ARTIGOS DE REVISÃO

Cuidados da enfermagem neonatal ao bebê com cardiopatia congênita: revisão integrativa


Simone da Silveira Magalhães1,2, Maria Veraci Oliveira Queiroz1, Edna Maria Camelo Chaves1
1Universidade Estadual do Ceará
2Hospital Universitário Walter Cantídio

RESUMO

Objetivo: Buscar evidências disponíveis na literatura sobre os cuidados de enfermagem aos recém-nascidos com cardiopatia congênita em unidades neonatais. Método: Revisão integrativa da literatura realizada entre julho e agosto de 2015, com busca nas bases de dados LILACS, PubMed e CINAHL. Resultado: Foram identificados nove artigos pelos critérios estabelecidos. As informações foram analisadas e sintetizadas em três categorias temáticas: Reconhecendo a cardiopatia congênita; Cuidando do neonato na unidade de terapia intensiva; A família e o cuidado ao neonato. Discussão: A triagem neonatal para cardiopatias críticas pela oximetria de pulso e a assistência de enfermagem em cirurgias à beira do leito foram os principais cuidados do enfermeiro aos bebês com cardiopatias em unidade neonatal. Conclusão: Há necessidade de maior envolvimento profissional no cuidado a essas crianças e existem lacunas na produção de conhecimento do enfermeiro que mostrem essa realidade, de modo a subsidiar a prática clínica baseada em evidências.

Descritores: Cardiopatias Congênitas; Cuidados de Enfermagem; Enfermagem Neonatal; Recém-Nascido.


INTRODUÇÃO

Malformações cardíacas são a ocorrência mais frequente de todas as malformações congênitas. A prevalência de cardiopatias congênitas para o ano de 2009, no Brasil, foi de 675.495 crianças e adolescentes, além de 552.092 adultos. Para cada 1000 recém-nascidos, um a dois, aproximadamente, possuem um defeito cardíaco potencialmente fatal, em geral porque tanto o fluxo sanguíneo sistêmico quanto pulmonar dependem de um ducto arterial patente(1,2). As cardiopatias congênitas respondem por 24% das mortes de bebês e cerca de 4.800 crianças nascem, anualmente, com uma das sete cardiopatias congênitas críticas(3).

Contudo, bebês com cardiopatias críticas podem permanecer assintomáticos pelos primeiros dias de vida e receberem alta hospitalar parecendo saudáveis, mas podem descompensar rapidamente em casa. Por isso, o diagnóstico precoce em tempo oportuno é fundamental para melhorar o prognóstico e reduzir as taxas de morbidade e mortalidade nesses casos(4,5).

Considerando que as cardiopatias congênitas são anomalias que determinam condições de vida e de desenvolvimento da criança e que a enfermagem está inserida em todas as etapas de cuidado a bebês portadores de cardiopatias, mesmo em unidades não especializadas, como a unidade neonatal, há necessidade de melhorar a prática clínica desse profissional, para que possa desenvolver cuidados seguros e baseado em evidências científicas.

Estudos mostram que a prática baseada em evidências (PBE) eleva a qualidade no cuidado, melhora os resultados dos pacientes, reduz custos, além de trazer uma maior satisfação para o enfermeiro, embora ainda não seja uma prática implementada em muitos sistemas de saúde ao redor do mundo(6). A PBE surge como movimento que busca ligar a teoria à prática, com o objetivo de reunir, aplicar e avaliar os melhores resultados da pesquisa para uma conduta clínica segura(7).

Para cumprir lacunas da formação do enfermeiro, espera-se que, durante o exercício da prática clínica com crianças que possuem cardiopatias congênitas, haja educação permanente, utilizando-se metodologia inovadora com suporte em evidências científicas.

A revisão integrativa é um dos métodos utilizados na PBE que possibilita a incorporação de evidências na prática clínica. O estudo teve como objetivo buscar evidências disponíveis na literatura sobre cuidados de enfermagem aos recém-nascidos com cardiopatia congênita, na unidade neonatal, com vistas a subsidiar a prática clínica e direcionar pesquisas futuras.

