PROCOTOLO DE REVISÃO
Tecnologia educacional digital sobre HIV/AIDS para adolescentes e jovens: protocolo de revisão de escopo
Camila Moraes Garollo Piran1, Beatriz Souza da Fonseca1, Jhenicy Rubira Dias1, Bianca Machado Cruz Shibukawa1, Gabrieli Rissi1, Ieda Harumi Higarashi1, Maria de Fátima Garcia Lopes Merino1, Marcela Demitto Furtado1
1 Universidade do Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil
RESUMO
Objetivo: mapear as evidências científicas acerca do uso de tecnologia educacional digital em saúde relacionada ao HIV/AIDS, direcionada a adolescentes e jovens adultos. Método: trata-se de um protocolo de revisão de escopo, estruturado conforme diretrizes metodológicas do Instituto Joanna Briggs (JBI). Serão utilizadas seis bases de informação, com emprego dos descritores de saúde. O processo de busca, identificação e avaliação de artigos será realizado por dois avaliadores independentes, norteado pelos pressupostos estabelecidos pelo JBI, buscando responder à seguinte questão norteadora: “Quais as evidências científicas encontradas acerca do uso de tecnologia educacional digital em saúde relacionada ao HIV/AIDS, direcionada a adolescentes e jovens adultos?” Serão incluídos artigos publicados no idioma inglês, português ou espanhol, de domínio público e privado, e com diferentes abordagens metodológicas. Os resultados serão apresentados conforme as orientações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews. O protocolo foi registrado na Open Science Framework (OSF), sob registro nº 10.17605/OSF.IO/QK2G7.
Descritores: Tecnologia Educacional; HIV; Saúde do Adolescente.
INTRODUÇÃO
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) têm-se configurado como um fenômeno mundial instável e contínuo desde o início da década de 80, comprometendo, até os dias atuais, a saúde e a vida de indivíduos, independentemente de sexo, opção sexual, classe social, cultura ou idade(1).
No entanto, nos últimos anos, adolescentes e jovens vêm representando uma parcela crescente de pessoas que vivem com HIV/AIDS. Mundialmente, estima-se que, em 2017, 590 mil jovens entre 15 e 24 anos estavam infectados, e desses, 250 mil eram adolescentes entre 15 e 19 anos de idade(2).
Dessa forma, o aumento de casos de HIV/AIDS em meio a público configura-se como um sério problema de saúde pública(3). Essa população específica é caracterizada por apresentar comportamentos de risco para saúde (CRS), sendo estes compreendidos como ações que acarretam risco à saúde desses indivíduos, tanto no presente quanto no futuro. Exemplos de CRS incluem o consumo de álcool e drogas, tabagismo, hábitos alimentares inadequados, inatividade física e comportamentos sexuais desprotegidos, acarretando gravidez indesejada e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)(4).
O HIV/AIDS ainda constitui um tema envolto em estigma, devido aos múltiplos significados sociais e individuais que são atribuídos à doença. Sabe-se que, na ausência de ações de promoção à saúde e prevenção adequada do HIV/AIDS, a condição crônica se eleva e impacta negativamente na saúde das pessoas que convivem com a doença, bem como em suas famílias(5).
Além disso, os gestores de saúde preocupam-se com os custos gerados pela doença, tanto para o próprio paciente quanto para a sociedade como um todo. Esses gastos em saúde estão relacionados a consultas médicas, internações, Terapia Antirretroviral (TARV) e tratamento ambulatorial(6). A adesão à TARV mostra-se também como um grande desafio para o controle e a erradicação da epidemia, fazendo-se necessários esforços por parte dos serviços de saúde e dos pacientes para o início e a continuidade da TARV(7).
Diante da repercussão dos comportamentos de risco para a saúde nas fases da adolescência e da juventude, torna-se essencial a identificação e a incorporação de estratégias de educação em saúde, a fim de reduzir o número de casos de HIV/AIDS em meio a esse público(8).
É notável a facilidade dos jovens em relação à utilização das tecnologias, das redes sociais virtuais e da internet, que constituem um meio significativo para o acesso à informação por parte desse público – e, portanto, uma maneira de divulgação para a educação em saúde(9).
Um dos recursos que podem ser implementados junto a esse público são as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), instrumentos essenciais no processo de educação sexual e de saúde, uma vez que facilitam a troca de saberes, valorizando o conhecimento prévio apoiados por informações científicas, além de viabilizar a construção coletiva do saber em saúde(9).
Salienta-se que essas ferramentas devem disponibilizar informações confiáveis, devem ser atraentes, e devem permitir interação de adolescentes e jovens adultos com a temática. Sabe-se que a internet tem proporcionado esse meio interativo e dinâmico para divulgação de informações, as quais podem influenciar mudanças de comportamentos e atitudes(9). Destaca-se que, anteriormente, o conhecimento acerca do termo tecnologia era relacionado à criação de máquinas e bens físicos utilizados em procedimentos. No entanto, no decorrer do desenvolvimento humano e científico, o conceito foi ampliado, passando a envolver a experiência de pesquisas e de usuários no cotidiano, desenvolvendo informações seguras acerca da concepção de produtos materiais ou saberes que possam ser utilizados em situações práticas(10). Assim sendo, as Tecnologias Educacionais Digitais (TED) vêm-se mostrando ferramentas apropriadas para proporcionar aprendizado, à medida que utilizam recursos tecnológicos digitais na educação, tornando adolescentes e jovens adultos agentes do conhecimento, na medida em que promovem sua participação no processo educacional(11,12). São exemplos dessas ferramentas: plataformas de vídeos, aplicativos, jogos, chats, ambientes virtuais, simuladores em realidade virtual, hipertextos, livros digitais, websites. Todos esses recursos podem ser utilizados tanto em atividades presenciais quanto a distância (e-learning), e difundidos por meio de internet, televisão, computadores, dispositivos móveis, como smartphone e tablets (m-learning), entre outros(12).
