Theoretical definitions of terms attributed to nursing phenomena identified in a school hospital. A systematic review

Definições teóricas de termos atribuídos a fenômenos de enfermagem identificados em prontuários clínicos de um hospital escola

 

Elizabeth Vasconcelos Trigueiro1. Micaele Cristina de Lima1. Rafaela Teotônio de Melo Araújo1. Maria Miriam Lima da Nóbrega1. Telma Ribeiro Garcia1.

1 Universidade Federal da Paraíba, PB, Brasil

 

Abstract: This study had as object the vocabulary which the different components of the nursing team use in practice. The primary objective was to contribute to the construction of a database essential of nursing to be introduced in systems of information. The specific objectives were to identify, in the literature and in other nursing terminologies, the meaning of the terms related to nursing phenomena, identified and mapped at school hospital's clinics, and to develop theoretical definitions for the terms classified in the axis Focus of ICNP Version 1. The following methodological stages were used: review of the literature for the identification of the meaning of the terms; mapping of the meaning of the terms and, statement of the theoretical definitions. This last stage was developed by nurses, nursing undergraduate students, and nursing postgraduate students, which participate in the Group of Studies and Research in Fundamentals of Nursing Assistance. One expect that the results of the study could, not only, contribute to the construction of a nursing essential database, which integrates the scientific and practical knowledge of the profession but, at the same time, be more sensitive to our reality and that includes terms related to nursing phenomena in order to facilitate the use of a professional common language.

Keywords: Nursing, Language, /classification, Vocabulary.

 Resumo: Este estudo teve como objeto o vocabulário utilizado na prática pelos diferentes componentes da equipe de enfermagem. O objetivo geral foi o de contribuir para a construção de um banco de dados essenciais de enfermagem, a ser introduzido em sistemas de informação, tendo como objetivos específicos os de determinar, com base na literatura e em outras terminologias de enfermagem, o significado de termos relacionados a fenômenos de enfermagem, identificados e mapeados nas clínicas de um hospital escola e desenvolver definições teóricas para os termos classificados no eixo Foco da CIPE Versão 1. Na realização do estudo utilizaram-se as seguintes etapas: revisão da literatura para a identificação do significado dos termos; mapeamento do significado dos termos e afirmação da definição teórica. Esta última etapa foi desenvolvida por enfermeiras, mestrandas em enfermagem e alunas de graduação em enfermagem, que participam do Grupo de Estudos e Pesquisa em Fundamentação da Assistência de Enfermagem. Espera-se com esses resultados contribuir para a construção de um banco de dados essenciais de enfermagem, que integre o conhecimento científico e prático da profissão e, ao mesmo tempo, seja sensível a nossa realidade, de modo a favorecer a utilização de uma linguagem profissional comum.

Palavras-chave: Enfermagem, Linguagem, /classificação, Vocabulário.

 

INTRODUÇÃO

A linguagem da Enfermagem tem sido definida como o universo dos termos escritos e suas definições, que são usados com o propósito de indexar e classificar uma variedade de dados de enfermagem em prontuários clínicos, em sistemas de enfermagem, na literatura especializada e em relatórios de pesquisa1.  Essa linguagem está representada por seus termos clínicos, sendo parte integrante e essencial do contexto teórico e prático da profissão. A falta de uma linguagem universal que estabeleça a definição e a descrição da prática profissional tem levado ao comprometimento do desenvolvimento da Enfermagem como ciência.  A falta dessa linguagem universal não é um fato comprovado, recentemente, na profissão.  Questões sobre o conhecimento específico da Enfermagem, os seus conceitos, os seus significados, e, principalmente, a utilização desses conceitos na prática, são fáceis de identificar na literatura de enfermagem2.

A partir da década de 1950, aumentaram os esforços com a finalidade de identificar os conceitos inerentes à profissão e sua utilização na prática profissional. Nos anos seguintes foram realizadas pesquisas voltadas para o conhecimento e o desenvolvimento de conceitos, tendo sido constatado como fundamental nesse segmento a introdução do processo de enfermagem na prática na década de 1970, iniciando o desenvolvimento dos sistemas de classificação de enfermagem e a sua utilização2.