MÉTODO

Revisão integrativa que consiste em um método de pesquisa capaz de sintetizar resultados de pesquisas anteriores sobre determinado fenômeno, por meio de um processo de análise sistemático e sumarizado da literatura. Possibilita identificar as lacunas do conhecimento em relação ao fenômeno em estudo e a necessidade de estudos futuros na área(8). Segundo o método, a pesquisa seguiu as etapas: elaboração da questão de pesquisa; busca na literatura dos estudos primários com base nos critérios de inclusão e exclusão; organização dos estudos pré-selecionados (extração de dados dos estudos primários); análise crítica dos estudos primários selecionados; análise e síntese dos resultados avaliados; apresentação da revisão integrativa(9).

Considerando a elevada prevalência de cardiopatias congênitas em unidades neonatais, especialmente entre bebês prematuros, e que o cuidado desse neonato representa um desafio para o enfermeiro, elaborou-se a seguinte questão: “Quais são as evidências disponíveis na literatura sobre os cuidados de enfermagem prestados aos neonatos portadores de cardiopatias congênitas na unidade neonatal?”. Para efetivar a busca dos artigos entre julho e agosto de 2015, utilizou-se as seguintes bases de dados, acessadas pelo Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES): Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), que reúne publicações na área da saúde da América Latina e do Caribe; National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed), arquivo digital produzido pela National Library of Medicine (USA) na área de Biociências; Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), que contêm as principais publicações científicas na área da enfermagem. As palavras-chaves e os descritores foram utilizados de acordo com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e o Medical Subject Headings (MESH), empregados em várias combinações com operadores boleanos: recém-nascido, neonato, cardiopatias congênitas, unidades de terapia intensiva neonatal, unidade neonatal, neonatologia, cuidados de enfermagem, infant, newborn, neonate, congenital heart defects, heart abnormalities, malformation of heart, neonatal intensive care units, nursing care.

Na seleção da literatura, os seguintes critérios de inclusão foram aplicados: textos completos disponíveis, publicados em português e inglês, que abordassem questões relativas ao tema ou que respondessem a questão de pesquisa, e que tivessem a participação do enfermeiro. Foi importante incluir estudos realizados após fevereiro de 2004 em face da publicação da Portaria nº 198, do Ministério da Saúde, que institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor(10).

Os critérios de exclusão foram: indisponibilidade de textos completos, estudos do tipo carta-resposta, editoriais, estudos de métodos de revisão, revisão narrativa, revisão tradicional da literatura, estudos de caso, estudos primários que não abordassem o tema, sem a participação de enfermeiros na pesquisa ou publicados antes de fevereiro de 2004. Também foram excluídos, na seleção dos artigos, estudos duplicados nas bases.

Realizou-se a seleção por meio da leitura dos títulos e resumos, além de alguns textos na íntegra, para averiguar se contemplavam a questão da pesquisa e atendiam aos critérios de inclusão e exclusão. A busca resultou em 470 estudos elegíveis. Após a primeira leitura e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 25 estudos. Após a segunda leitura, no entanto, selecionou-se como amostra final da revisão apenas nove deles. Do total da busca, 57 estudos não se relacionavam com a temática, três eram editoriais, nove estavam repetidos nas bases, 341 não tinham textos completos disponíveis, três não tinham participação de enfermeiros na pesquisa, 31 estavam fora do recorte temporal, cinco eram cartas ao editor, sete eram estudos de revisão, quatro eram estudos de casos e um publicado em espanhol. As três primeiras etapas da revisão estão sumarizadas na Figura 1.

Figura 1

FIGURA 1 – Resumo das três primeiras etapas da revisão integrativa sobre cuidados aos bebês com cardiopatias congênitas em unidades neonatais. Fortaleza, 2015. Fonte: própria autora.

A extração e análise dos dados foram efetivadas por meio de um instrumento adaptado que abordou a identificação do artigo e seus autores, ano e país da publicação, a instituição sede do estudo, o periódico da publicação e as características metodológicas do estudo (tipo de pesquisa, objetivo ou questão de investigação, amostra, tratamento dos dados, intervenções realizadas, resultados, análise, implicações/conclusões, recomendações dos autores e nível de evidência), além da avaliação do rigor do método. As informações foram analisadas e sintetizadas em categorias temáticas, pela aproximação dos temas semelhantes abordados nos estudos. Os resultados foram apresentados em quadros com títulos, autores, periódicos e anos das publicações, fontes (bases de dados), objetivos, detalhamentos amostrais e metodológicos, resultados, conclusões, tipos de questões clínicas dos estudos e seus respectivos níveis de evidências, conforme classificação proposta por Melnyk e Fineout-Overholt(6).