A simulação e a execução de cuidados em ambientes virtuais podem auxiliar no aperfeiçoamento e na aquisição de habilidades(9). Considerando que as TED em saúde estão cada vez mais presentes no ensino, e que, embora haja diversos recursos disponíveis para utilização em meio a adolescentes e jovens, os resultados sistematizados acerca da temática ainda são insuficientes, questionou-se neste estudo quais tecnologias educacionais digitais em saúde voltadas ao HIV/AIDS estão sendo utilizadas em meio a esse público, contribuindo, dessa forma, para a promoção da saúde e a prevenção dos agravos.
Diante da relevância do HIV/AIDS e dos benefícios do meio digital para a educação em saúde, o presente estudo tem como objetivo mapear as evidências científicas acerca da utilização da tecnologia educacional digital em saúde relacionadas ao HIV/AIDS, direcionada a adolescentes e jovens adultos.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão da literatura, do tipo scoping review (ou revisão de escopo), que se caracteriza como uma revisão sistematizada, exploratória, que permite identificar a produção científica relevante com conceitos-chave subjacentes de uma área de estudo, fornecendo um mapeamento das evidências acessíveis, e identificando carência na base de conhecimento quando outros questionamentos mais específicos relacionados a determinado tema não estão claros. Além disso, a revisão de escopo torna-se importante quando aborda um método temático, uma vez que permite explorar a dimensão ou a extensão da literatura, resumir e mapear evidências, e proporcionar informações sobre pesquisas futuras (13).
O estudo será norteado pelas seguintes etapas: definição e alinhamento do objetivo e pergunta de pesquisa; desenvolvimento dos critérios de inclusão; descrição da abordagem planejada para busca, seleção e extração dos dados; busca e seleção de evidências; extração e análise das evidências; apresentação dos resultados da revisão/síntese; resumo das evidências encontradas em relação ao objetivo da revisão, permitindo conclusões e observando determinadas implicações das descobertas(13).
Adotou-se o acrônimo PCC (P: População, C: Conceito e C: Contexto) como estratégia para elaborar a questão de pesquisa(13). Na estrutura a seguir foram considerados: População – adolescentes e jovens adultos; Conceito – tecnologia educacional digital em saúde; Contexto – HIV/AIDS. Cabe ressaltar que serão considerados adolescentes e jovens adultos os indivíduos com idade entre 10 e 24 anos(14).
Isto posto, elaborou-se a seguinte questão: “Que evidências científicas foram encontradas acerca do uso de tecnologia educacional digital em saúde relacionadas ao HIV/AIDS direcionadas a adolescentes e jovens adultos?”.
A busca dos artigos será realizada por dois pesquisadores independentes, no período previsto de novembro de 2021 a janeiro de 2022. A seleção da amostra de artigos será baseada nos seguintes critérios de inclusão: artigos no idioma inglês, português ou espanhol, de domínio público e privado; estudos que abordem a utilização das tecnologias educacionais, envolvendo internet, televisão, computadores, dispositivos móveis, como smartphone e tablets (m-learning), entre outros(12). Como critérios de exclusão foram estabelecidos carta ao editor, resumos, anais, além de artigos que não foram encontrados na íntegra, mesmo após contato com o autor correspondente. Será utilizado o gerenciador de referência Mendeley Desktop®.
Para a extração de dados, será utilizado o instrumento adaptado da JBI, que contempla dados de título do estudo, ano da publicação, autor(es), objetivo do estudo, delineamento metodológico e principais achados(13).
A definição dos descritores deu-se a partir de uma busca limitada nas bases de dados eletrônicas – como Google acadêmico e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) –, para identificar os descritores controlados e não controlados dessa temática e, a partir deles, identificar os descritores controlados por meio das ferramentas Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH), que são: Tecnologia educacional (Educational technology); Adolescente (Adolescent); Jovem adulto (Young adult); HIV (HIV); Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome). O período temporal para as buscas será do início de cada uma das bases até o final de 2021, com a finalidade de identificar o maior número de produções acerca da tecnologia educacional digital referente ao HIV/AIDS para adolescentes e jovens.
As fontes de dados selecionadas serão: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE); Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL); Scopus; Web of Science; Biblioteca Virtual de Saúde (BVS); PubMed via Medline e LILACS. Como literatura cinzenta será utilizado o Google acadêmico. Salienta-se que ainda será realizada a leitura das referências bibliográficas de todos os artigos selecionados para identificação de novos estudos.
Para a busca dos estudos serão empregados os operadores booleanos nas bases de informação, formando o seguinte buscador: “Educational technology” AND “HIV” OR “Acquired Immunodeficiency Syndrome” AND “Adolescent” OR “Young adult”; “Tecnologia educacional" AND “HIV” OR “Síndrome de Imunodeficiência Adquirida” AND “Adolescente" OR “Jovem adulto”; "Tecnología educativa" AND "VIH" OR "Síndrome de inmunodeficiencia adquirida" AND "Adolescente" OR "Adulto jovem".
Por fim, os resultados serão apresentados de acordo com as orientações do checklist do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR)(15). O protocolo foi registrado na Open Science Framework (OSF) sob registro nº 10.17605/OSF.IO/QK2G7. O método a ser utilizado dispensa apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
CONFLITO DE INTERESSES
Os autores declaram não haver conflito de interesse.
FINANCIAMENTO
O presente estudo foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
REFERÊNCIAS
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Submissão: 17/08/2021
Aprovação: 11/01/2022
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