NOTAS PRÉVIAS

 

Análise do diagnóstico de enfermagem “risco de olho seco”: estudo de coorte

 


Fabiane Rocha Botarelli1, Ana Paula Nunes de Lima Fernandes1, Jéssica Naiara de Medeiros Araújo1, Vanessa Pinheiro Barreto1, Marcos Antonio Ferreira Júnior1, Allyne Fortes Vitor1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

 


RESUMO
Objetivo: analisar o diagnóstico de enfermagem da NANDA-I risco de olho seco em pacientes na unidade de terapia intensiva.
Método: estudo metodológico de validação em pacientes internados na unidade de terapia intensiva do hospital universitário pertencente à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Um estudo de coorte será procedido para análise da associação das variáveis preditoras (fatores de risco) com o desfecho (olho seco). Critérios de inclusão: idade igual ou superior a 18 anos, mínimo de 24 horas de internação. Critérios de exclusão: doenças oculares prévias, transferência, óbito e alta durante o seguimento. O acompanhamento será diário e com seguimento de sete dias. A acurácia será analisada pelas medidas de sensibilidade, especificidade e valores preditivos.
Descritores: Diagnóstico de Enfermagem; Síndromes do Olho Seco; Unidades de Terapia Intensiva; Estudos de Validação.


 

INTRODUÇÃO

Diante da gravidade clínica dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI), a estabilização de órgãos vitais é priorizada em detrimento aos cuidados considerados básicos, como o caso do ocular. Os indivíduos na UTI estão mais vulneráveis ao desenvolvimento de anormalidades na superfície ocular pelo emprego de tratamentos de alta complexidade (ventilação mecânica, sedação, bloqueadores neuromusculares e uso de medicações específicas), que ocasionam falhas no mecanismo de defesa ocular: incompleto fechamento palpebral, diminuição do reflexo de piscar e redução da produção das lágrimas(1).

Esses fatores expõem a superfície ocular com consequente evaporação lacrimal e desenvolvimento do olho seco - que se não for tratado precocemente culmina em lesões mais graves na córnea, com potencial possibilidade de perda da visão(1).

Portanto, a autonomia conferida ao enfermeiro na Sistematização da Assistência de Enfermagem permite apropriação e responsabilidade em diagnosticar situações de risco, realizar intervenções de prevenção e acompanhar os resultados esperados.

Nessa perspectiva, esta pesquisa tem como objeto a validação clínica do diagnóstico de enfermagem (DE) da North American Nursing Diagnosis Association International (NANDA-I) “risco de olho seco”, do domínio 11 Segurança/Proteção, que tem por definição “risco de desconforto ocular ou dano à córnea e à conjuntiva devido à quantidade reduzida ou à qualidade das lágrimas para hidratar o olho”(2).

A identificação de fatores de risco numa situação clínica real torna o diagnóstico verdadeiro quando representa a resposta do paciente a uma determinada situação. Posto isso, a relevância da pesquisa está pautada na validação de uma ferramenta para detecção precoce do risco de desenvolvimento do olho seco, que contribuirá substancialmente para a confiabilidade de seu uso na prática clínica mediante a melhoria de sua acurácia e inferência adequada na avaliação do enfermeiro.

 

OBJETIVOS

 

MÉTODO

Estudo metodológico de validação proposto por Lopes, Silva, Araujo(3). Para tanto, será realizada uma coorte prospectiva, com pacientes internados na UTI geral do hospital universitário da UFRN.

Por tratar-se de um grupo especial com exposição frequente aos fatores de risco de interesse, será utilizada uma coorte única com posterior classificação segundo os diferentes níveis de exposição das variáveis de interesse. Obtem-se a amostra por meio do cálculo para população infinita. A amostragem será realizada por conveniência. As variáveis preditoras referem-se aos fatores de riscos descritos na NANDA-I para o DE “risco de olho seco”: envelhecimento, doenças autoimunes, fatores ambientais, gênero feminino, estilo de vida, terapia com ventilação mecânica, lesões neurológicas com perda sensorial/reflexa/motora e regime de tratamento. A variável de desfecho é o olho seco. 

Como critérios de inclusão, idade igual ou superior a 18 anos e mínimo de 24 horas de internação na UTI. Já para exclusão, diagnóstico prévio de doenças oculares, transferência, óbito e alta no período de seguimento.

O instrumento de coleta de dados abrange dados sociodemográficos e clínicos; fatores de risco descritos na NANDA-I para o diagnóstico em questão; avaliação do grau de exposição ocular pela abertura palpebral, exposição da conjuntiva, esclera e córnea; evidências clínicas para o olho seco (desconforto, irritação, presença de edema conjuntival, hiperemia e secreção ocular); resultado do Teste de Schirmer considerado “padrão-ouro” para mensurar a quantidade de filme lacrimal. A avaliação acontecerá diariamente durante um tempo de seguimento de sete dias. Após o acompanhamento, avalia-se o efeito dos fatores de risco no desenvolvimento do olho seco.

Os colaboradores da coleta serão treinados quanto à aplicabilidade do instrumento, para assegurar homogeneidade nos dados e garantir fidedignidade das medidas de associação.  
Realiza-se a inferência quanto à presença do DE nos pacientes avaliados por dois especialistas seguindo os critérios do referencial metodológico adotado(3).

A análise descritiva utilizará frequências simples, média, mediana e desvio padrão.  A incidência será calculada pelo número de casos novos em determinado período pelo número de pessoas expostas ao risco no mesmo período.

As medidas de associação entre as variáveis de desfecho e preditoras serão calculadas pelo teste qui-quadrado e, no caso de variáveis qualitativas, pelo teste exato de Fisher. Para as variáveis quantitativas, utiliza-se o teste t-Student para amostras simétricas e o teste Wilcoxon-Mann-Whitney para amostras assimétricas na comparação entre os dois grupos. Verifica-se a simetria da amostra pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. O nível de significância adotado é de 5%. A medida de associação entre exposição e desfecho a ser utilizada será o Risco Relativo (RR).

A acurácia será analisada por meio da sensibilidade, especificidade, valores preditivos negativos e positivos, razão de verossimilhança positiva e negativa, eficiência, razão de chances de diagnóstico e área sob a curva ROC.

 

REFERÊNCIAS

1. Grixti A, Sadri M, Edgar J, Datta AV. Common ocular surface disorders in patients in intensive care units. Ocul Surf. 2012 Jan; 10(1):26-42. doi: 10.1016/j.jtos.2011.10.001. 

2. Herdman TH, Kamitsuru S. NANDA International Nursing Diagnoses: Definitions & Classification 2015-2017. Oxford: Wiley-Blackwell; 2014.

3. Lopes MVO, Silva VM, Araújo TL. Validação de diagnósticos de enfermagem: desafios e alternativas. Rev. bras. enferm. (Online) [ internet ]. 2013 [ Citado 2015 maio 28 ] 66(5):649-55. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v66n5/02.pdf. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000500002.

 

 

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a matéria em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível emhttp://www. objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

 

 

Recebido: 14/09/2015
Revisado: 19/11/2015
Aprovado: 20/11/2015