ORIGINAL

 

O efeito da pandemia por COVID-19 no atendimento da síndrome coronariana aguda: coorte retrospectiva

 

Alexandra Nogueira Mello Lopes1, Michelle Dornelles Santarém2, Mariur Gomes Beghetto2

 

1Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil

2Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

 

RESUMO

Objetivo: avaliar a contribuição da pandemia por COVID-19 sobre os tempos de atendimento e desfechos clínicos de admissões relacionadas à Síndrome Coronariana Aguda. Método: Coorte retrospectiva. Os dados foram analisados pelo SPSS, versão 20.0, empregados em testes paramétricos e não paramétricos para comparar os grupos. Aplicado o Modelo linear generalizado para análise multivariada. Resultados: Incluídos 434 pacientes no período pré-pandemia e 430 durante a pandemia. Delta-t foi maior no período durante a pandemia (p=0,003). Não encontramos diferença nos tempos de atendimento e mortalidade. Admissão no período da pandemia (RR1,56; IC95%:1,30-1,87) e ter diagnóstico de cardiopatia isquêmica prévio (RR1,82; IC95%:1,50-2,20) foram associados ao aumento do Delta-t. Conclusão: Não houve diferença no número de pacientes que acessou a emergência por Síndrome Coronariana Aguda nos períodos analisados. Apesar do Delta-t ter sido maior durante a pandemia, não foram observados piores desfechos clínicos.

 

Descritores: Síndrome Coronariana Aguda; COVID-19; Serviço Hospitalar de Emergência.

 

INTRODUÇÃO

A pandemia por COVID-19 representou um grande desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo e influenciou de forma negativa o padrão de cuidados para pacientes com necessidade de intervenções urgentes(1). A manutenção do atendimento nas emergências, incluindo a infraestrutura hospitalar, a capacidade e as condições de atendimento pelas equipes de saúde durante a pandemia foram influenciadas(2,3). A recomendação dada pelas autoridades de saúde de que a procura pelo atendimento hospitalar ocorresse somente em casos graves, associada ao medo da população de se expor ao vírus, pode ter impactado no diagnóstico, tratamento e prognóstico de várias outras condições clínicas(1-3)

No caso de Síndrome Coronariana Aguda (SCA), a intervenção coronária percutânea (ICP) oportuna, os tempos de atendimento na emergência adequados e o tempo de porta-balão para menos de 90min(4-7) reduzem a mortalidade. O tratamento precoce da SCA possibilita menor número de arritmias ventriculares, redução do tamanho do dano miocárdico, menores incidências de reinfarto e maior preservação da função ventricular(8).

Durante a pandemia houve relatos de aumento no tempo da procura de cuidados médicos para a SCA, bem como taxas de complicação e mortalidade(9-18). Com a necessidade de modificações nos fluxos de atendimento para implementação de barreiras de biossegurança necessárias contra o Coronavírus, o tempo para realização da ICP foi afetado(1).

No Sul do Brasil, um hospital público universitário que já era de referência para atenção ao paciente com SCA, tornou-se referência para o tratamento de pacientes com COVID-19 grave, Apesar de ter sido responsável pelo atendimento de cerca de 50% de todos casos graves do estado, até o momento, ainda não foi descrita na literatura qual foi a influência da COVID-19 sobre o atendimento a pacientes com SCA no cenário. Também, dados sobre a reorganização dos serviços de emergência, descrevendo os tempos de atendimento durante a pandemia são escassos.

Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar a contribuição da pandemia por COVID-19 sobre os tempos de atendimento e desfechos clínicos de admissões relacionadas à Síndrome Coronariana Aguda em um Serviço de Emergência.

 

MÉTODO

Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, realizado em um Serviço de Emergência de um Hospital universitário do sul do Brasil, referência no atendimento a pacientes com SCA e referência para atendimento de pacientes com coronavírus desde o início da pandemia em 2020. Foram elegíveis os adultos (idade >18 anos), de ambos os sexos, atendidos entre 01 janeiro de 2019 a 20 de agosto de 2021 com dor torácica e que receberam CID 10 I21 – Infarto Agudo do Miocárdio, e subcapítulos, a qualquer momento da hospitalização. Para fins do presente estudo, o processo de atendimento em vigência da pandemia por COVID foi considerado como o principal fator de exposição. Assim, os pacientes atendidos entre 01 de janeiro de 2019 a 17 de março de 2020 integraram o grupo não exposto, enquanto os pacientes atendidos entre 18 de março de 2020 (data do registro do primeiro caso no hospital em questão) a 20 de agosto de 2021 compuseram o grupo exposto.

