NOTAS PRÉVIAS

 

Avaliação da assistência ao parto eutócico em um hospital universitário: estudo transversal

 

Alexandra do Nascimiento Cassiano1, Flávia Andréia Pereira Soares Santos1, Kátia Cristina Araújo1, Marquione Marques dos Santos1, Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho1, Bertha Cruz Enders1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

 


RESUMO
Objetivo: Avaliar a qualidade da assistência ao parto eutócico em um Hospital Universitário.
Método: Estudo transversal e descritivo de abordagem quantitativa, realizado durante o mês de maio de 2015. A amostra foi obtida de forma convencional: foram entrevistadas puérperas de partos vaginais e eutócicos, com no máximo 48 horas de pós-parto. Foram excluídas aquelas que pariram em domicílio ou a caminho do hospital, bem como as admitidas já em período expulsivo. Os dados serão analisados por meio da estatística descritiva e inferencial através do SPSS 20.0. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 1.034.398.
Resultados esperados: Acredita-se que o estudo contribuirá para a melhoria da qualidade e segurança do cuidado à parturiente, com vistas à humanização na atenção ao parto e nascimento.
Descritores: Parto normal; Assistência ao parto; Avaliação de serviços de saúde.


 

INTRODUÇÃO

Do parto domiciliar, vivenciado no âmbito da família e realizado quase que exclusivamente na casa da parturiente, ao evento médico hospitalocêntrico, visto como um processo patológico e eminentemente intervencionista, a assistência ao nascimento faz-se pautada nos avanços e mudanças ocorridas na própria sociedade e na ciência. Tal realidade favoreceu a submissão e a perda de autonomia da mulher durante todo o processo parturitivo, abrindo margem para a execução indiscriminada de procedimentos intervencionistas no momento da hospitalização do parto.

Nesse ínterim, o modelo de atenção ao parto seguiu o paradigma tecnocrata, caracterizando-se pelos altos índices de intervenções realizadas de forma rotineira e sem indicação clínica justificável. Dentre elas, pode-se mencionar a realização de cesáreas desnecessárias, restrição alimentar, uso rotineiro da episiotomia, manobra de Kristeller, fórceps, ocitocina e imposição de posições supinas. Tal conduta é criticada tanto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto pelas Políticas de Atenção à Saúde da Mulher(1).

Apesar das intensas discussões acerca da atenção humanizada ao parto, ainda é incipiente o número de trabalhos que têm como objeto de estudo a avaliação da qualidade da assistência ao parto. Portanto, torna-se relevante quantificar a qualidade da assistência ao parto a partir de indicadores como o índice de Bologna, indicador composto por cinco variáveis (presença de acompanhante no parto, uso do partograma, ausência de estímulo no trabalho de parto, parto na posição não supina e contato pela pele da mãe com o RN, por pelo menos 30 minutos na primeira hora)(2). Segundo o score do índice, os partos com pontuação próxima a 0 têm baixa qualidade, enquanto aqueles com valor próximo a 5 têm melhor qualidade. Além disso, considerou-se para a avaliação o Protocolo das Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento, recomendado pela OMS para a assistência à parturiente e ao recém-nascido (também é utilizado como parâmetro para a avaliação da assistência ao parto)(2,3).

 

OBJETIVOS

O presente estudo objetiva avaliar a qualidade da assistência ao parto eutócico em um Hospital Universitário. Os seguintes objetivos específicos serão adotados:

 

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal e descritivo de abordagem quantitativa, realizadoem um Hospital Universitário durante o mês de maio e 2015. A pesquisa foi desenvolvida nas salas de Pré-parto, Parto e Pós-parto (PPP) e Alojamento Conjunto (AC) da unidade hospitalar, localizada no município de Santa Cruz, Rio Grande do Norte (RN).

A população corresponde ao número de partos eutócicos realizados na instituição, a qual tem média atual de 83 partos ao mês. A amostra foi obtida por conveniência mediante a consideração de certos critérios de inclusão e exclusão, alcançando o total de 92 entrevistadas.

Foram incluídas neste estudo puérperas até  48 horas após o parto de risco habitual, cujos filhos tenham nascido vivos pela via transpélvica, com início de trabalho de parto espontâneo, a termo, e sem distócias. Foram excluídas aquelas que apresentaram as seguintes condições: pariram no domicílio, a caminho do hospital, ou foram admitidas já em período expulsivo.

Para a coleta dos dados foram consultados os livros de registro de partos e o prontuário da paciente, além de serem realizadas entrevistas diretas com as puérperas a fim preencher o instrumento de coleta elaborado pelo autor. Deu-se início à coleta de dados somente após os esclarecimentos do pesquisador sobre objetivos, riscos e benefícios da participação na pesquisa e posteriormente à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Os riscos associados foram relativos ao constrangimento em responder aos questionamentos e a possibilidade de extravio dos prontuários. Os benefícios incluíram o conhecimento acerca da assistência ao parto normal segundo as boas práticas de atenção ao parto e nascimento recomendadas pela OMS.

Para análise inferencial, por meio do teste qui-quadrado, será verificado se os valores do índice de Bologna (até 3 ou >3) diferem significativamente das variáveis categóricas nominais. Será aceito um nível de significância estatística de 5% para todos os testes executados. Os dados serão analisados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0.

O trabalho segue as recomendações da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, com parecer aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (FACISA) sob o parecer nº 1.034.398.

 

RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS

Espera-se que, com a determinação do Índice de Bologna e categorização das práticas recomendadas pela OMS, seja verificada a incidência dos métodos empregados durante o parto normal. Assim, pretende-se possibilitar a avaliação da qualidade da assistência prestada às parturientes, além de instigar a reflexão e a (re)orientação dos cuidados dispensados a elas, com vistas à promoção da humanização na atenção ao parto e o nascimento.

 

REFERÊNCIAS

1. Silveira SC, Camargo BV, Crepaldi MA. Assistência ao parto na maternidade: representações sociais de mulheres assistidas e profissionais de saúde. Psicol Reflex Crit [ Internet ]. 2010 Jan/Abr [ cited 2014 Dez 12 ]23(1):1-10. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722010000100002.

2. Giglio MRP, França E, Lamounier JA. Avaliação da qualidade da assistência ao parto normal. Rev Bras Ginecol Obstet [ Internet ]. 2011 Out [ cited 2014 Dez 12 ]33(10):297-304. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v33n10/05.pdf

3. Lucas MTB, Rocha MJF, Costa KMM, Oliveira GG, Melo JO. Nursing care during labor in a model maternity unit: cross-sectional study. Online Braz J Nurs [ Internet ] 2015 Mar [ cited 2015 Jun 26 ]14(1):32-40. Available from: http://www.objnursing.uff. br/index.php/nursing/article/view/5067

 

 

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a materia em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

 

 

Recebido: 11/06/2015
Revisado: 09/09/2015
Aprovado: 09/09/2015