RESULTADOS

Dos nove estudos selecionados, havia uma dissertação, que apesar de ser considerada literatura cinza, era relevante ao tema e não fora determinada como critério de exclusão. Quanto ao idioma das publicações, quatro foram na língua inglesa e as demais em português. Apenas um artigo foi selecionado da base de dados CINAHL e dois da PubMed. Os demais foram selecionados da LILACS. Além da dissertação, os estudos da amostra final foram publicados em sete periódicos diferentes, sendo dois deles dirigidos ao público médico. Os anos com maior número de publicações foram 2012 e 2014.

Com relação às questões clínicas dos estudos, três falaram sobre intervenção/tratamento ou diagnóstico/teste diagnóstico, tendo diferentes níveis de evidências (III, IV e VII). Dois abordaram questões sobre significado, ambos com nível de evidência IV. Os estudos restantes (quatro) trataram de questões sobre prognóstico/predição ou etiologia, sendo todos eles classificados como nível IV de evidência. Três estudos falaram especificamente sobre cardiopatias congênitas. Os demais apresentaram cuidados pertinentes aos neonatos e seus familiares, que também se aplicam aos bebês com cardiopatias, por isso foram considerados na revisão. Assim, os estudos foram dispostos em três categorias: A)Reconhecendo a cardiopatia congênita, com dois estudos; B) Cuidando do neonato na unidade de terapia intensiva, com quatro estudos; C) A família e o cuidado ao neonato, com os três artigos restantes. A Figura 2 mostra as principais características dos estudos:

Figura 2

Figura 2 – Principais características dos estudos selecionados como amostra final da revisão integrativa. Fortaleza, 2015. Fonte: própria autora.

Nos estudos selecionados, o melhor nível de evidência foi o nível III, relacionado à questão de pesquisa do tipo intervenção/ tratamento ou diagnóstico/teste diagnóstico, que se tratou de um quase experimento. Esse estudo foi publicado em periódico médico, com a participação de médicos de diversas especialidades (cirurgiões cardiovasculares, cardiologista pediátrico, anestesiologista e médico residente) e enfermeira (instrumentadora). Dentre os estudos nacionais, três deles foram desenvolvidos no estado do Ceará e publicados por enfermeiros do mesmo estado. Os demais foram publicados por enfermeiros do Sul e Sudeste do Brasil. Dentre os estudos selecionados, os principais resultados relacionados especificamente às cardiopatias congênitas foram a realização do teste do coraçãozinho (triagem neonatal para cardiopatias congênitas críticas), a identificação de sinais e sintomas, além da assistência em exames e procedimentos cirúrgicos aos quais os bebês são submetidos. Os estudos, quase que na totalidade, são estudos descritivos, mas que provocam reflexão sobre o cuidado prestado aos bebês com cardiopatias.

DISCUSSÃO

A cardiopatia congênita está presente desde o nascimento, mas pode não ser detectada em um primeiro momento. Por isso seu reconhecimento é um passo fundamental no cuidado adequado. Na maior parte dos serviços, a realização da triagem neonatal para cardiopatias congênitas críticas é uma atividade da enfermagem, mas não foram encontrados, na busca realizada, estudos desenvolvidos por enfermeiros que tratassem diretamente do cuidado prestado nessa prática. Talvez, por ser uma atividade relativamente nova, visto que só em 2014 foi instituído o “Teste do Coraçãozinho” como parte do programa de triagem neonatal brasileiro.

A revisão selecionou um estudo que traçou estratégias utilizadas para estabelecer a oximetria de pulso como programa de triagem para cardiopatias congênitas críticas(11).

A triagem pela oximetria de pulso é um processo efetivo que pode aumentar a detecção precoce dos sete principais defeitos cardíacos, sendo uma técnica indolor e não-invasiva para medir a saturação de oxigênio pré e pós-ductal em recém-nascidos.

Essa triagem pode auxiliar a identificar hipóxia não detectada pelo olho humano, sendo uma ferramenta simples e econômica que complementa a avaliação clínica(20). A enfermagem, na atualidade, está envolvida diretamente nesse tipo de triagem, podendo desenvolvê-la nos serviços de saúde. Daí a importância de conhecer estudos que abordem esta atividade como importante campo de atuação da enfermagem neonatal. Precisa, portanto, ter a compreensão do desenvolvimento da atividade e habilidades envolvidas em sua execução, como foram descritas no estudo, o qual trouxe evidências científicas para embasar o cuidado.

