflexivamente, usar terapeuticamente o silêncio, verbalizar aceitação, verbalizar interesse e o de clarificação: solicitar ao estudante que precise o agente de ação e descrever os acontecimentos em seqüência lógica.

“Você estava falando, me veio na mente a busca de solução, não sei porque, mas busca de solução para problemas, dúvidas. Comecei a refletir, o tema, e pensei justamente nisso, de você ouvir, mas não é só o ouvir, do meu ponto de vista, é um ouvir de você interagir com esse aluno, buscando sempre essa solução”.

“A palavra terapêutica, eu vejo como uma análise mesmo. Porque quando você está falando para alguém, e este está te ouvindo, às vezes, você mesmo acha alguma solução. Você começa a analisar aquilo que está falando, escuta tua própria voz e o problema que você está falando, nem estou esperando que a pessoa me dê uma solução, eu consigo organizar as idéias e acabo eu mesmo chegando a alguma solução”.

“A maioria das pessoas querem alguém para ouvi-las, muitas vezes você só quer que a pessoa te escute, porque às vezes, você, a pessoa, vai dar uma solução que não cabe a você, e às vezes vai dar um palpite que você analisa e não cabe”.

“Eu acho que a terapia é o aluno conversando com o professor, muitas vezes o próprio professor só escutando o que ele tem a dizer, ele mesmo analisa e vê que aquela posição que defende não é correta”.

         Se o adolescente se sentir satisfeito em suas necessidades de ser aceito, amado e valorizado como pessoa experimentará segurança e confiança. A pessoa que se sente mais apta a expressar seus sentimentos, pensamentos e, livre de ansiedade, pode aspirar satisfazer outras necessidades (1,2,3). Observa-se a confiança que os estudantes possuem na escola e nos professores.

“Já aconteceu de eu estar argumentando e a menina, quieta, e eu falando, o que está acontecendo é isso, isso, e isso. Ela ficou quieta, de repente, começou a chorar, quer dizer, ela tava pensando sobre aquilo, se arriscando a falar, fala, fala, fala, daí ela conta da vida dela para gente. E ela expõe todas as dificuldades que têm em casa, na família e na escola mesmo, devido à confiança”.

“Depois que eles pegam confiança na gente, porque as meninas não falam para as mães, elas vêm aqui e se abre, falando dos problemas, das dificuldades. Com a gente é outra realidade, é diferente”.

“Um dia uma criança foi atropelada na rua e veio correndo aqui para escola. Às vezes, a tensão é tão grande que a pessoa se condiciona. A escola é um porto seguro, lá eu sei quem me atropelou? Talvez não conheça, com certeza não conhece, então procuro alguém que eu conheça, então recorre à gente”.

          As relações interpessoais entre professores e estudantes devem ser as mais significativas possíveis, pois ao vivenciá-las os estudantes poderão também aprender com o modo de ser dos professores. Essas ações formam moralmente os alunos. Portanto, se as relações forem respeitosas, equilibradas e baseadas na coerência, equivalerão a uma relação de respeito mútuo que significa acreditar em sua dignidade e valor, independente de seu comportamento. A habilidade de a pessoa desenvolver a empatia está intimamente relacionada aos sentimentos de confiança, envolvimento emocional e respeito mútuo que ocorrem no relacionamento interpessoal e estudante aprende pela experiência com o professor(1). Os professores expressam como fazem para que o seu relacionamento seja terapêutico, utilizando o saber ouvir e a permanecer em silêncio. 

“É incrível, porque quando você coloca eles para pensar nas atitudes, no que aconteceu, geralmente eles não falam, é difícil tirar alguma coisa deles. Mas eu creio que aquele silêncio que eles ficam, quando estamos argumentando alguma coisa, faz com que eles reflitam sobre a sua ação”.

