Alterações oculares na unidade de terapia intensiva: estudo de coorte

 

Queila Faria dos Santos1, Grasciele Oroski Paes1

 

1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil

 

RESUMO

Objetivo: identificar fatores de risco significativamente associados à lesão na córnea de pacientes em terapia intensiva; estimar a recorrência dos fatores associados ao risco de lesão na córnea em pacientes internados na terapia intensiva; propor um modelo de regressão logística capaz de estimar o risco de lesão na córnea em pacientes da unidade de terapia intensiva. Método: Coorte prospectiva realizado em um hospital da rede privada localizado no estado do Rio de Janeiro com pacientes internados na unidade de terapia intensiva. Através de um instrumento e o teste de Fluoresceína 1% os participantes serão avaliados. Os dados serão tratados pelo programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 22.0 e pelo aplicativo Microsoft Excel 2007, os principais testes aplicados serão Teste qui-quadrado, Teste Exato de Fisher, Kolmogorov-Smirnov e de Shapiro-Wilk. Será realizada análise de regressão logística.

 

Descritores: Lesões da córnea; Síndromes do olho seco; Unidades de Terapia Intensiva.

 

INTRODUÇÃO

A dinâmica do ambiente da terapia intensiva pode levar a priorização de cuidados imediatos e complexos ao paciente crítico em detrimento de outros cuidados básicos, porém essenciais(1). Nessa diretiva, evidências científicas têm comprovado que procedimentos considerados de baixa complexidade são colocados em segundo plano em virtude da alta tecnologia vinculada à prática cuidativa na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)(1).

Os mecanismos responsáveis pela lubrificação e proteção ocular podem estar comprometidos no paciente grave. A exposição do olho é a causa de maior relevância para o desenvolvimento de lesão de córnea(2). São vastos os fatores que podem desencadear a redução dos mecanismos de defesa e lubrificação ocular do paciente no ambiente da terapia intensiva(1,3).

O cuidado ocular é uma estratégia simples e eficaz na prevenção de complicações oculares(3). Logo, a realização de um julgamento clínico precoce se torna um fator determinante na assistência de enfermagem para prevenir e identificar precocemente alterações oculares. Entretanto, faz-se necessário um corpo de conhecimento acerca das principais alterações oculares e os fatores de risco do paciente internado na UTI para reduzir os danos oftálmicos a um mínimo necessário, visto que são eventos passíveis de prevenção(1,2).

A partir da situação-problema apresentada, a pesquisa objetiva identificar fatores de risco significativamente associados à lesão na córnea de pacientes em terapia intensiva; estimar a recorrência dos fatores associados ao risco de lesão na córnea em pacientes internados na terapia intensiva; propor um modelo de regressão logística capaz de estimar o risco de lesão na córnea em pacientes da UTI.

 

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, epidemiológica, observacional do tipo coorte prospectivo. O campo de pesquisa é um hospital da rede privada com selo de acreditação por excelência da Joint Commission International (JCI). A unidade de terapia intensiva é composta por 18 leitos ativos dispostos em duas unidades intensivas. Para compor a amostra da pesquisa serão utilizados como critérios de elegibilidade: pacientes maiores de 18 anos internados na UTI durante o período da coleta de dados que não apresentarem lesão de córnea prévia, o que será verificado pelo teste de Fluoresceína sódica 1%, e que aceitarem participar do estudo mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e termo de assentimento informado. Após realizado o cálculo amostral, a casuística estimada para este trabalho foi de 77 pacientes. O instrumento para avaliação contempla: dados sociodemográficos, dados clínicos, alterações oculares, fatores associados ao risco de lesão na córnea e o teste de Fluoresceína 1%. A elaboração desse instrumento está baseada em estudos prévios presentes na literatura vigente.

A córnea dos participantes será avaliada diariamente por enfermeiro treinado por uma oftalmologista, que instilará uma gota de fluoresceína em cada olho e, após três minutos, procederá a avaliação com o auxílio de um oftalmoscópio a luz de cobalto e registrará os dados no instrumento de coleta de dados. Caso o participante apresente células desepitalizadas, ele será retirado da pesquisa e a equipe de plantão será comunicada para que as medidas cabíveis sejam instituídas. Os dados serão tratados pelo programa Statistical Package for the Sciences (SPSS). A análise descritiva será feita pelo cálculo da média, mediana, desvio padrão, coeficiente de variação, coeficiente de correlação, proporções e medidas de risco (razão de chances e risco relativo). Na análise inferencial, os testes aplicados serão o Teste qui-quadrado, Exato de Fisher, Kolmogorov-Smirnov, de Shapiro-Wilk, t de Student, Mann-Whitney, ANOVA e Kruskall Wallis. Para avaliar a relação entre variáveis associadas à lesão da córnea, será realizada análise de regressão logística.

Mediante as questões ético-legais, referidas pelo Conselho Nacional de Saúde, a presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery e do hospital campo da pesquisa sob o CAAE: 13942519.0.0000.5238.

 

REFERÊNCIAS

 

1. Oliveira R, Fernandes A, Botarelli F, Araújo J, Barreto V, Vitor A. Fatores de risco para lesão de córnea em pacientes críticos na terapia intensiva: uma revisão integrativa. Rev Pesq: Cuidado Fundam Online [Internet]. 2016 Apr [cited 2020 Mar 12];8(2):4423-4434. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/4592

 

2. Pitombeira DO, Souza ÂM, Fernandes AP, Araújo JN, Silva AB, Vitor AF. Características dos pacientes com ressecamento ocular internados em unidade de terapia intensiva. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Mar 12];23(2):e53081. Available from: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v23i2.53081

 

3. Freitas LS, Ferreira MA, Almeida Filho AJ, Santos CC, Silva LB. Lesões na córnea em usuários sob os cuidados intensivos: contribuições à sistematização da assistência de enfermagem e segurança do paciente. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Abr 25];27(4):e4960017. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010407072018000400311&lng=pt doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072018004960017

 

Recebido: 25/04/2020

Revisado: 05/05/2020

Aprovado: 05/05/2020

 

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