Collection of data for children of 0 - 5 years: construction and validation of an instrument

Construção e validação de um instrumento de coleta de dados para crianças de 0-5 anos.

Kenya de Lima Silva*, Maria Miriam Lima da Nóbrega**

* HULW/ UFPB. E-mail: kenya.lima@ig.com.br; 2 Departamento de Enfermagem em Saúde Pública e Psiquiatria e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem CCS/UFPB. Pesquisadora CNPq. E-mail: miriam@ccs.ufpb.br

 

ABSTRACT. Study of the methodological type that had as objective to construct and to validate of an instrument of collection of data for children of 0 the 5 years taken care of in the Pediatrics Clinic of the University Hospital Lauro Wanderley and to test the operacionalition of the instrument with children of the Pediatrics Clinic.  The same it was I base in the Theory of the Needs Basic Human of Horta.  For the construction of the instrument, it was used specialized literature of the area of pediatrics nursing and pediatrics, for the identification of the manifestations of the needs basic human more frequent in the children of this years band, these had been submitted to the content validation, to nurses of the area, being used in the construction of the instrument alone the manifestations that had presented weighed mean >0.80. In the choice of the format and structure of the instrument, opted if for keeping in the standardized format for the previous Hospital, identification; previous internments/main complaints; human needs basic/physical exam; and the nurse impressions keeping following sequence of the validated needs: oxygenation needs, of nutrition, hydratation and hydrica and electrolytic regulation, needs of elimination, sleep and rest, exercise and physical activity, corporal mechanics, motility, corporal care, physical integrity and mucous cutaneo, needs of thermal, hormonal regulation, neurology, immunology, cellular growth and needs of locomotion, needs of vascular regulation and needs of perception, security, love and acceptance and gregary, needs of communication, leisure and recreation.

Descriptors: Nursing, Need Basic, Collects of data, Nursing process, Child.

 RESUMO. Estudo do tipo metodológico que teve como objetivos construir e validar de um instrumento de coleta de dados para crianças de 0 a 5 anos atendidas na Clínica Pediátrica do Hospital Universitário Lauro Wanderley e testar a operacionalização do instrumento com crianças da Clínica Pediátrica. O mesmo foi embaso na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta. Para a construção do instrumento, utilizou-se a literatura especializada da área de enfermagem pediátrica e pediatria, para a identificação das manifestações das necessidades humanas básicas mais freqüentes nas crianças dessa faixa etária, estas foram submetidas à validação de conteúdo, por enfermeiras da área, sendo utilizadas na construção do instrumento só as manifestações que apresentaram média ponderada ³0.80. Na escolha do formato e estrutura do instrumento, optou-se por mantê-lo no formato padronizada pelo Hospital, identificação, internações anteriores/queixa principal e necessidades/exame físico e impressões da enfermeira, mantendo seguinte seqüência das necessidades validadas: necessidade de oxigenação, de nutrição, hidratação e regulação hídrica e eletrolítica, necessidade de eliminação, sono e repouso, exercício e atividade física, mecânica corporal, motilidade, cuidado corporal, integridade física e cutâneo mucosa, necessidade de regulação térmica, hormonal, neurologia, imunológica, crescimento celular e necessidade de locomoção, necessidade de regulação vascular e necessidade de percepção, segurança, amor e aceitação e gregária, necessidade de comunicação, lazer e recreação.

Descritores: Enfermagem, Necessidade básica, Coleta de dados, Processo de enfermagem, Criança.

 

Introdução

A Enfermagem vem ao longo da sua história enfrentando desafios e buscando caminhos para firmar-se como ciência e profissão. Para isto sente a necessidade de organizar e sistematizar seus conhecimentos através de uma linguagem padronizada, a fim de estabelecer seu papel profissional. A partir da década de 1950, ocorreu um considerável avanço na construção e na organização desse conhecimento, com os Modelos Conceituais de Enfermagem, que foram desenvolvidos por diferentes caminhos, mas todos tendo em comum os conceitos do metaparadigma, ou seja, o ser humano, a Enfermagem, o ambiente e a saúde. Esses modelos serviram como referencial para a elaboração das teorias de enfermagem, que direcionam a assistência de enfermagem prestada ao ser humano (1).

