RESUMO DE TESES E DISSERTAÇÕES

 

Qualidade de vida de idosas com incontinência urinária: um estudo transversal

 


Kamyla Félix Oliveira dos Santos1, Maria das Graças Melo Fernandes1

1Universidade Federal da Paraíba

 


RESUMO
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de idosas com incontinência urinária (IU).
Método: estudo transversal, realizado com 194 idosas incontinentes do Centro de Atenção Integral à Saúde do Idoso de João Pessoa, Paraíba.
Resultado: Considerando o impacto da IU na rotina das idosas, mensurado a partir do International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form, obteve-se um escore médio de 10,22, classificado como muito grave. Com base nos resultados obtidos por meio do King’s Health Questionnaire, observou-se que a IU exerceu influência negativa na vida das entrevistadas nos domínios: saúde geral, impacto da incontinência, medidas de gravidade e emoções.
Conclusão: os resultados empíricos obtidos por meio deste estudo representam subsídios valiosos para o planejamento de intervenções específicas na melhora da qualidade de vida dessas idosas.
Descritores: Incontinência urinária; Idosas; Qualidade de vida; Enfermagem.


 

INTRODUÇÃO

A incontinência urinária (IU) é definida como perda involuntária de urina, algo muito frequente na população idosa. Ela deve ser abordada considerando-se um conjunto de fatores, como tipo, frequência, gravidade, impacto social e efeitos na higiene e na qualidade de vida(1). Ressalta-se, contudo, que estes parâmetros devem ser mensurados por instrumentos confiáveis e específicos de IU, dentre eles o International Consultation on Incontinence Questionnaire (KHQ) e o International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form (ICIQ-SF)(2).

No contexto do envelhecimento, doenças para as quais a própria idade é fator de risco tendem a assumir dimensões epidêmicas, como a IU. Dentro desse quadro, foi elaborada a seguinte questão norteadora: Qual a avaliação da qualidade de vida de idosas com IU?

 

OBJETIVO

Avaliar a qualidade de vida de idosas com IU.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal, realizado com idosas de 60 anos ou mais, atendidas no Centro de Atenção Integral à Saúde do Idoso de João Pessoa, Paraíba. A amostra constituiu-se por 194 idosas que autorreferiram IU. A coleta de dados foi realizada no período de agosto a setembro de 2012, utilizando a técnica de entrevista estruturada, com variáveis sociodemográficas e clínicas.

Também foram empregados na coleta o ICIQ-SF e o KHQ, instrumentos válidos utilizados para mensurar o impacto da IU no cotidiano das mulheres investigadas. A análise dos dados foi efetivada numa abordagem quantitativa, por estatística descritiva, verificação dos escores e Teste de associação de Qui-quadrado. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, sob o protocolo nº 31239/12.

 

RESULTADOS

Constatou-se maior percentual de idosas jovens, com média de idade de 70,62 anos, viúvas (39,7%), com baixa escolaridade (52,6%) e renda de até dois salários-mínimos (79,4%). A maioria (82%) não procurava assistência para o manejo da IU. O estudo evidenciou que o tipo de IU de maior prevalência foi a incontinência urinária de urgência (IUU), seguido pela incontinência urinária de esforço (IUE) e, por fim, a incontinência urinária mista (IUM).

A presente pesquisa revelou ainda que 88,14% das idosas incontinentes tinham prejuízo na qualidade de vida, independentemente da quantificação dessa interferência. Considerando o efeito da IU no dia a dia das idosas, mensurado a partir do ICIQ-SF, obteve-se um escore médio de 10,22, classificado como impacto muito grave. Além disso, a IUE e a IUM apresentaram relação estatisticamente significativa (p<0,001) com o prejuízo da qualidade de vida das idosas incontinentes. Tomando por base os resultados obtidos por meio do KHQ, observou-se que a IU exerceu influência negativa para as entrevistadas nas atribuições: saúde geral (55,96), impacto da incontinência (40,07), medidas de gravidade (35,31) e emoções (21,19).

 

DISCUSSÃO

No que diz respeito às características da IU, não há consenso na literatura sobre aquela que mais abala a rotina. A IU está inclusa entre as situações que afetam adversamente o cotidiano devido ao comprometimento da vida sexual, social, doméstica e ocupacional, com danos físicos, psicossociais e econômicos. A paciente torna-se suscetível a vários problemas pelas restrições impostas a suas atividades diárias(3). Assim, torna-se relevante sensibilizar os profissionais de Enfermagem a abordar adequadamente esse problema. Os serviços de saúde devem preocupar-se em organizar equipes multidisciplinares capacitadas para atender as mulheres portadoras de IU, no sentido de orientá-las e oferecer-lhes condições de atendimento acolhedor e individualizado.

 

CONCLUSÃO

A partir do exposto, conclui-se que os resultados empíricos obtidos por meio deste estudo representam subsídios importantes para o planejamento e a implementação de intervenções de enfermagem específicas. Tais intervenções têm o intuito de melhorar as condições de vida e o bem-estar dessas mulheres e servir de base para o ensino e o desenvolvimento de outras pesquisas que subsidiem as práticas que envolvem o cuidado de enfermagem voltado para a mulher idosa portadora de IU.

 

REFERÊNCIAS

1. Haylen BT, Ridder D, Freeman RM, Swit SE, Berghmans B, Lee J, et al. An International Urogynecological Association (IUGA)/International Continence Society (ICS) joint report on the terminology for female pelvic floor dysfunction. Neurourol Urodyn [ Internet ]. 2010 [ cited 2014 Nov 05 ]29(1):4-20. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19941278. DOI: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/nau.20798/epdf

2. Gomes AGP, Veríssimo JH, Santos KFO, Andrade CG, Costa ICP, Fernandes MGM. Impacto da incontinência urinária na qualidade de vida de mulheres. Rev baiana enferm [ Internet ]. 2013 May/Aug [ cited 2014 Sept 10 ]27(2):181-92. Available from: http://www.portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/6922/7162. DOI: http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v27i2.6922

3. Pedro AF, Ribeiro J, Soler ZASG, Bugdan AP. Qualidade de vida de mulheres com incontinência urinária. SMAD, Rev. eletrônica saúde mental alcool drog [ Internet ]. 2011 May/Aug [ cited 2014 Oct 13 ]7(2):63-70. Available from: http://www.revistas.usp.br/smad/article/view/49574/53650. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-6976.v7i2p63-70

 

Data da defesa: 20 de fevereiro de 2013.

Componentes da banca: Profa. Dra. Maria das Graças Melo Fernandes (Presidente – UFPB); Profa. Dra. Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues (Membro externo EERP – USP); Profa. Dra. Maria Miriam Lima da Nóbrega (Membro – UFPB); Profa. Dra. Maria Emília Limeira Lopes (Membro – UFPB).

Referência: SANTOS KFOS. Qualidade de vida de idosas com incontinência urinária. [ mestrado ]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem; 2013. 116 f.

 

 

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a matéria em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www. objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

 

 

Recebido: 12/08/2015
Revisado: 10/09/2015
Aprovado: 10/09/2015