O conhecimento do significado dos conceitos vem se tornando o foco dos estudos na Enfermagem, tendo em vista que os mesmos constituem a base do conhecimento, idéia e comunicação, essencial para a construção de uma linguagem própria e para o desenvolvimento da Enfermagem como profissão e como ciência3. Garantir a compreensão e o reconhecimento intersubjetivo do significado dos conceitos incluídos na linguagem especial de enfermagem consiste num aspecto básico, pois eleva seu potencial de aplicabilidade prática, seja no ensino, na pesquisa ou na assistência de enfermagem4.

Em decorrência da manifestação das enfermeiras de todo o mundo em busca de universalizar a sua linguagem e tornar visíveis os componentes utilizados na sua prática profissional, durante a realização do Congresso Quadrienal do Conselho Internacional de Enfermagem (CIE), realizado em Seul, em 1989, foi apresentada a proposta para o desenvolvimento de uma classificação que representasse um marco unificador dos diferentes sistemas de classificação da linguagem de enfermagem, resultando no projeto para o desenvolvimento da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPEâ)2.

A construção da CIPEâ teve início em 1991, mas a sua primeira versão só foi apresentada à comunidade de enfermagem em dezembro de 1996, denominada de Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem – CIPE: Um Marco Unificador, Versão Alfa. Em 1999 foi apresentada uma nova versão, denominada CIPEâ Versão Beta. A Versão Beta passou por uma revisão, o que permitiu a correção de alguns termos e definições, e em janeiro de 2001 o CIE publica a nova versão, a CIPEâ Versão Beta 25. Em 2005, foi publicada a CIPEâ Versão 1, com uma nova estrutura, condensando as classificações de Fenômenos e de Ações de Enfermagem em uma única e reduzindo de dezesseis para sete o número de eixos (Modelo dos 7 eixos – Foco, Julgamento, Meio, Ação, Tempo, Localidade e Cliente), o que veio facilitar o processo de construção de nomenclaturas especializadas (ou catálogos), além de simplificar o seu manuseio6.

Estas classificações são importantes para o desenvolvimento da Enfermagem, pois são ferramentas para comparar o conhecimento globalmente. Além disso, se o vocabulário utilizado na prática se fizer de forma estruturada, padronizada e classificada, facilitará tanto o entendimento por parte dos profissionais, quanto o monitoramento da qualidade do cuidado de Enfermagem prestado aos pacientes, podendo, ainda, ajudar na produção de estudos e pesquisas científicas.

Este estudo tem como objeto o vocabulário utilizado na prática pelos diferentes componentes da equipe de enfermagem. Faz parte do projeto de pesquisa Identificação de dados essenciais de enfermagem para inserção em sistemas de informação: instrumental tecnológico para a prática profissional7 subprojeto Confirmação do significado e da utilidade dos termos atribuídos a fenômenos de enfermagem. O objetivo geral é o de contribuir para a construção de um banco de dados essenciais de enfermagem a ser introduzido em sistemas de informação. Os objetivos específicos do subprojeto são os de identificar, na literatura e em outras terminologias de enfermagem, o significado dos termos relacionados a fenômenos de enfermagem, identificados e mapeados nas Clínicas do Hospital Universitário/UFPB e desenvolver definições teóricas para os termos classificados no eixo Foco da CIPEâ Versão 1.

Antes da realização do estudo, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa do HULW/UFPB, em observância aos aspectos éticos preconizados na Resolução Nº. 196/96, do Conselho Nacional de Saúde8. Espera-se que os resultados obtidos possam contribuir para a construção de um banco de dados essenciais de enfermagem, que integre o conhecimento científico e prático da profissão e, ao mesmo tempo, que seja sensível a nossa realidade, de modo a favorecer a utilização de uma linguagem profissional comum. 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os dados utilizados neste estudo foram oriundos de pesquisas desenvolvidas nas Clínicas Obstétrica, Pediátrica, Médica, de Doenças Infecto-Contagiosas, Unidade de Terapia Intensiva e Cirúrgica, do Hospital Universitário Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba, utilizando uma amostra de 417 prontuários, de onde foram feitas as transcrições dos registros de enfermagem9-15. Os resultados dessas pesquisas levaram à extração de 2.812 termos – 1.292 atribuídos a fenômenos e 1.520 a ações de enfermagem, quando submetidos ao processo de mapeamento com a CIPEâ Versão Beta 2. Com a publicação da CIPEâ Versão 1, os 1.292 termos atribuídos a fenômenos de enfermagem foram submetidos a novo processo de mapeamento, ocasião em que se observou a ocorrência de 771 termos constantes e 521 fenômenos não constantes nesta classificação.