A revisão também selecionou estudo com prontuários de crianças, nos quais a enfermagem registrou características clínicas dos bebês com cardiopatias congênitas. Todas constituem importantes sinais para o reconhecimento do problema e uma correta avaliação e planejamento da assistência prestada. No entanto, características relacionadas aos aspectos emocional, social e/ou espiritual da família não foram registradas e essas características também são importantes para planejar uma assistência adequada(12). O referido estudo apresentou registros de enfermagem que demonstraram sinais e sintomas de cardiopatia congênita, mas não foram específicos para a enfermagem neonatal, foco do estudo. Entretanto, a pesquisa recomendou o cuidado centrado na família, além dos aspectos que transcendem o biológico, tão importantes no contexto da assistência à saúde da criança.

A internação de uma criança portadora de cardiopatia congênita, em especial para a realização de cirurgia, representa uma crise para o sistema familiar, com uma mistura de sentimentos (medo da morte, da cirurgia, da anestesia, culpa, impotência...), em todos os momentos do processo da doença, mas também representa uma perspectiva de cura e de melhora na qualidade de vida(21). Três, dos quatro estudos agrupados na categoria sobre os cuidados ao neonato na unidade neonatal, não tratavam especificamente de cuidados a neonatos com cardiopatia congênita, mas foram incluídos como evidências para cuidar também dessas crianças. O primeiro estudo, aqui sintetizado, demonstrou a necessidade de trabalhar-se com a compreensão do “ser neonato”, que se baseou na Teoria Humanística para avaliar a relação de cuidado na terapia intensiva neonatal, especificando procedimentos invasivos. Concluiu-se que há possibilidade de estabelecimento de um encontro verdadeiro, embora as pesquisadoras não tenham observado muito essa relação no momento de cuidar, durante observação no campo de pesquisa(13).

Tal situação também salienta a necessidade de ampliação da competência clínica da enfermagem, que envolve habilidade e atitude para se assistir a uma clientela específica, como os neonatos portadores de cardiopatias congênitas. Isso envolve toda uma estrutura, inclusive familiar, de forma intensa, e exige do profissional uma aproximação ainda maior com o ser cuidado, numa relação humanizada. Nessa realidade, impõe-se envolver a família no cuidado à criança, o que modifica a relação dos profissionais com os pais e muda a qualidade da assistência, alterando toda a dinâmica de trabalho. E a ação profissional transformadora se inicia ao considerar, a priori, que a família é detentora de um saber, de uma visão de mundo, constituídas pela sua práxis, no senso comum, que devem ser valorizados, considerados e respeitados(22).

O estudo que discutiu a prevenção de lesão de pele do bebê salientou a importância do cuidado da pele para o cuidado integral ao recém-nascido, inclusive os portadores de cardiopatias congênitas, enfatizando a capacitação e sensibilidade dos profissionais na assistência, adquiridas por meio de vivências e de educação permanente em serviço(14).

A prematuridade cursa muitas vezes com a cardiopatia congênita. Os bebês prematuros possuem uma pele ainda mais frágil, que pode ser porta de entrada para infecções. Para os bebês com cardiopatia, a infecção já é um grande risco, o que se agrava no caso da prematuridade e do baixo peso ao nascer. Assim, cuidar da pele com a melhor evidência possível constitui um cuidado importante para essa população.

O estudo que relata a ligadura de canal arterial à beira do leito, apesar da publicação em um periódico médico, denotou a presença da enfermeira de forma importante na composição do time que realiza o procedimento. A pesquisa comprovou que a técnica minimiza os riscos aos quais os bebês podem ser expostos, no caso de uma intervenção cirúrgica fora da unidade neonatal – transporte, hipotermia, manuseio entre outros(15).

Considera-se a indicação de cirurgia profilática precoce para reduzir as complicações fatais da prematuridade, como a enterocolite necrotizante e a displasia broncopulmonar(23). Dessa forma, prestar assistência a bebês submetidos à ligadura de canal arterial também é um cuidado da enfermagem neonatal, mesmo em uma maternidade, sem serviços especializados de cardiologia e/ou cirurgia.

