Ensino do processo de enfermagem segundo os vídeos do YouTube: estudo descritivo-exploratório

 

Manacés dos Santos Bezerril1; Maria Eduarda Gonçalves da Costa1; Francisca Sánchez Ayllón2; Adriana Catarina de Souza Oliveira2; Alexsandra Rodrigues Feijão1; Viviane Euzébia Pereira Santos1

 

1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, Brasil

2 Universidade Católica de Murcia, Espanha

 

RESUMO

Objetivo: Identificar os vídeos do YouTube sobre o Processo de Enfermagem como temática de ensino no contexto nacional. Método: Estudo descritivo-exploratório, quanti-qualitativo, realizado com vídeos do YouTube em novembro de 2019, no qual identificou-se, principalmente, a data da postagem e total de visualizações, autor, categoria do vídeo, participante e conteúdo. Resultados: Dentre os 23 vídeos da amostra final, foram identificados vídeos no período de 2016 a 2019, com predomínio do ano de 2018 (10; 43,9%), profissionais de enfermagem (17; 65,3%) na qualidade de participante, e definição de Processo de Enfermagem (12, 27,2%) como conteúdo abordado. Discussão: A facilidade de acesso, a existência de sites de compartilhamento de vídeos, a importância do Processo de Enfermagem e o desenvolvimento de parcerias entre organizações de ensino e de saúde potencializam a construção de ferramentas audiovisuais. Conclusão: os vídeos explanam o conceito do Processo de Enfermagem e suas etapas e apresentam o conteúdo mediante uma exposição dialogada.

 

Descritores: Processo de Enfermagem; Enfermagem; Ensino; Webcasts; Recursos audiovisuais.

 

INTRODUÇÃO

O Processo de Enfermagem (PE) constitui-se em um instrumento metodológico estruturado em cinco etapas (coleta de dados, diagnóstico, planejamento, intervenções e avaliação de enfermagem) dinâmicas e interconectadas, que auxiliam o enfermeiro a desenvolver o cuidado prestado ao paciente de forma organizada, mediante atividades de pensamento crítico e o registro de informações indispensáveis (1-4).

Ademais, a utilização do PE não apenas favorece e estimula a continuidade do cuidado, mas também significa um modelo de assistência de enfermagem que promove reconhecimento ao exercício profissional, otimiza a práxis realizada nos serviços e estimula o avanço da enfermagem como ciência (2,3).

Contudo, para que tais perspectivas sejam alcançadas, é importante que os ambientes de ensino propiciem a construção do conhecimento acerca do PE de modo preciso, amplo e interativo, em razão dos múltiplos estilos de aprendizagem e por esse instrumento laboral ir além de uma ferramenta de trabalho, pois incentiva uma abordagem humanística, com foco em uma relação horizontal entre paciente-profissional-familiar, considerando valores, preocupações e desejos expressados pelo indivíduo a ser cuidado e o custo-benefício para com as atividades efetuadas (1,3,5).

Logo, dentre os diversos métodos de ensino, destacam-se as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs), principalmente após a popularização da internet, por auxiliar na interação entre aluno e professor (2,5-7).

Em meio a essas tecnologias, os vídeos têm sido amplamente utilizados em decorrência da facilidade de conectar-se às plataformas digitais, permitir aos usuários manipulá-los conforme seu tempo e espaço, dispor de elementos audiovisuais que favorecem uma melhor assimilação do conhecimento mais ágil, gerar maior autonomia e motivação discente, e aproximar as nuances do contexto educacional-formativo com a cibercultura, em razão de muitos alunos optarem pelas TDICs em oposição aos livros (6,7).

Neste sentido, o sítio de compartilhamento de vídeos do YouTube é considerado na atualidade um dos serviços de distribuição de conteúdo com maior número de acesso por dia, visto que possibilita carregar, compartilhar, produzir e publicar vídeos digitais sem a necessidade de uma triagem rigorosa, além de serem fontes de pesquisas e estudos por parte de alunos e profissionais de enfermagem, principalmente pela facilidade de acesso aos dados (6-12).