 “Algum efeito vai existir. Tem que ser bastante paciente e saber que esse silêncio é terapêutico também, ele surge daí também, você faz um pergunta ou então faz eles pensar em alguma coisa, refletirem alguma coisa, e aquela criança, aquele adolescente fica ali, você não pode fazer nada, tem que ficar quieta”.

“Escutar o outro. Não criticar. Aceitar o que a pessoa fala. Não fazer cara. Não chamar a atenção de forma a causar constrangimento”.

“Eu acho que na maioria das vezes ela não consegue se comunicar, não consegue colocar pra fora aquilo que está incomodando ou aquilo que ela não consegue resolver. Enfim, conflitos. E através desse diálogo, dessa escuta, desse terapêutica, a pessoa pode ser ajudada”.

As estratégias para tornar terapêutica a comunicação, não devem ser utilizadas como uma receita pronta, ao contrário, têm de ser individualizados para cada ser humano. Esses guias estimulam a verbalização e clarificação de seus sentimentos e pensamentos; ajudam a perceber as relações entre causa e efeito e a identificar sua participação na experiência. Torna-se então necessário o desenvolvimento da competência interpessoal para que essas estratégias possam ser utilizadas.(1,23).

Quando usadas corretamente, as estratégias do grupo Expressão, levam a pessoa que recebe ajuda a descrever e detalhar suas experiências, refletir em relação a elas e expressar os sentimentos em relação às mesmas. Isso auxilia a pessoa compreender a sua própria experiência, facilitando, a abertura necessária para assumirem seus problemas de modo mais saudável, com alívio da ansiedade(1,3,5).

Embora o ouvir reflexivamente, possa parecer passivo, é um processo ativo que requer energia para concentração e atenção, no que é expresso pela pessoa. Nesse processo é necessário estar atento para não julgar o pensamento que a pessoa expõe, mas pensar reflexivamente a respeito do que está sendo dito, tentando entender também o que está sendo transmitido por meio da comunicação não-verbal e paraverbal, concentrando toda a atenção na pessoa que está transmitindo a mensagem(1,4,5). O ouvir reflexivamente impõe um gasto de energia para compreender as informações da outra pessoa, e o êxito do relacionamento entre o professor e o estudante adolescente depende, em grande parte, dessa capacidade. Sendo que especialmente por meio do “ouvir reflexivo”, associado ao “valor do silêncio” o professor pode conhecer a experiência do aluno e identificar seus sentimentos, problemas e necessidades com mais segurança. Participar do silêncio não é uma tarefa simples, porém essencial para o desenvolvimento da comunicação terapêutica. O silêncio é uma forma adequada de comportamento quando oportuniza às pessoas tempo e reflexão para reorganização e avaliação de seus pensamentos e sentimentos (2:80,5).

Na relação estabelecida em sala de aula, a palavra do professor pode ter muitas conseqüências na vida do estudante adolescente oferecendo, inclusive, elementos para que ele mude seu comportamento. O professor pode, além de motivá-lo e auxiliá-lo, também silenciá-lo. Pela satisfação da necessidade de ser aceito, condição essencial e fundamental para que possamos coexistir, é que a pessoa sente-se confiante e disposta para iniciar uma interação com o outro. Assim, o professor deve transmitir a aceitação ao estudante adolescente, pela expressão da empatia, de forma verbal e não verbal, sem atribuir juízo de valor (1,3).

Os participantes descreveram situações nas quais se identificam modos não terapêuticos, que representam obstáculos à prática docente, à convivência harmoniosa na escola e, conseqüentemente, à um processo educativo efetivo e participativo: não saber ouvir, comunicar-se unidirecionalmente.

“Acho que não sou uma boa ouvinte, porque eu me deparo várias vezes, tendo que me policiar, porque eu falo mais do que ouço”.

 “As vezes falamos, por causa da autoridade que os professores tem na sala a ameaça. Vou tirar tua nota, vou fazer isso, vou fazer aquilo, isso também, porque muitas vezes, a turma é de maiores de idade e pressiona o professor em sala de aula.”

