Atenção à saúde às pessoas com sífilis: um estudo avaliativo
Janmilli da Costa Dantas Santiago1, Hosana Lourenço da Silva1, Dhyanine Morais de Lima2, Andressa Kaline Ferreira Araújo1, Olga Alice Alencar Moreira1, Richardson Augusto Rosendo da Silva1
1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, Brasil
2 Universidade Potiguar, RN, Brasil
RESUMO
Objetivo: A pesquisa tem como objetivo geral avaliar a atenção à saúde às pessoas com Sífilis no Estado do Rio Grande do Norte. Método: Trata-se de um estudo Avaliativo, na vertente de avaliação da estrutura, processo e resultados, com abordagem qualitativa, que será desenvolvido no Estado do RN. Participarão da pesquisa diretores das unidades regionais de saúde pública, gestores de maternidades públicas, coordenadores da atenção básica, diretores dos distritos de saúde da capital do Estado, profissionais da estratégia de saúde da família, usuários representantes do conselho municipal de saúde, responsáveis técnicos pelo agravo da sífilis a nível estadual e do município de Natal. Serão aplicadas uma entrevista semiestruturada e a técnica do grupo focal. Os dados serão analisados através da técnica de análise de conteúdo, conforme Bardin. Utilizaremos o software IRAMUTEC.
DESCRITORES: Sífilis; Avaliação de Processos e Resultados; Saúde Pública.
INTRODUÇÃO
A sífilis tornou-se um problema de saúde pública no mundo, devido ao aumento no número de casos nos últimos anos, mesmo diante da existência de protocolos de prevenção, diagnóstico e tratamento. Ela afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças(1).
No Brasil, em 2016, foram notificados 87.593 casos de sífilis adquirida, 37.436 casos de sífilis em gestantes e 20.474 casos de sífilis congênita – entre eles, 185 óbitos. Nos últimos dez anos, no país, a taxa de mortalidade infantil por sífilis congênita passou de 2,3/100 mil nascidos vivos em 2006 para 6,7/100 mil nascidos vivos em 2016(2).
Nos últimos cinco anos, o Estado do Rio Grande do Norte (RN) apresentou um aumento no número de casos de sífilis. O ano de 2017 foi marcado pelo maior registro, 559 casos de sífilis congênita. O aumento no número de sífilis na gestante é ainda mais alarmante neste Estado. As notificações de casos passaram de 280 em 2016 para 792 casos em 2018(3).
A prevenção da sífilis tornou-se prioridade para o Ministério da Saúde. Em 2016, formulou a Agenda de Ações Estratégicas para a Redução da Sífilis Congênita no Brasil, estabelecendo prioridades para qualificar a assistência à saúde para prevenção, tratamento, assistência e vigilância da sífilis. Em 2017, divulgou um documento de renovação dessas ações, envolvendo as esferas federais, estaduais e municipais. Dentre os seis eixos que interagem nessas ações, destacam-se os eixos do Fortalecimento das Redes de Atenção à Saúde e de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção à Saúde.
A pesquisa tem como objeto de estudo a avaliação da Rede assistencial da pessoa com sífilis no Estado do RN. O estudo apresenta como questões norteadoras: Quais as ações estratégicas para controle da sífilis que o Estado do RN desenvolve? Como estão sendo acompanhados os usuários acometidos pela sífilis? Existe uma Rede de atenção à pessoa com sífilis no Estado do RN? Como está desenhada essa Rede?
OBJETIVOS
Geral
Avaliar a atenção à saúde às pessoas com Sífilis no Estado do Rio Grande do Norte.
Específicos
Desenhar a modelagem da Rede Assistencial da Sífilis no Estado do RN.
Conhecer os aspectos relacionados à estrutura, ao processo e ao resultado na atenção à saúde às pessoas com sífilis no Estado do RN.
Identificar as fragilidades e potencialidades na atenção à saúde às pessoas com Sífilis no Estado do RN.
MÉTODO
Trata-se de um estudo Avaliativo, na vertente de avaliação da estrutura, processo e resultados(3), com abordagem qualitativa. Será desenvolvido em todas as Regiões de Saúde do RN. Participarão da pesquisa oito diretores das unidades regionais de saúde pública, doze gestores de maternidades públicas, oito coordenadores da atenção básica, cinco diretores dos distritos de saúde da capital do Estado, 16 profissionais da estratégia de saúde da família (médicos e enfermeiros), oito usuários representantes do conselho municipal de saúde, um responsável técnico estadual pelo agravo da sífilis, um responsável técnico do município de Natal pelo agravo da sífilis, totalizando 59 participantes. Serão utilizados dois métodos para a coleta de dados: Entrevista e Grupo Focal, com roteiros e formulários pré-estruturados. Na primeira etapa da coleta de dados, aplicaremos uma entrevista semiestruturada a todos os participantes do estudo. Na segunda etapa será realizada a técnica de grupo focal, que será aplicada na capital do Estado, com 13 participantes que fizeram parte da primeira etapa da coleta e que desempenham suas funções assistenciais/administrativas no município de Natal. Será realizada a análise temática que está inserida na análise temática de Bardin. Os dados serão organizados e codificados com auxílio do software para análise qualitativa IRAMUTEQ. Realizaremos a modelagem descritiva, analítica e de execução, dos processos assistenciais inseridos em cada região de saúde do Estado, utilizando o software Bizagi Modeler, que permitirá construir as representações gráficas dos fluxos e processos de trabalho. Trata-se de um projeto que está sendo desenvolvido no programa de Doutorado em Saúde Coletiva/UFRN e será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
RESULTADOS ESPERADOS
Acredita-se na contribuição para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, uma vez que apresentará conhecimentos teóricos dos processos envolvidos nas ações estratégicas para o controle da sífilis, fornecendo subsídios para o direcionamento de ações no controle deste agravo de saúde pública. Isso incidirá na reorganização da política assistencial. Este estudo apresentará os processos envolvidos na prevenção da sífilis, na detecção, no tratamento, no acompanhamento de pessoas infectadas pelo treponema pallidum, demonstrando os fluxos assistenciais dentro das redes de atenção, os entraves e desdobramentos positivos, os quais servirão de base para novos planejamentos e formulações de políticas públicas.
REFERÊNCIAS
1. Organizacion Mundial de la Salud. Orientaciones mundiales sobre los criterios y processos para la validacion de la eliminacion de la transmision maternoinfantil del VIH y la sifilis. Ginebra: OMS; 2015.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico Sífilis. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. 48(36): 01-44.
3. Donabedian A. The Quality of Care. J American Medical Association. 1988; 260 (12).
Recebido: 06/10/2019
Revisado: 29/01/2020