Carrying, keeping and use of masculine preservative among young people in Fortaleza – a descriptive study

Porte, acondicionamento e utilização de preservativo masculino entre jovens de Fortaleza –  um estudo descritivo

Porte, acondicionamiento y la utilización del preservativo masculino por jóvenes de Fortaleza – un estudio descriptivo

 Ana Luiza Santos de Carvalho 1, Saiwori de Jesus da Silva Bezerra 2, Nilza Maria de Abreu Leitão 3, Mirella Teixeira Joca 4, Ana Karina Bezerra Pinheiro 5

1 Acadêmica de Enfermagem da UFC, bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq; 2 Enfermeira, mestranda em Enfermagem da UFC, bolsista CAPES; 3 Acadêmica de Enfermagem da UFC, bolsista FUNCAP; 4 Enfermeira, mestranda em Enfermagem da UFC, bolsista CNPq; 5 Enfermeira, doutora em Enfermagem. Professora Adjunto II do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem de Saúde Pública.

 

Abstract. It was aimed to verify carrying, keeping and frequency of use of the masculine preservative among young night club goers in the city of  Fortaleza, Ceará. Research traverse of the exploratory-descriptive type of quantitative approach. Population constituted by 211 young night club goers older than 18 years. The data were stored and codified in SPSS. It was observed 124 (58,8%) reported always to use preservatives. Of those who referred to use it not frequently, the main reason for not accepting it was the use of the hormonal contraceptive (43,2%). Of the interviewed people, 130 (61,6%) weren’t carrying preservative and 81 (38,4%) were  carrying. 40,7% kept it in the wallet. There was a relationship between the way the preservative was kept and the conditions of the package because those crumpled were all kept in the wallet. It was verified the importance of the discussion of this issue among young, a way of contributing for the reduction of infections, given that these present people risk behavior for DST/AIDS. 

Keywords: primary prevention; sexuality; acquired immunodeficiency syndrome

 Resumo. Objetivou-se verificar o porte, acondicionamento e freqüência de uso do preservativo masculino entre jovens freqüentadores de casas noturnas no município de Fortaleza, Ceará. Pesquisa transversal do tipo exploratório-descritiva de abordagem quantitativa. População constituída por 211 jovens, maiores de 18 anos, freqüentadores de casas noturnas. Os dados foram armazenados e codificados no SPSS. Observou-se que, 124 (58,8%), responderam usar sempre o preservativo. Dos que referiram não utilizar freqüentemente, o principal motivo para não aceitação foi o uso do contraceptivo hormonal (43,2%). Dos pesquisados, 130 (61,6%) não estavam portando preservativo e 81 (38,4%) portavam, 40,7% acondicionavam  na carteira. Houve uma relação entre o acondicionamento e as condições da embalagem, pois aqueles amassados estavam todos guardados na carteira. Verificou-se a importância da discussão dessa temática entre jovens, como forma de contribuir para a redução das infecções, visto apresentarem comportamento de risco para as DST/Aids.

Palavras-chave:  prevenção primária, sexualidade,  sí­ndrome de imunodeficiência adquirida

 Resumen. Se apuntó a verificar el porte, el acondicionamiento y la frecuencia de la utilización del preservativo masculino por los jóvenes que frecuentan casas nocturnas en el distrito municipal de Fortaleza, Ceará. Investigación transversal del tipo exploratorio-descriptivo de carácter cuantitativo. La población del estudio constituyó por 211 jóvenes, con edad arriba de 18 años y frecuentadores de casas nocturnas. Los datos del estudio fueron guardados y codificados en SPSS. Fue observado que 124 (58,8%) de estés jóvenes contestaron siempre usar el preservativo. Los jóvenes que contestaron no usar con frecuencia dijeron que la razón principal para la no aceptación era el uso del contraceptivo hormonal (43,2%). De los jóvenes que fueron investigados, 130 (61,6%) no llevaban el preservativo y 81 (38,4%) llevaban acondicionando en la cartera (40,7%). Había una relación entre el acondicionamiento y las condiciones del embalaje porque aquellos amasados estaban guardados en la cartera. Se verifica la importancia de la discusión de ese tema entre los jóvenes para que contribuya para la reducción de las infecciones debido la conducta de riesgo presente entre los jóvenes para DST/AIDS.