Os dados foram oriundos da base de dados da instituição e foram fornecidos pelo Setor de Tecnologia de Informação, a partir de critérios fornecidos pelas pesquisadoras. O conjunto de dados foi entregue às pesquisadoras em formato de planilha eletrônica, ordenados de acordo com as variáveis listadas por elas na requisição de query (relatório eletrônico de consulta ao banco de dados). Adicionalmente, os prontuários de todos os pacientes foram revisados, a fim de checar registros referentes aos tempos decorridos no processo de atendimento ao paciente, que são rotineiramente anotados pelas equipes durante a assistência.

A análise descritiva de variáveis contínuas foi precedida pela avaliação da distribuição, por meio de teste de Shapiro Wilk. As variáveis categóricas foram comparadas através dos testes de qui-quadrado e as variáveis contínuas por Teste de Mann-Whitney. Para análise das variáveis que contribuíram para o aumento do tempo delta-t foi realizado Modelo linear generalizada (MLG) com distribuição gama, pois a variável delta-t tem distribuição assimétrica positiva. O estudo foi aprovado quanto a seus aspectos éticos e metodológicos (CAAE: 30797320.8.0000.5327).

 

RESULTADOS

No período de janeiro de 2019 a agosto de 2021, 2.212 pacientes foram atendidos no serviço de emergência por queixa de dor torácica e tiveram o CID 10 I21 (Infarto agudo do miocárdio e subcapítulos) listados. Destes, 864 efetivamente trataram-se de SCA naquela internação e preencheram os critérios de elegibilidade, sendo 434 no grupo pré-pandemia e 430 no grupo durante a pandemia (Figura 1).

 

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Figura 1 - Fluxograma da seleção de pacientes para a pesquisa, de acordo com os critérios de elegibilidade. Porto Alegre, RS, Brasil, 2022

 

O grupo de pacientes atendidos no período pré-pandemia assemelhou-se ao grupo que foi atendido durante a pandemia quanto a idade, sexo, cor da pele, procedência, doenças prévias, etilismo e tabagismo (p >0,05 para todas as comparações). No entanto, diferiram quanto à classificação de risco (p < 0,001) e tipo de SCA (p = 0,023). No que se refere à classificação de risco, enquanto no período durante a pandemia, maior proporção de pacientes não recebeu classificação imediata, no período pré-pandemia houve maior proporção de pacientes classificados como Emergência e Muito Urgente. Em relação ao tipo de SCA, a SCACSST foi mais incidente no período pré-pandemia, ao passo que a Síndrome Coronariana Aguda Sem Supra de ST (SCASSST) foi mais incidente durante a pandemia (Tabela 1).

 

Tabela 1 - Comparação entre as características dos pacientes nos períodos pré-pandemia (n=434) e durante (n=430) a pandemia. Dados expressos como média±desvio padrão ou mediana (P25 – P75), números absolutos (números relativos), conforme características das variáveis. Porto Alegre, RS, Brasil, 2022

 Variáveis

Pré-pandemia   (n=434)

Pandemia

 (n=430)

 P

 Sexo, masculino

260 (59,9)

269 (62,6)

0,466 q

 Idade, anos

64,8 ± 12,1

63,8 ± 11,7

0,619q

 Estado civil

 

 

0,326q

 Casado

227 (52,3)

212 (49,3)

 

 Solteiro

108 (24,9)

117 (27,2)

 

 Divorciado

27 (6,2)

26 (6,0)

 

 Separado

16 (3,7)

18 (4,2)

 

 Viúvo

54 (12,4)

48 (11,2)

 

 Outros

2 (0,5)

9 (2,1)

 

 Procedência

 

 

0,279q

 Porto Alegre

220 (50,7)

195 (45,3)

 

 Região Metropolitana

132 (30,4)

148 (34,4)

 

 Interior do estado RS

82 (18,9)

87 (20,2)

 

 Doenças prévias

 

 

 

  HAS

35 (54,7)

55 (48,2)

0,504q

  DM

18 (28,1)

29 (25,4)

0,831q

  Câncer

16 (25)

19 (16,7)

0,252q

DPOC

6 (9,4)

11 (9,6)

1,000q

  IRC

13 (20,3)

13 (11,4)

0,163q

  ICC

6 (9,4)

8 (7)

0,787q

  CI

6 (9,4)

