ORIGINAL
Validação de conteúdo do Hemodialysis Safety Checklist para o português brasileiro: um estudo metodológico
Sara Rebeca de Oliveira Lessa Mendes1, Lais Batista de Lima2, Katarine Lima Moraes3, Clemente Neves de Sousa4, Cecília Maria de Farias Queiroz Frazão1, Vânia Pinheiro Ramos1
1Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil
2Hospital das Clínicas de Pernambuco, Recife, PE, Brasil
3Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
4Escola Superior de Enfermagem do Porto, Porto, Portugal
RESUMO
Objetivo: Realizar adaptação transcultural e validação do conteúdo do Hemodialysis Safety Checklist para uso no Brasil. Método: Este estudo metodológico foi dividido em seis etapas: i) tradução para o português; ii) comparação e síntese; iii) retrotradução cega; iv) comparação e análise das equivalências conceituais, semânticas e de conteúdo; v) teste piloto com a população-alvo; e vi) validação de conteúdo por meio do cálculo do índice de validade de conteúdo (IVC). Resultados: O processo de adaptação transcultural realizado resultou em um instrumento considerado claro pela população-alvo após a realização do teste piloto. Após duas rodadas de avaliação pelos especialistas, o instrumento foi considerado válido, obtendo um IVC por item (I-IVC) ≥ 0,88 para cada item, e um IVC da escala (S-IVC/Ave) = 0,97. Conclusão: A versão em português do Hemodialysis Safety Checklist apresenta um conteúdo válido para utilização na realidade da hemodiálise brasileira.
Descritores: Segurança do Paciente; Diálise Renal; Enfermagem.
INTRODUÇÃO
A hemodiálise (HD) é uma modalidade de terapia renal substitutiva para pessoas com insuficiência renal aguda ou doença renal crônica em estágio terminal. Devido às vulnerabilidades intrínsecas da pessoa com doença renal e às peculiaridades do tratamento hemodialítico, como o uso de tecnologias complexas, a realização de procedimentos invasivos e a utilização rotineira de medicações que exigem vigilância, a HD representa um tratamento propenso ao desenvolvimento de atividades que oferecem risco à segurança do paciente (SP)(1).
A SP é uma ciência da área da saúde que tem como objetivo estudar e aplicar formas de prevenção e redução de riscos, erros e danos que podem ocorrer aos pacientes durante a prestação do cuidado (2). Uma estratégia que tem sido utilizada em serviços de alta complexidade para promover um cuidado mais seguro são os checklists(3-5).
Os checklists são ferramentas que estruturam o cuidado ao englobar um conjunto de comportamentos fundamentados nas práticas de cuidado mais adequadas, de acordo com a literatura e a experiência profissional, sendo úteis na operacionalização de rotinas complexas(6-7).
No ano de 2015, no Canadá, foi desenvolvido um checklist para a realidade dos serviços de HD, chamado Hemodialysis Safety Checklist. Este foi construído por meio da técnica de consenso “Painel de Delphi Estruturado” e teve sua viabilidade testada com enfermeiros da linha de frente de um serviço de HD(3,6).
Para a construção dos itens do Hemodialysis Safety Checklist, os autores realizaram uma revisão da literatura por meio da busca de artigos relevantes na base de dados PubMed, além de um estudo focado em recursos selecionados, como as diretrizes nacionais que envolvem HD/qualidade em saúde, bem como a lista de verificação de segurança cirúrgica da Organização Mundial da Saúde(6), tornando-a uma linguagem universal.
O foco deste checklist é a comunicação entre o profissional de enfermagem e o paciente para a promoção da SP, possibilitando que ambos tenham a oportunidade de conversar sobre o plano de tratamento de forma a corrigir erros e omissões no cuidado, favorecendo também a educação em saúde durante a assistência de enfermagem(3,6).
O Hemodialysis Safety Checklist é constituído por 17 itens que listam os cuidados a serem realizados pela equipe de enfermagem em três diferentes fases do tratamento dialítico: i) antes da chegada do paciente à unidade; ii) antes de iniciar a HD; e iii) após a conclusão da HD. No estudo que avaliou a viabilidade deste checklist, observou-se que, após sua aplicação, os itens relacionados à mudança de pesos pré-diálise, pressão arterial pré-diálise e hipotensão intradialítica obtiveram significância estatística em relação à melhoria da qualidade do cuidado(3,6).