Palabras-clave: prevención primaria, sexualidad, síndrome de inmunodeficiencia adquirida 

 

                INTRODUÇÃO

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são tão antigas quanto os métodos para tentar evitá-las. Como exemplo prioritário, temos a utilização de preservativo masculino que data dos tempos das civilizações antigas.

Fala-se da presença do preservativo no Egito antigo e na Roma antiga. Sua primeira descrição escrita foi em 1564, quando o italiano Fallopio disse que um envoltório de linho usado sobre o pênis durante o ato sexual impediria a disseminação de doenças. No século XIX, com o processo de vulcanização da borracha, o preservativo passa a ser produzido em maior quantidade. Na década de trinta do século XX, o preservativo começou a ser produzido em látex, material mais confortável que a borracha. Seu aparecimento esteve muito mais ligado às doenças sexualmente transmissíveis que à contracepção. Durante a Primeira Guerra Mundial, a camisinha se popularizou com a função de prevenção das doenças venéreas 1.

Mesmo o homem tendo essa preocupação há séculos, foi com a disseminação das DST que ele atentou para pesquisas a fim de se reduzir sua proliferação. Hoje, o preservativo constitui um dos meios mais seguros de se evitar tais doenças, sendo que seu uso só foi intensificado após a década de 80 devido à proliferação do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

                O objetivo do preservativo é evitar o contato de fluídos na relação sexual, retendo e armazenando o material ejaculado além de constituir um método contraceptivo.

Adolescentes e adultos jovens constituem grupo de risco crescente para as DST, inclusive Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Isso decorre de vários fatores revelados em pesquisas, como: início sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, relações sexuais desprotegidas, uso de álcool e drogas ilícitas 2. Esses e outros fatores, como conhecimento deficiente sobre o preservativo, questões de gênero, falta de recursos para obtenção de preservativos, influência dos pares, utilização de contraceptivo hormonal podem influenciar no seu uso 3.   

A temática vem sendo amplamente enfatizada pelo Ministério da Saúde que com o intuito de contribuir para a redução da infecção dos jovens brasileiros pelo HIV e por outras infecções sexualmente transmissíveis, veicula campanhas sensibilizando e informando a importância, o uso e o armazenamento adequado de preservativos, sendo sua utilização consciente considerada a principal estratégia de combate.

Apesar das campanhas educativas sobre o preservativo, os jovens, em sua maioria, ainda não sabem a importância, o uso e o armazenamento adequado do condom, fato que, mostra a necessidade de  realizar-se o estudo.

                OBJETIVO

Verificar o porte, acondicionamento e freqüência de uso do preservativo masculino entre jovens freqüentadores de casas noturnas no município de Fortaleza, Ceará.

METODOLOGIA

Pesquisa transversal do tipo exploratório-descritiva de abordagem quantitativa.

A população foi constituída por jovens de ambos os sexos, maiores de 18 anos, freqüentadores de quatro casas noturnas do município de Fortaleza, Ceará, durante finais de semana.

Optou-se por quatro casas noturnas com estilos musicais diferentes mais freqüentadas por jovens. Contactou-se a direção de cada casa e obteve-se o número médio de freqüentadores por noite, que somados, eram de 12.300 pessoas. A amostragem se deu por meio de uma estratificação em quatro estilos da casa noturna: forró, rock, reggae e música eletrônica. Ao se realizar o cálculo estatístico da amostra de uma população finita, obteve-se o número de 211 com erro amostral de 5 %.

Foram entrevistadas 211 pessoas, sendo 144 (68,2%) na casa de forró, 31 (14,7%) na casa de música eletrônica, 18 (8,5%) na de rock e 18 (8,5%) na de reggae.

A coleta dos dados ocorreu em novembro de 2005, durante finais de semana no horário de funcionamento das casas noturnas, a partir das 21h. O instrumento de coleta de dados foi um questionário estruturado com perguntas fechadas, aplicado no momento em que os freqüentadores entravam na casa noturna.

Os dados foram armazenados e codificados no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 7.5.

As variáveis efeitos investigadas foram: freqüência do uso do preservativo, porte ou não-porte do preservativo, local de acondicionamento, forma de aquisição e condições da embalagem.

Em seguida, realizaram-se análises estratificadas para as variáveis dependentes e independentes. Nas comparações entre os grupos, utilizou-se o teste do Quiquadrado e os valores de p, com intervalo de confiança de 95%.

O estudo respeitou os princípios éticos relatados na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará.

