ARTIGOS ORIGINAIS

 


Doutores da graça: a criança fala...


Aquino RG1, Bortolucci RZ1, Marta IER1

1Fundação Educacional de Fernandópolis

 


ABSTRACT 
This study appeared for believing in the clown’s art as modifier of the hospital environment. The clowns can touch people’s hearts in a way that make them feel and not only seeing and trusting. The purpose was to identify the hospitalized children’s opinion about the funny doctors’s work. The datawere colected in the first semester of 2003, with the utilization of a semi-structered script. We decided for an investigation exploratory descriptive with qualitativy analysis and, thus we used te Thematic Analysis of the data, one of the techinicsof the Content Analysis. The interviews’s analysis showed that for children, the clown has de power to reduce their own pains, let them ber, autonomous, much good-tempered and happies, because it supplies the necessity that children have to play, shaving looks and emotions.
Keywords: Clown; Hospitalize Child; Happiness.


RESUMO
Este estudo surgiu por acreditarmos na arte do clown como modificadora do ambiente hospitalar. O clown pode tocar os corações das pessoas de maneira a fazê-las sentir e não somente ver e acreditar. O objetivo foi identificar a opinião de crianças hospitalizadas sobre o trabalho dos Doutores da Graça. Os dados foram coletados no primeiro semestre de 2003, com a utilização de um roteiro semi-estruturado. Optamos por uma pesquisa exploratória descritiva com análise qualitativa e para tanto utilizamos a Análise Temática dos dados, uma das técnicas da Análise de Conteúdo. A análise das entrevistas demonstrou que para as crianças o palhaço tem o poder de diminuir as dores das mesmas, deixando-as mais fortes, autônomas, mais bem humoradas e alegres, pois supre a necessidade que a criança têm de brincar, compartilhando olhares e emoções.
Palavras-chave: Palhaço; Criança Hospitalizada; Alegria.


 

INTRODUÇÃO

A arte é extremamente generosa no que diz respeito ao processo criativo, e sua diversidade possibilita nas artes cênicas a existência de diferentes técnicas que servem como ponte de ligação entre o ator e o público, o trabalho do clown é uma delas.

Wuo (1999) coloca que o estado de arte pode promover uma modificação na consciência interior, pode transformar, dar nova forma ou caráter, tornar diferente do que era, mudar, alterar, modificar, transfigurar, metamorfosear a alma, o corpo dos seres e a sua fé.

Segundo Ruiz (1987apud MELLO, 1994) a palavra clown deriva de clod que se liga ao termo inglês camponês, simplórios e astutos trabalhadores da terra. Por outro lado palhaço deriva de paglia (palha em italiano) que era o revestimento dos colchões, os quais se tirava o pano para a confecção de suas roupas.

Para Mello (2001, p. 246) “o palhaço é hoje um tipo que tenta fazer graça e divertir seu público por meio de suas extravagâncias; ao passo que o clown tenta ser sincero e honesto consigo mesmo”.
Existem diversas definições acerca do termo clown e todas elas se completam.

Para Shklovski (1975 apud BURNIER, 1994) o clown trata tudo seriamente, representa a tragédia da vida cotidiana mostrando ao homem sua humanidade e sua fraqueza, e assim tornando-se cômico.
Jara (2000) defende que o clown deve transmitir uma imagem global positiva, de forma a fazer com que acreditemos em nós mesmos, com nossas virtudes e defeitos próprios do ser humano.
De acordo com Possolo (1996) o clown não é um personagem, é um arquétipo que faz rir, e representa o que a humanidade e o próprio ator têm de ridículo.

O clown é único para cada ator, que representa seu próprio ridículo, mesmo que este ridículo seja universal, já o personagem pode ser interpretado pelo ator de diversas maneiras.

Bolognesi (2003) diz que a conjugação da personagem-tipo de tradição cômica e a individualidade de cada ator levam a um subjetivismo que torna o palhaço uma figura ao mesmo tempo universal e singular.

Jara (2000) nos lembra que tem sido assim através da história, tanto nas praças públicas quanto nos palácios da nobreza, no renascimento italiano com a Commedia dell’art, assim como para os grandes atores do cinema mudo americano.

O clown moderno e circense como conhecemos hoje é, de acordo com Bolognesi (2003) resultado de uma fusão entre a tradição italiana da Commedia dell’art e os clowns ingleses. 