Destarte, é indiscutível identificar os materiais que são veiculados por essa mídia, principalmente aqueles relacionados à saúde e à educação, em razão de vários produtos não passarem por uma análise crítica com embasamento teórico aprofundado e serem idealizados/construídos por pessoas leigas e/ou não capacitadas para transmitir uma determinada informação, por conseguinte, há a probabilidade de repercutir ações/pensamentos equivocados que possam interferir negativamente no trabalho realizado pelo profissional de enfermagem e na construção do conhecimento (6-13).

Outrossim, é importante ressaltar que a enfermagem constitui-se na categoria de trabalho nos serviços de saúde com o maior contingente laboral, pois envolve tanto enfermeiros quanto técnicos de enfermagem, os quais apesar de possuírem algumas atribuições distintas quanto ao PE, necessitam estar familiarizados com seu significado, objetivo e prática, no intuito de potencializar tal ferramenta nos diversos âmbitos da saúde, considerando seus níveis de complexidade (2-4).

Isto posto, uma triagem de vídeos existentes no YouTube sobre o ensino do PE torna-se pertinente em virtude de indicar possíveis incoerências que possam replicar um processo de ensino-aprendizagem deficiente, tanto em nível médio/técnico e/ou superior, e aprimorar sugestões de conteúdos sobre o PE com rigor metodológico.

Portanto, o presente estudo busca responder a seguinte questão norteadora: quais vídeos no YouTube abordam o Processo de Enfermagem como temática de ensino no contexto nacional? E tem como objetivo, identificar os vídeos do YouTube que abordam o Processo de Enfermagem como temática de ensino no contexto nacional.

 

MÉTODO

Estudo descritivo-exploratório de abordagem quanti-qualitativa (14), realizado no sítio de vídeos do YouTube (www.youtube.com) em decorrência de ser um local de busca e compartilhamento com quantitativo de acesso considerável dentre os usuários da internet (9,10,13).

Para alcance da proposta, estruturou-se um protocolo de pesquisa com as seguintes etapas: definição do tema, objetivo e questão norteadora; estratégia de busca; análise dos vídeos; extração dos dados e apresentação dos principais resultados (7,8,13,15).

A busca ocorreu no dia 28 de novembro de 2019 a partir da combinação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “ensino” e “processo de enfermagem”. Apesar de o YouTube ser uma rede social, a escolha de tais termos para efetuar a captura do material em evidência, se deu em razão de configurarem palavras que facilitaram a identificação dos vídeos.

Ademais, apesar de existir uma questão importante em território nacional entre a definição dos termos PE e Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), optou-se pelo PE pelo fato desse ser o foco da presente investigação.

Vale ressaltar que não houve recorte temporal e não foi aplicado nenhum filtro disponível no sítio de pesquisa (data do upload, tipo, duração, características e/ou relevância), na premissa de abarcar o maior número de vídeos disponíveis.

Por conseguinte, foram selecionados os links dos vídeos encontrados, sendo em seguida organizados em uma planilha do Microsoft Excel 2016 para posterior análise, ponderando a contínua adição de material no local investigado, além de ter sido permitido o acesso irrestrito aos pesquisadores para visualizar diversas vezes e em diferentes momentos o mesmo vídeo.

A amostra do presente estudo foi constituída pelos vídeos selecionados no sítio de compartilhamento de materiais audiovisuais YouTube conforme os critérios de elegibilidade.

Incluíram-se os vídeos que abordavam a temática investigada, na língua portuguesa – em razão de o enfoque ser o ensino do PE em âmbito nacional, independentemente do tempo de duração (curto – menor que quatro minutos, longo – maior que 20 minutos) e do público-alvo (acadêmicos de nível médio/técnico, graduação ou pós-graduação, e/ou profissionais de enfermagem). Excluíram-se os duplicados, sem cunho educacional e aqueles com teor comercial (Figura1).

No que concerne ao caráter e/ou qualidade dos vídeos, seguiram-se os princípios adotados em pesquisas (11,12) similares, uma vez que não há ferramenta específica para tal avaliação.

 

Figura 1 – Processo de busca e seleção dos vídeos no sítio do YouTube sobre o Processo de enfermagem. Natal-RN, Brasil, 2019

 

 

Interface gráfica do usuário, Texto, Aplicativo, chat ou mensagem de texto

Descrição gerada automaticamente

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: dados da pesquisa, 2019

 

Os vídeos foram coletados e analisados de forma individual pelos colaboradores da pesquisa, assim como o preenchimento checklist e, em caso de divergências, um terceiro componente efetuava a avaliação.

