NOTAS PRÉVIAS

Validação de tecnologias assistivas sobre infecções sexualmente transmissíveis para cegos: estudo metodológico


Andressa Kaline Ferreira Araújo Jales1, Helena Rangel Alves de Sousa1, Lahelya Carla de Andrade Oliveira1, Olga Alice Alencar Moreira1, Thatiane Monick de Souza Costa1, Richardson Augusto Rosendo da Silva1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO

Objetivo: validar cartilha em Braille e mídia sonora sobre prevenção e transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Método: estudo metodológico, descritivo, de abordagem quantitativa. A pesquisa será desenvolvida em Mossoró/RN e Natal/RN, mediante realização de três etapas: identificação do conhecimento das pessoas cegas sobre prevenção e transmissão de IST/Aids; desenvolvimento de uma cartilha em Braille e uma mídia sonora sobre IST/Aids; e validação das tecnologias assistivas (TA), sendo adotado censo populacional ou amostragem não-probabilística por conveniência, a depender das especificidades de cada etapa do estudo. Os dados coletados serão processados e analisados utilizando-se a estatística descritiva e analítica. Resultados esperados: a pesquisa permitirá a validação de uma cartilha em Braille e mídia sonora para cegos sobre IST/Aids. Essas TA poderão servir de estratégias para educação em saúde por enfermeiros e poderão promover maior acesso à informação sobre IST/Aids para as pessoas cegas.

Descritores: Pessoas com Deficiência Visual; Infecções Sexualmente Transmissíveis; Educação em Saúde; Equipamentos de Autoajuda; Autocuidado.


INTRODUÇÃO

As pessoas com deficiência visual, sobretudo as cegas, vivenciam diversas barreiras atitudinais no acesso a informações sobre a sua saúde, tendo em vista que as ações de educação em saúde utilizam, majoritariamente, a visão como instrumento de aprendizagem. Tal situação pode gerar forte impacto sobre a autonomia, saúde e qualidade de vida dessas pessoas, pois ocasionam dificuldades na apreensão do conhecimento acerca de sua saúde, em particular sobre a saúde sexual e reprodutiva(1).

Não obstante ao aumento de ações voltadas à promoção da saúde para as pessoas cegas acerca das práticas sexuais, com destaque para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids), esse segmento da população ainda apresenta limitado domínio sobre a temática devido à falha dos canais de comunicação, haja vista que os serviços de saúde não dispõem de materiais acessíveis a esse público(2).

Destarte, urge o desenvolvimento de instrumentos que facilitem o acesso à informação sobre saúde sexual às pessoas cegas. Nessa perspectiva, o enfermeiro se insere enquanto profissional capacitado a promover o cuidado e, no contexto da saúde sexual, a educação em saúde, a partir da utilização de instrumentos adaptados e acessíveis a esse público (tecnologias assistivas - TA), que se apresentam como recursos capazes de corroborar com uma assistência à saúde eficaz, facilitando o processo de inclusão social(1).

Isto posto, esta pesquisa é relevante por objetivar implementar educação em saúde sobre prevenção e transmissão de IST/Aids, a partir do desenvolvimento de tecnologias assistivas e, em conjunto com o diálogo entre facilitador e as pessoas cegas, podem promover a sensibilização do público-alvo e, assim, reduzir comportamentos de risco.

OBJETIVO

Realizar a validação de uma cartilha em Braille e mídia sonora sobre prevenção e transmissão de IST/Aids.

MÉTODO

Estudo metodológico a ser desenvolvido no Centro de Apoio ao Deficiente Visual de Mossoró (CADV) e no Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte (IERC), mediante realização de três etapas: identificação do conhecimento das pessoas cegas sobre prevenção e transmissão de IST/Aids; desenvolvimento de uma cartilha em Braille e uma mídia sonora acerca da temática investigada; e validação das TA, seguindo os procedimentos teórico, empírico e analítico(3).

Na primeira etapa da pesquisa será realizado o censo populacional das pessoas cegas matriculadas no CADV. A construção das TA ocorrerá a partir de uma revisão de literatura sobre IST/Aids, para a detecção de lacunas de produção científica específicas e de identificação de déficit de conhecimento dos cegos acerca da referida temática. Sobre a validação da cartilha em Braille e da mídia sonora, será adotada amostragem não probabilística por conveniência – para análise de construto serão selecionados sete juízes para cada grupo de avaliação (especialistas da área específica ou relacionada à saúde sexual e reprodutiva e à educação especial) e que atendam a, pelo menos, três dos critérios definidos na pesquisa. Para análises de semântica serão elegíveis pessoas que apresentem cegueira bilateral, de ambos os sexos, com idade igual ou maior que 18 anos e que estejam matriculadas no IERC. Na fase de aplicação/testagem das TA, parte do processo de validação, será realizado censo populacional dos cegos matriculadas no CADV e que atenderem aos critérios de inclusão. Serão excluídos da pesquisa as pessoas cegas que apresentem deficiências múltiplas, considerando que é foco da pesquisa desenvolvimento de instrumentos acessíveis apenas às pessoas cegas.

Os dados coletados a partir dos questionários utilizados neste estudo serão compilados em um banco de dados eletrônico. Posteriormente, serão processados e analisados por meio do programa estatístico The SAS System 9.0, utilizando-se testes estatísticos específicos para cada etapa do estudo – estatística descritiva, Qui-quadrado, índice de concordância e teste t Student. Por fim, os resultados serão apresentados em tabelas e quadros.

A realização deste projeto de pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal do Rio Grande no Norte, por meio do Parecer nº 2.886.008, seguindo os aspectos éticos preconizados pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS ESPERADOS

A pesquisa permitirá a validação de uma cartilha em Braille e de mídia sonora para pessoas cegas sobre IST/Aids. Acredita-se que essas tecnologias poderão servir de estratégias para ações de educação em saúde por profissionais de saúde, principalmente enfermeiros, e poderão promover maior acesso à informação sobre IST/Aids para as pessoas cegas, favorecendo a adoção de melhores práticas de saúde por esse público, além de poder auxiliar as pessoas cegas no desenvolvimento do autocuidado.


REFERÊNCIAS

  1. Barbosa GOL, Wanderley LD, Rebouças CBA, Oliveira PMP, Pagliuca LMF. Desenvolvimento de tecnologia assistiva para o deficiente visual: utilização do preservativo feminino. Rev Esc Enferm USP. 2013; 47(5): 1163-9.
  2. Chintende GN, Sitali D, Michelo C, Mweemba O. Situacional analysis of communication of HIV and AIDS information to persons with visual impairment: a case of Kang’onga Production Centre in Ndola, Zambia. BMC Res Notes. 2017; 10:150.
  3. Oliveira PMP, Pagliuca LMF, Cezario KG, Almeida PC, Beserra GL. Breastfeeding: validation of assistive áudio technology for the visually impaired individual. Acta Paul Enferm. 2017; 30(2): 122-8.

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a matéria em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

Recebido: 13/09/2018 Revisado: 20/09/2018 Aprovado: 20/09/2018