Para que o Hemodialysis Safety Checklist possa ser utilizado em outros países, como o Brasil, é necessário que ele passe por um processo de tradução, adaptação transcultural e validação, que exige planejamento e adoção de metodologias rigorosas. Esse processo garante uma maior idoneidade para o alcance dos objetivos propostos pelo instrumento nas diferentes culturas(8).
Portanto, pressupõe-se que estudos científicos que viabilizam instrumentos aplicáveis à padronização da prática profissional, embasados teoricamente e na experiência profissional de especialistas na área de hemodiálise, oportunizam a implementação do método de trabalho do enfermeiro, o processo de enfermagem, de forma segura e baseada em práticas baseadas em evidências.
Ressalta-se que, até o momento, não foram encontrados estudos que adaptaram e validaram o Hemodialysis Safety Checklist em outros países por meio de busca nas bases de dados PubMed e Scopus. Desta forma, este estudo tem como objetivo desenvolver o processo de adaptação transcultural e validação do conteúdo do Hemodialysis Safety Checklist para uso no Brasil.
MÉTODO
Pesquisa metodológica quantitativa, baseada no referencial teórico de Sousa e Rojjanasrirat(8), que compreendeu seis etapas de desenvolvimento. Esse referencial foi escolhido por abranger desde a tradução direta do instrumento original para o idioma alvo (tradução direta ou unidirecional) até o teste psicométrico completo da versão final do instrumento traduzido em uma amostra da população-alvo, proporcionando o uso do instrumento com base em evidências científicas.
A etapa 1 teve como objetivo realizar a tradução direta do instrumento original em inglês para o português brasileiro por meio de dois tradutores independentes. Esses tradutores foram selecionados por conveniência, através de uma empresa especializada em tradução. Ambos os tradutores eram bilíngues e naturais do Brasil, sendo que o tradutor 1 era enfermeiro e o tradutor 2 tinha formação em Letras Inglês. Essa etapa resultou nas versões “tradução na língua alvo” 1 e 2 (TLA1 e TLA2).
A etapa 2 teve como objetivo realizar a síntese das duas traduções produzidas na primeira etapa. Para isso, um terceiro tradutor, também bilíngue, natural do Brasil, enfermeiro e especialista em nefrologia, foi adicionado à equipe. Esse enfermeiro foi selecionado por conveniência, através da rede de pesquisadores da temática. Ele analisou as ambiguidades e discrepâncias presentes em TLA1 e TLA2 e opinou sobre a melhor tradução para cada item do instrumento. As decisões tomadas nessa etapa foram baseadas no consenso entre o terceiro tradutor e os tradutores da etapa 1. Essa etapa resultou na versão “preliminar inicial na língua alvo” (PI-LA).
A etapa 3 teve como objetivo realizar a retrotradução da versão PI-LA para a língua de origem, utilizando dois retrotradutores independentes. Ambos os retrotradutores eram bilíngues e tinham o inglês como língua materna, sendo que o retrotradutor 4 era psicólogo e o retrotradutor 5 tinha formação em artes. Assim como na etapa 1, esses retrotradutores foram selecionados por conveniência, através de uma empresa especializada. Essa etapa resultou nas “retrotraduções da versão preliminar inicial” 1 e 2 (R-PI1 e R-PI2).
A etapa 4 teve como objetivo comparar as discrepâncias e ambiguidades e determinar as equivalências semânticas, conceituais e de conteúdo presentes nas versões R-PI1 e R-PI2 em relação ao instrumento original. Para isso, foi formado um comitê multidisciplinar com seis especialistas: os dois tradutores da primeira etapa, os dois retrotradutores da terceira etapa, um metodologista com publicações na área de adaptação transcultural de instrumentos e um enfermeiro especialista em nefrologia com experiência em hemodiálise. O metodologista também foi selecionado por conveniência, através de uma empresa especializada.
O desenvolvimento da quarta etapa ocorreu por meio da avaliação individual das ambiguidades e discrepâncias e determinação das equivalências de cada item do instrumento. Em seguida, foi realizada uma videoconferência com todos os participantes do comitê multidisciplinar, na qual foram discutidas as alterações necessárias na versão PI-LA para resolver os problemas encontrados e obter todas as equivalências desejadas. Todas as decisões foram tomadas por consenso. Essa etapa resultou na versão “pré-final na língua alvo” (PF-LA).