O material foi analisado segundo os indicadores presentes em um checklist desenvolvido pelos pesquisadores para tabulação dos dados, adaptado de instrumentos que foram validados e utilizados em investigações (7,8,10,13,15,16) de cunho similar no intuito de padronizar a extração das informações.

Os elementos que compõem o checklist para a extração dos dados são: data da postagem e total de visualizações (indicados na descrição do vídeo); duração do vídeo (em horas, minutos e segundos – conforme indicado no marcador de tempo); autor (responsável pela postagem – pessoa física, empresa ou órgão); categoria (segundo classificação do YouTube - Educação, Pessoas e Blogs, Entretenimento, Notícias e Política, Jogos, Animação e Música); participante (indivíduo que participou da produção do vídeo – enfermeiro, docente, discente, entre outros); abordagem de conteúdo (se descreve todas as etapas do PE ou apenas uma, conceito, aspectos históricos, relação e/ou dissociação da SAE); e características metodológicas (se indicação e/ou disponibilização das fontes bibliográficas, técnicas/ferramentas didático-pedagógicas utilizadas).

Os dados foram organizados e tabulados de forma descritiva simples, segundo frequência absoluta e relativa. Por não envolver diretamente seres humanos e ser material de domínio público, não se fez necessária a apreciação de Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

 

RESULTADOS

Os 23 (100,0%) vídeos componentes da amostra final obtiveram 888.418 visualizações com média de 38.627, uma duração total de seis horas e nove minutos, média de 15 minutos por vídeo. Quanto à dimensão temporal, esses foram publicados de 2016 a 2019, com predomínio do ano de 2018 (10; 43,9%), seguido de 2019 (06; 26,0%), 2016 (03; 13,0%) e 2017 (03; 13,0%), ressalta-se que em um (04,1%) vídeo não foi informado a data de postagem.

Destacou-se a categoria Educação (16; 65,2%), logo após Pessoas e Blogs (05; 21,7%), Entretenimento (01; 04,1%) e Notícias e Política (01; 04,1%). Dentre os autores responsáveis pela divulgação do conteúdo midiático, evidenciou-se Pessoa física (19; 82,6%) e Órgão (04; 17,4%) e,  nessa última classificação, foram identificadas instituições como o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN-SP) e uma parceria entre a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Vice Diretoria Técnica de Enfermagem do Hospital das Clínicas (HC/MG).

No que se refere ao perfil dos participantes na produção dos vídeos, percebeu-se a presença de profissionais (17; 65,3%), docentes (08; 30,7%) e discentes (01; 04,1%) de enfermagem, vale salientar que um mesmo indivíduo está presente em mais de um vídeo. Quanto ao conteúdo do tema abordado (Tabela 1), emergiram seis categorias, das quais, mais de uma esteve presente no mesmo vídeo, por esse motivo o quantitativo total é maior que 23.

 

Tabela 1 – Conteúdos abordados nos vídeos do sítio do YouTube sobre o Processo de Enfermagem. Natal-RN, Brasil, 2019

Conteúdo

n

%

Definição do PE1

12

27,2

Descrição das cinco etapas do PE1

11

25,0

Diferença entre a SAE2 e o PE1

09

20,6

Descrição de apenas uma etapa do PE1

 

 

Histórico de enfermagem

02

04,5

Diagnósticos de enfermagem

02

04,5

Planejamento de enfermagem

01

02,3

Intervenções de enfermagem

02

04,5

Avaliação de enfermagem

01

02,3

Reflexões acerca da aplicabilidade do PE1

03

06,8

Ordem das etapas do PE1

01

02,3

Total

44

100,0

Fonte: dados da pesquisa, 2019.

1Processo de Enfermagem; 2Sistematização da Assistência de Enfermagem.

 

O Quadro 1 apresenta as características metodológicas dos vídeos selecionados para amostra final do estudo quanto ao título, fonte bibliográfica e ferramentas/técnicas de ensino.