“O que os menores não fazem, os maiores fazem, então, é coisa que você já percebeu. Eles vêm e falam para gente exatamente aquilo que o professor disse e muitas vezes, o professor começa a questionar, e o aluno fica quieto naquele momento. Olha professora, a senhora usa determinado vocabulário em sala de aula, isso não é conveniente e tal, e você já conhece, e ele também sabe, mas ele continua ameaçando.”

         Do mesmo modo que existem técnicas, estratégias ou guias para fazer com que a comunicação torne-se terapêutica, Stefanelli(1,5), afirma, também que na comunicação diária, social e profissional, pode encontrar o que ela denomina de comunicação não terapêutica, como o não saber ouvir o estudante de modo reflexivo(1,6). Para que essas deficiências sejam corrigidas na comunicação, precisa primeiramente, que a pessoa possua a consciência do fato e desenvolva sua habilidade efetuar correção no próprio comportamento.

As barreiras na comunicação são elementos que podem impedir ou dificultar a relação interpessoal(1,6). Na relação que o professor estabelece com o estudante adolescente, especificamente, é necessário atentar para eliminar o máximo de barreiras possíveis, tendo em vista que a comunicação com o adolescente já é prejudicada devido às transformações próprias desta fase.

 c) A especificidade da comunicação do adolescente

Os participantes explicitaram que os adolescentes possuem um modo próprio de se comunicar. Para o professor estabelecer uma relação interpessoal efetiva com seus alunos, ele tem de se comunicar, clarificando e validando esta comunicação. Para haver a comunicação é necessária uma linguagem comum, no entanto, os adolescentes possuem uma linguagem própria. Então, é necessário que os professores tenham conhecimento acerca dessa linguagem, pois isso contribuirá no atendimento das necessidades educativas e expressivas de seus alunos, bem como das características especificas da adolescência, do ponto de vista do adolescente, e não de acordo com as suas próprias concepções. Apesar de muitas vezes não ser entender as gírias ou linguagem dos adolescentes, os professores precisam se esforçar para aprender seu repertório para poder partilhar com eles suas idéias, compreendendo-os e ajudando-os no processo de adolescer, oferecendo-lhes elementos para que possam também reestruturar suas vidas.

“A gente tem que aprender o vocabulário dos alunos, que às vezes falam, mas não falam por maldade e tem professor que leva para esse lado, aí começa a bater boca”.

“A questão da gíria às vezes dificulta a comunicação. Eles utilizam algumas gírias: tipo assim. De manhã, é um tipo assim. Mas o que é tipo assim, eu já perguntei para um deles? Ah, é uma coisa que tá coisando, eles dizem”.

“Professora, deixa eu pegar um bagulho aí na mala? Não dá nada.”

Para estabelecer uma comunicação adequada é necessário que a pessoa adquira a capacidade de compreender o significado da mensagem em todos os aspectos, assim, é preciso que no intercâmbio de mensagens, elas tenham significado comuns, para não afetar essa comunicação. É imperativo conhecer a linguagem, vocabulário, expectativas e crenças, tendo uma idéia da bagagem cultural e experiência de vida que a pessoa com quem se está comunicando possui, além do seu grau de conhecimento, para não tornar a comunicação difícil ou impossível. A dimensão intelectual permite que os seres humanos comuniquem-se sobre o presente e, façam inclusão de fatos do passado com projeção para o futuro(1,2,3,5).  

CONSIDERAÇÕES FINAIS

          Sustentada no referencial da comunicação terapêutica utilizado neste estudo, evidencia-se a relevância de todos os profissionais da área da saúde e da educação envidarem esforços no aprendizado e aprimoramento em se comunicar terapeuticamente, principalmente quando se tratar de adolescentes ou populações especiais. Isto para tornar suas ações mais efetivas possíveis, a fim de obter uma relação interpessoal professor-estudante adolescente com características positivas, menos conflitivas e fornecedoras de confiança.