                RESULTADOS

Estudo representativo da população de jovens freqüentadores de casas noturnas do município de Fortaleza, cuja amostra total foi de 211 entrevistados, sendo 118 (55,9%) homens e 93 (44,1%) mulheres que tinham entre 18 e 50 anos. Mais da metade deles, 126 (59,7%), estavam na faixa de 18 a 23 anos, sendo 22,56 a média das idades, moda igual a 18 anos e mediana de 21 anos.

Com relação ao estado civil, 185 (87,7%) eram solteiros, 21 (10,0%) casados/juntos e 5 (2,4%) separados/divorciados. A maioria, 111 (52,6%), era universitária, 57 (27,1%) tinham até o ensino médio completo, 33 (15,5%) eram graduados e pós-graduados e 10 (4,7%) não informaram a escolaridade.

O comportamento sexual dos jovens encontra-se exposto na Tabela 1, em que a maioria tinha parceiro sexual fixo e teve de 0 a 2 parceiros nos últimos três meses.

  A ocorrência de gravidez foi referida em 32 (15,2%) casos, dentre eles, apenas 10 (31,3%) foram planejadas. Quanto às DST, 15 (7,2%) dos entrevistados, confirmaram ter história pregressa de DST.

Em relação ao porte e acondicionamento do preservativo masculino, 130 (61,6%) não estavam portando preservativo e 81 (38,4%) o portavam. O local em que estavam acondicionados os preservativos em 33 (40,7%) dos entrevistados era na carteira, 26 (32,1%) no carro, 12 (14,8%) encontravam-se no bolso, 4  (5,0%) na bolsa e 6  (7,4%) não informaram.

Ao cruzar dados do local de armazenamento e condições da embalagem, observou-se que todos os preservativos que se encontravam amassados eram acondicionados na carteira (Tabela 2).

 

                Dos jovens que portavam o preservativo, 61 (75,3%), referiram usá-lo em todas as relações, e os que não portavam no momento da entrevista que afirmaram também usá-lo sempre foi de 63 (48,5%).

A aceitação do preservativo pelo parceiro sexual teve importante influência no uso do mesmo pelos participantes do estudo, como exposto na Tabela 3.

 

              Dentre as variáveis relacionadas ao porte da camisinha, o sexo masculino e o intuito de se relacionar sexualmente em festas noturnas foram as que mais influenciaram positivamente na freqüência de porte do preservativo (Tabela 4).

 

 

 

 

           DISCUSSÃO

             Os resultados deste estudo retratam as questões relacionadas ao comportamento sexual de jovens do município de Fortaleza, enfatizando que a sexualidade está bastante influenciada pela sociedade e pelo meio em que vivem.

              A sexualidade é vivenciada independentemente da fecundidade e do casamento, já que os jovens projetam para um futuro distante os planos de ter filhos e constituir uma família. Desse modo, existe uma grande preocupação com as práticas contraceptivas e um receio da gravidez, uma vez que desarticularia os planos futuros.  Por outro lado, eles revelaram ter consciência do risco da infecção pelas DST, tratando-se de uma geração para a qual a AIDS é um dado a mais a ser equacionado diante da vida sexual. Nesse sentido, ganha destaque o caráter de dupla prevenção oferecido pelo condom: tanto em relação ao HIV e às demais doenças sexualmente transmissíveis, quanto em relação à gravidez não planejada 4. 

Assim, pode-se inferir que os entrevistados que afirmaram sempre usar o preservativo e não tinham história pregressa de DST constituem a grande maioria, com isso, fica evidenciada a importância do uso do preservativo para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a conscientização dos jovens a respeito do mesmo. 

A idade interfere no uso do preservativo, pois se observa que quanto maior a idade dos participantes, menor é a freqüência do uso do preservativo, embora se tenha pesquisado um maior número de pessoas entre 18 e 26 anos. Pesquisas demonstram que, possivelmente, parte dessa diferença deve-se ao fato de a maioria dos jovens terem apenas parceiros eventuais 5.

Os preservativos masculinos e femininos são as únicas barreiras comprovadamente efetivas contra o HIV e o uso correto e consistente deste método pode reduzir substancialmente o risco de transmissão do HIV e das outras DST. O uso regular de preservativos pode levar ao aperfeiçoamento na sua técnica de utilização, reduzindo a freqüência de ruptura e escape e, conseqüentemente, aumentam sua eficácia. Estudos recentes demonstraram que o uso correto e sistemático do preservativo masculino reduz o risco de aquisição do HIV e outras DST em até 95% 5.

