NOTAS PRÉVIAS

Correlação entre violência e fragilidade da pessoa idosa: estudo transversal


Renata Clemente dos Santos1, Rafaella Guilherme Gonçalves2, Rejane Maria Paiva de Menezes2

1Centro Universitário UNIFACISA
2Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO

Objetivo: avaliar a correlação entre o risco de violência e a fragilidade em idosos atendidos em uma Unidade de Pronto Atendimento. Método: estudo transversal, com 146 idosos atendidos em uma Unidade de Pronto Atendimento de Campina Grande – PB. Utilizar-se-á dois instrumentos: Escala de Edmonton e a Escala de rastreamento de violência contra pessoa idosa. Serão realizadas análise descritiva e de correlação por meio do Coeficiente de Correlação de Spearman ou Pearson. Resultados esperados: espera-se que os resultados contribuam para elucidar fatores determinantes para a vulnerabilidade da ocorrência de violência contra idosos em processo de fragilização.

Descritores: Idoso Fragilizado; Violência; Idoso.


INTRODUÇÃO

Entende-se o envelhecimento como resultado da redução progressiva da reserva funcional do indivíduo, sendo um processo fisiológico e natural. Essas alterações, somadas as atitudes de preconceito, desrespeito e desigualdade social contra o idoso e presentes na sociedade, podem contribuir para a ocorrência de sérios atos de violência contra a pessoa idosa (VCPI)(1).

Considerando que o fenômeno da VCPI causa fortes impactos na saúde da população descrita, em 2007 foi publicado o caderno de VCPI o qual descreve que idosos em processo de fragilização, com idade superior a 75 anos, na maioria mulheres, com alto grau de dependência em suas atividades diárias, dificuldade de comunicação e depressivos, são mais vulneráveis a ocorrência da violência(2).

Apesar de afirmar-se a existência da relação entre a instalação da fragilidade na pessoa idosa e a ocorrência da VCPI, não se identifica na literatura estudos que tenham utilizado escalas e instrumentos validados para buscar significância estatística na correlação entre ambos os fenômenos. Dessa forma, considera-se a relevância da realização de investigações que busquem respostas concretas para essa possível relação.

OBJETIVOS

Geral: Avaliar a correlação entre o risco de violência e a fragilidade em idosos atendidos em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Específicos: Descrever as características sociodemográficas dos participantes da amostra; identificar o grau de fragilidade dos idosos conforme a Edmonton Frail Scale (EFS); verificar a existência de risco de violência em idosos, de acordo com a versão adaptada transculturalmente da escala Hwalek-Sengstock Elder Abuse Screening Test (H-S/EAST).

MÉTODO

Estudo transversal a ser realizado em uma UPA no município de Campina Grande – PB, que vislumbra a articulação entre a rede de atenção básica, a média e a de alta complexidade.

A população desse estudo corresponde à média do total de atendimentos aos idosos, na UPA, nos primeiros três meses de 2017, equivalente a 5.163. A amostra probabilística, do tipo aleatória simples, por definição de população finita, será de 146 idosos. Serão inclusos na amostra pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com capacidade para responder os instrumentos propostos e que tenham dado entrada para atendimento na UPA. Serão excluídos da amostra os idosos classificados como azul (não urgente).

Para caracterização da amostra será aplicado um formulário contendo variáveis sociodemográficas e para a investigação da correlação entre o risco do idoso para sofrer violência doméstica e a instalação da fragilidade serão aplicadas duas escalas já validadas e adaptadas trasculturalmente: a EFS e a H-S/EAST.

Todos os instrumentos serão aplicados junto à população idosa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, contendo todas as informações pertinentes à investigação descrita. Os dados serão processados e analisados através do SPSS versão 20.0, por meio de estatística descritiva com frequências absolutas e relativas. Para o cruzamento das variáveis com os dados sociodemográficos será utilizado o teste qui-quadrado (X2) e o exato de Fisher; para a avaliação da correlação entre o risco de violência e o grau de fragilidade da pessoa idosa, utilizar-se-á o Coeficiente de Correlação de Spearman ou o de Pearson, a depender da normalidade apresentada pelos dados estatísticos, sendo p-valor adotado <0,05 para significância do estudo.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sobre o número do parecer: 2.156.735.

RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que os resultados desse estudo evidenciem a existência de correlação entre as variáveis do risco de violência e a fragilidade na pessoa idosa, além de identificar o grau de instalação da síndrome da fragilidade e a vulnerabilidade ao risco de violência doméstica. Fornecerá à academia e aos profissionais de enfermagem subsídios estatisticamente significativos para futuros estudos na temática, além disso, os achados poderão subsidiar estratégias de prevenção e identificação precoce quanto ao surgimento de ambos os agravos.


REFERÊNCIAS

  1. Rodrigues RAP, Monteiro EA, Santos AMR, Pontes MLF, Fhon JRS, Bolina AF, et al. Older adults abuse in three Brazilian cities. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 [Cited 2017 Out 30]; 70(4):816-24. Available in: http://www.scielo.br/pdf/reben/v70n4/0034-7167-reben-70-04-0783.pdf
  2. Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde - CODEPPS. Caderno de Violência contra Pessoa Idosa: orientações gerais. São Paulo: SMS; 2007 [Cited 2017 Out 01]. Available in: http://midia.pgr.mpf.gov.br/pfdc/15dejunho/caderno_violencia_idoso_atualizado_19jun.pdf

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a matéria em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

Recebido: 09/11/2017 Revisado: 19/09/2018 Aprovado: 19/09/2018