Representações sociais da sorodiferença ao HIV/aids por profissionais de saúde: estudo descritivo

 

Valéria Gomes Fernandes da Silva1, Carlos Jordão de Assis Silva1, Alexandra do Nascimento Cassiano1, Bruna Ruselly Dantas Silveira1, Eloísa Araújo de Carvalho1, Rejane Maria Paiva de Menezes1

 

1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, BR

 

 

RESUMO

Objetivo: analisar as representações sociais de pessoas em sorodiferença ao HIV elaboradas por profissionais de saúde. Método: estudo descritivo, ancorado na vertente estrutural das Representações Sociais. O local de realização do estudo serão três Unidades de Assistência Especializada às pessoas que vivem com HIV da região metropolitana de Natal-RN. Os participantes, profissionais da equipe multiprofissional de saúde, responsáveis pela assistência aos indivíduos que vivem em sorodiferença ao HIV. A coleta de dados ocorrerá através de entrevista semiestruturada, guiada por questões abertas sobre o fenômeno em questão e, análise dos resultados, sob a luz da Teoria das Representações Sociais e da literatura pertinente. Resultados Esperados: espera-se que os resultados alcançados, deem aproximação e visibilidade ao fenômeno e contribuam para o atendimento das necessidades de cuidado biopsicossocial, inerente ao processo saúde-doença da sorodiferença, no campo multiprofissional, sobretudo dos cuidados de enfermagem, com vistas a promoção da saúde dos sujeitos em questão.

Descritores: Aids; HIV; Promoção da Saúde; Serviços de Saúde.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Os Serviços de Assistência Especializada (SAE) responsáveis por assistir sujeitos que vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) têm acolhido usuários envolvidos afetivamente e sexualmente com parceiros que possuem sorologia diferente da sua, configurando, portanto, a relação de sorodiferença(1).

No cotidiano de pessoas que vivem em sorodiferença, é possível visualizar desafios a serem superados, como o receio em transmitir o vírus ao parceiro soronegativo, dificuldades de adaptação às mudanças de comportamento e medo da não aceitação da condição sorológica(2).

Essa problemática se aflora, quando vem acompanhada de um desequilíbrio psicológico/emocional, por compreender que a sexualidade não direciona seu conceito apenas ao ato sexual, mas abrange características humanas que tem a natureza de se ligar às pessoas, ao prazer, aos desejos, às necessidades, à vida(1). Esses sujeitos compartilham cotidianamente tais situações com os profissionais que os assistem, envolvendo-os de forma direta aos seus anseios e expectativas(2).

Diante do contexto de dúvidas, vulnerabilidades e medo, os profissionais de saúde desempenham um papel decisivo e substancial na construção de vínculos, informações, cuidados e acolhimento aos parceiros. São eles os responsáveis por disseminar o conhecimento e favorecer a desconstrução de preconceitos enraizados que envolvem as relações sorodiferentes(2).

Destaca-se a necessidade de identificar os aspectos que envolvem o contexto da sorodiferença, no qual, o cuidado implica num olhar em sua dimensão mais ampla, perpassando o seguimento afetivo, emocional, familiar e social, que tem como princípio a integralidade e não apenas a execução de procedimentos para promover o conforto ou atender à necessidade dos pacientes(3).

Nesse sentido, percebe-se a necessidade de analisar o significado atribuído a pessoas em sorodiferença ao HIV entre os profissionais de saúde responsáveis pelo acompanhamento terapêutico desses sujeitos. Portanto, diante da importância dessa temática, considera-se pertinente responder à seguinte questão norteadora: Quais as representações sociais das pessoas em sorodiferença ao HIV, elaboradas por profissionais dos Serviços de Assistência Especializada HIV/aids?

Espera-se então que a questão posta, ao ser analisada pelos profissionais de saúde, possa alcançar além da identificação, também a percepção e/ou conhecimento construídos, sobre as representações sociais que perpassam nas relações que envolvem os casais sorodiferentes. E, a partir dos resultados, contribuir com o redirecionamento das práticas de saúde e solidificação de políticas de enfrentamento(3).