Os 521 termos identificados como não constantes na CIPEâ foram submetidos à normalização, com correções ortográficas e de gênero, e exclusão de repetições, após o que restaram 203 termos, que foram classificados de acordo com o Modelo dos 7 eixos da CIPEâ Versão 1, levando em consideração a definição apresentada pelo ICN para os referidos eixos.

Em seguida foram desenvolvidas, com base em literatura específica, definições conceituais para os termos não constantes na CIPEâ classificados no Eixo Foco (n = 87), utilizando as etapas recomendadas na literatura: 1) revisão da literatura; 2) mapeamento do significado do conceito; e 3) afirmação da definição teórica3.  Esta última etapa foi desenvolvida com a participação de enfermeiras, mestrandas e alunas de graduação em enfermagem, componentes do Grupo de Estudos e Pesquisa em Fundamentação da Assistência de Enfermagem – GEPFAE.

 RESULTADOS

Os 203 termos não constantes, que restaram após o processo de normalização, foram classificados de acordo com o Modelo dos 7 eixos da CIPEâ Versão 1, obtendo-se os seguintes resultados: nenhum termo no Eixo Ação, treze no Eixo Cliente, 87 no Eixo Foco, 54 no Eixo Julgamento, 41 no Eixo Localização, um no Eixo Método e sete no Eixo Tempo.

Evidencia-se que predominaram termos dos eixos Foco (87), Julgamento (54) e Localização (41). Acumulando-se o número de termos dos eixos Foco e Julgamento, aqueles que o CIE considera fundamentais para a denominação dos diagnósticos de enfermagem, observa-se a ocorrência de 141 termos, correspondendo a um percentual de 69,5%.  Esse fato demonstra que, mesmo quando ocorrem de modo assistemático, os registros de enfermagem utilizam em sua estrutura termos que evidenciam a área de atenção relevante para a área (Foco) e a opinião ou determinação clínica (Julgamento) acerca dos fenômenos que estão no domínio profissional. Os 87 termos classificados no eixo Foco foram escolhidos como objeto deste estudo.

Para construção da afirmação das definições dos 87 termos do Eixo Foco foram consideradas as regras de classificação para construção de definições da CIPEâ, segundo as quais a definição deve ter sentido; não deve ser circular; não deve ser tão ampla que permita que a palavra que se define se aplique a mais objetos do que os devidos e nem tão restrita que exclua aplicações legítimas da palavra; deve expor os atributos essenciais dos conceitos subjacentes à palavra; deve evitar linguagem ambígua ou obscura; deve ser literal (não ser figurativa, metafórica ou irônica); deve expressar-se em uma frase positiva e ser neutra, não valorativa5.  Além dessas regras, foram levados em conta princípios de definição terminológica, tais como previsibilidade, simplicidade, enunciado afirmativo, não circularidade e ausência de tautologia16.

Após a análise dos termos e de suas respectivas definições, foi feita a afirmação da definição teórica, por um grupo de enfermeiras, mestrandas em enfermagem e alunas de graduação em enfermagem, que participam do Grupo de Estudos e Pesquisa em Fundamentação da Assistência de Enfermagem – GEPFAE, sob a supervisão das coordenadoras do projeto. Essas definições estão apresentadas no Quadro 1 a seguir. 

Quadro 1 – Definição teórica dos 87 termos não constantes na CIPEâ, e classificados no Eixo Foco. João Pessoa, 2006.

Termos

Definição teórica

01.    Abscesso

Coleção localizada de material purulento constituído de micróbios mortos, células sanguíneas mortas e fluido que emana da região infectada, originada de uma infecção aguda ou crônica.

02.    Adinamia

Privação de força; falta de atividade física e emocional em decorrência de condição patológica.

03.    Agonia

Estado físico ou emocional caracterizado por dor, ânsia, angústia ou aflição.

