Objetivo: elaborar material didático para obter uma melhoria do ensino acerca das consultas de Enfermagem de pré-natal às adolescentes. Método: pesquisa-ação iniciada em fevereiro de 2016 na Universidade Salgado de Oliveira, São Gonçalo-RJ, por meio de pesquisa documental do Projeto Político Pedagógico do Curso (PPC) de Enfermagem e de entrevistas estruturadas a serem realizadas com 54 acadêmicos. As falas emergentes dessas entrevistas serão submetidas à análise temática de conteúdo, com base em Bardin, para composição de categorias. Resultados preliminares: a partir de uma roda de conversa com cinco preceptores de ensino clínico que atuam na Estratégia Saúde da Família e da análise do PPC vigente acerca do tema, identificou-se hiato na formação desses enfermeiros. Implicações práticas: a utilização do material didático facilitará aquisição de competências e promoverá qualidade na atenção à saúde das adolescentes, alterando, assim, a formação profissional oferecida na instituição.
Descritores: Adolescente, Cuidado Pré-Natal, Enfermagem, Gravidez.
A atenção básica às adolescentes grávidas fundamenta-se no Programa de Saúde Sexual e Reprodutiva, segundo o qual os enfermeiros, em sua formação acadêmica, devem adquirir competências, habilidades e atitudes relacionadas ao desenvolvimento de estratégias para atender essa clientela.
A gravidez na adolescência ainda é fator recorrente na sociedade brasileira, e a consulta de pré-natal deve ser um espaço educativo para possibilitar à adolescente expressar seus medos, suas dúvidas e suas angústias, permitindo esclarecimentos e orientações(1).
O início precoce da puberdade e o decréscimo da idade na primeira menstruação favorecem o começo prematuro da idade reprodutiva de adolescentes. Embora, na última década, o Brasil tenha reduzido em 18% o número de partos em adolescentes com idade entre 15 e 19 anos, a faixa etária de 10 a 15 anos permanece inalterada, com 27 mil partos a cada ano, o que representa 1% do total de partos no Brasil(2).
As diretrizes para formação de profissionais enfermeiros encontram-se definidas na Resolução do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Superior estabelecida em novembro de 2001. Entre elas, destaca-se o parágrafo único do Art. 5º: “ (a) formação do Enfermeiro deve atender as necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a integralidade da atenção, a qualidade e humanização do atendimento”(3).
Contudo, observa-se, pela preceptoria, que os discentes, ao realizarem consultas de Enfermagem no pré-natal ou práticas de educação em saúde com gestantes adolescentes, demonstram necessidade de capacitação específica e imaturidade emocional para lidar com situações críticas de gravidezes muito precoces.
Os acadêmicos de Enfermagem recebem instrumentalização adequada para a realização da consulta de pré-natal às adolescentes nos cenários da atenção básica de saúde?
O objetivo deste trabalho consiste em elaborar material didático para melhoria do ensino acerca das consultas de Enfermagem de pré-natal às adolescentes. Para tanto, foi necessário identificar, no curso de graduação em Enfermagem da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), campus São Gonçalo, a instrumentalização oferecida ao acadêmico para a realização das consultas de Enfermagem no pré-natal junto às adolescentes na atenção básica. Assim, intenta-se descrever como os discentes vivenciam essa instrumentalização durante a formação profissional acadêmica.
Trata-se de uma pesquisa-ação iniciada em fevereiro de 2016 na UNIVERSO, situada no município de São Gonçalo-RJ, onde o pesquisador atua como docente e preceptor de acadêmicos de Enfermagem há sete anos.
Os passos desenvolvidos serão: 1) Das intenções do pesquisador e dos benefícios: instrumentalizar acadêmicos de Enfermagem para melhoria da atenção primária às adolescentes grávidas; 2) Do reconhecimento do problema: investigar, na Biblioteca Virtual de Saúde, a consulta de Enfermagem às adolescentes grávidas - embora a pesquisa documental do PPC tenha revelado que, das quatro disciplinas - Saúde da Família, Saúde da Mulher, Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia e Saúde da Criança e do Adolescente –, nenhuma delas apresenta, em seus conteúdos programáticos, ensino sobre tal temática; 3) Do planejamento da atividade proposta: Após uma roda de conversa com cinco preceptores de campo clínico da UNIVERSO, eles apontaram necessidade de ensino sobre tal consulta, tendo em vista a especificidade dessa clientela. Assim, com objetivo de conhecer as defasagens de aprendizagem sobre essa consulta, serão realizadas entrevistas estruturadas com 24 acadêmicos de Enfermagem do 7º período e com 33 do 8º período, inscritos no primeiro semestre de 2016, em razão de eles já realizarem estágio clínico em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Dessa amostra intencional (n=57), serão excluídos os técnicos de Enfermagem e os agentes comunitários de saúde que vivenciam assistência à saúde dos adolescentes bem como os acadêmicos que, durante a coleta de dados, faltarem ao estágio clínico.
Ademais, as falas emergentes dessas entrevistas serão submetidas à análise temática de conteúdo, com base em Bardin, que subsidiará a elaboração de material didático. Será mantido o anonimato dos participantes, pois serão levados em consideração apenas os dados extraídos a fim da construção da proposta didática. Essa ação será implementada pelos acadêmicos na semana que antecede o estágio clínico nas UBS, no laboratório de técnicas de enfermagem da UNIVERSO, por metodologias ativas de aprendizagem. A organização instrucional desse material pretende resgatar conceitos, práticas e saberes de Enfermagem vivenciados pelos discentes na formação. A avaliação do material didático será feita de maneira dialógica ao final de sua aplicação, e a relativa ao desempenho do acadêmico em campo clínico estará a cargo dos preceptores, já que segue o modelo de avaliação somativa proposto pela instituição de ensino.
Este projeto obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense e, sob o número 1409230, atendeu aos preceitos da Resolução nº 466/12.
Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a materia em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf
Recibido: 14/04/2016 Revisado: 09/09/2016 Aprobado: 09/09/2016