Online Brazilian Journal of Nursing | ISSN: 1676-4285

Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa – UFF

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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA


Produtos e processos tecnológicos para inovação do ensino na saúde: relato de inovação tecnológica


Rita Catalina Aquino Caregnato1, Sophia Costa Almeida1, Patricia Conzatti1, Michel Doebber1, Francine Ullrich Carrazzoni dos Reis1


1Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil


RESUMO

Objetivo: relatar sobre produtos e processos tecnológicos desenvolvidos para a inovação do ensino na saúde. Método: relato sobre a produção de doze egressas orientadas por uma docente permanente de um programa de mestrado profissional de uma Universidade Federal, localizada no Sul do Brasil. Coleta de dados no acervo próprio. Resultados: a maioria das pesquisas foi direcionada ao tema da segurança do paciente, em diferentes contextos de saúde. As tipologias que conduziram os processos tecnológicos foram variadas, sendo o estudo metodológico o mais frequente. Os produtos desenvolvidos foram: nove materiais didáticos instrucionais, a maioria vídeos educacionais disponibilizados na plataforma on-line gratuita; quatro tecnologias sociais, residência multiprofissional em onco-hematologia, programa de navegação em um centro de alta complexidade em oncologia, a tradução e adaptação transcultural da National Early Warning Score 2 para o português brasileiro e programa municipal de segurança do paciente em Porto Alegre; e um evento. Conclusão: os processos tecnológicos permitiram desenvolver quatorze produtos contribuindo para o ensino na saúde e permitindo a integração da Universidade com o serviço de saúde e a comunidade.


Descritores: Ensino; Saúde; Enfermagem; Programas de Pós-Graduação em Saúde; Atividades Científicas e Tecnológicas; Pesquisa.

INTRODUÇÃO

O ensino na saúde é um processo de formação de profissionais que atuam na saúde tornando-o mais qualificado. Na última década, a área da saúde investiu na integração ensino-serviço-comunidade, para garantir formação qualificada aos profissionais. Assim, o ensino na saúde tem se destacado nas políticas de educação e saúde, resultando em uma assistência mais resolutiva e de melhor qualidade(1).

No Brasil, a pós-graduação se divide em lato sensu e stricto sensu, a primeira se refere aos cursos de especializações e programas de residências, a segunda aos Mestrados e Doutorados, acadêmicos e profissionais. Os programas stricto sensu acadêmicos formam indivíduos para atuar na academia, já os profissionais se direcionam na elaboração de um produto para o serviço, respaldado na pesquisa(2).

Os Programas de Pós-Graduação (PPG) stricto sensu são avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), determinando e garantindo o padrão de qualidade dos cursos. As produções científicas e seu impacto social dos programas oferecidos pelas Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil são avaliados periodicamente(3). A CAPES possui nove grandes áreas de conhecimento, distribuídas em 49 áreas(4), o Ensino é da área multidisciplinar classificado como área 46, sendo referência a última avaliação quadrienal (2017-2020)(4-5).

A produção científica dos PPG stricto sensu determina seu desenvolvimento incentivando novas abordagens teórico-metodológicas qualificando a formação de pesquisadores, contribuindo para a produção do conhecimento, educação profissional e desenvolvimento de profissionais críticos(3). PPG em Ensino na Saúde são interdisciplinares e impulsionam o avanço da ciência, tecnologia, inovação, melhorando os serviços de saúde e suas práticas.

A integração desse PPG com prestadores de serviço e a comunidade aproxima os profissionais dos serviços de saúde às práticas pedagógicas, possibilitando a inovação e a transformação dos processos de ensino-aprendizagem. Dessa forma, potencializam ações de educação permanente e articulam a qualificação dos profissionais, a produção científica, a formação de docentes, as estratégias de melhores práticas dos serviços de saúde e maior integração ensino-serviço-comunidade(6).