04.    Anorexia

Aversão aos alimentos, resultando na diminuição ou falta de apetite.

05.    Ardor

Sensação de calor ou queimação.

06.    Astenia

Diminuição da força muscular ou energia, acompanhada de fraqueza.

07.    Cárie

Condição anormal de um dente ou osso que se caracteriza por apodrecimento, desintegração e destruição da estrutura.

08.    Celulite

Infecção cutânea que se caracteriza mais comumente por calor local, rubor, dor e tumefação, bem como ocasionalmente por febre, mal-estar, calafrios e cefaléias.

09.    Cianose

Coloração azulada-escura ou púrpura da pele e das mucosas devido à oxigenação deficiente no sangue.

10.    Colostro

Primeiro leite secretado pela mama durante a gravidez e nos primeiros dias após o parto, que consiste de substâncias imunológicas ativas e leucócitos, água, proteína, gordura e carboidratos em um liquido seroso, fino e amarelo.

11.    Cooperação

Ato ou efeito de cooperar.

12.    Crise de ausência

Breve perda da memória ou do conhecimento devido à excessiva fadiga, a uma intoxicação (por álcool, ópio e etc.) ou a distúrbio passageiro da circulação cerebral.

13.    Debilidade

Estado de fraqueza ou falta de forças.

14.    Desacordado

Estado no qual o indivíduo apresenta-se desmaiado; inconsciente.

15.    Descamação

Desprendimento dos elementos epiteliais mais externos da pele sob a forma de escamas ou membranas.

16.    Desnutrição

Estado de desenvolvimento deficiente, indicativo de má-nutrição habitual e caracterizado por peso e altura muito inferiores aos esperados para a idade.

17.    Desorientação

Perturbação da consciência de si mesmo em relação aos elementos do meio exterior.

18.    Detrito

Resíduo, restos de uma substância ou de um corpo qualquer desfeito ou deteriorado.

19.    Disfagia

Incapacidade ou dificuldade de engolir, comumente associada a distúrbios obstrutivos ou distúrbios motores do esôfago.

20.    Dispnéia

Respiração curta ou dificuldade ao respirar, que pode ser causada por certas afecções cardíacas, exercício extenuante, ou ansiedade.

21.    Disúria

Micção difícil ou dolorosa, sugerindo irritação ou inflamação do colo vesical ou da uretra, geralmente relacionadas com infecção bacteriana, com estreitamento uretral ou hipertrofia da próstata.

22.    Dormência

Sensação de formigamento que se manifesta na superfície da pele, decorrente de pressão sobre o nervo sensorial.

23.    Epistaxe

Hemorragia que provém das fossas nasais, geralmente por erosão da parte anterior do septo nasal, que se exterioriza pelas narinas e, em alguns casos, também pela faringe.

24.    Equimose

Extravasamento de sangue hipodérmico, que forma manchas na pele, em geral grandes, violáceas, de contornos irregulares e imprecisos.

25.    Escabiose

Dermatite causada por ácaro, caracterizada por prurido cutâneo intenso e escoriações decorrentes de coçadura, localizando-se de preferência nas pregas interdigitais ou dos punhos, cotovelos, axilas, tornozelos e pés, mas podendo estender-se às virilhas, órgãos genitais, mamas, etc.

26.    Estímulo tátil

Tudo aquilo que estimula um sentido, por meio do qual são percebidos os estímulos como à pressão, a tração, a vibração ou o movimento, quando agem sobre os receptores específicos da pele ou das mucosas.

27.    Estímulo verbal

Tudo aquilo que estimula um pedido de viva voz, oral.

28.    Flácido

Estado de relaxamento; ausência de tonicidade de um tecido ou órgão.

29.    Furúnculo

Infecção piogênica localizada, que se origina em um folículo piloso.

30.    Glicemia

Taxa de açúcar no sangue, a qual se pode situar acima (hiperglicemia) ou abaixo (hipoglicemia) da faixa normal.

31.    Hematêmese

Vômito de sangue, que implica na existência de uma hemorragia gastrintestinal superior.

32.    Hematúria

Presença de sangue na urina, que pode ter sua origem nos rins, nos ureteres, na bexiga ou na uretra.