         A utilização dos modelos conceituais de enfermagem tem por objetivo criar um conjunto de conhecimento sistematizado com conceitos e terminologias próprias, aplicáveis à prática, por meio do Processo de Enfermagem, o qual é “um instrumento metodológico de que lançamos mão tanto para favorecer o cuidado, quanto para organizar as condições necessárias para que este seja realizado.” (2:240)

         No Brasil, a divulgação da teoria de enfermagem em conjunto com processo de cuidar ocorreu no final da década de 1960, com a Drª. Wanda de Aguiar Horta. A partir da década de 1970, cresceu o interesse pela aplicação do processo de enfermagem na prática clínica e publicações a respeito da temática são veiculadas com freqüência em periódicos específicos de enfermagem, principalmente por Horta. Entretanto, é nas décadas de 1980 e 1990 que essas publicações aumentam significativamente, de diferentes formas (livros, artigos, dissertação, teses), e escritas por diversos autores referenciando o processo de sistematização da assistência de enfermagem como forma metódica e científica de cuidar.

A aplicação do processo de enfermagem tem apresentado uma série de vantagens na qualidade do cuidado de enfermagem, pois, sua utilização determina prioridade na assistência de enfermagem através da situação atual do paciente com o objetivo de manter a continuidade e a avaliação da assistência (3). Contudo a implantação da sistematização tem encontrado inúmeras dificuldades, mas é necessário que as enfermeiras compreendam a necessidades de registrar seus cuidados.

A Lei do Exercício Profissional (7498/86), em seu Artigo 11, alíneas h e j, respectivamente, referem que são ações privativas do enfermeiro “[...] consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem” e “prescrição da assistência de enfermagem.” (4)  Então, como fazer auditoria se não há registro; como avaliar a qualidade e eficácia do cuidado, se não há nada que confirme tais ações no prontuário do paciente?

Soma-se a este fato, a deliberação pelo Conselho Federal de Enfermagem- COFEN da Resolução 272, de 27 de agosto de 2002, que trata da obrigatoriedade da implantação do Processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem em toda instituição de saúde pública e privada onde se desenvolvam ações de enfermagem (5).

Além disso, o Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar, que vem sendo desenvolvido pelo Ministério da Saúde dentro do Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade de Saúde, exige aos hospitais uma qualificação baseada em três níveis. Para a aquisição do nível de padrão de excelência, é necessário que, os cuidados prestados pela equipe de enfermagem sejam documentados através de planos de cuidados e prescrições de enfermagem, ou seja, etapas do processo de enfermagem (6).

         Toda essa inquietação aconteceu pelo fato de termos trabalhado com o processo de enfermagem durante os estágios teórico-práticos nas disciplinas da graduação, o que nos fez pensar numa Enfermagem embasada num método científico. Atuando dessa forma tivemos a oportunidade de individualizar o cuidar e direcionar a nossa assistência, além de poder visualizar o progresso do paciente diante de nossas intervenções, e não simplesmente associá-lo a medicamentos ou ordens médicas.

Ao término da graduação, e como todo recém formado, a nossa maior expectativa era que o trabalho contribuísse de forma significativa na melhoria da assistência. Com esse objetivo, trabalhamos na área hospitalar e na saúde pública, numa unidade do Programa de Saúde da Família. Entretanto, constatamos que faltava no contexto assistencial o processo de enfermagem, que, para nossa surpresa, tanto na saúde pública quanto na área hospitalar era completamente desconhecido por algumas enfermeiras.

Enquanto aluna do mestrado, inserida na área de Enfermagem Fundamental, cursando os créditos da disciplina de Fundamentos do Cuidar em Enfermagem, deparamos com o processo de construção da sistematização da assistência de enfermagem. Nesse momento, conseguimos enxergar a luta que se trava nos bastidores, antes da sua estréia no palco da prática assistencial, e percebemos o quão importante é ter em mãos um histórico estruturado e fundamentado em uma teoria especifica e apoiado na realidade daqueles que serão assistidos, para então dar seqüência às demais fases do processo de enfermagem.

Diante disso, nasceu nosso interesse em construir um instrumento específico para as crianças da Clinica Pediátrica, mas surgiu uma grande questionamento: para que idade, em função da especificidade das faixas etárias, o instrumento seria feito. Pesquisando o livro de admissão e alta daquele setor, observamos que, no ano de 2002, das 969 crianças internadas, 560 (57,8%) tinham entre 1 dia de nascida e 5 anos de idade.

Como forma de contribuir para o processo de sistematização no HULW, essa pesquisa teve como objetivos construir um instrumento de coleta de dados para as crianças de 0 a 5 anos atendidas na Clínica Pediátrica do Hospital Universitário Lauro Wanderley, fundamentado na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta; fazer a validação de conteúdo do instrumento de coleta de dados com enfermeiras da Clínica Pediátrica – HULW e docentes da disciplina de Enfermagem em Clínica Pediátrica – UFPB; e testar a operacionalização do instrumento de coleta de dados com crianças da referida clínica.