Neste estudo os professores reconheceram a necessidade de aprender a se comunicar de forma mais adequada, pois assim estarão cumprindo com a sua função social e transformadora que é possibilitar o desenvolvimento humano em vários aspectos. Também, observa-se que os professores se sensibilizaram para o conhecimento da comunicação terapêutica e despertaram para o seu uso na prática educativa. Com o desenvolvimento da competência interpessoal, terão mais chances de estabelecer um relacionamento efetivo com os estudantes adolescentes, carentes de pessoas que mantenham uma relação interpessoal efetiva e afetiva com eles.  

Agindo assim, pode-se perceber que o referencial teórico adotado corrobora a integração das diferentes dimensões do ser humano ― biopsicossocial, espiritual, cultural e intelectual ― pontuadas no curso deste trabalho, visando o crescimento de ambos: professor e estudante, confirmando assim as múltiplas possibilidades de enfoques e espaços para o exercício da profissão na enfermagem.

 REFERÊNCIAS

1.       Stefanelli MC. Comunicação com o paciente: teoria e ensino. São Paulo: Robe; 1993.

2.       Stefanelli MC. Conceitos teóricos sobre comunicação. in: Stefanelli MC, Carvalho MC (org). A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. Barueri, SP: Manole, 2005. p.28-46.

3.       Stefanelli MC. Introdução à comunicação terapêutica. in: Stefanelli MC, Carvalho MC (org). A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. Barueri, SP: Manole, 2005. p. 62-72.

4.       Silva MJ. O aprendizado da linguagem não verbal e o cuidar. in: Stefanelli MC, Carvalho MC (org). A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. Barueri, SP: Manole, 2005. p.47-61

5.       Stefanelli MC. Estratégias de comunicação terapêutica. in: Stefanelli MC, Carvalho MC (org). A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. Barueri, SP: Manole, 2005. p. 73-104.

6.      Stefanelli MC. Comunicação não terapêutica e barreiras à comunicação. in: Stefanelli MC, Carvalho MC (org). A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. Barueri, SP: Manole, 2005. p. 105-17.

7.       Souza RC, Pereira MAA, Kantorski IP. Escuta terapêutica: instrumento essencial do cuidado de enfermagem. R. Enferm UERJ 2003 v.11, p.92-97.

8.       Maftum MA. A comunicação terapêutica vivenciada por alunos do curso técnico de enfermagem. [dissertação: mestrado em enfermagem]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2000.

9.       Backes D, Erdmann A, Silva M, Prado M. A prática do ensinar e aprender administração em enfermagem com base na metodologia freireana. Online Brazilian Journal of Nursing. OBJN 2007; 6 (1). Disponível em: URL:http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/659/155

10.   Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 8 ed., 2004.

Nota: Artigo a partir da Dissertação “As relações interpessoais entre professor e estudante adolescente sustentadas no referencial da comunicação terapêutica: percepções dos professores”. UFPR 2006

Endereço para correspondência: Hellen Roehrs. Rua Dr. Waldemiro Pereira, 1.180 – Capão Raso – Curitiba-PR. CEP: 81.150-150. Telefone: (41) 9944-9339. hellenroehrs@yahoo.com.br

Contribuição dos autores:

- Concepção e desenho: Hellen Roehrs, Mariluci Alves Maftum, Maguida Costa Stefanelli
- Análise e interpretação: Hellen Roehrs, Mariluci Alves Maftum
- Escrita do artigo: Hellen Roehrs, Mariluci Alves Maftum
- Revisão crítica do artigo: Mariluci Alves Maftum, Maguida Costa Stefanelli
- Aprovação final do artigo: Mariluci Alves Maftum, Maguida Costa Stefanelli
- Colheita de dados: Hellen Roehrs
- Pesquisa bibliográfica: Hellen Roehrs

 Received Jul 25th, 2007
 Accept Aug 12th 2007