CONVITE EDITORIAL

Galeria de diretores da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa: a memória em fotos


Eliane Matos Brandão1, Maria da Graça Moscoso Marques2, Marilda Andrade1

1Universidade Federal Fluminense
2Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO

Trata-se de um editorial sobre a inauguração da Galeria de Diretores da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense (UFF) – organizada pelo Centro de Memória, órgão responsável pela preservação da memória e da história da instituição. O intuito dessa exposição permanente é o de preservar a memória desse coletivo através do registro da imagem de seus líderes, ajudando a forjar o sentimento de unidade que faz desse grupo um todo e não um conjunto de recortes individuais sem interconexão. Apresentam-se, ainda, o processo de construção da galeria e as pessoas envolvidas; finalizando-se com a descrição da cerimônia de inauguração ocorrida em 12 de julho de 2018, na referida Escola de Enfermagem.

Descritores: Enfermagem; História; História da Enfermagem; Memória.


Uma galeria de fotos dos dirigentes institucionais trata de signos em edificação da identidade personificada de determinado grupo, o que demarca espaços temporais para a construção do conhecimento histórico(1). Os romanos, ao formarem o seu império, se valeram das estatuárias como forma de manter, perene e presente, o registro de seus líderes em seu vasto território(2). Isto implicou em manter viva a memória sociocultural de quem governou, fazendo com seus feitos sejam revistos a partir da manutenção da supervisão simbólica do espaço. Assim sendo, para os visitantes do espaço, cabe o respeito aos gestores mesmo diante de sua ausência física - mas presente na iconografia -, bem como a significação da ligação do passado com o presente(3).

Nos dias de hoje, essa prática ainda pode ser vista nas mais diversas instituições, tanto nos retratos dos presidentes do Brasil, quanto nas diversas galerias espalhadas por organizações representativas, como clubes e associações. O intuito dessas exposições permanentes é o de preservar a memória coletiva, por meio do registro da imagem de seus líderes, para culto ao pertencimento institucional(4).

Nesta perspectiva, a Galeria dos Diretores da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC), da Universidade Federal Fluminense (UFF), nasce com a intenção de fortalecer o elo de pertencimento do corpo social com a escola, sendo parte de uma preocupação maior que é o registro da história da instituição. A Galeria compõe o Centro de Memória da EEAAC, setor responsável pela guarda e preservação de documentos da instituição.

O Projeto da Galeria de Diretores foi composto para além das imagens dos dirigentes; teve-se a preocupação de preservar e guardar a massa documental custodiada pelo Centro de Memória, no qual foram encontrados registros sobre a trajetória da instituição que merecem ser analisados para a construção do conhecimento histórico da Enfermagem brasileira(5). O objetivo, portanto, da Galeria de Diretores da EEAAC, é resgatar a história e preservar a memória da instituição; com ela, se espera fortalecer a relação com seu corpo social, em prol da sedimentação da identidade da Escola(6).

Sua concepção intelectual se deu em duas etapas, a saber: consulta documental escrita e fotográfica; e harmonização da edificação para a exposição do registro imagético da memória dos governantes institucionais. Para tanto, contou-se com vários profissionais: enfermeiros, museólogos, arquivistas, engenheiros, fotógrafos, marceneiros, técnicos administrativos e graduandos da EEAAC. Logo, entregar a Galeria de Diretores à comunidade acadêmica da EEAAC/UFF foi um momento de realização, emoção e dever cumprido da equipe de trabalho ao socializar o elo do passado com o presente.

A materialização da Galeria pelo Centro de Memória, criado em 2004 e inaugurado em 2007, faz parte de uma de suas funções regimentais. O descerrar da Galeria de Diretores da EEAAC, além de registro institucional, trata-se de homenagem aos dirigentes e seus familiares, simbolizando as suas passagens pelos cargos hierárquicos institucionais e, também, o seu (re)conhecimento pela comunidade formada pelo corpo social da instituição de ensino(7).

Figura 1

Figura 1: Galeria de diretores da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

A cerimônia de inauguração da Galeria, que aconteceu em 12 de julho de 2018 na EEAAC, contou com a presença de dirigentes vivos, de familiares de dirigentes ausentes, de estudantes de tempos idos, entre outros convidados ilustres – como representantes de entidades da enfermagem fluminense, membros da comunidade científica, funcionários e docentes da EEAAC –, que referendaram o rito com seu comparecimento. O evento foi conduzido pelo cerimonial da UFF e a sua abertura ficou sob a responsabilidade do Conjunto de Música Antiga da UFF, que apresentou um concerto musical o qual, sem dúvida alguma, trouxe à cerimônia o toque artístico e cultural que somente a música consegue apresentar.

