NOTAS PRÉVIAS
Passagem de plantão em unidades de terapia intensiva pediátrica: estudo descritivo
Ingrid Mayara Almeida Valera1, Gislene Aparecida Xavier dos Reis1, João Lucas Campos de Oliveira2, Verusca Soares de Souza3, Liliana Yukie Hayakawa1, Laura Misue Matsuda1
1Universidade Estadual de Maringá
2Universidade Estadual do Oeste do Paraná
3Universidade Estadual do Paraná
RESUMO
Objetivo: analisar como ocorre a passagem de plantão (PP) da equipe de enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-PED).
Método: Estudo descritivo e quantitativo em quatro hospitais universitários paranaenses. A coleta de dados acontece por meio de observação não participante das PP no período de maio a dezembro de 2015, durante sete dias. O instrumento de coleta caracteriza-se como um check list que contempla dois eixos: identificação da PP e questões relacionadas à PP. Os dados são analisados por meio de estatística descritiva e discutidos com base na literatura alusiva aos temas comunicação na PP e segurança do paciente. Constatou-se que apenas na UTI-PED III os profissionais se mostraram envolvidos e atentos em 100% das PP. Os resultados parciais indicam para a necessidade de melhorias na PP, pois acredita-se que “ruídos” ou não conformidades podem, eventualmente, traduzir-se em falhas nas informações transmitidas e/ou recebidas e interferir na segurança do paciente.
Descritores: Segurança do Paciente; Comunicação; Unidades de Terapia Intensiva; Enfermagem.
INTRODUÇÃO
Nos serviços de saúde, um fator que pode comprometer a segurança do paciente diz respeito à complexidade que permeia a comunicação. Esta caracteriza-se pela circulação constante de informações e alta demanda de pacientes e profissionais de variadas áreas de atuação, que podem interferir nos processos comunicativos e, com isso, favorecer a ocorrência de eventos adversos(1).
No contexto hospitalar, sobretudo em unidades críticas, os pacientes são submetidos a vários procedimentos diagnóstico-terapêuticos complexos realizados por diferentes profissionais. Tudo isso torna a ação comunicativa fundamental para a qualidade do tratamento(1,2).
Ainda no bojo da comunicação, outro fator que pode influenciar na ocorrência de eventos adversos é a forma como as trocas de informações entre profissionais de enfermagem, denominadas passagem de plantão ou rounds, ocorrem durante o fim e início dos turnos de trabalho nas instituições de saúde. Nesses locais onde o cuidado acontece durante as 24 horas do dia, a comunicação efetiva, por meio da passagem de plantão, é essencial para a continuidade e a segurança do cuidado(1,2).
Em que pese a importância da comunicação nos processos de atendimento à saúde no contexto da enfermagem, tem-se observado aumento no número de pesquisas relacionadas a esse tema nos Bancos de dados Medline e LILACS na última década. Apesar disso, estudos com foco na temática passagem de plantão e segurança do paciente pediátrico, sobretudo em UTI, não são frequentes.
OBJETIVO
Analisar como ocorre a passagem de plantão da equipe de enfermagem em UTI-PED de quatro hospitais universitários paranaenses.
MÉTODO
Estudo descritivo, quantitativo, em processo de realização por meio de observação não participante e sistemática das passagens de plantão da equipe de enfermagem, em UTI-PED de quatro hospitais públicos universitários paranaenses no período de maio a dezembro de 2015.
O estudo se encontra em processo de coleta de dados por meio da observação e análise descritiva de todas as passagens de plantão realizadas durante sete dias ininterruptos. Portanto, trata-se de um censo das trocas de plantão no recorte temporal estabelecido.
O instrumento de coleta de dados se pautou no Formulário de observação: Passagem de Plantão da Equipe de Enfermagem em Unidade de Cuidado Intensivo Neonatal(3), adaptado para fins deste estudo.
O referido instrumento caracteriza-se como um check list contendo as opções “sim”, “não” e “não se aplica” para assinalar; contempla dados referentes a dois eixos: identificação da passagem de plantão (unidade; turno de trabalho; categoria profissional envolvida – enfermeiro, técnico e/ou auxiliar de enfermagem) e questões relacionadas à passagem de plantão propriamente dita (local de realização; tempo despendido; participação efetiva dos profissionais e de acompanhantes; informações repassadas; método utilizado; interrupções; uso de linguagem clara).
Foram incluídas na coleta de dados todas as passagens de plantão realizadas pelos profissionais de enfermagem no período estabelecido. Excluíram-se as realizadas por profissionais fora da UTI-PED.
Os resultados estão sendo sumarizados em planilhas eletrônicas do Microsoft Office Excel 2010® e analisados por meio de estatística descritiva, com frequências relativas e absolutas que serão discutidas com base na literatura alusiva aos temas “comunicação na passagem de plantão” e “segurança do paciente”.
Esta pesquisa obedeceu aos princípios éticos previstos e foi aprovada pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos/Universidade Estadual de Maringá, sob parecer nº 866.802, de 2014.
RESULTADOS PRELIMINARES
Obtiveram-se dados de 54 passagens de plantão, assim distribuídas: 18 na UTI-PED I, 19 na UTI-PED II e 17 na UTI-PED III.
Em relação às atitudes dos profissionais durante as passagens, identificou-se que na UTI-PED I, 5,5% dos profissionais não destinavam total atenção às informações, pois realizavam cuidados aos pacientes durante a PP. Na UTI-PED II, observou-se atraso de funcionários em 94,7% das passagens. Ademais, 31,5% também realizavam cuidados a pacientes durante a PP; 15,7% das passagens eram interrompidas por conversas paralelas. Apenas na UTI-PED III os profissionais se mostraram envolvidos e atentos em 100% das passagens de plantão.
Os resultados parciais indicam para a necessidade de promover melhorias na passagem de plantão, pois acredita-se que os “ruídos” ou não conformidades podem traduzir-se em falhas nas informações transmitidas e/ou recebidas, interferindo, eventualmente, na segurança do paciente. Espera-se que os resultados deste estudo produzam conhecimento a ser aplicado em processos que favoreçam a prática segura em saúde/enfermagem, notadamente, no que se refere à comunicação durante a passagem de plantão em unidades críticas.
REFERÊNCIAS
1. Bueno BRM, Moraes SS, Suzuki K, Gonçalves FAF, Barreto RASS, Gebrim CFL. Characterization of handover from the surgical center to the intensive care unit. Cogitare Enferm. 2015; 20(3): 512-18.
2. Keenan G, Yakel E, Lopez KD, Tschannen D, Ford Y. Challenges to nurses’ efforts of retrieving, documenting, and communicating patient care information. J Am Med Inform Assoc. 2013; 20(2): 245-51.
3. Gonçalves MI. Comunicação na passagem de plantão da equipe de enfermagem em Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais e fatores relacionados à segurança do paciente [ dissertação ]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2012.
Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a materia em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf
Recebido: 05/08/2015
Revisado: 13/12/2015
Aprovado: 14/12/2015