Assim como a cardiopatia congênita, outras malformações são constantes na realidade das unidades neonatais. A dissertação que fez parte da amostra desta revisão integrativa, que tratou de cuidados prestados aos bebês com malformações congênitas, também abordou bebês com defeitos cardíacos. Os resultados do estudo demonstraram que a maior parte do cuidado aos bebês com malformações congênitas, nas primeiras 24 horas de vida, referiam-se a exames e cirurgias, o que ratifica a abordagem do estudo citado anteriormente. A autora da dissertação destacou a necessidade do conhecimento científico como condição essencial para o profissional enfermeiro promover a saúde do ser cuidado, bem como para conseguir estabilizar seu quadro clínico, solucionar problemas e melhorar o prognóstico dessas crianças em sua vida futura(16). Competências essenciais de enfermagem devem ser determinadas com base nas necessidades do paciente e da família, refletindo uma integração dinâmica de conhecimento, habilidades, experiência e atitudes próprias para identificar essas necessidades e otimizar resultados(24).

Os enfermeiros que trabalham em neonatologia precisam estar habilitados a cuidar de bebês malformados, até porque anormalidades extracardíacas, incluindo abdominais, são frequentemente associadas à cardiopatias congênitas, sendo que, portadores dessas alterações, podem apresentar um risco maior de morbimortalidade(25). A dissertação sobre malformações também destacou o cuidado centrado na família, aspecto que não pode estar desvinculado do cuidado de enfermagem de qualidade, intencionado para bebês malformados(16). Como a busca realizada encontrou estudos que abordaram esse aspecto da assistência profissional, eles foram agrupados na categoria “A família e o cuidado ao neonato”, demonstrando sua importância.

O primeiro estudo analisado nessa categoria relatou a experiência vivida pelas famílias de crianças hospitalizadas em uma UTIN. Não abordou, em específico, bebês internados por cardiopatias congênitas, mas os sentimentos podem ser estendidos aos familiares dessa população. A experiência descrita foi marcada por sentimentos de medo, insegurança e tensão, que podem abalar a estrutura familiar como unidade de cuidado. Assim, o estudo realçou a necessidade e importância de envolver a família no cuidado e da família, em si, também ser objeto de cuidado da enfermagem(17).

No mesmo contexto, outro estudo abordou a opinião das mães dos bebês que se encontravam hospitalizados sobre o que percebiam a respeito das intervenções de enfermagem. Usando a classificação da Nursing Intervention Classification (NIC) para um diagnóstico de enfermagem da North American Nursing Diagnoses Association (NANDA Internacional), o estudo comprovou que as ações de enfermagem devem buscar apoiar as mães na unidade neonatal para estabelecer uma relação de confiança e para o melhor desenvolvimento do papel materno. Demonstrou, ainda, que a implementação dessas ações dispensam uma maior tecnologia, além da habilidade profissional e humana no cuidado às mulheres que compõem o binômio mãe-filho(18).

Finalmente, o último estudo descreveu o olhar das famílias, com bebês internados na unidade neonatal, sobre os cuidados de enfermagem realizados. Há uma compreensão da importância desses cuidados e o reconhecimento da humanização deles, mas ainda há uma limitação da compreensão da amplitude das ações desses profissionais por parte das famílias, restringindo-as, basicamente, aos cuidados técnicos, procedimentais(19).

CONCLUSÃO

A busca de evidências por meio da identificação, reunião e síntese do conhecimento, objetivo desse estudo, mostrou que são poucas as evidências disponíveis na literatura que tratem do tema cuidado de enfermagem ao bebê portador de cardiopatia congênita, no âmbito da unidade neonatal. Em muitos dos estudos encontrados, os enfermeiros trataram da questão de pós-operatório, mas em unidades especializadas, não em maternidades, de onde provêm e onde se mantêm muitas vezes esses bebês, até uma intervenção específica.

O estudo de revisão demonstrou a necessidade de maior envolvimento do enfermeiro para aprimorar o cuidado de enfermagem a essas crianças, e que existem lacunas na produção de conhecimento do enfermeiro que mostrem essa realidade, de modo a subsidiar a prática clínica baseada em evidências. Considera-se que o caminho para o aprimoramento do cuidado é sempre o da ciência, com o desenvolvimento de estudos que venham a fortalecer esse cuidado, integrando teoria e prática.


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Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a materia em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

Recebido: 29/11/2015 Revisado: 27/10/2016 Aprovado: 27/10/2016