Docentes de uma Universidade Federal brasileira, impulsionados pela implementação do Projeto Pró-Ensino na Saúde intitulado “Ensino na saúde, uma proposta integradora para o Sistema Único de Saúde”, elaboraram, em 2013, uma Proposta de Curso Novo de Pós-Graduação (APCN) de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde, avaliada e aprovada pela CAPES, com objetivo de fornecer fundamentos teóricos, conceituais e metodológicos a um público multiprofissional que trabalha em diversas áreas da saúde executando práticas de ensino, formal ou informal. Com base nos trabalhos realizados pelas orientandas de uma docente permanente deste programa surgiu a motivação de escrever este artigo que objetiva relatar sobre produtos e processos tecnológicos desenvolvidos para a inovação do ensino na saúde.


MÉTODO

Trata-se de um relato sobre as pesquisas que geraram produtos de doze egressas orientadas por uma docente enfermeira inserida na linha de pesquisa “Integração universidade, serviço de saúde e comunidade”.

O PPG stricto sensu em Ensino na Saúde (PPGENSAU) ofertado por uma Universidade Federal brasileira, única especializada em saúde, localizada na região Sul do Brasil, foi o primeiro PPG Profissional dessa Universidade, iniciando suas atividades em 2014(7). Por tratar-se de uma Universidade pública todos os cursos ofertados, dezesseis de graduação e vinte e um PPG, nove lato sensu e doze stricto sensu(8), são gratuitos.

O PPGENSAU iniciou com treze professores permanentes da área multiprofissional. De 2014 até setembro de 2023, período integralmente relatado nesta pesquisa, a docente pesquisadora orientou quinze mestrandas, sendo apresentado neste relato a produção de doze egressas (dez enfermeiras, uma farmacêutica e uma fisioterapeuta). As temáticas abordadas foram: Educação em Saúde; Centro de Materiais e Esterilização; Centro Cirúrgico; Terapia Intensiva; e Segurança do paciente na área hospitalar.

Os resultados foram analisados e interpretados por meio da revisão do acervo próprio da docente, com método descritivo, focando na identificação dos tipos de processos tecnológicos desenvolvidos, seus produtos e contribuição para o ensino na saúde, sendo apresentados em uma figura, classificando o produto gerado pela pesquisa, conforme consta na “Ficha de Avaliação” dos Programas Acadêmicos e Profissionais da Área 46 de Ensino. Os produtos vinculados à dissertação/tese ou desenvolvidos por discentes/egressos envolvendo docentes do PPG são denominados de Produção Técnica-Tecnológica (PTT), classificados pela CAPES como PTT1 até PTT10, com uma pontuação para cada PTT(5).


RESULTADOS

A figura 1 apresenta as pesquisas realizadas por doze egressas do PPGENSAU, as metodologias utilizadas e a classificação da PTT, conforme área 46 de ensino.


Figura 1 - Dissertações com suas abordagens metodológicas e produtos gerados no PPGENSAU de uma universidade federal orientados por uma docente, no período de 2014 até 2022.



DISCUSSÃO

Na figura apresentada são evidenciadas doze pesquisas realizadas pelas egressas. Entre essas, duas pesquisas geraram dois produtos cada, resultando em quatorze produtos. Na ficha de avaliação da CAPES há um item para avaliar a qualidade da produção intelectual dos discentes e egressos, classificando cada PTT e atribuída uma pontuação para cada uma dessas, sendo os estratos superiores T1 a T3(5). As produções mais presentes na Figura 1 são definidas pela CAPES como: “PTT1 - Material didático/instrucional: propostas de ensino, envolvendo sugestões de experimentos e outras atividades práticas, sequências didáticas, propostas de intervenção, roteiros de oficinas; material textual, como manuais, guias, textos de apoio, artigos em revistas técnicas ou de divulgação, livros didáticos e paradidáticos, histórias em quadrinhos e similares, dicionários; mídias educacionais, como vídeos, simulações, animações, videoaulas, experimentos virtuais e áudios; objetos de aprendizagem; ambientes de aprendizagem; páginas de internet e blogs; jogos educacionais de mesa ou virtuais, e afins; entre outros; PTT3 - Tecnologia social produtos, dispositivos ou equipamentos; processos, procedimentos, técnicas ou metodologias; serviços; inovações sociais organizacionais; inovações sociais de gestão, entre outros(5)".

