Mapeamento dos riscos ocupacionais de enfermagem nas enfermarias de clínicas e cirurgias no Hospital Universitário Antônio Pedro

RESUMO. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem como objeto de estudo o risco ocupacional a que estão submetidos os profissionais de enfermagem no exercício de suas atividades laborativas nas enfermarias de clínica e cirurgia do Hospital Universitário Antônio Pedro. Objetivos: Identificar o grupo e os fatores de risco existentes nas enfermarias de clínica e cirurgia do HUAP, Correlacionar os riscos e os danos já ocorridos na saúde do trabalhador de enfermagem e Discutir medidas, por prioridades, dos riscos a serem eliminados e/ou atenuados. Utilizar-se-á a pesquisa-ação como abordagem metodológica, pois se pretende através da discussão dos trabalhadores sobre as próprias condições de trabalho e com a socialização das experiências, que cada um, em particular, descubra a dimensão social dos próprios problemas. Por este processo - discussão e socialização – é que a dimensão puramente individual da condição de trabalho transforma-se em uma questão coletiva, que compromete todo o grupo na busca de soluções. Espera-se com o mapeamento dos riscos existentes nas unidades ter condições de adequar as limitações dos trabalhadores ao exercício de suas atividades laborativas no hospital, tornar o hospital uma área mais segura para a saúde do trabalhador e oferecer subsídios à instituição para uma política de recursos humanos mais voltada à saúde ocupacional.

Palavras-chaves: Riscos ocupacionais – Saúde ocupacional - Enfermagem  ocupacional.

 

O quantitativo de profissionais em exercício na Diretoria de Enfermagem (DE) do Hospital Universitário Antônio Pedro/UFF é um número expressivo e não está de acordo com o excesso de reclamações dos enfermeiros dos diversos setores do hospital sobre a distribuição dos mesmos nas escalas de serviço. Atualmente estão lotados na DE 880 trabalhadores, entre servidores efetivos e contratados.

Diante deste fato, passei a analisar os recursos humanos existentes frente à capacidade laborativa dos mesmos e me surpreendi com o expressivo contingente de trabalhadores com problemas de saúde. Observa-se um alto quantitativo de profissionais com limitações relacionadas ao aparelho osteomuscular, com distúrbios psíquicos e reações alérgicas, já diagnosticados pela junta médica da universidade e também em recente trabalho realizado por Silvino.1

Frente a essa problemática, a ação gerencial fica extremamente comprometida, tornando-se difícil proporcionar uma assistência de enfermagem2, considerando, também, as condições de trabalho e as condições de vida dos profissionais fora do ambiente de trabalho, o sucateamento das unidades de saúde, a necessidade de improvisar a todo instante, a defasagem tecnológica, a demanda excessiva de clientes e de atividades, a procura de estratégias para desenvolverem o seu trabalho, além da dupla jornada de trabalho que muitos profissionais assumem para equilibrar o orçamento familiar por conta da defasagem salarial.

Para que o desempenho da função gerencial seja efetiva, necessário é que se conheça os riscos ocupacionais a que estão submetidos os profissionais de enfermagem para que tenhamos estratégias efetivas na resolução ou pelo menos amenização dos fatores que vem causando doenças e acidentes ocupacionais.

Tendo em vista a situação detectada, delimitei como objeto de estudo o risco ocupacional a que estão submetidos os profissionais de enfermagem no exercício de suas atividades laborativas.

Objetivos: Identificar o grupo e os fatores de risco existentes nas enfermarias de clínica e cirurgia do HUAP; Correlacionar os riscos e os danos já ocorridos na saúde do trabalhador de enfermagem e Discutir medidas, por prioridades, dos riscos a serem eliminados e/ou atenuados.

O Campo da Saúde do Trabalhador

O campo da Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Tem como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no SUS.

Entre os determinantes da saúde do trabalhador estão compreendidos os condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores de risco ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da organização laboral – presentes nos processos de trabalho. Assim, as ações de saúde do trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial.

Os trabalhadores, individual e coletivamente nas organizações, são considerados sujeitos e partícipes das ações de saúde, que incluem: o estudo das condições de trabalho, a identificação de mecanismos de intervenção técnica para sua melhoria e adequação e o controle dos serviços de saúde prestados.

Metodologia:

O método escolhido para a investigação é o da pesquisa participativa com base na pesquisa-ação que, enquanto estratégia de pesquisa, agrega vários métodos ou técnicas de pesquisa social, com os quais se estabelece uma estrutura coletiva participativa e ativa ao nível da captação de informação.3

Bibliografia de referência:

1. SILVINO, Zenith Rosa. O desgaste mental no trabalho dos enfermeiros: entre o real e o prescrito. 2002. Tese (Doutorado em Enfermagem). Escola de Enfermagem Anna Nery, UFRJ, Rio de Janeiro.

2. SILVINO, Z.R. The civil responsibility of nurse  as a public agent. Online Brazilian Journal of Nursing (OBJN -ISSN 1676-4285) 3(1) 2004 [Online]. Available at: http://www.uff.br/nepae/objn301silvino.htm

3. THIOLLENT, M. Pesquisa-Ação nas Organizações. São Paulo:Atlas, 1997.

Dados do projeto:

Projeto de Iniciação Científica – CNPq.

Apoio financeiro à pesquisa: Bolsa CNPq

Equipe de pesquisa: Bárbara Pompeu Christovam - Vânia Martins Ferreira