9 (7,9)

0,952q

 Etilismo

 

 

0,075q

 Não

390 (81,9)

365 (84,9)

 

 Sim

10 (2,3)

18 (4,2)

 

 Ex etilista

34 (7,8)

47 (10,9)

 

 Tabagismo

 

 

0,508q

 Não

189 (43,5)

173 (40,2)

 

 Sim

143 (32,9)

143 (33,3)

 

 Ex tabagista

102 (23,5)

114 (26,5)

 

Cor da pele (autodeclarado)

 

 

0,181 q

 Branca

390 (89,9)

382 (88,8)

 

 Negro

32 (7,4)

42 (9,8)

 

 Parda

12 (2,8)

6 (1,4)

 

Classificação de risco pelo SMT

 

 

<0,001 q

  Sem Classificação*

17 (3,9)

89 (20,7)

 

  Emergência*

28 (6,5)

15 (3,5)

 

  Muito Urgente*

368 (84,8)

309 (71,9)

 

  Urgente

21 (4,8)

16 (3,7)

 

  Pouco Urgente

0 (0)

1 (0,1)

 

 Tipo de SCA

 

 

0,023 q

  SCACSST*

280 (64,5)

240 (55,8)

 

  SCASSST*

120 (27,6)

155 (36,0)

 

  AI

34 (7,8)

35 (8,1)

 

*Resíduos ajustados mostraram diferença de proporções entre os períodos. Variáveis categóricas expressas como n (%). Variáveis numéricas descritas como mediana (P25-P75). Testes utilizados MW: Mann-Whitney, q: Qui-quadrado bivariado. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabete Mellitus (DM), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Insuficiência Renal Crônica (IRC), Cardiopatia Isquêmica (CI), Sistema Manchester de Triagem (STM), Síndrome Coronariana Aguda (SCA), Síndrome Coronariana Aguda com Supra de ST (SCACSST), Síndrome Coronariana Aguda sem Supra de ST (SCASSST), Angina Instável (AI).

 

A mediana de tempo, expressa em horas, entre o início dos sintomas do paciente até sua chegada à emergência (Delta-t) foi maior durante a pandemia (7h vs 10h; p = 0,003). O mesmo foi observado em relação ao tempo, em minutos, entre a chegada do paciente à emergência e a consulta médica (13 vs 16; p = 0,014) e o tempo, em horas, até o registro do 2º ECG no prontuário eletrônico (1h16min vs 2h04min; p < 0,001), maiores no período durante a pandemia. Apesar disso, a mediana de tempo total de atendimento no serviço de emergência foi semelhante entre os dois períodos (p = 0,799) (Tabela 2).

 

Tabela 2 - Comparação entre os grupos antes (n=434) e durante (n=430) a pandemia quanto aos tempos decorridos em cada etapa do processo de atendimento aos pacientes com SCA em um Serviço de Emergência. Porto Alegre, RS, Brasil, 2022

Variáveis

Pré-pandemia (n=434)

Durante    

pandemia (n=430)

P

Delta-t horas

7 (4 – 24)

10 (4 – 48)

0,003MW

Chegada – acolhimento e 1º ECG (min:seg)

4:50 (2:05-10:24)

5:36 (1:06-13:24)

0,174 MW

Acolhimento - consulta médica (min:seg)

6:57 (2:57-15:40)

7:27 (3:00-17:10)

0,414 MW

Chegada – consulta médica (min:seg)

13:39 (7:05-24:52)

16:24 (7:29-27:53)

0,014 MW

Chegada até o 2º ECG registrado no prontuário eletrônico (h:min)

1:16 (0:37-4:03)

2:04 (0:48-5:52)

<0,001 MW

 

Tempo porta-balão (n=642) (h:min)

1:12 (0:40-6:49)

     (n=327)

1:32 (0:53-9:41)

      (n=319)

0,097 MW

Tempo total de atendimento na emergência (dias)

6 (4,75 – 10)

6,5 (5 – 10)

0,799 MW

*Resíduos ajustados mostraram diferença de proporções entre os períodos. Variáveis numéricas descritas como mediana (P25-P75). Foi utilizado MW: Mann-Whitney. Eletrocardiograma (ECG).

 

O Delta-t médio foi significativamente maior no grupo durante a pandemia em relação ao grupo pré-pandemia (Modelo 1, bruto, sem ajuste). Quando a média do Delta-t foi ajustada para fatores de confundimento (características clínicas e sociodemográficas), observou-se a manutenção entre a diferença de tempo. Nos modelos testados a diferença média variou, aproximadamente, entre 7h e 11h, sempre maior no período durante a pandemia (Tabela 3).