Observa-se, na Figura 1, nove produtos classificados como PTT1 material didático/instrucional, quatro como PTT3 tecnologias sociais e uma como PTT5 Evento Organizado, indicando uma predominância de pontuações mais altas para o PPG. As quatro pesquisas que resultaram em tecnologias sociais foram: Programa de Residência Multiprofissional em Onco-Hematologia; Programa de navegação para pacientes oncológicos; National Early Warning Score 2 adaptação transcultural para o português do Brasil; e Programa Municipal de Segurança do Paciente em Porto Alegre.

O produto “Programa de Residência Multiprofissional em Onco-Hematologia” foi estruturado com base na experiência da egressa; na implementação da Portaria nº 140, de 2014 do Ministério da Saúde (MS); nas diretrizes do planejamento estratégico da instituição hospitalar; e no Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade Federal cujo foco era ampliação de cursos e programas de graduação e pós-graduação. O produto foi desenvolvido por meio de um planejamento estratégico das ações eficiente, buscando suprir a necessidade de profissionais capacitados na área da oncologia e oferecer uma assistência de saúde qualificada alinhados com a evolução tecnológica e novos produtos(). Implementado em 2015, o programa qualifica, anualmente, oito profissionais das áreas de: enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e nutrição. Esses residentes são capacitados para planejar, implementar e avaliar serviços de oncologia conforme políticas e diretrizes do SUS(9).

Produto inédito no Brasil “um programa de navegação para pacientes oncológicos adaptado para a realidade de um Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) brasileiro” foi desenvolvido para oferecer assistência especializada e integral aos pacientes oncológicos de cabeça e pescoço, conforme previsto na Política Nacional para a Prevenção e o Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Antes da publicação deste produto, esse tipo de programa era exclusivo em países desenvolvidos(12). Idealizou-se um programa liderado por enfermeiros, com o objetivo de guiar pessoas diagnosticadas ou com suspeita do diagnóstico oncológico e facilitar o acesso ao tratamento dentro dos prazos recomendados, promovendo sua adesão(12). Este estudo desencadeou outros estudos nessa área e oportunizou novo campo de atuação para enfermeiros no Brasil.

Considerada uma produção de tecnologia social, a tradução para o português do Brasil do instrumento National Early Warning Score 2, ferramenta criada pelo Royal College of Physicians, atualizada em dezembro de 2017 e, no ano seguinte, foi adaptada de forma transcultural, permite avaliar a deterioração clínica dos pacientes, em hospitais brasileiros(13). A fragilidade identificada, na prática brasileira, em que muitos escores são traduzidos, de maneira literal, motivou a realização deste estudo metodológico de adaptação transcultural da escala, fundamentado no referencial de Beaton et al. Autorizado pelo Royal College of Physicians seguiu as etapas de tradução, síntese de traduções, tradução reversa e avaliação de comitê de especialistas das equivalências semânticas, idiomáticas, conceituais e culturais de cada item traduzido(13). A adaptação transcultural e suas etapas garantem equivalência entre o produto final e o original. O resultado foi uma ferramenta altamente reproduzível, aplicável para o ensino, pesquisa e área de gestão hospitalar, beneficiando a assistência(13).

Outra produção tecnológica social foi a “Implantação de um programa municipal de segurança do paciente em Porto Alegre”. Resultado da experiência profissional da egressa no órgão de regulação da Vigilância Sanitária de Porto Alegre, o programa foi planejado com a contribuição de um grupo de experts no tema, visando promover práticas seguras nos serviços de saúde(6). Como resultado, em conjunto com o Programa Municipal de Segurança do Paciente de Porto Alegre, foi criada uma portaria regulamentadora que estabelece a segurança do paciente como uma política pública de saúde(14).

A importância do CME, no hospital, impulsionou a pesquisa intitulada "Desinfecção térmica de produtos para saúde e sua preservação em sistema de barreira". Inicialmente foi realizada uma pesquisa experimental para fundamentar o produto a ser desenvolvido. A experiência da egressa como gestora de um Centro de Material e Esterilização de um complexo hospitalar instigou a realização da pesquisa para verificar o tempo da preservação da desinfecção de produtos semicríticos utilizados na assistência respiratória. A efetividade do processo foi obtida através de exames microbiológicos, comprovando a boa prática. Os resultados subsidiaram a construção de um vídeo educativo sobre Processamento de Produtos para a Saúde semicríticos utilizados na assistência respiratória para os profissionais da área da saúde(10). Tal prática impulsionou a rotina assistencial e o vídeo foi incorporado no ensino da graduação de Enfermagem e divulgado no YouTube para acesso público(21).