Em seguida, para compor a mesa do cerimonial foram convidadas as seguintes autoridades: o Vice-reitor da UFF, Professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega; a Deputada Estadual e Enfermeira Rejane Almeida; o conferencista Professor Luiz Guilherme Vergara; a Vice-diretora da EEAAC, Professora Marilda Andrade; e a coordenadora do Centro de Memória, Professora Eliane Matos Brandão. Estes, em seus discursos, destacaram o valor da contribuição do projeto para a manutenção da memória institucional; e executaram a revelação simbólica da placa de inauguração da Galeria, momento que contou com a presença da ex-diretora Professora Deise Ferreira de Souza, representando os homenageados.

Posteriormente, foi proferido o discurso da Professora Eliane Matos Brandão, que trouxe como ponto central a importância dos diretores para o fortalecimento da memória institucional, para o reconhecimento de seus membros enquanto coletivo, para o sentimento de pertencimento à instituição, e para a sua identidade. A conferência “Arte e o Cuidar”, proferida pelo Professor Luiz Guilherme Vergara, Doutor em Arte Educação pela Universidade de Nova Iorque (NYU) e ex-diretor do Museu de Arte Moderna de Niterói, abordou a notável relação entre a arte e a enfermagem.

A dimensão histórica da galeria foi trazida mais uma vez à tona quando da celebração da Cerimônia de Passagem da Lâmpada, simbolismo da Enfermagem que homenageia a Enfermeira Florence Nightingale, que faz alusão à sua prática, na Guerra da Crimeia, de iluminar as enfermarias com um lampião, em meados do século XIX(8).

A recepção aos convidados contou com a participação dos alunos da disciplina de História da Enfermagem, que tornaram o evento um momento prazeroso, acolhedor e feliz. O registro ficou a cargo da Unitevê1 e do fotógrafo da UFF, ficando todo o material produzido, após a divulgação, arquivado no Centro de Memória da EEAAC.

O descerramento da Galeria de Diretores foi acompanhado pelos presentes e executado pela Vice-diretora da EEAAC, pela Coordenadora do Centro de Memória da EEAC e pelo Professor Fernando Porto, da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, como membro proeminente da comunidade científica e em nome do pioneirismo da instituição que representa. As fotografias que compõem a Galeria registram os diretores e os períodos pelos quais ocuparam o cargo.

Figura 2

Figura 2: Autoridades presentes à inauguração do Galeria de diretores da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa.

Da esquerda para direita: Deputada Rejane Almeida, conferencista Professor Luiz Guilherme Vergara, Prof. Antônio Claudio Lucas da Nóbrega (atual vice-reitor e reitor eleito UFF 2018-2021, Prof. Eliane Brandão (Coordenadora do Centro de Memória da EEEAAC/UFF), Prof. Deise Ferreira (Diretora da EEAAC 1999-2003), Prof. Marilda Andrade (vice-diretora da EEAAC/UFF 2011-2015 e 2016-2020)

A história tem esse condão: pode ser responsável por revelar relações e as tornar tão longevas quanto a memória dos seus integrantes permitir. Assim, temos a certeza de que a Galeria de Diretores da EEAAC, inaugurada em 12 de julho de 2018, trata-se de mais um dos marcos fundamentais para as gerações que seguirão, como parte constituinte e de manifestação objetivada de cada passagem do bastão da governabilidade da instituição de ensino, no sentido de se manter viva a memória coletiva.


REFERÊNCIAS

  1. Alburquerque Júnior DM. História. A arte de inventar o passado. Bauru: Edusc;2007.
  2. Argan GC. Arte romana. In: História da arte italiana. Vol. I: Da antiguidade a Duccio. São Paulo: Cocac & Naify; 2003. p. 167-193.
  3. Rodrigues D. Património cultural, Memória social e Identidade: uma abordagem antropológica. Ubimuseum. 2012;(1):45-52.
  4. Silva Junior JE, Oliveira Tavares AL. Patrimônio Cultural, Identidade e Memória Social: suas interfaces com a sociedade. Ci Inf Rev. 2018;5(1):3-10.
  5. Burke P. A escrita da história. São Paulo: Unesp; 1992.
  6. Le Goff J. História e memória. 2 ed. São Paulo: UNICAMP; 1992.
  7. Rodrigues D. Patrimônio cultural, memória social e identidade: interconexões entre os conceitos. Letras Escreve. 2018;7(4):337-61.
  8. Padilha MCS, Borenstein, MSS. Enfermagem: história de uma profissão. 2 ed. São Paulo: Difusão; 2015.

1https://www.youtube.com/watch?v=A9WBApVLgxU

Recebido: 21/08/2018 Aprovado: 21/08/2018