A etapa 5 consistiu na realização de um teste piloto da versão PF-LA com a população-alvo. Participaram dessa etapa 35 profissionais de enfermagem (auxiliares, técnicos e enfermeiros) que atuavam no serviço de nefrologia há pelo menos seis meses, selecionados por conveniência. A coleta de dados foi feita de forma individual, por meio do preenchimento de um formulário online.
O formulário continha questões para avaliar a clareza de cada item, utilizando uma escala dicotômica que classificava cada item como “claro” ou “pouco claro”. A análise dos dados foi realizada avaliando a frequência dos itens considerados “claros”, mantendo aqueles que obtiveram pelo menos 80% das avaliações como “claros”. O cálculo das frequências foi realizado utilizando o programa Microsoft Excel 2010.
A etapa 6 consistiu na validação de conteúdo do instrumento, por meio de um comitê de especialistas na área do constructo do instrumento. Participaram dessa etapa 10 enfermeiros nefrologistas com uma ou mais das seguintes características: pelo menos 2 anos de experiência em sala de HD, publicações na área de nefrologia e/ou segurança do paciente ou experiência em validação de instrumentos. Esses especialistas foram selecionados por conveniência, por meio da análise de currículos na Plataforma Lattes, utilizando as palavras “enfermeiro” e “nefrologia”.
A coleta de dados foi realizada individualmente por meio do preenchimento de um formulário online. Esse formulário continha questões destinadas a avaliar a clareza (para a obtenção da equivalência conceitual) e a relevância (para a obtenção da equivalência de conteúdo) de cada item da versão brasileira do Hemodialysis Safety Checklist. A avaliação dos itens foi feita utilizando uma escala Likert com escores de 1 a 4, na qual: 1 correspondia a “não está claro/relevante”; 2 a “incapaz de avaliar a clareza/relevância”; 3 a “claro/relevante, mas precisa de pequenas alterações”; e 4 a “muito claro/relevante e sucinto”.
Na análise dos dados, foi avaliado o grau de concordância entre os especialistas por meio do índice de validade de conteúdo (IVC) por item (I-IVC) e do IVC da escala, que foi calculado pela média (S-IVC/Ave). O I-IVC foi calculado considerando o número de avaliações do item iguais a 3 e 4, dividido pelo número total de especialistas avaliadores. O S-IVC/Ave foi obtido pela soma dos valores de todos os I-IVC, dividido pelo total de itens considerados na avaliação.
Foi considerado aceitável um I-IVC maior que 0,80 e um S-IVC/Ave maior ou igual a 0,90. Os itens que obtiveram valores diferentes desses foram reavaliados, e novos índices de validade de conteúdo foram calculados. Para ratificar os resultados encontrados, foi realizado o teste binomial, que confirmou que a proporção de especialistas que classificaram cada item como adequado não foi inferior a 80%. Na análise estatística desse teste, o nível de significância adotado foi de 5%, de modo que os p-valores superiores a 0,05 indicaram que a proporção de especialistas que consideraram o item adequado é estatisticamente não inferior a 80%.
Antes da realização da pesquisa, obteve-se autorização dos autores da versão original do Hemodialysis Safety Checklist para realizar sua adaptação transcultural e validação para uso no Brasil. O consentimento dos participantes em todas as etapas do desenvolvimento do estudo foi obtido por meio da concordância com o conteúdo do termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os procedimentos realizados respeitaram os princípios éticos, sendo a pesquisa aprovada pelo comitê de ética em pesquisa sob o parecer nº 2.003.629.
RESULTADOS
Ao realizar a análise das versões produzidas na primeira etapa, observaram-se diferenças que, na maioria dos casos, não prejudicaram a compreensão do item, mas refletiram a realidade e os conhecimentos prévios do tradutor. Verificou-se que a versão TLA2 foi mais literal, formal e fiel à versão original, enquanto a versão TLA1 foi mais informal, com linguagem mais simples e expressões mais próximas do cotidiano dos profissionais de saúde.