 

Quadro 1 – Caracterização metodológica dos vídeos selecionados no YouTube sobre o Processo de Enfermagem. Natal-RN, Brasil, 2019

Título

Fonte bibliográfica

Técnica de ensino

01

Processo de Enfermagem e SAE - O que é? Quais são as etapas?

Resoluções do COFEN e COREns

Disponibilização dos links para acesso

Exposição dialogada

Diagramas

02

O Processo de Enfermagem em etapas + leis

Resoluções do COFEN

Disponibilização dos links para acesso

Exposição dialogada

Ilustrações interativas

03

SAE e Processo de Enfermagem - Como cai na prova de Enfermagem | 15/01 às 19h

Resoluções do COFEN

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Exposição dialogada

Resolução de questões

04

Como fazer um diagnóstico de enfermagem? (Extra: Como usar o NANDA?)

Utilização da taxonomia do NANDA

Resolução de caso clínico

05

Etapas do Processo de Enfermagem

Resoluções do COFEN

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Exposição dialogada

Diagramas

06

O que é a SAE e o Processo de Enfermagem?

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Conversa informal

07

É hora de introduzir o Processo de Enfermagem | Descomplicando a SAE -  

Ep. 6

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Exposição dialogada

08

Processo de Enfermagem Enfermagem Prática

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Conversa informal

09

Planejamento de Enfermagem - Curso de Processo de Enfermagem-  

Ep. 5

Indicação do NOC e NIC

Exposição dialogada

10

Palestra sobre Processo de Enfermagem

Resoluções do COFEN e COREns

Não disponibiliza os materiais utilizados

Palestra em evento científico

11

Diagnósticos de Enfermagem - Curso de Processo de Enfermagem - Ep. 4

Utilização da taxonomia do NANDA

Resolução de caso clínico

12

Conheça as fases do Processo de Enfermagem | Descomplicando a SAE –

Ep. 7

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Conversa informal

13

SAE e o Processo de Enfermagem - Entenda de uma vez por todas! Resumo

Resoluções do COFEN e COREns

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Exposição dialogada

Mapas mentais

14

Como fazer uma evolução de enfermagem?

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Conversa informal

15

Intervenções de Enfermagem - NIC (Parte 1)

Utilização do NIC

Conversa informal

16

Como usar o NIC? - Intervenções de Enfermagem (Parte 2)

Utilização do NIC

Conversa informal

17

Sistematização da Assistência de Enfermagem SAE

Utilização da taxonomia da NANDA, NIC e NOC

Exposição dialogada

18

SAE e Processo de Enfermagem (Resolução COFEN 358/2009) - Aula Completa

Resoluções do COFEN

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Exposição dialogada

19

Sistematização da Assistência de Enfermagem com questões de concursos

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Resolução de questões

20

Videoaula: Sistematização da Assistência de Enfermagem

Não disponibiliza os materiais utilizados

Indica as referências

Exposição dialogada

Dramatização

Conversa informal

21

SAE - Sistematização da Assistência de Enfermagem | 21/02 às 19h

Resoluções do COFEN

Indica os materiais utilizados

Exposição dialogada

Resolução de questões

22

SAE x Processo de Enfermagem

Resoluções do COFEN

Disponibilização dos links para acesso

Exposição dialogada

23

Exame físico - Processo de Enfermagem

Não disponibiliza ou indica os materiais utilizados

Conversa informal

Fonte: dados da pesquisa, 2019.

 

DISCUSSÃO

A facilidade de acesso às informações por meio da internet e a existência de sites de compartilhamento de vídeos, somados à importância do PE e à necessidade de aprofundamento acerca desse tema, são aspectos que justificam o alto quantitativo de visualizações para com os conteúdos relacionados à saúde/educação no sítio de busca do YouTube (5,6,10-12).

O fato de as publicações compreenderem o espaço temporal de 2016 a 2019, reflete no atendimento ao atual perfil do aluno 3.0 e suas múltiplas formas de aprendizagem, o qual desempenha um papel mais ativo no seu processo de aprendizagem e de modo multidirecional (16-18).

Diante dessa perspectiva no processo didático-pedagógico, a categoria Educação foi a mais evidenciada, ao indicar que embora o YouTube ofereça diversas opções para classificar o vídeo a ser postado - o que implica diretamente no nível de consumo desse material, uma vez que aqueles relacionados à Música, Pessoas e Blogs, Entretenimento, Jogos, Cinema, Animação e Música, são os mais acessados - os encarregados pelo material apresentam a disposição em propagar conhecimento (8,15,18).