33.    Hemiparesia

Diminuição da sensibilidade ou fraqueza muscular que atinge uma só metade do corpo ou parte dela, em conseqüência de lesão dos centros nervosos ou das vias motoras do SNC.

34.    Hemiplegia

Paralisia total que atinge uma só metade do corpo ou parte dela, em conseqüência de lesão dos centros nervosos ou das vias motoras do SNC.

35.    Hemorróidas

Varicosidade no reto inferior ou ânus causada por congestão nas veias do plexo hemorroidário.

36.    Hipertonia

Aumento anormal do tono ou força muscular, algumas vezes associada a distúrbios genéticos.

37.    Icterícia

Coloração amarelada da pele, membranas mucosas e esclerótica, causada por uma quantidade maior do que o normal de pigmentos biliares no sangue.

38.    Incisão

Fenda ou depressão de aspecto cortante.

39.    Intercorrência

Algo que sobrevém enquanto outra coisa ocorre; ocorrência de permeio.

40.    Intubação

Introdução de um dispositivo tubular em um canal, órgão oco ou cavidade do organismo.

41.    Lóquios

Corrimento vaginal, de origem uterina, que é inicialmente sanguinolento, depois serossanguinolento e, finalmente, seroso, produzido durante os 10 ou 20 dias após o parto.

42.    Lucidez

Funcionamento normal das faculdades mentais.

43.    Luxação

Deslocamento anormal e duradouro das superfícies articulares em uma articulação ou perda da congruência articular, tendo por causa um traumatismo, um defeito congênito ou um processo patológico.

44.    Mal estar

Indisposição ou perturbação orgânica, caracterizada por ansiedade mal-definida e inquietação, situação incômoda; constrangimento, e embaraço.

45.    Melena

Evacuação intestinal de fezes enegrecidas por pigmentos sangüíneos ou fezes escuras, cor de borra de café, contendo sangue digerido, que indica um sangramento nas porções altas do tubo digestivo.

46.    Micose

Moléstia infecciosa causada por fungos.

47.    Murmúrio vesicular

Ruído que se percebe normalmente á ausculta pulmonar, produzido pela movimentação das paredes alveolares durante a inspiração e a expiração.

48.    Nódulo

Corpúsculo sem cápsula encontrado como formação isolada no tecido conjuntivo frouxo de diversos órgãos, e relacionado com a formação de células, como linfócitos, com função de defesa orgânica; folículo linfático, nódulo linfóide.

49.    Obnubilação

Perturbação da consciência, caracterizada por obscurecimento e lentidão do pensamento; estado de apatia e torpor, revelando no paciente um pensamento lento e obscuro.

50.    Observação

Ato ou efeito de observar. Exame, análise.

51.    Palpitação

Percepção inabitual dos batimentos fortes e rápidos do coração, regulares ou não, associada às funções cardiovasculares e respiratórias.

52.    Paraplegia

Paralisia dos membros inferiores e porção inferior do tronco.

53.    Pediculose

Infestação com piolhos sugadores de sangue.

54.    Petéquias

Condição caracterizada por manchas purpúreas, com centro de tonalidade vermelho-vivo, ligadas a um extravasamento sanguíneo de origem dérmica.

55.    Placas

Pequena mancha de tecido superficial que difere da área circundante em cor ou textura, ou ambas, e não se leva acima desta.

56.    Plasma

A parte líquida coagulável do sangue e da linfa, na qual se acham, em suspensão, os glóbulos sanguíneos.

57.    Plenitude gástrica

Sensação de que o estômago está cheio completo, pleno.

58.    Pós-prandial

Diz-se do período que se segue a uma refeição.

59.    Prolapso

Queda ou escorregamento de um órgão (ou parte dele) de sua posição original para baixo Saída de um órgão de sua cavidade.

60.    Purulento

Condição em que há segregação de pus.

61.    Pústula

Pequena elevação circunscrita da pele, contendo material purulento.

62.    Queixa

Ação de fazer reclamação contra o procedimento de alguém a outrem que tem autoridade para repreender ou punir ou efeito de queixar-se.

63.    Resfriado

Processo inflamatório causado por vírus ou por vírus associados a outros microrganismos ou, ainda, de natureza alérgica, e que se caracteriza por congestão das vias aéreas superiores, coriza, calafrios, discreta elevação da temperatura corporal e mal-estar, cefaléia, pouca ou nenhuma febre, assemelhando-se aos sintomas da gripe.