Outra pesquisa buscou conhecer o entendimento dos profissionais atuantes na Atenção Primária em Saúde (APS) sobre boas práticas realizadas no Processamento de Produtos de Saúde, investigando o tema em três etapas: revisão integrativa; pesquisa exploratória descritiva com abordagem quantitativa; e elaboração de vídeos educacionais. Na primeira etapa foram selecionados dez artigos que reforçavam a importância de intervenções educacionais para capacitação dos profissionais de saúde(22). Na segunda, foram evidenciados entre os participantes inúmeras carências sobre o Processamento de Produtos de Saúde, que inferiram dúvidas e lacunas de conhecimento desse enfoque, em função da diversidade de atividades nas unidades de Atenção Primária a Saúde, contudo, demonstraram dominar suas práticas e rotinas, valorizando a relevância da temática de reprocessamento seguro(18). Com base nesses resultados, foram construídos três vídeos educacionais, abordando a recepção, inspeção, limpeza, preparo, acondicionamento, desinfecção, esterilização e armazenamento dos produtos para saúde. Essa tecnologia educacional, disponibilizada gratuitamente, busca fortalecer e estimular o ensino e aprendizagem, capacitando profissionais de enfermagem e da odontologia, promovendo boas práticas e visando melhorar os serviços de saúde relacionados ao Processamento de Produtos de Saúde na Atenção Primária à Saúde(23).

Pesquisa experimental desenvolvida sobre a antissepsia cirúrgica alcoólica das mãos dos cirurgiões permitiu gerar um recurso educativo digital, fundamentado em evidências, abordando um dos temas centrais da segurança do paciente, a prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). A finalidade foi disseminar boas práticas entre os profissionais da saúde e prevenir as infecções, evitando a contaminação do sítio cirúrgico, através da antissepsia cirúrgica das mãos da equipe(11). Além de fomentar a discussão científica, foi identificada a inexistência de materiais educativos visuais, que demonstram a prática com qualidade. Assim, foi construído um vídeo educativo, demonstrando as duas formas de antissepsia cirúrgica para a equipe cirúrgica, utilizado para o ensino acadêmico de Enfermagem(24).

Outra pesquisa qualitativa realizada em um CC, com enfermeiras, emergiu da necessidade evidenciada pela egressa de melhorar a segurança do paciente, preocupada com o risco de lesão de pele, advindo do posicionamento cirúrgico e da imobilidade do paciente durante a cirurgia. A pesquisadora buscou implementar estratégias educacionais de aprendizagem no ambiente de trabalho, estimulando o senso crítico, e a colaboração dos profissionais na etapa de avaliação de riscos de lesão de pele do paciente cirúrgico(15). Assim, a investigação fundamentou um produto educacional, o “Manual Educacional: estratégias de ensino na saúde inspirada na aprendizagem baseada em problemas” a ser usado por outros profissionais da área da saúde norteando a implementação de estratégias educacionais que auxiliem na segurança do paciente(25).

Ainda, na área da segurança do paciente, estudo multicêntrico, realizado em seis hospitais brasileiros, buscou conhecer a cultura de segurança do paciente pelos profissionais da saúde e, posteriormente, desenvolver um plano educacional para fortalecê-la. Egressa envolvida no Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) realizou a investigação em duas etapas: estudo documental retrospectivo dos hospitais participantes; e elaboração do plano educacional. A primeira etapa utilizou dados coletados por um instrumento que quantificou a percepção dos participantes referente à cultura de segurança do paciente em cada hospital, evidenciando suas potencialidades e fragilidades. Os resultados dessa etapa permitiram desenvolver um plano educacional direcionado à cultura de segurança do paciente para as instituições de saúde, disponibilizado ao MS e às instituições participantes da pesquisa, com a finalidade de fortalecer a temática(17).