Nesse sentido, é importante que os responsáveis pela disponibilização e compartilhamento dessas mídias possuam um entendimento plausível acerca do que é produzido e distribuído como informação a ser apreendida e/ou replicada por outras pessoas, especialmente no que concerne à dados atrelados à saúde, em razão de envolver diretamente o bem-estar de um determinado indivíduo ou coletividade (5,6,9,11,12,15,16,18-20).

Logo, tais apontamentos são traduzidos em decorrência de Pessoa Física ser o principal idealizador do material, assim como os profissionais de enfermagem serem identificados no papel de participantes dos vídeos.

Não obstante, é relevante ressaltar a existência de materiais elaborados por órgãos como os conselhos de classe trabalhista (COFEN e COREN-SP) e instituições assistenciais e educacionais (UFMG e HC/MG), o que corrobora com um estudo(18) realizado nos Estados Unidos da América (EUA) ao afirmar que tanto os profissionais quanto as organizações de saúde demonstram preocupação com a veracidade e a qualidade das mensagens transmitidas em plataformas como o YouTube.

Destarte, percebe-se que essas inquietações acerca das características dos vídeos têm promovido passos para analisar esse tipo de material, planejar e construir conteúdos audiovisuais com temáticas de interesse para estudantes e trabalhadores da área da saúde, assim como para pacientes e familiares com alguma enfermidade crônica, pautados em evidências científicas (6-9,11-13,15,16,18,20,21).

Em meio às ferramentas existentes que potencializam tal iniciativa, têm-se o SQUIRE-EDU (Standards for QUality Improvement Reporting Excellence in Education), o qual estimula o desenvolvimento e a melhoria de inovações educacionais, especialmente aquelas direcionadas aos profissionais de saúde para com o atendimento clínico, dada a complexidade do contexto assistencial que exige um pensamento crítico, reflexivo e sistêmico (20).

Outrossim, é indispensável a existência de parcerias de centros de ensino e pesquisa com os serviços de saúde, pelo fato de o sítio de compartilhamento do YouTube ser o mais conhecido/acessado e o PE configurar-se em uma das formas de atender um dos pontos apresentados nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de enfermagem, no que concerne à formação de profissionais de enfermagem qualificados e capacitados para intervir sobre situações que promovam a saúde integral do paciente alinhadas aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) (2,3,22,23).

No que se refere aos conteúdos abordados nos vídeos selecionados, houve um quantitativo expressivo de explanações sobre o conceito do PE e a diferença para com a SAE, o que pode indicar dúvidas e/ou discordâncias a respeito do real significado desse termo, embora já esteja definido na literatura como um instrumento metodológico estruturado que auxilia o enfermeiro a desenvolver um cuidado continuado ao paciente (1,2,4,5).

A descrição das etapas componentes do PE constitui-se em algo fundamental para indicar a estruturação correta, esclarecer a dinâmica processual e, por conseguinte, permitir a assistência contínua. No YouTube, esses aspectos são trabalhados com uma linguagem coloquial, a qual estimula uma melhor assimilação do aprendizado, mas que pode ocasionar efeitos negativos se perder o teor científico por não utilizar os termos técnicos, por exemplo (2-5,7-10,15).

Quando apresentadas separadamente em alguns vídeos, as etapas do PE são discutidas de modo mais detalhado, com foco em cada uma de suas peculiaridades, desde como executá-las até quais instrumentos podem auxiliar em sua aplicabilidade (livros, questionários, softwares).

Em outros casos, as etapas do PE são abordadas de modo independente, pois trata-se de uma série de vídeos publicados pelo mesmo indivíduo/conta de usuário em momentos diferentes, que além de comum no sítio de compartilhamento do YouTube, em razão de promover a expectativa e manter o interesse do telespectador no canal em questão, também viabiliza a construção de um entendimento crescente e com base em saberes que podem ser ampliados por outras fontes de dados, o que pode demonstrar interesse ativo do sujeito que busca por esse conteúdo, seja ele um aluno em formação ou até mesmo um profissional que procura atualizar seu conhecimento (9,10,13,16).