 Percurso Metodológico

A aplicação da sistematização da assistência de enfermagem nas instituições de saúde tem feito emergir um novo campo de pesquisa, como também suscitado a preocupação dos pesquisadores. Pois, para o desenvolvimento do processo de enfermagem, são necessárias algumas ferramentas, entre elas o instrumento de coleta de dados, que deve refletir as necessidades dos pacientes que se pretende investigar e cuidar.

Buscando contribuir para transformação da qualidade da assistência de enfermagem à criança, através do processo de sistematização da assistência, foi realizado este estudo, considerado como do tipo metodológico, que: [...] refere-se às investigações dos métodos de obtenção, organização e análise de dados, tratando da elaboração, validação e avaliação dos instrumentos e técnicas de pesquisa [...]. Sua meta é a elaboração de um instrumento confiável, preciso e utilizável que possa ser empregado por outros pesquisadores (7)

A escolha da Clínica Pediátrica do Hospital Universitário Lauro Wanderley - UFPB, para construção do instrumento da pesquisa, deu-se em função de não existirem instrumentos específicos para iniciar o processo na mesma e ao fato de já existir o processo inserido na prática assistencial de outras clínicas. A Clinica Pediátrica é composta por 32 leitos distribuídos nas enfermarias de metabolismo (10); pneumologia (05); miscelânea (11); isolamento (01); cirúrgica (05). Além desses, a clínica conta também com um Serviço de Pronto Atendimento, dispondo de 6 leitos. A Clínica Pediátrica é, hoje, centro de referência para todo o Estado da Paraíba, atendendo todas as faixas etárias das crianças até o adolescente. A equipe de enfermagem que assiste essas crianças é composta por 13 enfermeiras, 10 técnicas de enfermagem e 26 auxiliares de enfermagem.

O projeto foi submetido à aprovação do colegiado do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem (Mestrado) e encaminhado ao Comitê de Ética do HULW/UFPB, em atendimento à Resolução 196/96, do Ministério da Saúde para aprovação (8). Só depois de aprovado, foi iniciada coleta de dados. As enfermeiras que concordaram em participar da pesquisa assinaram o termo de consentimento e livre esclarecimento autorizando a utilização dos dados sem qualquer ônus para posterior publicação. Como critério para seleção das participantes do estudo foi estabelecido que fossem enfermeiras assistenciais da Clínica Pediátrica - HULW, com experiência na área de pediatria clínica há mais de um ano, e enfermeiras docentes da disciplina de Enfermagem em Clínica Pediátrica da UFPB.

Para a realização da pesquisa, no que se refere ao alcance dos objetivos foram desenvolvidas as seguintes etapas: Fase 1 - (a) revisão de literatura sobre as necessidades humanas básicas e sua aplicação em crianças menores de 5 anos e de instrumentos de coleta de dados desenvolvidos com base na teoria de Horta e direcionados à criança; b) construção do instrumento da pesquisa, levando em conta indicadores identificados na literatura para as necessidades humanas básicas mais evidentes nas crianças menores de 5 anos e nos instrumentos pesquisados; Fase 2 - a) validação, por um grupo de enfermeiras docentes e assistenciais da área de Enfermagem Pediátrica, do grau de relevância dos itens para que os mesmos possam ser incluídos no instrumento de coleta de dados; b) construção da primeira versão do instrumento de coleta de dados, a partir dos itens com grau de relevância ³ 0.80; Fase 3 - a) verificação da operacionalidade clínica do instrumento em crianças hospitalizadas na Clínica Pediátrica feito pelas participantes; b) avaliação da forma de apresentação e do conteúdo de cada parte do instrumento; c) síntese da avaliação das enfermeiras sobre a estrutura do instrumento num grupo focal; Fase 4 - a) correção e elaboração da versão final do instrumento; b) construção de um guia instrucional.

 Resultados

Na busca de construir um instrumento adequado à realidade da Clínica, nos apoiamos na afirmativa de que é necessário um instrumento para o atendimento hospitalar, que facilite a operacionalização do processo e que proporcione a enfermeira condições para visualizar os problemas de enfermagem de forma rápida (9). Desse modo a construção e validação do instrumento de coleta de dados ocorreu em 4 fases, de modo a ressaltar as características das crianças de 0 a 5 anos que serão cuidadas, tornando-as distintas das demais.

