NOTAS PRÉVIAS

Inovação na orientação pré-natal a partir do aplicativo Gestação Saudável: estudo metodológico


Francisca Marta de Lima Costa Souza1, Iellen Dantas Campos Verdes Rodrigues2, Wenysson Noleto dos Santos1, Débora Thaís de Aguiar Sena1, Helena Rangel Alves de Sousa1, Richardson Augusto Rosendo da Silva1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2Universidade Federal de Sergipe

RESUMO

Objetivo: desenvolver um aplicativo móvel para smartphone como ferramenta para a adesão às consultas de pré-natal. Método: trata-se de um estudo metodológico aplicado, na modalidade de produção tecnológica para validação do aplicativo, elaborado entre janeiro a outubro de 2017, no qual foram seguidas as etapas de análise, design, desenvolvimento, implementação e avaliação. Inicialmente, realizou-se uma revisão integrativa sobre o tema e, em seguida, procedeu-se com o esboço de organograma para nortear a construção da ferramenta e obtenção do produto. Resultado esperados: espera-se que a ferramenta contribua com o desenvolvimento sustentável, reduzindo os óbitos maternos neonatais principalmente por causas obstétricas diretas, maior adesão de gestantes às consultas e melhor qualidade no pré-natal.

Descritores: Tecnologia; Cuidado Pré-Natal; Gravidez; Enfermagem.


SITUAÇÃO PROBLEMA E SEU SIGNIFICADO

Estimativas recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) evidenciaram que, em 2015, aproximadamente 303.000 mulheres e adolescentes em todo o mundo morreram por complicações relacionadas ao ciclo gravídico-puerperal. Cerca de 99% das mortes maternas foram por causas evitáveis, como hemorragias, doenças hipertensivas, infecções e outras complicações(1).

Na perspectiva de reduzir o número de mortes relacionadas ao período gestacional e riscos de natimortos, a OMS emitiu recomendações para melhorar a qualidade da atenção pré-natal e aumentar o número de consultas para, no mínimo, oito encontros da gestante com a equipe de saúde. Isso porque apenas 64% das grávidas realizam quatro ou mais consultas de pré-natal para receber cuidados e orientações sobre o período gestacional, parto e puerpério(1).

Nesse contexto, as inovações tecnológicas mostram-se como um forte aliado ao setor da saúde, sobretudo quando se almeja a promoção da saúde e a prevenção de agravos, sem, contudo, olvidar da assistência ofertada pelos profissionais de saúde.

Assim, o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC), como os smartphones e tablets, surge como uma nova possibilidade para os processos de ensino-aprendizagem na saúde.

Na área de enfermagem, o desenvolvimento e a utilização das TIC crescem e vêm rompendo barreiras de acesso à educação. Desta feita, a tecnologia influencia o mundo que cerca o homem, manifestando-se por intermédio de conhecimentos e habilidades em saúde relacionados à utilização desses recursos tecnológicos de livre acesso aos profissionais e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)(2).

OBJETIVO

Desenvolver um aplicativo móvel para smartphone como ferramenta para adesão às consultas de pré-natal.

MÉTODO

Trata-se de um estudo metodológico aplicado, na modalidade de produção tecnológica para validação de aplicativo. A pesquisa é resultado de um projeto de doutorado, estudo centrado no usuário do SUS. Desenvolveu-se uma tecnologia de informação, o qual é um recurso-guia de orientações com perguntas e respostas, imagens e vídeos, que tratam sobre as alterações anotomofisiológicas, desenvolvimento do feto, orientações quanto ao pré-natal, parto e aleitamento materno, com foco nos cuidados da gestante e do neonato. Ademais, conta com uma agenda dinâmica acerca das rotinas do pré-natal, com data e horário de consultas, preenchimento da caderneta da gestante virtual e o menu Fale Conosco, por meio do qual as gestantes poderão falar com a pesquisadora quando for necessário.

Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Science Direct, CINAHL e Medline, bem como consulta às legislações relacionadas à atenção pré-natal no Brasil e aos manuais do Ministério da Saúde. A revisão foi operacionalizada mediante os seguintes termos de busca presentes nos Descritores em Ciências da Saúde (DeSC) e Medical Subject Heading (MeSH): “pré-natal”, ”gravidez”, “tecnologia”, “aplicativo” “saúde da mulher”, “enfermagem”, “prenatal”, “pregnancy”, “Technology”, “APP”, “Women's Health”, “nursing”. O cruzamento entre os descritores ocorreu pelo operador booleano AND.

O aplicativo foi elaborado por meio da ferramenta Android Study, utilizando-se a linguagem de programação Java Server Faces-JSF, que é um framework JAVA para a Web, apoiado pelos frameworks Spring e Hibernate. O banco de dados SQLite foi a opção adotada para o gerenciamento dos dados cadastrados. O sistema desenvolvido recebeu o nome “Gestação Saudável”, cujo período de criação foi de janeiro a outubro de 2017. O desenvolvimento do produto tecnológico baseou-se no modelo Design Instrucional Contextualizado (DIC), que utiliza uma abordagem sequencial das etapas de construção da multimídia e consiste na ação intencional de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas específicas, incorporando mecanismos que favoreçam a contextualização(3). Foi obedecida as fases de: análise, design, desenvolvimento, implementação e avaliação.

O desenvolvimento da ferramenta emergiu de um trabalho cooperativo com a união de saberes e partilha de conhecimentos da enfermagem e a lógica da informática, a fim de atender às necessidades das gestantes. O Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) participou no desenvolvimento da parte tecnológica.

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN sob o protocolo CAAE nº 76787917.0.0000.5537 e Parecer nº 2.356.769. O conteúdo do aplicativo será validado por juízes da área da saúde da mulher e da tecnologia da informação e comunicação.

RESULTADOS ESPERADOS

Frente aos elevados índices de mortalidade materna no Brasil, espera-se que o estudo venha a contribuir com o desenvolvimento sustentável, reduzindo os óbitos maternos neonatais principalmente por causas obstétricas diretas, maior adesão às consultas e qualidade das consultas de pré-natal.


REFERÊNCIAS

  1. Organización Panamericana de Salud. WHO recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience. World Health Organization 2016. Available from: http://www.who.int/reproductivehealth/publications/maternal_perinatal_health/anc-positive-pregnancy-experience/en/
  2. Krishnamurti T, Davis AL, Wong-Parodi G, Fischhoff B, Sadovsky Y, Simhan HN. Development and Testing ofthe MyHealthyPregnancy App: A Behavioral Decision Research Based Tool for Assessing and Communicating Pregnancy Risk. JMIR Mhealth Uhealth [Internet]. 2017 [cited 2017 Nov 20]; 10(4):e42. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5404142/.
  3. Ledford CJW,  Canzona MR,  Cafferty LA, Hodge JA. Mobile application as a prenatal education and engagement tool: A randomized controlled pilot. Patient Education and Counseling [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 20]; 99 (4): 578–582. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0738399115301191.

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a matéria em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

Recebido: 09/12/2017 Revisado: 20/09/2018 Aprovado: 24/09/2018