Isto posto, evidencia-se que a divulgação dessas informações no YouTube possibilita, por sua vez, o compartilhamento de saberes, percepções e experiências de diferentes localidades geográficas com características específicas que podem auxiliar na inserção do PE em serviços de saúde que ainda não o tenha empregado (1-3,5,6,8,11,12).

Diante desse panorama, embora diminuto em quantitativo, os vídeos que apresentam reflexões a respeito da aplicabilidade do PE são de extrema importância, uma vez que suscitam discussões sobre as dificuldades de sua implementação e os benefícios que sua aplicabilidade pode promover.

Dentre as fragilidades para a concretização do PE nas organizações de saúde, os vídeos ressaltam o desconhecimento sobre o PE, suas etapas e objetivos pelos profissionais de enfermagem; resistência de alguns para com a aplicabilidade na prática, por considerarem mais uma atividade burocrática que pode prejudicar a assistência destinada ao paciente; ausência do apoio da gestão em ações educativas de atualização/reciclagem de conhecimento e/ou colaboração na efetivação do PE nos setores da instituição de modo horizontal e padronizado; entre outros.

Já em relação às fortalezas, os vídeos destacam a continuidade e uniformização do cuidado de modo seguro e qualificado; a promoção de uma linguagem única, científica e que promove a visibilidade da enfermagem como profissão e campo da ciência importante no âmbito da saúde; certificam as ações executadas pela equipe de enfermagem e constituem-se em um artifício de registro legal em casos de processos jurídicos/burocráticos.

Quando trabalhadas no âmbito do seguimento ensino-aprendizagem, essas mídias podem despertar um pensamento ampliado nos estudantes, no intuito de instigá-los a ponderar se o PE é utilizado nos centros de saúde, de que forma isso acontece, quais são as barreiras que impedem seu uso em completude e quais estratégias podem ser construídas para mudar tal situação (6-8,18,19,21).

No que tange à caracterização metodológica dos vídeos, verificou-se que a maioria utilizou resoluções do COFEN e/ou de CORENs para apresentar o conteúdo do PE em relação aos conceitos, descrição de etapas e atribuições para com os membros da equipe de enfermagem, além das taxonomias empregadas para elencar diagnósticos, planejar as intervenções e avaliar os resultados, mediante a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), Nursing Interventions Classification (NIC), Nursing Outcomes Classification (NOC), respectivamente.

Dessa forma, ressalta-se a importância da exposição das referências usadas na produção dos vídeos, geralmente citadas na descrição, pois sugere que houve no mínimo um embasamento teórico para a sua produção, direciona o usuário para a fonte das informações no intuito de buscar maiores esclarecimentos e, em caso de divergências, há um campo destinado a comentários para relatar seus questionamentos e/ou sugestões (11,12,15,18-20).

Em meio às técnicas/ferramentas de ensino aplicadas para a explanação do conteúdo, identificou-se de maneira expressiva a exposição dialogada, uma vez que muitos alunos buscam nessas aulas audiovisuais uma forma de adiantar e/ou concretizar o conhecimento apreendido em sala de aula, como uma forma alternativa de compreensão por meio de uma linguagem diferente, o que vai ao encontro do perfil do aluno 3.0 (10,13,16,17).

Percebeu-se também a associação de ilustrações interativas, diagramas e mapas mentais para com as exposições efetuadas nos vídeos, de modo a constituir-se em um complemento para a explicação do PE, no escopo de atender as necessidades e particularidades de aprendizado de cada indivíduo que busca por esse tipo de material, em razão de que para alguns, o conhecimento é melhor absorvido a partir de imagens e elementos gráficos (7,8,15,18).

Os vídeos também apresentaram a resolução de questões e casos clínicos como mecanismos para ensinar o PE, logo, sugere-se que há um estímulo no raciocínio clínico, crítico e reflexivo do aluno, além de indicar a esse sujeito quais são as lacunas de entendimento que ele possui, o que precisa ser otimizado, bem como prepará-lo para situações da prática nos serviços de saúde (1,6,9,10,16).