Mello (1994) nos traz a existência de dois tipos clássicos de clowns, o Branco e o Augusto. O primeiro é o protótipo do patrão, o intelectual, que tem o rosto branco e a vestimenta de lantejoulas como a do Arlequim da Commedia dell’art, chapéu cônico e sempre pronto para enganar seu parceiro, já o augusto, que também pode ser chamado de tony, é o bobo, o perdedor, o ingênuo de boa fé, o emocional, está sempre sobre o domínio do branco, mas supera-o fazendo triunfar a pureza sobre a malícia.

O augusto tem roupas exageradas, é a clássica figura que encontramos no circo, e como relata Bolognesi (2003) isso é um indicador da imbecilidade de quem usa.

No ambiente hospitalar os clowns atuam em dupla, mas não representam a clássica dupla branco e augusto, o jogo cênico é desenvolvido por dois augustos e a relação de força e comando se alterna de acordo com a dinâmica cômica que é estabelecida em cada intervenção.

Masetti (2001) afirma que o trabalho do clown no hospital tem que remeter a realidade que ele se encontra, portanto diferente da atuação no circo, realizada para uma grande platéia, no ambiente hospitalar, a relação que se desenvolve é muitas vezes para uma pessoa, em uma condição desfavorável e em um ambiente amedrontador. 

Françani et al. (1998) relatam que na atuação do grupo denominado Companhia do Riso, desenvolvido na USP de Ribeirão Preto as crianças sempre são consultadas sobre a possibilidade de entrada em seus quartos e que há uma variação de repertório muito grande que possibilita a interação dos clowns não só com as crianças, mas também com seus acompanhantes.

No relato de experiência do nosso grupo de clowns, os Doutores da Graça, Tosta et al. (2000) relatam que as mães e acompanhantes apontaram importantes modificações percebidas no comportamento das crianças após as  sessões denominadas “Plantões da Graça”. Revelam que as crianças ficaram mais alegres, sorridentes, com menos medo da internação. Os membros da equipe de enfermagem ressaltam também a importância dos “Plantões da Graça” para as mães. Uma das enfermeiras entrevistadas fez o seguinte relato:

“... e a gente vê também um envolvimento das mães, elas se envolvem, então isto, além do efeito psicológico positivo na criança, também repercute na mãe”.
A médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Albert Einsten, Virgínia Altelmi Gomes, em entrevista a Balieiro (1997, p. 10) declarou que:
"Os pais também relaxam, e muito... E isso é muito importante para a criança, pois ela acaba sentindo seus pais mais relaxados e confiantes. Os procedimentos médicos são muito invasivos para as crianças, além de provocar dor.  Se estão estressados, elas ainda correm o risco de hipertensão, hemorragias ou outras intercorrências.  A atividade lúdica trazida pelos Doutores da Alegria humaniza o atendimento e ameniza o ambiente."

Adams (1999, p. 30) refere que foi atuando como palhaço em hospitais que percebeu que podemos levar humor até para os leitos de morte e acredita que a melhor alternativa é trazer humor para os hospitais e para o mundo. Parafraseando Voltaire este autor lembra que “o propósito do médico é divertir o paciente enquanto a doença segue seu caminho”.

Os efeitos benéficos do riso, segundo Jara (2000) são reconhecidos por profissionais médicos e psicólogos. Dentre estes efeitos são citados a melhora da circulação sanguínea, o relaxamento muscular, a oxigenação dos pulmões, eliminação de toxinas e produção de endorfinas, contribuindo também para o esquecimento das experiências ruins e confiança em um futuro melhor.

De acordo com Lambert (1999) o riso promove a liberação de endorfinas, que promovem bem estar geral, melhora a circulação e a pressão arterial e fortalece as defesas orgânicas. O autor acredita ainda que rir e sorrir são modos de nos expressarmos de forma agradável e exprimirmos nosso prazer de viver.

Adams (1999) relata que as tensões têm efeito na fisiologia, e que elementos como humor, amor, surpresa, curiosidade, paixão, perdão, alegria, entusiasmo, estimulam o sistema imunológico contra infecções, fortalecem as células que combatem o câncer e afetam a forma de como cuidamos de nós mesmos e dos outros.

Atualmente existem inúmeros grupos de palhaços atuando em hospitais do mundo todo; Clown Care Unit - Nova York (EUA); Die Clown Doktoren - Wiesbadery (Alemanhã); Le rise Medicin - Paris (França); Associacion Payasos - Valência (Espanha); alguns deles formam a Associación Internacional de Narizes Rojas Sonrisa Magica como: Doctores Bola Roja - Lima (Peru), Mediclaun - Medellín (Colômbia), Hopiclown - Genève (Suiça) e Doutores da Graça - Fernandópolis, Votuporanga, Palmas e Porto Nacional (Brasil), nosso grupo.

