NOTAS PRÉVIAS

 

Fadiga muscular respiratória e a capacidade funcional na insuficiência cardíaca: estudo randomizado

 

Isabella Christina Diniz de Lemos Venancio1, Sergio Luiz Soares Marcos da Cunha Chermont1, Thais de Rezende Bessa Guerra1, Rafael Menezes da Silva1, Maria Clara Soares de Souza dos Santos Muradas2, Evandro Tinoco Mesquita1

1Universidade Federal Fluminense
2Universidade Anhanguera

 


RESUMO
Objetivo: Comparar o efeito da fadiga muscular inspiratória com o da fadiga muscular expiratória sobre a capacidade funcional em pacientes ambulatórios com insuficiência cardíaca sistólica.
Método: Estudo randomizado, cruzado, controlado e duplo-cego, em seguimento ambulatorial especializado, no período de junho de 2014 a dezembro de 2015.  Os indivíduos serão alocados no grupo que fará esforço muscular inspiratório e expiratório (GEMI e GEME) com 80% da pressão respiratória máxima, para indução à fadiga, ou 0%, placebo (três séries de 10 repetições). A ordem do esforço e carga serão randomizadas. Antes e após o esforço muscular respiratório, serão realizados lactatometria capilar e teste de caminhada de seis minutos.
Resultados esperados: Treinamento mais específico para os músculos respiratórios pode melhorar a capacidade funcional e o prognóstico desses indivíduos.
Descritores: Insuficiência Cardíaca; Treinamento Muscular; Tolerância ao Exercício.


 

INTRODUÇÃO

O treinamento muscular inspiratório (TMI) tem demonstrado efeitos benéficos em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), como a melhora no consumo de oxigênio de pico, qualidade de vida, dispneia, diminuição da fadiga muscular inspiratória devido à atenuação do metabolorreflexo, e aumento na distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6M)(1).

A piora na força muscular expiratória associa-se à gravidade da insuficiência cardíaca(2). No entanto, não há na literatura associação entre o treinamento muscular inspiratório e expiratório nesses indivíduos. É necessário um aprofundamento maior sobre a influência da fraqueza da musculatura respiratória, principalmente a expiratória, e as repercussões nessa população. Dessa forma, um treinamento mais específico para os músculos respiratórios poderia melhorar seus sintomas, prognóstico e capacidade funcional (CF).

Para avaliar a CF é realizado o TC6M, um preditor de internações e mortalidade na IC(1). Dessa forma, este estudo tem como hipótese que um treinamento mais específico para os músculos respiratórios pode melhorar a força muscular, a capacidade funcional, a qualidade de vida e o prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca.

 

OBJETIVO

Comparar o efeito da fadiga muscular inspiratória com o da fadiga muscular expiratória sobre a capacidade funcional em pacientes ambulatoriais com insuficiência cardíaca sistólica.

 

METODOLOGIA

Desenho do estudo e participantes
Estudo randomizado, cruzado, controlado e duplo-cego, em seguimento ambulatorial especializado e consecutivo, no período de junho de 2014 a dezembro de 2015, na clínica especializada em insuficiência cardíaca do Hospital Universitário Antônio Pedro (Niterói/RJ).

Participantes
São considerados elegíveis para o estudo os pacientes portadores de ICFEN (critério de Boston)(3), em classe funcional II e III (New York American Association), de ambos os sexos, com idade > 18 anos em acompanhamento na Clínica de Insuficiência Cardíaca Coração Valente/Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense. Excluem-se pacientes com frequência cardíaca de repouso maior que 120 bpm; pressão arterial sistólica em repouso maior que 180 mm/Hg e diastólica maior que 100 mm/Hg; desnutrição (índice de massa corpórea < 20 kg/m2), resfriado e/ou gripe comum nas quatro semanas; uso de drogas psicotrópicas, relaxantes musculares e imunossupressores; inabilidade para caminhar devido a problemas musculoesqueléticos; dor torácica durante as quatro semanas anteriores; alterações cognitivas com registro em prontuário.

Definição das variáveis
A variável independente refere-se à intervenção por meio do exercício para o treinamento muscular, o que consequentemente terá como variável dependente de medida a fadiga, concentração do lactato e a dispneia. As variáveis associativas são as características clínicas e sociodemográficas.

Cálculo amostral
A amostra foi calculada considerando a população em seguimento ambulatorial (n=60), com nível de confiança 95% e margem de erro de 5%. Presume-se a inclusão de 23 pacientes neste estudo. Considerando 20% de descontinuidade no acompanhamento dos pacientes, a amostra estimada é de 18 indivíduos. O cálculo foi feito no software WinPepi v.11.43.

Protocolo de estudo

Análise dos dados
A organização dos dados será feita pelo programa Microsoft Excel 2007, e a análise, pelo programa SPSS (Statiscal Package for the Social Sciences) v.17.0. As variáveis categóricas vão ser expressas por meio de distribuições de frequências absolutas e relativas n (%) e percentuais.  Realizam-se as variáveis contínuas com o cálculo de média, mediana, desvio padrão, coeficiente de variação (CV) e percentis. Na análise inferencial, utilizam-se os testes T Student e o U de Mann-Whitney. O Alfa de Cronbach correlacionará a fidedignidade dos dados. Para verificar a associação entre força muscular respiratória e distância percorrida,  haverá o teste qui-quadrado. Para variáveis categóricas, a comparação entre grupos utilizará o coeficiente de correlação de Pearson. Um valor de p <0,05 será considerado estatisticamente significante para todas as análises.

Aspectos éticos
Todos os voluntários assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE), conforme a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O estudo encontra-se aprovado pelo comitê de ética e pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob o parecer 719.591.

 

RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que um treinamento mais específico para os músculos respiratórios possa melhorar a capacidade funcional e o prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca sistólica.


AGRADECIMENTOS
Equipe da Clínica de Insuficiência Cardíaca Coração Valente/HUAP e coordenadora professora Drª Ana Carla Dantas Cavalcanti.


SUPORTE FINANCEIRO
CAPES.

 

REFERÊNCIAS

1. Dominika Z, Jerzy B, Andrzej R, Mohamed AE. Prognostic Value of the Six-Minute Walk Test in Heart Failure Patients Undergoing Cardiac Surgery: A Literature Review. Rehabilitation Research and Practice (Online) [ Internet ]. 2013 [ cited 2014 Dec 01 ] 5:1-5. Available from: http://www.hindawi.com/journals/rerp/2013/965494. DOI:http://dx.doi.org/10.1155/2013/965494.

2. Plentz RDM, Sbruzzi G, Ribeiro RA, Ferreira JB, Dal LP, Méa RD, et al. Inspiratory muscle training in patients with heart failure: meta-analysis of randomized trials. Arq. Bras. Cardiol. [ online ] [ Internet ]. 2012 [ cited 2014 Dec 14 ] 99(2): 762-771. Available from: http://www.scielo.br/pdf/abc/v99n2/en_v99n2a11.pdf. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2012001100011.

3. Guerra TRB, Venâncio ICLD, Vieira SC, Flores PVP, Cavalcanti ACD, Mesquita ET. Serotonin biomarkers and brain-derived neurotrophic factors in heart failure: a prospective cohort [ nternet ] 2014 Oct [ cited 2014 Dec 14 ] 13 (suppl I): 395-8. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/4975.
DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1676-4285.20144975.

 

 

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a materia em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

 

 

Recebido: 27/07/2015
Revisado: 09/09/2015
Aprovado: 09/09/2015