 

Tabela 3 – Comparação entre as médias do Delta-t nos grupos pré-pandemia (n=434) e durante (n=430) pandemia. Porto Alegre, RS, Brasil, 2022

Modelos

Pré-COVID

Durante COVID

Valor p¥

Modelo 1

20,491

28,886

<0,001

Modelo 2

19,936

30,878

<0,001

Modelo 3

18,683

29,598

0,000

Modelo 4

13,061

20,462

0,002

¥ Modelo linear generalizado com distribuição Gamma para o desfecho Delta-t horas 

Modelo 1: Variável Grupo (Pré-pandemia ou durante pandemia)

Modelo 2: Modelo1 + HAS+ CI+ ICC+ CA

Modelo 3: Modelo 1 + Modelo 2 + DM + Dislipidemia + Etilismo + Tabagismo + DRC

Modelo 4: Modelo 1 + Modelo 2 + Modelo 3 + Escolaridade + Cor da pele + Estado Civil + Cidade de Procedência.

 

De fato, quando realizada a modelagem inserindo todas as variáveis clínicas e sociodemográficas, as únicas que, de modo independente, contribuíram para o aumento do Delta-t médio, foram o atendimento na emergência no período durante a pandemia (RR 1,56; IC95%: 1,30-1,87) e ter diagnóstico de cardiopatia isquêmica prévio (RR 1,82; IC95%: 1,50-2,20) (Tabela 4).

 

Tabela 4 - Modelo 1 para identificação de variáveis associadas ao aumento do tempo Delta-t. Porto Alegre, RS, Brasil, 2022

Variáveis

RR bruto (IC95%)

RR ajustado (IC95%)

Período COVID

1,41 (1,17-1,70)

1,56 (1,30-1,87)

CI

1,70 (1,40-2,05)

1,82 (1,50-2,20)

RR: risco relativo, IC95%: Intervalo de confiança, CI: cardiopatia isquêmica.

 

Quanto à evolução do caso, maior proporção de pacientes internou no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) durante a pandemia (15,8% vs 10,8%; p = 0,004) e, apesar da proporção de pacientes sob Ventilação Mecânica (VM) ter se assemelhado entre os grupos, a mediana de dias sob VM foi maior durante a pandemia (2,2 vs 4,1; p = 0,031). Não foram observadas diferenças entre os períodos (p > 0,05 para todas as comparações) quanto à modalidade de saída da emergência, uso de outros dispositivos de suporte à vida, intervenções e óbito hospitalar (Tabela 3). Cerca de 10% dos pacientes evoluíram para óbito durante a internação hospitalar, sendo a proporção de casos semelhante em ambos os períodos (p = 0,854), conforme demonstrado na Tabela 5.

 

Tabela 5 - Comparação entre os grupos pré (n=434) e durante (n=430) a pandemia quanto à modalidade de saída da emergência, realização de intervenção, uso de dispositivos de suporte à vida, internação na UTI, dias de internação na UTI, tempo de hospitalização e óbito hospitalar. Porto Alegre, RS, Brasil, 2022

Variáveis

Pré-pandemia (n=434)

Durante

pandemia (n=430)

P

Saída da Emergência

 

 

0,879q

Alta pela emergência

48 (11,1)

50 (11,7)

 

Óbito na emergência

3 (0,7)

4 (0,9)

 

Transferência interna

383 (88,2)

373 (87,4)

 

Intervenção Coronária Percutânea (ICP)

327(75,3)

319(74,2)

0,753q

Balão Intra-Aórtico (BIA)

9(2,1)

8(1,0)

1,000q

Oxigenação por Circulação Extracorpórea  (ECMO)

1(0,2)

3(0,7)

0,372q

VM

64(14,7)

62(14,4)

0,968q

Tempo de VM (dias)

2,2 (1,6-5,8)

4,1(2-8,3)

0,031MW

Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM)

18(4,1)

12(2,8)

0,366q

CTI

47(10,8)

68(15,8)

0,004q

Tempo de CTI (dias)

4(3-7)

4(2-11)

0,973MW

Dias de hospitalização

5,9(4,4-9,5)

6,5(4,6-10,3)

0,127MW

Óbito hospitalar

44(10,1)

41(9,5)

0,854q

Variáveis categóricas expressas como n (%). Variáveis numéricas descritas como mediana (P25-P75). Foram utilizados MW: Mann-Whitney, q: Qui-quadrado bivariado. Intervenção Coronariana Percutânea (ICP), Balão Intra-aórtico (BIA), Oxigenação por Circulação Extracorpórea (ECMO), Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM), Centro de Tratamento Intensivo (CTI), Ventilação Mecânica (VM).

