INVITED EDITORIAL 

Nursing science training for undergraduates: a guide to research

Iniciação científica: trajetória para a pesquisa

Alacoque Lorenzini Erdmann*

Lorita Marlena Freitag Pagliuca*

*Representante da área de Enfermagem no CNPq, CA-EF.

Abstract: This editorial points out the importance of the fellowship for undergraduate nursing students to develop the research competence and the nursing knowledge.

Keywords: Research; Nursing; Nursing Care

Resumo: Este editorial destaca a importância das bolsas de pesquisa para os alunos/as de graduação em enfermagem, de modo que eles/elas possam desenvolver as competências de pesquisa e contribuir para a construção do conhecimento de enfermagem.

Palavras-chave: Pesquisa; Enfermagem; Cuidado de Enfermagem

 

A iniciação científica tem a finalidade de despertar a vocação científica e incentivar novos talentos potenciais entre estudantes da graduação que se destacam em suas áreas. A origem da proposta vem do CNPq, agência nacional de fomento de pesquisa e de formação de recursos humanos. Os pesquisadores com projetos aprovados na agência demandavam cotas de bolsa de iniciação científica no “balcão”, ou seja, concorriam entre si para carrear uma ou duas cotas para dar suporte aos seus projetos. Esta fase do programa respondia a demandas individuais o que representa a tradição de relacionamento da agência com os pesquisadores. A avaliação desta experiência demonstrou um excelente aproveitamento pelo sistema de pós-graduação daqueles candidatos oriundos de bolsa de iniciação científica, estimulando sua expansão.

A etapa seguinte foi a criação de parceria do CNPq com instituições de ensino superior; institutos e demais locais onde floresce a pesquisa. Estava criado o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica conhecido pela sigla PIBIC. Este programa destaca os objetivos de propiciar à instituição um instrumento de formulação de políticas de pesquisa, para a iniciação científica na graduação; estimular uma maior articulação entre graduação e a pós-graduação; estimular o pesquisador/orientador a formar equipes; estimular o envolvimento de novos pesquisadores nas atividades de formação; e introduzir o aluno de graduação no mundo da pesquisa científica. O objetivo é comum entre as duas modalidades, mas parte do gerenciamento passa a ser de responsabilidade da instituição conveniada.

A instituição é analisada na sua capacidade instalada para pesquisa e a infra-estrutura disponível para o programa, estes indicadores estabelecem a cota institucional. Obedecidos aos critérios gerais estabelecidos pelo CNPq, cada instituição seleciona os projetos, pesquisadores e bolsistas de acordo com edital. A operacionalização do programa deve ser acompanhada por comissão interna e consultores externos, sendo estes pesquisadores do CNPq. Esta sistemática de trabalho privilegia o mérito do projeto e a competência do pesquisador e, confirma a tradição de transparência e socialização de decisões implantada pelo CNPq.

Faz parte do compromisso institucional a realização de encontros universitários anuais, momento ímpar de apresentação de resultados das pesquisas, de palestras e mini-cursos e de congraçamento de pesquisadores e estudantes. Os resumos ficam consolidados em anais e muitas instituições premiam os melhores trabalhos conferindo diploma de mérito e custeio para evento nacional.

As fundações estaduais de amparo à pesquisa também se comprometeram com a iniciação científica criando seus próprios programas e estabelecendo parceria com órgãos formadores de nível superior. Nesta mesma linha, as instituições de ensino de nível superior e de pesquisa complementam a demanda com cotas advindas de recursos próprios. Assim diferentes siglas tais como IC-CNPq, PIBIC, IC-FAP, IC-IES, convivem harmonicamente e perseguem o mesmo resultado.

O incentivo aos talentos em pesquisa se concretiza na formação de recursos humanos de qualidade que devem se confirmar em dois produtos objetivos: acesso rápido a programa de pós-graduação e titulação em prazo adequado e, publicação de sua produção científica. Sendo estes os produtos desejados os programas de pós-graduação devem estabelecer critérios que contemplem estes candidatos com um olhar diferenciado, fortalecendo uma política pública de formação de jovens pesquisadores. Quanto à publicação, estes aprendizes de pesquisa concorrem com a massa de pesquisadores para ter acesso aos periódicos científicos, pois quando muito há “uma página do estudante” disponível. Muitos trabalhos publicados não são identificados de pronto pelo leitor como resultado de projetos de iniciação científica ainda que no rodapé conste esta informação.

A produção de conhecimento e a formação de pesquisadores são finalidades primordiais da pós-graduação stricto sensu que deve se iniciar na graduação e se aprofunda e aperfeiçoa na formação do pesquisador mestre e doutor. O programa de iniciação científica deve transcorrer em ambiente de investigação que integra pessoas, espaços e momentos de produção. Desta forma é esperado que haja efetiva articulação entre os diferentes níveis de formação mais qualificada cientificamente para o exercício de um aprendizado centrado na construção contínua do conhecimento. Esta prática profissional sustentada pela investigação tem exigido novas abordagens influindo nas reformulações dos currículos nos diferentes níveis de ensino, bem como, de propostas de novas estruturas pedagógicas.

Esta iniciativa do OBJN de dedicar um número inteiro para trabalhos de estudantes que são bolsistas de iniciação científica dá uma visibilidade merecida ao programa, aos alunos e seus orientadores e temos certeza que o conteúdo dos artigos trará conhecimento novo que em muito contribuirá para a Enfermagem.

Apresentar este Editorial na qualidade de representantes da área de Enfermagem no CNPq se constituiu num importante exercício de reflexão e de compartilhamento de idéias e ideais com a editora do OBJN, com os pesquisadores e com os aprendizes de pesquisa da Enfermagem.

Received: Dec 12th, 2006

Accepted: Dec 12th, 2006