Quando construímos um instrumento de coleta de dados, é necessário que o mesmo possua itens validados e que seja capaz de mensurar dados confiáveis junto ao paciente (7) (10) (11). Entretanto, para que o pesquisador disponha de conhecimento sobre a temática que deseja investigar e correlacionar os itens de modo que fiquem organizados do geral para o mais específico, é necessária a realização da revisão de literatura sobre o tema pesquisado.

Na 1ª fase foi feita uma revisão da literatura sobre a teoria das necessidades humanas básicas de Horta, e a definição de cada necessidade com seus respectivos sinais e sintomas para as crianças de 0 a 5 anos. Nesse momento também foram pesquisados os instrumentos de coleta de dados para crianças, que já tinham sido utilizados em pesquisa tendo por base a teoria de Horta.  Após revisão de literatura da teoria e dos instrumentos, foram retirados, todos os indicadores e construído o instrumento da pesquisa, contendo a definição das 21 necessidades humanas básicas, sendo 13 necessidades psicobiológicas com 192 indicadores; 8 necessidades psicossociais (11) com 49 indicadores e as psicoespitituais não fazem parte do instrumento pois na literatura não encontramos indicadores capazes de determinar essa necessidade nas crianças menores de 5 anos.

Um instrumento é valido quando é capaz de medir no fenômeno estudado aquilo que ele se propõe a medir (7) (10) (12). Por esse motivo, quando o pesquisador decide construir o instrumento para desenvolvimento de sua pesquisa ou para que este seja utilizado posteriormente, é necessário submetê-lo à avaliação de especialistas na área onde este será aplicado, a critérios específicos e a testes posteriores, para, só então, ser considerado validado. Em função disso selecionamos a validação de conteúdo, a qual se preocupa com a proporção em que os itens do instrumento ao serem medidos reflitam os pontos importantes e essenciais de realidade que deverá investigar (7) (10) (13).

A 2ª Fase da pesquisa, foi feita através da validação de conteúdo considerando grau de relevância. Para isso, foram entregues 18 exemplares da escala e recebidos 13, sendo 5 de enfermeiras docentes e 8 de enfermeiras assistenciais. Estas enfermeiras julgaram os indicadores tendo como base o conceito de cada necessidade e o grau de relevância do item para estar presente no instrumento. Destas 46,15% tinham entre 31-40 anos e; 30,77% referiram idade entre 41-50 anos, quanto à formação acadêmica 38,46% eram especialistas; 38,46% eram mestres, quanto à experiência na enfermagem 23,08% eram enfermeiras entre 11-15 anos; 30,77% eram profissionais entre 16-20 anos; No item referente a anos de experiência na pediatria, 23,08% trabalhavam na área entre 16-20 anos; 15,38% das enfermeiras informaram que estavam na pediatria entre 21-25 anos

Com a avaliação das enfermeiras docentes e assistenciais sobre os indicadores de cada necessidade em mãos, foi feita a média ponderal para cada item constante no instrumento, considerando os valores atribuídos a cada ponto da escala, utilizando-se a expressão abaixo;

 

Dos 241 itens apresentados às enfermeiras, 135 (55,1%) apresentaram média ponderal >0.80. Dos 135 itens que atingiram média ponderal >0.80, 110 foram distribuídos nas necessidades psicobiológicas, permanecendo as mesmas necessidades apresentadas na 1ª versão e 25 nas necessidades psicossociais, no entanto, sem as necessidades de criatividade e aprendizagem (educação à saúde), uma vez que foram eliminadas por não apresentarem item com média ponderal >0.80.

Quando nos remetemos à pesquisa cientifica, em especial, para a construção de um instrumento que será utilizado para apreender a realidade de uma determinada população, no intuito de evitar erros, a idéia de credibilidade e solidez dos itens que o compõem devem estar presentes durante todo o processo de construção. Diante disso, faz-se necessário que os itens sejam avaliados de forma simultânea e seqüencial. Esse tipo de validação é definida como triangulação, pois utiliza diferentes métodos de modo simultâneo e seqüencial para entender ou examinar o mesmo fenômeno (14). Considerando a aplicação clínica como um método de avaliar a credibilidade dos itens, esta se torna fundamental para avaliar se os itens validados pelas enfermeiras representam, realmente, as necessidades humanas básicas das crianças de 0 a 5 anos atendidas na Clínica Pediátrica.