 

DISCUSSÃO

Este artigo teve como objetivo avaliar a contribuição da pandemia por COVID-19 sobre os tempos de atendimento e desfechos clínicos de admissões relacionadas à SCA em um Serviço de Emergência. Evidenciou-se que não houve diferença no número de admissões por SCA nos períodos estudados, bem como, no número de intervenções realizadas no hospital. Durante a pandemia houve incremento no tempo decorrido entre o início dos sintomas do paciente até a sua chegada no hospital, mas não no tempo de atendimento na emergência e na mortalidade na própria emergência, ou mesmo durante a hospitalização.

O tratamento da SCA, nos sistemas mundiais de saúde, foi afetado pela pandemia COVID-19(1-3). Inicialmente, os primeiros achados descreveram que houve uma redução nas admissões, realização de ICP, bem como aumento no tempo de isquemia e do tempo porta-balão(2,5,9-10,12,15).

Assim como em uma pesquisa realizada no Canadá(24), no presente estudo não encontramos diferença no número de admissões por SCA nos períodos pré e durante a pandemia. Estes achados se contrapõem à literatura internacional, já que diversos autores(20-22,26,27) relatam redução significativa, principalmente de internações por SCACSST, destacando uma coorte conduzida na França que relatou redução de 73% no número de internações por SCA(28).

Dados coletados de 15 centros da Europa, demonstraram que houve redução nas admissões por SCACSST(22), o que não foi demonstrado na presente coorte.

Em um hospital do nordeste do Brasil, foi relatada redução de 45% do número diário de atendimentos na emergência por SCA(29); no entanto, assim como no nosso estudo, não houve diferença no número de ICP primárias realizadas.

Um estudo conduzido na China, com pacientes com SCACSST encontrou aumento no tempo de início dos sintomas até a procura do serviço de atendimento pré-hospitalar (68 [56,5–90 min] vs. 60 [47–78 min]; p=0,023), no tempo porta–balão (76,5 [65,25–85 min] vs. 50 [40-60 min];p=0,000) e no tempo total de isquemia (185 [165,25-210,25 min] vs. 150 [131-174 min]; p=0,000). Além disso, a mortalidade foi significativamente maior no período pandêmico (p=0,000)(30). Em contrapartida, Little et al.(27) defendem que a pandemia não provocou impacto no tempo total de isquemia até a realização de ICP em Londres(27).

No Japão, houve aumento significativo na incidência de apresentações tardias (p=0,001) na emergência, bem como, aumento de complicações mecânicas durante a angioplastia (p<0,001) e redução significativa no número de ICP (p=0,009)(31). Não há diferença no número de óbitos entre os períodos, achado que vai ao encontro dos resultados demonstrados no nosso estudo.

Em relação ao Delta-t, o tempo foi maior durante a pandemia (p=0,003), o que corrobora com achados de coortes realizados na Polônia, Itália, China, Turquia, Japão e Austrália(20,23,25,32,33). Em outros locais a pandemia não interferiu no Delta-t, conforme achados em estudos em Nova Iorque, França, Alemanha e Suíça(5,19,21,34,35). O tempo maior na busca de atendimento após o início dos sintomas deve-se à recomendação dada pelas autoridades de saúde de que a procura pelo atendimento hospitalar ocorresse somente em casos graves, associada ao medo da população de se expor ao coronavírus(21).

Ter cardiopatia isquêmica já diagnosticada antes da internação atual e o atendimento ter ocorrido durante o período Covid foram associados ao aumento do tempo na procura pela emergência, entretanto esse incremento de tempo não determinou piores desfechos clínicos hospitalares imediatos. Além das recomendações para procura pelos serviços de saúde somente em casos graves, a literatura relata que a raça negra, ter baixa renda e DM são preditores para apresentação tardia em serviços de emergência, no entanto, ter história de doença cardíaca prévia é um dos fatores que influenciam os pacientes a procurarem mais rapidamente o atendimento(36). Este fato endossa a necessidade de que os profissionais de saúde dediquem-se a educar pacientes e familiares para rapidamente identificarem sinais e sintomas típicos e atípicos, tratando estas situações sempre como suspeita de novos eventos de SCA.

