RESUMO DE TESES E DISSERTAÇÕES

 

Papéis dos profissionais e política de saúde mental em Natal: estudo analítico

 

Raionara Cristina de Araújo Santos1, Francisco Arnoldo Nunes de Miranda1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

 


RESUMO
Objetivo: Analisar o processo de reforma psiquiátrica e a política de saúde mental da cidade de Natal/RN.
Método: Pesquisa analítica, transversal, com dados quantitativos e qualitativos. Realizada nos serviços substitutivos de saúde mental de Natal com 65 profissionais de nível superior, de março a agosto de 2013. Utilizou-se um questionário com questões fechadas e semiabertas, com dados analisados por meio de estatística descritiva e analítica, do software ALCESTE e de análise de conteúdo.
Resultados: O perfil dos participantes caracterizou-se por maioria do sexo feminino, de 36 a 55 anos, conclusão da graduação de 6 a 15 anos. 86% atendiam grupos de usuários, 97% realizavam atendimento individual, 92% realizavam atendimento familiar. Os dados qualitativos originaram cinco categorias.
Conclusão: Evidenciou-se adequação nos papéis e nas funções desenvolvidas pelos profissionais nos serviços substitutivos em saúde mental de Natal, embora sofram com inúmeras dificuldades.
Descritores: Serviços de Saúde Mental; Recursos Humanos em saúde; Papel Profissional; Política.


 

INTRODUÇÃO

Historicamente, a assistência psiquiátrica e as políticas de saúde mental passaram por diversas transformações de cunho político, social, cultural e científico, marcadas ora por avanços, ora por retrocessos centrados no estigma, desinteresse e preconceito que ainda permeiam a sociedade e o senso comum de alguns profissionais da área(1-4).
Para este estudo, partiu-se das inquietações:

 

OBJETIVO

Analisar o processo de reforma psiquiátrica e a política de saúde mental de Natal a partir da adequabilidade dos papéis e funções dos profissionais nos serviços substitutivos.

 

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa analítica, transversal, com dados quantitativos e qualitativos, realizada nos serviços substitutivos de saúde mental de Natal, nos meses de março a agosto de 2013, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, parecer nº 217.808, CAAE: 10650612.8.1001.5537. 

A amostra, por conveniência, compôs-se por 65 profissionais de nível superior das equipes de saúde mental. Utilizou-se um questionário com questões fechadas e semiabertas sobre perfil socioeconômico, políticas, práticas e formação. Tabularam-se e submeteram-se as respostas das questões fechadas no programa estatístico SPSS versão 20.0, analisando-os por meio de estatística descritiva. Optou-se pela aplicação dos testes qui-quadrado e exato de Fisher, adotando-se p<0,05. Já os dados das questões semiabertas foram submetidos ao software ALCESTE e à análise de conteúdo de Bardin(5).

 

RESULTADOS

O perfil dos participantes caracterizou-se por maioria do sexo feminino (79%), de 36 a 55 anos (52%), carga horária de 40 horas semanais (62%), tempo de conclusão da graduação entre 6 e 15 anos (57%), trabalho na saúde mental há menos de 10 anos (72%) e na instituição pesquisada há cinco anos ou menos (52%).

Observou-se que 83% da amostra pesquisada compuseram-se por profissionais que atuavam nos CAPS, enquanto 17% atuavam nos ambulatórios. Houve predominância, nas equipes de saúde mental, de três categorias profissionais: enfermeiros (23%), médicos (21%) e psicólogos (17%). Da amostra estudada, 86% atendiam grupos de usuários, 97% realizavam atendimento individual, 94% observavam comportamento do paciente, 92% atuavam com atendimento familiar utilizando, principalmente, a abordagem cognitiva (28%).

Os dados qualitativos originaram cinco categorias: Formação acadêmica e atuação em saúde mental; Ausência de capacitação e supervisão em saúde mental; Dificuldades da prática profissional nos serviços substitutivos de saúde mental; Trabalho em equipe: entre acertos e conflitos; Política Nacional de Saúde Mental: uma realidade ainda distante.

Detectou-se adequabilidade dos papéis e funções dos profissionais quanto ao tempo de trabalho na saúde mental e na instituição pesquisada; no atendimento individual; na promoção de ações visando à autonomia do paciente; no atendimento em grupo de pacientes; e, em parte, à família/familiar dos portadores de transtorno mental, havendo inadequação quanto ao atendimento aos grupos de familiares (52.3%), à formação especializada em saúde mental (69.2%; p=0,02) e às dificuldades de trabalho nos serviços (87.7%).

 

CONCLUSÃO

Concluiu-se que houve conformidade nos papéis e funções desenvolvidos pelos profissionais nos serviços de saúde mental, embora convivam com inúmeras dificuldades relacionadas às práticas profissionais e condições de trabalho. Espera-se que esta pesquisa ofereça contribuições no modus operandi dos profissionais atuantes nos CAPS e ambulatórios; aos gestores municipais e estaduais do referido estado federativo; subsídios para a formação acadêmica dos futuros profissionais; e, ainda, ajuda na produção do conhecimento apresentando indicadores para o fortalecimento da Política Nacional de Saúde Mental. Deste modo, chama-se a atenção para a precarização dos processos de trabalhos no campo da saúde mental quanto às condições de trabalho e à resolutividade dos serviços de saúde mental.

 

REFERÊNCIAS

1. World Health Organization (WHO). Mental health and development: targeting people with mental health conditions as a vulnerable group. Geneva; 2010.

2. Amarante P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007.

3. Ministério da Saúde (Brasil). Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.

4. Hirdes A. The psychiatric reform in Brazil: a (re)view. Ciênc. Saúde Coletiva. 2009; 14(1):297-305.

5. Bardin L. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70; 2004.

 

Data da Defesa: 31 de janeiro de 2014.


Componentes da banca: Prof. Dr. Francisco Arnoldo Nunes de Miranda (Presidente – UFRN), Profa. Dra. Antônia Regina Ferreira Furegato (Membro externo ERRP – USP), Profa. Dra. Milva Maria Figueiredo de Martino (Membro externo UNICAMP), Profa. Dra. Clélia Albino Simpson (Membro – UFRN), Prof. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres (Membro – UFRN).


Referência: SANTOS, R.C.A. Papéis e funções dos profissionais dos serviços e política de saúde mental em Natal (RN). 2014. 165 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2014.

 

Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a materia em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

 

 

Recebido: 25/08/2014
Revisado: 16/09/2014
Aprovado: 16/09/2014