64.    Resíduo

Aquilo que resta de qualquer substância.

65.    Ressecamento

Efeito de tornar seco ou muito seco.

66.    Restrito ao leito

Confinamento de uma pessoa ao repouso no leito pelo uso de meios mecânicos, físicos ou químicos, se necessários.

67.    Rouquidão

Estado de quem se acha rouco, caracterizado pela voz rude e de tonalidade baixa, com aspereza na fala e dificuldade na pronúncia das palavras devido a uma inflamação ou a uma afecção da laringe.

68.    Ruídos adventícios

Sons anormais que se superpõem aos sons respiratórios normais, caracterizado por roncos, sibilos, atrito pleural e cornagem.

69.    Ruídos hidroaéreos

Ruídos provocados pela passagem de ar no trânsito intestinal.

70.    Sedação

Produção de um efeito sedativo, sobretudo sobre a ação de um medicamento.

71.    Senilidade

Último período da existência humana, de limites não-definíveis, mas caracterizado pela velhice avançada e pela diminuição natural e progressiva das faculdades físicas e mentais.

72.    Seqüela

Lesão orgânica ou alteração funcional que persiste como resultado de uma doença, tratamento ou de um traumatismo.

73.    Sialorréia

Produção e fluxo abundante de saliva.

74.    Sincope

Desmaio, desfalecimento; breve lapso na consciência causado por hipóxia cerebral transitória, em é geral precedida por uma sensação de tontura podendo, com freqüência, ser prevenida deitando-se ou sentando-se com a cabeça entre os joelhos.

75.    Sopro

Som suave, como o do ar saindo de um fole, que se houve ao escutar o coração de indivíduos com anemia pronunciada.

76.    Supuração

Produção e exsudação de pus.

77.    Surdez

Afecção que se caracteriza por perda completa ou parcial de audição.

78.    Taquipnéia

Deficiência da freqüência respiratória com freqüência curta e acelerada.

79.    Tecido cicatricial

Tecido com marca de ferimento, depois de curado.

80.    Tranqüilidade

Estado do que está sem agitação; calma, em paz.

81.    Transpiração

Secreção de suor pelas glândulas sudoríparas da pele e sua excreção, como parte dos mecanismos de regulação da temperatura do corpo.

82.    Trismo

Condição em que ocorre o fechamento firme da mandíbula em virtude do espasmo tônico dos músculos da mastigação por doença do ramo motor do nervo trigêmeo; geralmente causado pelo tétano generalizado.

83.    Tumor

Massa constituída pela multiplicação de células de tecido, sem a estrutura dos processos inflamatórios ou parasitários conhecidos. Pode ser maligno ou benigno, conforme apresente ou não tendência a estender-se, a produzir metástase(s) ou a recidivar após ablação.

84.    Verminose

Infecção produzida devida à infestação por vermes.

85.    Verruga

Elevação da pele, única ou múltipla, de forma e tamanho variáveis, constituídas pela hipertrofia circunscrita das papilas cutâneas, acompanhada de espessamento das camadas de Malpighie granulosa.

86.    Vigília

Estado em que o indivíduo não consegue conciliar o sono, permanece acordado, desperto.

87.    Zumbido

Ruídos nos ouvidos de intensidade variável, percebidos continuamente ou intermitentemente, não relacionados com os sons vindos do exterior, e sim, devido a causas internas.

         Essas definições serão inseridas em um instrumento específico, contendo os termos não constantes na CIPEâ e classificados no eixo Foco e suas respectivas definições. Esse instrumento será aplicado a um grupo de enfermeiros peritos, durante a realização de nova fase da pesquisa, para verificar como se comportam em relação à definição teórica atribuída aos termos (concordância ou discordância); e para confirmar a utilização efetiva desses termos na prática profissional. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Construir um sistema de classificação que seja utilizado pela Enfermagem em todo o mundo tem sido um grande desafio, e esse esforço tem refletido no reconhecimento da profissão como uma ciência. Acredita-se que a CIPEâ favorece o crescimento da Enfermagem, pois sistematiza os termos de sua linguagem especial, possibilitando a utilização desses termos na tomada de decisões quanto às necessidades do cliente.