Educação baseada em simulação é uma estratégia altamente difundida para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde, o ensino na saúde requer ações metodológicas e estratégias pedagógicas que permitam a experiência do aluno ou profissional no processo ensino-aprendizagem, melhorando o desenvolvimento dos conhecimentos, habilidades, atitudes e resultados, com metodologias seguras. Assim, uma egressa promoveu aprendizagem experimental com lideranças em uma instituição de saúde, acerca de comportamento de seguridade, com simulação realística. A pesquisa foi constituída por três etapas: experimental retrospectivo; aplicação de um plano educacional para o fortalecimento da cultura de segurança para as lideranças que participaram da pesquisa; e desenvolvimento de dois cenários de simulação através do método NLN Jeffries Simulation Theory avaliados por um grupo de seis juízes especialistas. Após a aplicação da simulação, foram mensuradas a satisfação e autoconfiança dos participantes. Esse estudo desenvolveu como material didático dois cenários de simulação realística para aplicação aos alunos e profissionais da saúde, melhorando e qualificando os cuidados assistenciais nos serviços de saúde(20).

Farmacêutica, egressa do programa, investigou a percepção e as práticas de farmacêuticos clínicos e docentes universitários de cursos de farmácia no Brasil, em relação ao desempenho e desenvolvimento relacionados ao registro das atividades em prontuário para, posteriormente, construir um produto educativo. A pesquisa ocorreu em três etapas: revisão integrativa; estudo transversal quantitativo; e elaboração do produto educativo(16). Os resultados das duas primeiras etapas fundamentaram a elaboração da tecnologia educacional, produzindo três vídeos que abordam o registro/evolução do farmacêutico no prontuário do paciente, disponibilizada gratuitamente para o ensino(24).

Pesquisa sobre Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) investigou o entendimento e a recomendação de experts brasileiros em ATS sobre “protocolo de uso”, utilizando a metodologia Delphi modificada. A pesquisa permitiu conhecer a opinião dos especialistas e fundamentar a elaboração de um e-book sobre o tema investigado direcionado aos profissionais da saúde, contribuindo para um cuidado mais qualificado baseado em evidências e incentivando a inovação no uso das tecnologias em saúde em prol de uma assistência qualificada, padronizada e segura(19).

Este estudo se limitou em apresentar produções de egressas orientadas por uma docente, contudo, permite ao leitor uma visão sobre o mestrado profissional e como se desenvolve um produto. Os produtos e processos tecnológicos desenvolvidos implicam na inovação do ensino na saúde, promovendo integração entre instituições de ensino, serviços de saúde e comunidade.


CONCLUSÃO

Este artigo destacou os resultados de doze pesquisas tecnológicas produzidas por egressas de um programa de mestrado profissional em saúde. A maioria das pesquisas evidenciou o tema “segurança do paciente” em diferentes contextos de saúde. Dos quatorze produtos resultantes, nove foram materiais didáticos/instrucionais, quatro tecnologias sociais, e um evento organizado. Os produtos de tecnologias sociais foram sobre: ensino no formato de residência multiprofissional em onco-hematologia; programa de navegação aos pacientes oncológicos; escala para avaliação da deterioração clínica do paciente internado; e portaria para a melhoria da segurança dos pacientes internados em hospitais de Porto Alegre. Os materiais educativos produzidos incluíram vídeos, manual, e-book, plano educacional e cenários de simulação. Todos emergiram das necessidades práticas vivenciadas pelas egressas durante a atuação profissional. Os produtos apresentados se inserem na linha de pesquisa “Integração universidade, serviço de saúde e comunidade” e na área de pesquisa da docente.

Acredita-se que este artigo tenha potencial para ajudar futuros candidatos ao stricto sensu que não conhecem a dinâmica do mestrado profissional. As pesquisas e produtos divulgados podem desencadear reflexões sobre as necessidades no ambiente de trabalho, gerando futuras pesquisas e produtos.


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Submissão: 28-Mai-2024

Aprovado: 17-Out-2024






Como citar: Caregnato RCA, Almeida SC, Conzatti P, Doebber M, Reis FUC. Technological products and processes for innovation in health education. Online Braz J Nurs. 2025;23 Suppl 1:e20256776. https://doi.org/10.17665/1676-4285.20256776