Na segunda etapa, na análise das divergências entre TLA1 e TLA2 e na escolha da melhor tradução para cada item do instrumento que constituiria a versão PI-LA, observou-se que a maioria das escolhas foi para a TLA1, devido à sua linguagem mais próxima da realidade dos usuários do instrumento. No entanto, alguns itens foram ajustados ao mesclar as traduções TLA1 e TLA2 para se obter uma versão mais compreensível para o público-alvo.
Na terceira etapa, as retrotraduções da versão PI-LA apresentaram muitas semelhanças entre si e divergiram da versão original de maneira semelhante. A principal influência nas divergências entre as retrotraduções e a versão original foi a escolha feita para a construção da versão PI-LA, que priorizou a linguagem mais próxima do contexto da assistência ao paciente em hemodiálise no Brasil, em vez da tradução mais literal dos itens. O fato de um tradutor ser da área da saúde e o segundo tradutor ser leigo em termos da área da saúde não influenciou uma retrotradução mais próxima ao texto original.
Na quarta etapa, os itens que não obtiveram as três equivalências avaliadas (semântica, conceitual e de conteúdo) foram ajustados na versão PI-LA. Dessa forma, foram realizadas as seguintes alterações: i) itens que apresentaram modificações em seu sentido original nas retrotraduções, sendo utilizada uma tradução mais literal pelo comitê; ii) itens que continham termos específicos da hemodiálise e geraram confusão nos tradutores leigos nesse contexto, então, durante a reunião do comitê, esses termos foram esclarecidos com a ajuda de um participante especialista em nefrologia, e o grupo pôde identificar as melhores adequações para as traduções; iii) itens em que houve omissão de palavras nas traduções, sendo feitas as devidas correções.
Para a realização do teste piloto, na quinta etapa, a versão traduzida para o português do Hemodialysis Safety Checklist foi avaliada quanto à equivalência conceitual (clareza) por 35 pessoas do público-alvo. A média de idade dessas pessoas foi de 36,4 anos (mínimo: 23 anos; máximo: 55 anos), a maioria era do sexo feminino (94,29%), enfermeiros (62,86%), com especialização em nefrologia (74,29%) e uma média de 7,83 anos de experiência em hemodiálise (mínimo: 0,5 anos; máximo: 30 anos).
Na avaliação da clareza dos itens da versão PF-LA do Hemodialysis Safety Checklist, realizada no teste piloto, observou-se que todos os itens receberam mais de 80% das avaliações como “claro” (Tabela 1), atendendo às exigências do protocolo de tradução adotado nesta pesquisa. Portanto, não foi necessário fazer modificações no texto dos itens da versão PF-LA.
Tabela 1 - Avaliação da equivalência conceitual relacionada a clareza da versão traduzida ao português do Hemodialysis Safety Checklist pelo público-alvo (n=35). Recife, PE, Brasil, 2021
|
Equivalência conceitual |
|||
Item avaliado |
Claro |
Pouco claro |
||
|
N |
% |
n |
% |
Título |
9 |
97,14 |
1 |
2,86 |
Título da Primeira Fase |
32 |
91,43 |
3 |
8,57 |
Título da Segunda Fase |
29 |
82,86 |
6 |
17,14 |
Título da Terceira Fase |
33 |
94,29 |
2 |
5,71 |
Item 1 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 2 |
34 |
97,14 |
1 |
2,86 |
Item 3 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 4 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 5 |
34 |
97,14 |
1 |
2,86 |
Item 6 |
34 |
97,14 |
1 |
2,86 |
Item 7 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 8 |
34 |
97,14 |
1 |
2,86 |
Item 9 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 10 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 11 |
34 |
97,14 |
1 |
2,86 |
Item 12 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 13 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 14 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 15 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 16 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Item 17 |
35 |
100,00 |
0 |
0,00 |
Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.
Para a validação de conteúdo, na sexta etapa, o Hemodialysis Safety Checklist foi avaliado em relação à equivalência conceitual (clareza) e equivalência de conteúdo (relevância) por 10 especialistas na área do checklist. A média de idade desses especialistas foi de 40,9 anos (mínimo: 28 anos; máximo: 56 anos), todos eram do sexo feminino (100%), todos eram enfermeiros (100%) e possuíam especialização em nefrologia (100%), com uma média de 11,5 anos de experiência em hemodiálise (mínimo: 2 anos; máximo: 28 anos). A maioria dos especialistas tinha mestrado com dissertação na área de nefrologia e/ou segurança do paciente (60%) e tinha artigos publicados nessa mesma área (80%). A maioria das participantes também possuía experiência em validação de conteúdo (90%).