Relacionado à aceitação do uso do preservativo por parte do(a) parceiro(a), a grande maioria (69,5%) relatou que o(a) parceiro(a) sempre aceita o seu uso nas relações sexuais. O preservativo, em geral, vem sendo mais bem aceito pela população jovem que influenciada, em parte, pelas campanhas do Ministério da Saúde veiculadas em meios de comunicação e pelo medo de se contrair o vírus da AIDS aceita com maior freqüência seu uso.

A proposta de usar preservativo no encontro sexual gera percepções positivas e negativas. O homem que sugere à sua parceira o uso de preservativo é percebido como sendo mais simpático e maduro do que aquele que não faz tal proposta, por outra parte, ele é também percebido como sendo menos romântico e menos excitante. Além disso, os homens acreditam que sugerir o uso de preservativo no encontro sexual reduz as probabilidades de relacionamento sexual, convicção que não é compartilhada pelas mulheres 6.

Com relação à não aceitação por parte do parceiro (a), evidenciou-se que a utilização do contraceptivo hormonal é o fator que mais interfere no uso do preservativo. Em pesquisa realizada, mostra que o uso do condom aparece sempre presente na primeira relação sexual dos jovens e das jovens entrevistadas e também no início do relacionamento sexual entre um casal. Os entrevistados revelam estarem informados sobre os riscos relacionados às DST e à Aids, assim como a gravidez não planejada, e reconhecem nesse método um fator de proteção. No entanto, com o aprofundamento da relação e com a continuidade da vida sexual, o condom tende a ser substituído pela pílula 4.

Neste estudo, a maioria dos entrevistados era solteira, tinha até dois parceiros nos últimos três meses e não portava o preservativo masculino. Já os solteiros que tinham entre 6 e 8 parceiros nos últimos três meses, a maior parte portava preservativo. Pode-se observar que quanto maior o número de parceiros, maior a preocupação com o porte do preservativo. Dos casados/juntos (20), todos tinham até dois parceiros (as), sendo que um não respondeu a quantidade de parceiros, verificou-se que 85% não portavam preservativos.    

No caso específico das mulheres, o uso da camisinha ou a sua solicitação ao parceiro para usá-la, pode provocar situações de constrangimento, na relação afetiva. Na maioria dos casos, instala-se a desconfiança e o medo da perda do parceiro e, em casos extremos, a violência 7.

 Ainda observa-se que as mulheres não se acostumaram a portar o preservativo masculino, tendo as regras sociais e culturais muita influência, principalmente quando a mulher depende financeiramente ou emocionalmente do parceiro. As mudanças sociais e culturais que levam as mulheres a assumir maior autonomia na dinâmica das relações, principalmente as íntimas, são lentas. Embora o uso do preservativo seja a melhor opção conhecida no combate às DST e a AIDS, a incorporação consistente de seu uso ainda representa um grande desafio 8.

Com relação ao nível de escolaridade, verificou-se que quanto menor o grau de educação, maior a freqüência de porte do preservativo masculino. Ou seja, entrevistados com nível fundamental portavam com maior freqüência o preservativo do que aqueles com o ensino médio, universitário ou graduado.

 Em estudo realizado com jovens universitários da área de saúde, de ambos os sexos, os itens citados, por mais de 50% dos entrevistados, como medidas preventivas contra AIDS/DST foram o uso de preservativo e a redução de número de parceiros 9. Fato que demonstra ser o nível de escolaridade fator não determinante do porte ou uso do preservativo como se tem idéia no senso comum.

Com relação ao estilo da casa noturna, observou-se que em todas as quatro casas, mais da metade deles, não portavam o preservativo.  Assim, não se tem relação entre o porte e a “tribo” em que os jovens pertencem.

Outro fator questionado foi se, ao sair à noite para as festas, o jovem que teria o intuito de se relacionar sexualmente estaria portando o condom. O resultado desse questionamento foi positivo, visto que 67,2% portavam (p = 0,000).

Ao levantar questão acerca daqueles que afirmaram usar sempre o preservativo e saber se estavam portando, achou-se o esperado para essa interrogação em que 75,3% portavam (p = 0,000).

Houve uma relação negativa entre o acondicionamento do preservativo na carteira e as condições da embalagem, pois aqueles que estavam amassados estavam todos guardados na carteira do entrevistado (p = 0,036). 