 

OBJETIVO

 

Analisar as representações sociais das pessoas em sorodiferença para o HIV, elaboradas pelos profissionais dos Serviços de Assistência Especializada em HIV/aids.

 

MÉTODO

 

Estudo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa, o qual será desenvolvido em três unidades de Serviços de Assistência Especializada, localizados na região metropolitana do estado do Rio Grande do Norte.

A coleta de dados ocorrerá através de entrevista semiestruturada onde a população prevista a participar do estudo consta de um quantitativo de 52 profissionais de saúde de equipes multiprofissionais distribuídos nesses serviços. O arrolamento dos participantes obedecerá aos seguintes critérios de inclusão:ser profissional da equipe de saúde multiprofissional básica dos SAEs, composta por médico (infectologistas e/ou clínico geral), assistentes sociais, psicólogos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, profissionais médicos ginecologistas da equipe especializada e profissionais responsáveis pela gestão e coordenação local do SAE e do programa DST/HIV/aids dos municípios citados e do estado.

O projeto em consideração foi submetido à Plataforma Brasil e conforme parecer do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em conformidade com a resolução 466-/12, foi considerado aprovado, sob o parecer 4.005.590.

A coleta de dados será iniciada imediatamente após a autorização dos serviços de saúde na qualidade de cenários de pesquisas, tendo suas atividades de pesquisas paralisadas em virtude das consequências geradas pela pandemia do novo coronavírus. A análise dos dados será realizada em conformidade com a Teoria das Representações Sociais, sob a perspectiva da vertente estrutural, proposta por Jean Claude Abric, com o auxílio do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionelles de Textes et de Questionaires (IRAMUTEQ).

 

RESULTADOS ESPERADOS

 

O presente estudo tem contribuição direta com a geração de debates ao evidenciar a temática da sorodiferença sob o olhar do profissional de saúde. Pretende-se tornar as representações sociais obtidas, objeto estruturante na desconstrução de conceitos ultrapassados e estigmas prevalentes nos cenários sociais, incluindo os ambientes de saúde. Assim, espera-se que os resultados alcançados gerem uma aproximação e uma visibilidade efetiva quanto à necessidade do cuidado biopsicossocial inerente ao processo saúde-doença envolvendo a sorodiferença, redirecionando as práticas de saúde e favorecendo o processo reflexivo dos profissionais de saúde próximos ou distantes dessa temática.

 

REFERÊNCIAS

 

 

1. Fernandes NM, Hennington EA, Bernardes JS, Grinsztejn BG. Vulnerabilidade à infecção do HIV entre casais sorodiscordantes no Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública [internet]. 2017 [Cited 2020 Jul 22];33(4):e00053415. Available from: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102311X2017000405014&script=sci_abstract&tlng=pt.  doi: https://doi.org/10.1590/0102-311X00053415.

 

2. Souza Neto VL, Silva BCO, Rodrigues IDCV, Costa CS, Mendonça AEO, Negreiros RV. Serodiscordance in care for people with HIV/AIDS: implications for nurses. Rev Fund Care Online [internet]. 2016 [Cited 2020 Jul 22];8(4):5184-92. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/3808/pdf_1.  doi: http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2016.v8i4.5184-5192.

 

3. Santos FS, Suto CSS, Freitas TOB, Piva SGN, Nascimento RCD, Souza GS. User-embracement for the person with the human immunodeficiency virus: social representations of health professionals. Rev baiana enferm [Internet]. 2019 [Cited 2020 Jul 22];33:e27769. Available from: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/27769/19114. doi: http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v33.27769.

 

 

 

Recebido: 03/09/2020

Revisado: 03/09/2020

Aprovado: 08/09/2020

 

 

 

 

Contribuição dos autores

 

Valéria Gomes Fernandes da Silva foi responsável pela elaboração do projeto de pesquisa. Rejane Maria Paiva de Menezes foi orientadora do projeto de pesquisa. Análise e aprovação final da versão a ser publicada: todos os autores.