Na avaliação da validade de conteúdo da versão brasileira do Hemodialysis Safety Checklist, os resultados do I-IVC foram satisfatórios para a maioria dos itens, com valores iguais ou superiores a 0,90 para avaliação da clareza e relevância (Tabela 2). O S-IVC/Ave encontrado foi de 0,93 para clareza e relevância.
Tabela 2 - Validade de conteúdo da versão traduzida ao português do Hemodialysis Safety Checklist dada pelos especialistas (n=10). Recife, PE, Brasil, 2021
Itens Avaliados |
Equivalência conceitual (Clareza) |
Equivalência de conteúdo (Relevância) |
||
|
I-IVC |
p-valor* |
I-IVC |
p-valor* |
Título |
0,90 |
0,376 |
0,80 |
0,624 |
Título da Primeira Fase |
0,90 |
0,376 |
1,00 |
0,107 |
Título da Segunda Fase |
0,70 |
0,322 |
0,80 |
0,624 |
Título da Terceira Fase |
0,90 |
0,376 |
1,00 |
0,107 |
Item 1 |
1,00 |
0,107 |
1,00 |
0,107 |
Item 2 |
0,90 |
0,376 |
0,80 |
0,624 |
Item 3 |
0,90 |
0,376 |
0,90 |
0,376 |
Item 4 |
1,00 |
0,107 |
0,90 |
0,376 |
Item 5 |
0,90 |
0,376 |
1,00 |
0,107 |
Item 6 |
1,00 |
0,107 |
1,00 |
0,107 |
Item 7 |
1,00 |
0,107 |
0,90 |
0,376 |
Item 8 |
1,00 |
0,107 |
0,90 |
0,376 |
Item 9 |
0,90 |
0,376 |
1,00 |
0,107 |
Item 10 |
0,80 |
0,624 |
0,80 |
0,624 |
Item 11 |
1,00 |
0,107 |
1,00 |
0,107 |
Item 12 |
1,00 |
0,107 |
1,00 |
0,107 |
Item 13 |
0,80 |
0,624 |
0,90 |
0,376 |
Item 14 |
1,00 |
0,107 |
0,90 |
0,376 |
Item 15 |
1,00 |
0,107 |
1,00 |
0,107 |
Item 16 |
1,00 |
0,107 |
1,00 |
0,107 |
Item 17 |
1,00 |
0,107 |
1,00 |
0,107 |
Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.
*Teste Binomial
Os itens que receberam um I-IVC menor ou igual a 0,8 na primeira avaliação foram modificados de acordo com as sugestões dos especialistas e, em seguida, passaram por uma segunda rodada de avaliação. As sugestões dos especialistas incluíram: i) adicionar palavras ao texto do item para melhorar sua compreensão (título, título da fase 2, item 2 e item 10); ii) substituir uma tradução literal por um novo termo para deixar mais claro o momento de execução das ações do checklist (título da fase 2); iii) adicionar subitens a um dos itens para ampliar seu alcance (item 13). Todas as modificações sugeridas foram embasadas na literatura.
Na segunda rodada de avaliação, houve a perda de um especialista da amostra. Através dessa rodada, os itens Título, Título da Fase 2, Item 2, Item 10 e Item 13 da versão traduzida para o português do Hemodialysis Safety Checklist obtiveram um I-IVC igual ou superior a 0,88, resultando em um S-IVC/Ave final de 0,97 tanto para clareza quanto para relevância (Tabela 3).
Tabela 3 - Validade de conteúdo da versão traduzida ao português do Hemodialysis Safety Checklist obtida após segunda rodada de avaliação pelos especialistas (n=9). Recife, PE, Brasil, 2021
Itens Avaliados |
Equivalência conceitual (Clareza) |
Equivalência de conteúdo (Relevância) |
||
|
I-IVC |
p-valor* |
I-IVC |
p-valor* |
Título |
1,00 |
0,134 |
1,00 |
0,134 |
Título da Segunda Fase |
1,00 |
0,134 |
1,00 |
0,134 |
Item 2 |
0,89 |
0,436 |
0,89 |
0,436 |
Item 10 |
1,00 |
0,134 |
1,00 |
0,134 |
Item 13 |
1,00 |
0,134 |
1,00 |
0,134 |
Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.