Na 3ª fase da pesquisa fomos informadas de que a Divisão de Enfermagem do HULW, solicitou a versão final do instrumento para iniciar o Projeto de Implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem naquela Clínica. Seguindo essa fase, foram entregues exemplares do instrumento de coleta de dados para cada enfermeira docente e assistencial que participaram da fase anterior, e solicitado às mesmas que fizessem à aplicação do instrumento em crianças de 0 – 5 anos internadas na Clinica Pediátrica do HULW, anotando as dificuldades quanto à utilização do mesmo, além dos itens que poderiam ser acrescidos ou retirados. Participaram dessa fase 6 enfermeiras assistenciais, as docentes justificaram não participar, pois, em função da greve, não estiveram em campo prático e não conseguiram aplicar o instrumento.

A primeira versão do instrumento foi decomposta em partes e criada uma nova forma de avaliação. O mesmo foi entregue as enfermeiras, solicitando às participantes que avaliassem o instrumento de coleta de dados. Esta avaliação consistia na forma de apresentação do instrumento de coleta, além das partes que o compõe (identificação; motivo da internação; necessidades humanas básicas/exame físico; e as impressões da enfermeira). Essa avaliação tinha por objetivo fazer com que as enfermeiras colocassem em cada item suas sugestões para modificação do mesmo, a fim de tornar o instrumento de coleta ainda mais direcionado as necessidades das crianças atendidas na clínica. Participaram dessa fase 5 enfermeiras assistenciais e 1 docente

Para o encerramento desta fase, as enfermeiras foram convidadas a participarem de uma reunião tendo como técnica guia, o grupo focal, no intuito de fazer com que as dúvidas e sugestões fossem compartilhadas no grupo, do qual resultou as modificações para construção da versão final do instrumento. O encontro foi iniciado com 5 enfermeiras assistência a princípio foi solicitada à assinatura do termo de consentimento livre e esclarecimento das participantes, e a autorização para a gravação da reunião com vistas a posterior publicação.

Foi acordado entre todas que as discussões se manteriam na seqüência do instrumento de avaliação. A princípio, as participantes descreveram suas dificuldades quanto à aplicação do instrumento, dando ênfase ao íntimo relacionamento entre algumas necessidades e a falta de estrutura estilo check list para avaliar os itens das necessidades. Como refere à técnica do grupo focal, as discussões foram centradas numa temática, as necessidades presentes no instrumento, em que cada item do mesmo foi debatido e aberto espaço para as colocações e sugestões, até obter-se o consenso para modificação do mesmo, com supressão ou inclusão de outros indicadores, a fim de facilitar a obtenção do dado junto à criança e ao final obtivemos todas as sugestões para modificação do instrumento

Em seguida foi iniciada a 4ª fase da pesquisa, para estruturação e organização do instrumento com auxílio de todo conteúdo gravado e escrito, com o intuito de apresentar a versão final do mesmo. Após a organização do instrumento foi elaborado um guia instrucional para facilitar e direcionar que informações deverão ser obtidas da criança, no momento de sua admissão para que o processo de enfermagem seja iniciado. Em função do roteiro de coleta ter sido construído para a Clínica Pediátrica do HULW, alguns termos como: escolaridade, nome, procedência, religião, tem por referência o trabalho de Virgínio (15), uma vez que a mesma também validou um instrumento para adultos hospitalizados desta instituição.

 Considerações Finais

Considerando os objetivos iniciais da pesquisa e a trajetória percorrida até o momento, podemos afirmar que os mesmos foram realmente alcançados. Entretanto, esperamos que o instrumento, ao fazer parte da prática assistencial, seja um facilitador da coleta de dados e um caminho para que as demais fases do processo sejam implantadas. A fim de facilitar a operacionalização do processo, bem como melhorar a qualidade da assistência a estes pequenos seres.

Consideramos também que o instrumento aqui descrito representa um avanço no cuidado de enfermagem da Clínica Pediátrica, uma vez que ao pensar em assistir, consideramos principalmente quem é cuidado ou seja, as crianças e a especificidade dessa assistência. Acreditamos e esperamos que este não seja considerado como definitivo, mas que seja um caminho aberto para novas pesquisas, e outros estudos de validação, principalmente a validação clínica para verificar a confiabilidade do instrumento no atendimento às crianças e que possibilite a implementação do processo de sistematização da assistência de enfermagem na Clínica e que contribua para o ensino, no sentido de desmistificar a aplicação do referencial teórico à prática assistencial.

Referências:

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Nota: Trabalho extraído de Dissertação de Mestrado desenvolvida e aprovada no Programa de Pós-graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba.

 Received Nov 22th, 2006

Accept Dec 3rd, 2006