Vale ressaltar que em alguns materiais componentes da amostra final, o produtor do vídeo optou por abordar o assunto do PE mediante uma conversa informal, no sentido de expor inquietações, dúvidas e/ou responder alguns questionamentos efetuados por terceiros nas suas redes sociais, com base em suas vivências e percepções pessoais, por diversas vezes.

Por conseguinte, retoma-se a ideia da qualidade e da fonte do material disposto no YouTube, pois como é acessado por discentes em formação e, na maioria das vezes, esses indivíduos não têm embasamento científico para realizar uma análise crítica do vídeo, tomam por verídicos todos os informes transmitidos, mesmo quando não são condizentes com a temática de pesquisa (5,6,8,11,12,18-20).

Ademais, nota-se a importância de se utilizar amplamente o SQUIRE-EDU, em decorrência dessa ferramenta incitar melhorias nas pesquisas científicas em prol dos profissionais de saúde, na premissa de descrever a lacuna educativa destes indivíduos; considerar os impactos da otimização na qualificação educativa; e ter fidelidade na descrição das intervenções (20).

Logo, ao considerar tais aspectos, sugere-se os vídeos de número 01, 02, 03, 10 e 20, como materiais a serem utilizados no seguimento educacional dos cursos de enfermagem e/ou indicados como conteúdo suplementar, no escopo de atender os diversos perfis de aprendizagem e abordar o PE de maneira assertiva. Os demais apresentam limitações de fontes bibliográficas e/ou didático-pedagógicas que podem interferir negativamente no processo formativo dos alunos.

Como limitações da pesquisa, pontua-se a impossibilidade de obter o número exato de vídeos disponíveis no sítio de busca do YouTube pela ausência dessa informação no próprio meio, uma vez que tal quantitativo foi contabilizado manualmente pelos pesquisadores, além da necessidade de se repensar nos filtros disponibilizados, em razão de viabilizar não apenas uma seleção mais precisa, mas também um maior controle na qualidade dos vídeos postados.

 

CONCLUSÃO

Evidenciou-se que os vídeos encontrados no YouTube sobre o ensino do PE, explanam, predominantemente, o conceito e suas etapas, possuem como fonte bibliográfica as resoluções do COFEN e apresentam o conteúdo mediante uma exposição dialogada.

Ademais, o presente estudo contribui na reflexão da proposta de o YouTube constituir-se em uma rede social com amplo acesso e alcance multimidiático, de modo a suscitar diálogos precoces e horizontais entre docentes e alunos de enfermagem em formação acerca das indicações de materiais de qualidade oriundos dessa fonte de dados.

Além de incentivar a construção e avaliação de inovações educacionais que possam otimizar o ensino-aprendizagem não apenas no processo formativo, mas também na educação continuada/permanente para com os profissionais de saúde atuantes nos serviços assistências, no escopo de potencializar o cuidado prestado com maior segurança e qualidade.

Isso porque, se não houver uma triagem e uma criticidade para com as fontes de autoria e os conteúdos abordados nesses recursos, há a possibilidade de incongruências no seguimento didático-pedagógico em enfermagem, por conseguinte, implicam diretamente nas atividades desenvolvidas nos campos práticos de atuação, seja enquanto acadêmico em formação ou profissional efetivo.

Logo, reforça-se a importância de estudar e desenvolver o PE a partir de diversos meios, inclusive vídeos, os quais requerem uma análise mais rigorosa desde o planejamento até sua postagem. Ademais, sugere-se a construção de trabalhos similares que contemplem outras temáticas educacionais e, que assim como o PE, tem o escopo de otimizar a assistência prestada aos pacientes, a fim de favorecer a continuidade, segurança e qualidade do cuidado.

 

REFERÊNCIAS

 

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CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Concepção do estudo: Bezerril MS, Costa MEG.

Coleta de dados: Bezerril MS, Costa MEG.

Análise e interpretação dos dados: Bezerril MS, Costa MEG, Feijão AR, Santos VEP.

Discussão dos resultados: Bezerril MS, Costa MEG.

Redação e/ou revisão crítica do conteúdo: Ayllón FS, Oliveira ACS, Feijão AR, Santos VEP.

Revisão e aprovação final da versão final: Ayllón FS, Oliveira ACS, Feijão AR, Santos VEP.

 

 

Recebido: 19/12/2020

Revisado: 18/02/2021

Aprovado: 18/03/2021