* Teste Binomial
Após a aplicação do protocolo de tradução, adaptação transcultural e validação de conteúdo, a versão brasileira do Hemodialysis Safety Checklist foi denominada Checklist de Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial. Essa versão manteve os 17 itens presentes no instrumento original, no entanto, devido à necessidade de adaptação à realidade brasileira, alguns itens passaram por modificações, conforme pode ser observado
na versão final do instrumento (Figura 1).
Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.
Figura 1 - Versão traduzida, adaptada e validada quanto ao conteúdo do Checklist de Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial para uso no Brasil. Recife, PE, Brasil, 2021
DISCUSSÃO
O Hemodialysis Safety Checklist é um instrumento que pode ser utilizado para melhorar a segurança do paciente em hemodiálise, além de servir como uma ferramenta facilitadora para a educação em saúde. Ele tem origem no Canadá e foi disponibilizado pelos autores no idioma inglês. Através do processo de adaptação transcultural e validação de conteúdo realizado neste estudo, o instrumento agora está disponível em português, validado para a realidade da hemodiálise no Brasil, e recebeu a denominação de “Checklist de Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial” (3,6).
Quanto ao desenvolvimento do processo de adaptação transcultural, não há um protocolo definido na literatura como o melhor a ser utilizado. No entanto, este estudo mostra que as etapas de tradução, comparação e síntese, retrotradução, comparação e determinação das equivalências, pré-teste com a população-alvo e procedimentos de validação são comumente utilizadas por pesquisadores ao redor do mundo (9-11).
Essa informação fortalece a escolha do protocolo de Sousa e Rojjanasrirat (8) para o desenvolvimento deste trabalho, uma vez que esse protocolo engloba todas as etapas mencionadas para o processo de tradução e adaptação transcultural do Checklist de Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial, ratificando a confiabilidade do protocolo utilizado.
Em relação aos resultados obtidos nas primeiras quatro etapas do protocolo de tradução e adaptação transcultural, foi observada a necessidade de adequação de alguns termos linguísticos para melhor compreensão pela população-alvo, embora a maioria dos itens tenha permanecido fiel à versão original. Estudos de adaptação transcultural frequentemente apontam essa necessidade nas etapas iniciais, podendo ser necessário excluir ou adicionar itens para atender às necessidades da realidade local (12-13).
Isso está de acordo com os objetivos dessas etapas, que visam criar uma versão traduzida o mais fiel possível à versão original do instrumento, levando em consideração as questões culturais e as expressões idiomáticas presentes nas diferentes línguas. Portanto, os procedimentos de tradução e adaptação transcultural não devem se limitar apenas à reprodução dos significados literais das palavras (8).
Neste estudo, assim como em um estudo de tradução e adaptação transcultural realizado na Itália (12), essas questões foram melhor discutidas na etapa que se seguiu à retrotradução, com a participação de especialistas e dos tradutores envolvidos nas etapas anteriores. Além disso, durante a avaliação das equivalências após a retrotradução, foram observadas algumas falhas no processo de tradução que poderiam afetar a qualidade da tradução final. Esses resultados confirmam a importância de um comitê multidisciplinar para a avaliação, revisão e consolidação do processo de tradução dos itens do instrumento, bem como para uma adaptação transcultural mais adequada por meio da avaliação das equivalências semântica, conceitual e de conteúdo (8).
A evidência da qualidade da tradução e adaptação transcultural pôde ser observada nos resultados obtidos no teste piloto com a população-alvo, pois todos os itens foram considerados claros de acordo com os critérios estabelecidos pelo protocolo utilizado. O mesmo foi observado pelos autores de um estudo realizado na China (14), que consideraram o sucesso do processo de tradução de sua escala com base na avaliação das respostas dos participantes da população-alvo, que conseguiram responder o questionário traduzido com facilidade na grande maioria dos casos.
No que diz respeito ao processo de validação, este estudo optou por realizar a validação de conteúdo, uma vez que o Checklist de Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial é um instrumento de auxílio aos procedimentos e não um instrumento de avaliação que resulta em uma pontuação. Estudos que possuem objetivos semelhantes aos deste instrumento também validaram seus checklists por meio da validação de conteúdo (13,15-16). O processo de validação de conteúdo neste estudo fortaleceu a credibilidade do resultado do processo de tradução e adaptação transcultural.