Entre diversos fatores, o que nos chamou atenção foi na realidade a afirmação de que, a compra, é a forma de aquisição mais relatada não importando a idade do entrevistado. Com isso, verificou-se que os serviços de Saúde Pública não são as principais fontes de fornecimento e orientação destes jovens com relação ao uso do preservativo.

As intervenções de Enfermagem fundamentadas no conhecimento científico sobre a prevenção do HIV e da Aids após serem implementadas poderão evitar sofrimento e morte ao serem direcionadas para o bem-estar individual e/ou coletivo após reflexão acurada sobre a melhor adequação tanto pelo cliente como pela sociedade 10 .

               CONSIDERAÇÕES FINAIS

               Estes resultados mostram a importância da discussão da temática entre jovens e adultos jovens visto apresentarem comportamento de risco para as DST, incluindo a AIDS, com o intuito de contribuir para a redução da infecção dos jovens brasileiros pelo HIV e por outras infecções sexualmente transmissíveis, além de evitar uma gravidez não planejada.

Os achados revelam uma sensibilização dessa população sobre os riscos a qual está exposta e a preocupação de proteger-se ao ter relacionamentos eventuais.

Das variáveis que interferiram diretamente no porte do preservativo, observou-se que há uma maior freqüência do uso do condom entre os jovens, sendo eles os que mais portavam. Quanto maior o nível de escolaridade, menor a freqüência de porte do preservativo, o sexo feminino o porta menos, o aceite do uso pelo parceiro aumenta a freqüência em que o preservativo é utilizado, a utilização de contraceptivos hormonais foi o motivo mais relatado para o não uso, os solteiros e o intuito de se relacionar em festas aumentam a freqüência do uso.

Considerando a baixa quantidade de mulheres que portavam o preservativo, verificou-se que a mulher está lentamente assumindo autonomia nas relações, mas ainda é forte a influência da cultura sobre esse fator.      

Não foi encontrada relação entre o porte e a “tribo” em que os jovens pertencem, visto que, em todas as quatro casas noturnas as quais foram feitas as entrevistas, mais da metade dos jovens, não portava o preservativo.  

Um fator negativo encontrado neste estudo para as condições da embalagem foi o fato de todas as embalagens dos preservativos que estavam amassadas eram aquelas que estavam guardadas na carteira do entrevistado.

Com isso, a partir da identificação do grau de importância de tais variáveis no porte e uso do preservativo entre jovens, os profissionais de saúde juntamente com o Ministério da Saúde poderão intervir de uma maneira direcionada sobre tais fatores a fim de reduzir as infecções por DST/AIDS e gravidez indesejada. 

Por fim, espera-se que os resultados desta pesquisa contribuam para o melhoramento das políticas públicas, interferindo em campanhas educativas, principalmente ligadas ao uso do preservativo, permitindo que os jovens vivenciem sua vida sexual de maneira saudável.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8.       Vieira MAS, Guimarães BEM, Barbosa MA, Turchi  MD, Alves MFC, Seixas MSC, et al. Fatores associados ao uso do preservativo em adolescentes do gênero feminino no município de Goiânia. DST – J bras Doenças Sex Transm 2004; 16 (3): 77-83.

9.       Gir E, Moryta TM, Hayashida M, Duarte G, Machado AA. Medidas preventivas contra a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis conhecidas por universitários da área de saúde. Rev Latino-Am Enfermagem 1999; 7 (1): 11-7.

10.     Araújo EC, Vasconcelos EMR, Lima LS. Nursing knowledge standards related to prevention of acquired immunodeficiency syndrome in adolescents. Online Braz J Nurs [online] 2005 august; 4(2). Disponível em: http://www.uff.br/nepae/objn402araujoetal.htm Acesso em: 04 out 2006.

 

Apoio financeiro à pesquisa : PIBIC/CNPq

Contribuição dos autores: Todos os autores participaram da concepção e desenho da pesquisa, análise e interpretação, escrita do artigo, revisão crítica do artigo, aprovação final do artigo, colheita de dados, provisão de materiais e recursos, expertise em estatística, pesquisa bibliográfica e suporte administrativo, logístico e técnico.

Endereço para correspondência: Rua João Áreas, 460, casa 24, Manoel Sátiro, CEP: 60713-410, Fortaleza, Ceará.

Recebido :  Oct 7th, 2006
Revisado : Oct 19th, 2006
Aceito : Nov 24th, 2006