Considera-se que os objetivos propostos para este estudo foram alcançados, pois foram realizadas as definições teóricas dos 87 termos não constantes na CIPEâ Versão 1, classificados no eixo Foco.  Vale ressaltar as dificuldades encontradas para definir os termos com base na literatura de enfermagem, tendo que se fazer uso de dicionários, tanto da área como da língua portuguesa.  Sintetizar os conceitos identificados na literatura e nos dicionários de sorte que exprimissem teoria e prática profissional constituiu-se um desafio para as alunas de Iniciação Científica, uma vez que tinham, ainda, uma pequena experiência na prática assistencial.

Os resultados deste estudo estarão contribuindo para a construção de um banco de dados essenciais de enfermagem, que integre o conhecimento científico e prático da profissão e, ao mesmo tempo, seja sensível a nossa realidade, de modo a favorecer a utilização de uma linguagem profissional comum. Como conseqüência, poderá ocorrer o aumento de visibilidade e de reconhecimento profissional, além de uma possibilidade concreta de avaliação da prática profissional. 

REFERÊNCIAS

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03 Waltz CF, Strickland OL, Lenz ER. Measurement in Nursing Research. 2ed. Philadelphia: F.A. Davis Company, 1991. p.27-59.

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05 Nóbrega MML. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem e Projeto do CIE [entrevista]. Revista Nursing. 51:12-14, 2002.

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07 Nóbrega MML, Garcia TR. Identificação de termos da linguagem profissional para inserção em sistemas de informação: instrumental tecnológico para a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2004. 54p. Projeto de pesquisa.

08 Brasil. Ministério da Saúde.  Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP.  Resolução n. º 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos.  Brasília, 1996, 24p.

09 Araruna JF. Mapeamento de termos atribuídos aos fenômenos e as ações na linguagem especial da enfermagem na Clínica Obstétrica do HU/UFPB [iniciação científica]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria, 2002.

10 Nunes WCAN. Mapeamento de termos atribuídos aos fenômenos e as ações na linguagem especial da enfermagem na Clínica de Pediatria do HU/UFPB [iniciação científica]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria, 2002.

11 Bittencourt GKGD. Mapeamento de termos atribuídos aos fenômenos de enfermagem nos registros dos componentes da equipe de enfermagem da clínica médica do HULW/UFPB [trabalho de conclusão de curso]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria, 2003.

12 Bittencourt GKGD, Nunes, WCAN. Mapeamento de termos atribuídos aos fenômenos e as ações na linguagem especial da enfermagem na Clínica Doenças Infecto Contagiosa do HU/UFPB [iniciação científica]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria, 2003.

13 Beserra PJF. Mapeamento de termos atribuídos às ações de enfermagem nos registros dos componentes da equipe de enfermagem da Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley - UFPB [trabalho de conclusão de curso]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria, 2003.

14 Beserra PJF, Araruna JF. Mapeamento de termos atribuídos aos fenômenos e as ações na linguagem especial da enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva do HU/UFPB [iniciação científica]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria, 2003.

15 Santos KKG. Mapeamento de termos atribuídos aos fenômenos e as ações de enfermagem na linguagem dos componentes da equipe de enfermagem na Clínica Cirúrgica do HULW/UFPB [iniciação científica]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba. Curso de Enfermagem. Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria, 2004.

16 Pavel S, Nolet D. Manual de Terminologia. Canadá: Public Words and Govermment Services, 2001. 166p.

 

Endereço para correspondência
Universidade Federal da Paraíba. Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria
AC: Profa. Maria Miriam Lima da Nóbrega
Campus Universitário – João Pessoa, PB, Brasil
CEP: 58059-900. E-mail: miriamnobrega@pesquisador.cnpq.br

 NotaTrabalho vinculado ao Projeto de Pesquisa “Identificação de termos da linguagem profissional para inserção em sistemas de informação: instrumental tecnológico para a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem”, financiado pelo CNPq. Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba, protocolo N.º 046/2001.

Recebido – Oct 31st, 2006
Revisado
– Nov 11th, 2006
Aceito
– Jan 12th, 2007