Os valores de I-IVC variando de 0,88 a 1,00 e o valor de S-IVC/Ave igual a 0,97 foram obtidos após duas rodadas de avaliação pelos especialistas. Esses valores estão dentro do padrão estabelecido pelo referencial metodológico utilizado neste estudo (8) e foram semelhantes aos obtidos em estudos que também validaram o conteúdo de seus instrumentos (13,15-16). Durante o processo de validação, alguns itens foram ajustados seguindo as sugestões dos especialistas em sua avaliação do instrumento.
Em relação à finalidade, o Checklist de Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial padroniza as ações de cuidado que devem ser seguidas pela equipe de enfermagem durante o tratamento de hemodiálise, garantindo que nenhuma das condutas listadas, por mais simples que sejam, seja esquecida pelo profissional (17-18).
Quanto à organização dos itens, inspirados no checklist de cirurgia segura da OMS (19), os autores do instrumento original os agruparam em três fases do cuidado ao paciente em hemodiálise. Essas fases destacam pausas estratégicas que devem ser realizadas em momentos críticos da assistência de enfermagem. Dessa forma, guiam os cuidados de enfermagem desde antes da chegada do paciente à unidade até a sua saída (3).
Em relação aos objetivos gerais da segurança do paciente, os cuidados relacionados à correta identificação do paciente, confirmação das prescrições médicas para cada sessão, prevenção de infecções e/ou outras complicações relacionadas ao acesso venoso estão alinhados com as metas internacionais e iniciativas nacionais de segurança do paciente (20).
Do ponto de vista da educação em saúde, o Checklist de Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial pode ser útil. Na segunda fase de aplicação (“Pré-diálise”), há um diálogo entre a equipe de enfermagem e o paciente, onde questões importantes para o autocuidado são abordadas pelo enfermeiro ao confirmar informações com o paciente. Nesse momento, o enfermeiro tem a oportunidade de identificar problemas de enfermagem que podem estar relacionados ao conhecimento deficiente do paciente sobre sua doença, tratamento e autocuidado, e, assim, atuar como educador.
As limitações deste estudo foram: i) nas etapas de tradução, não foi possível encontrar um tradutor bilíngue que atuasse na área de nefrologia, mas profissionais da área da saúde que tinham contato com a linguagem médica participaram do estudo, atendendo aos requisitos do protocolo seguido; ii) na etapa de retrotradução, não foi possível encontrar tradutores bilíngues nascidos no Canadá; no entanto, foram encontradas pessoas de outros países cuja língua materna era o inglês, atendendo aos requisitos do protocolo seguido.
Sugere-se que sejam realizados estudos de viabilidade e ensaios clínicos para comprovar a eficácia desse instrumento no auxílio à promoção da segurança do paciente e aos processos de educação em saúde.
CONCLUSÃO
A versão brasileira do Hemodialysis Safety Checklist, denominada Checklist para Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial, demonstrou durante o teste piloto que todos os itens foram avaliados como claros por mais de 80% dos participantes. Além disso, durante a validação de conteúdo, obteve um S-IVC/Ave satisfatório, com valor igual a 0,97.
Portanto, pode-se afirmar que o Checklist para Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial, após o processo de tradução e adaptação transcultural, possui um conteúdo válido para utilização na realidade da hemodiálise no Brasil, com o objetivo de promover a segurança no cuidado ao paciente submetido a esse tratamento. Além disso, o instrumento também pode servir como uma ferramenta facilitadora na educação em saúde, criando um espaço de diálogo entre o paciente e o profissional de enfermagem.
Estudos científicos que viabilizam instrumentos aplicáveis à padronização da prática profissional, como o Checklist para Segurança do Paciente em Hemodiálise Ambulatorial, proporcionam a implementação do processo de enfermagem de forma segura, baseada em práticas fundamentadas em evidências. Isso contribui para a melhoria da qualidade do cuidado prestado aos pacientes.
*Artigo extraído da dissertação de mestrado “Adaptação transcultural e validação do conteúdo do “Hemodialysis Safety Checklist” para o contexto brasileiro”, apresentada à Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
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Submissão: 30/05/2022
Aprovado: 10/07/2023
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