No presente estudo, os tempos em cada etapa de atendimento após a entrada na emergência foram mais elevados durante a pandemia, ainda que sem diferença estatística. A pandemia demandou realocação de recursos humanos, materiais e reorganização dos processos de trabalho. Equipes novas foram formadas, constituídas por profissionais recém contratados, muitos com pouco tempo de formação, equipes médicas foram mescladas, quando especialistas de outras disciplinas da medicina, que não emergencistas e clínicos, foram alocados para plantões na emergência pelo volume de atendimentos simultâneos, aumento da superlotação, já que a instituição estudada foi referência no estado e no país para atendimento à COVID-19. Por outro lado, mesmo frente ao incremento, em números absolutos, no tempo e a todas essas mudanças, não encontramos diferença em relação ao número de ICPs realizadas, a utilização de dispositivos como BIA, ECMO e ao número de óbitos no nosso estudo. Atrelamos a isso, o fato de o serviço de emergência em questão ser referência e ter um protocolo bem estabelecido para o atendimento a pacientes com SCA. Além disso, as áreas físicas e equipes de atendimento durante a pandemia foram reorganizadas e otimizadas, a fim de manter a qualidade assistencial do atendimento aos pacientes com outras comorbidades que necessitassem de atendimento urgente, como a SCA.

Trata-se de um estudo unicêntrico, no qual as variáveis avaliadas foram coletadas em prontuário eletrônico, ou seja, dependentes de registros dos profissionais assistenciais. Os registros em prontuários em serviços de emergência superlotados e principalmente com pacientes gravemente enfermos, por vezes são realizados de forma incompleta, priorizando informações pontuais e breves sobre o estado do paciente no momento da chegada, com isso, a busca dos dados pelos pesquisadores em prontuários é prejudicada. Neste estudo, diferentemente dos demais já publicados, foram descritos: tempo do início dos sintomas até a chegada ao hospital, tempo da chegada ao hospital até o acolhimento e primeiro ECG realizados por enfermeiro(a), tempo do acolhimento até a consulta médica, tempo de chegada ao hospital até a consulta médica. Além disso, comparamos o Delta-t e o tempo porta-balão, esses já descritos em outros estudos em diversos países(19-25).

É o primeiro estudo que compara todos os tempos de atendimento em emergência antes e durante a pandemia, permitindo identificar as etapas do processo que poderiam ter sido afetadas durante esse evento de grande magnitude enfrentado no mundo todo e, assim, documentado pode-se subsidiar ações de gestão de recursos para a melhoria do cuidado em futuras crises.

Esse estudo oferece subsídios sobre os tempos de atendimento a pacientes com SCA, assim como compara os grupos neste momento pandêmico, possibilitando observar o quanto um evento crítico desta magnitude afetou o atendimento em tempo oportuno para ações direcionadas a qualificar esse atendimento. Destaca-se a importância de estudos como este, para que estratégias de gestão hospitalar em saúde promovam adequada assistência, mesmo diante de situações críticas.

 

*Artigo extraído da tese de doutorado “Efeito da pandemia por covid-19 sobre os tempos de atendimento e desfechos clínicos em pacientes com síndrome coronariana aguda admitidos em emergência”, apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

 

CONCLUSÃO

Não houve diferença no número de pacientes que acessaram a emergência por SCA nos períodos analisados.

Pequenas diferenças foram identificadas nos demais tempos de atendimento intra-hospitalar que compõem o tempo total entre a chegada do paciente à emergência e a intervenção específica para a SCA. Essas diferenças não impactaram nos desfechos clínicos hospitalares imediatos.

 

CONFLITO DE INTERESSES

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

 

REFERÊNCIAS

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Submissão: 16/01/2023

Aprovado: 07/08/2023

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Concepção do projeto: Lopes ANM, Santarém MD, Beghetto MG

Obtenção de dados: Lopes ANM, Santarém MD, Beghetto MG

Análise e interpretação dos dados: Lopes ANM, Santarém MD, Beghetto MG

Redação textual e/ou revisão crítica do conteúdo intelectual: Lopes ANM, Santarém MD, Beghetto MG

Aprovação final do texto a ser publicada: Lopes ANM, Santarém MD, Beghetto MG

Responsabilidade pelo texto na garantia da exatidão e integridade de qualquer parte da obra: Lopes ANM, Santarém MD, Beghetto MG

 

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