NOTAS PRÉVIAS

Humanização da atenção pré-natal na ótica de gestantes: estudo descritivo


Marcella Simões Timm1, Lisie Alende Prates1, Gabriela Oliveira1, Luiza Cremonese1, Andrêssa Batista Possati1, Lúcia Beatriz Ressel1
1Universidade Federal de Santa Maria

RESUMO

Objetivo: conhecer o significado da humanização na atenção pré-natal para as gestantes. Método: estudo qualitativo, do tipo descritivo, que será desenvolvido com gestantes em acompanhamento pré-natal, vinculadas a serviços da Atenção Básica de um município do Sul do Brasil. Para a produção dos dados, será utilizada a técnica de criatividade e sensibilidade denominada Almanaque, associada à entrevista individual semiestruturada. A análise terá como referência a proposta operativa. Resultados esperados: produzir maior conhecimento acerca da temática e fomentar discussões e reflexões que possibilitem a qualificação do cuidado pré-natal, além de fornecer subsídios para que os profissionais de saúde sejam agentes de mudança na realidade da humanização no pré-natal.

Descritores: Humanização da Assistência; Cuidado Pré-Natal; Atenção Primária à Saúde; Saúde da Mulher.


SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA

A atenção pré-natal não deve ser um momento técnico centrado em questões biológicas, pois essa relação não possibilita o vínculo, o acolhimento e a confiança entre o profissional de saúde e a gestante(1). Essa atenção deve ir ao encontro da humanização, garantindo a qualidade do cuidado e possibilitando o protagonismo da mulher. Assim, depreende-se que a temática da humanização deve ser fomentada e discutida no pré-natal, haja vista que ela pode ser uma aliada na atenção qualificada e na garantia de uma gestação saudável.

Todavia, embora existam programas e políticas nacionais que estabelecem diretrizes para a humanização do cuidado nesse cenário, as ações realizadas por profissionais de saúde na atenção pré-natal ainda não convergem para a humanização, conforme observado em um estudo com gestantes em atendimento pré-natal(2). Autores afirmam ainda que essa filosofia de atendimento está em processo de construção, pois a prática dos profissionais de saúde, quando se referem aos pressupostos da humanização, apresenta-se aquém do desejado, mostrando-se ainda balizada no modelo biomédico(3).

Diante dessas considerações, justifica-se a necessidade de investir em estudos envolvendo a humanização na atenção pré-natal, a fim de produzir maior conhecimento acerca da temática e de fomentar discussões e reflexões que possibilitem a qualificação do cuidado pré-natal. Pondera-se que, ao conhecer o significado da humanização na ótica de gestantes, será possível desenvolver um cuidado mais humanizado e direcionado às suas reais necessidades.

QUESTÃO NORTEADORA

Qual o significado da humanização na atenção pré-natal para as gestantes?

OBJETIVO

Conhecer o significado da humanização na atenção pré-natal para as gestantes.

MÉTODO

Estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, que será desenvolvido com gestantes em acompanhamento pré-natal. O estudo será realizado em quatro serviços da Atenção Básica (AB) de saúde de um município do Sul do Brasil. Nesse munícipio, a AB é composta por 32 serviços de saúde, entre eles, 13 são unidades de Estratégia de Saúde da Família; e 19, Unidades Básicas de Saúde (UBS). A escolha dos locais ocorrerá mediante sorteio, com papéis que abrangerão os nomes dos 32 serviços de saúde, dos quais serão sorteados quatro.

Os critérios de inclusão do estudo são: ser gestante e estar em acompanhamento pré-natal nos serviços de saúde sorteados para o desenvolvimento do estudo. O critério de exclusão é: não ser capaz de compreender os questionamentos da pesquisadora. Quanto ao dimensionamento de participantes, o estudo seguirá o critério de saturação proposto por Minayo, que sugere a interrupção da coleta quando os dados começarem a ser redundantes ou repetitivos, ou também quando o objetivo do estudo for alcançado.

A pesquisadora realizará uma visita às UBS sorteadas, como forma de aproximação, em que fará contato com o(a) responsável pelo serviço, situando-o(a) acerca do estudo, de seu objetivo e de sua relevância. Depois dessa aproximação, dar-se-á início à captação das participantes. Esta será realizada no próprio serviço, em uma sala disponível, enquanto as gestantes esperam consulta médica, consulta de enfermagem, vacinação ou outras atividades, ou no domicílio das participantes, conforme sua preferência.

Para a produção dos dados, será utilizada a técnica de criatividade e sensibilidade (TCS) denominada “Almanaque”. O seu desenvolvimento será de forma individual, com cada participante. A TCS escolhida consiste no recorte e colagem de gravuras, frases e palavras diversificadas para a confecção de um “Almanaque” que aborde um tema ou uma questão central apresentada pelo pesquisador. Acredita-se que o Almanaque permitirá à participante revelar sua subjetividade e discorrer melhor acerca da questão norteadora deste estudo. A entrevista individual semiestruturada também será usada em associação com o Almanaque.

Os áudios produzidos na coleta de dados serão gravados, com a autorização das entrevistadas, e, depois, transcritos, para a análise e a interpretação da pesquisadora. A análise dos dados terá como referência a proposta operativa de Minayo. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Maria, sob o número do parecer 1.499.235, e irá cumprir os requisitos legais da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS ESPERADOS

Entende-se que ao conhecer o significado da humanização da atenção pré-natal para as gestantes é possível compreender suas necessidades e singularidades, possibilitando, assim, um cuidado direcionado e humanizado a esse grupo de mulheres. Desse modo, espera-se que este estudo produza maior conhecimento acerca da temática, fornecendo subsídios para que os profissionais de saúde sejam agentes de mudança na realidade da humanização no pré-natal.


REFERÊNCIAS

  1. Gomes DT, Dias LL, Almeida NF, Magacha EJC, Souza ABQ, Lopes MHBM. Assistência ao pré-natal: perfil de atuação dos enfermeiros da estratégia de saúde da família. Rev Enf UFJF Juiz de Fora [internet]. 2015 [cited 2016 set 11]; 1(1): 95-103. Available from: http://www.ufjf.br/revistadeenfermagem/files/2015/05/14-Revista-de-Enfermagem-C11.pdf.
  2. Bonilha ALL, Gonçalves AC, Moretto VL, Lipinski JM, Schmalfuss JM, Teles JM. Avaliação da atenção pré-natal após capacitação participativa de pré-natalistas: pesquisa tipo antes e depois. Online Braz j Nurs (online) [internet]. 2012 dez [cited 2016 set 11]; 11(3): 583-94. Availablefrom: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/3764/pdf.
  3. Barreto CN, Prates LA, Scarton J, Alves CN, Wilhelm LA, Ressel LB. Assistance practices of rapprochement and distancing of humanization in prenatal: an integrative review. J Nurs UFPE on line [internet]. 2014 [cited 2016 jun 1]; 8(2):416-23. Available from: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/download/5544/8510.

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a materia em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

Recebido: 22/08/2016 Revisado: 15/09/2016 Aprovado: 19/09/2016