Só no Brasil, de acordo com Masetti (2003) existem cerca de 180 grupos, dentre eles; Doutores da Alegria - São Paulo (SP); Doutores da folia - Santos (SP); Hospital Só Riso - São José do Rio Preto SP), Pediatras do Riso - Uberlândia (MG); Plantão da Alegria - Campinas (SP), e os Doutores da Graça em Fernandópolis e Votuporanga (SP) e em Palmas e Porto Nacional (TO).

O grupo Doutores da Graça foi criado por mim em janeiro de 2000 atuando na Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis-SP; posteriormente, em novembro do mesmo ano o trabalho se estendeu para os hospitais Santa Catarina e Casa de Saúde, ambos de Votuporanga-SP.

Atualmente o grupo Doutores da Graça conta com dezesseis clowns e estendeu sua atuação para hospitais de Palmas e Porto Nacional-TO. Possue um núcleo de plantões da graça, que promove a atuação dos palhaços em diferentes lugares, tais como: hospitais, asilos, creches, orfanatos e outros, um núcleo de educação em saúde, que realiza números e palestras em escolas e universidades a fim de demonstrar o trabalho e tratar de temas como a promoção da saúde e prevenção de doenças, um núcleo de treinamento em teatro clown, que ensina as bases do trabalho do palhaço no hospital, e um núcleo de pesquisa, que desenvolve estudos sobre o tema, todos subsidiados pela Fundação Educacional de Fernandópolis como um projeto de extensão de serviços á comunidade, e dirigidos a graduandos dos cursos de Psicologia e Enfermagem, assim como atores da cidade.

O trabalho dos Doutores da Graça é realizado nos hospitais duas vezes por semana por dois palhaços, geralmente um do sexo feminino e um do sexo masculino. A visita dura em média uma hora e é feita leito a leito respeitando a individualidade de cada criança. São utilizados brinquedos para a realização de diagnósticos específicos como: riso solto, miolo mole, bobotite, parafuso solto, pum azedo e outros. Também são utilizadas nas visitas, técnicas de malabarismo, mágica, gagues, que são definidos por Possolo (1996) como, uma tirada curta, isso quer dizer uma piada ou um gesto que não necessita de um entendimento anterior para ser engraçado, além de músicas tocadas ao vivo com violão e clarinete, sempre utilizando a improvisação.

A motivação para elaboração desse projeto surgiu por acreditarmos na arte do clown como modificadora do ambiente hospitalar e carreadora de um tipo de arte ao mesmo tempo Naïf (ingênua), e de importante papel social. O clown pode tocar os corações das pessoas de maneira a fazê-las sentir e não somente ver e acreditar, por isso a utilização do humor e do amor pela enfermagem deve transpor as barreiras do pensamento lógico.

Tendo em mente que a intervenção do clown pode tornar o ambiente hospitalar mais agradável, colaborando na promoção de modificação em nível fisiológico, mental e social para todos os envolvidos, pensamos que torna-se pertinente estudar esta temática sob várias óticas.


METODOLOGIA

Os sujeitos deste estudo foram 27 clientes de 4 à 12 anos internados para tratamento clínico e cirúrgico em um hospital de médio porte do interior de São Paulo.

Após a assinatura do termo de consentimento pelos pais e pelos sujeitos, cada um destes participou de um “plantão da graça”.

As atividades com as crianças e adolescentes, durante cada "plantão" foram realizadas nos leitos da unidade. A duração média do plantão foi de 60 minutos.

Imediatamente após a participação no “plantão”, foi realizada uma entrevista semi-estruturada. A fala dos sujeitos foi anotada, na íntegra, e posteriormente foi realizada a análise temática das mesmas.


OBJETIVO

Neste trabalho objetivamos identificar a opinião de crianças hospitalizadas sobre o trabalho dos Doutores da Graça.


RESULTADOS

A análise das falas permitiu a identificação de três temas:

O palhaço é um bobo         
De acordo com Adams (2002) Bobo pode significar em muitas línguas bom, feliz, afortunado, gentil, alegre e até sagrado.

Nesta categoria foram reunidos discursos que dizem respeito à imagem que se tem do palhaço, e dos doutores palhaços que realizaram as intervenções.

Para Simonds e Warren (2001) um palhaço deve permanecer em um estado de admiração e de simplicidade permanente. Os doutores palhaços tem necessidade de poesia e de humor, se com a ponta de seus narizes vermelhos eles querem manter em equilíbrio o riso e a tragédia.

Quando as crianças foram interrogadas sobre o que é o palhaço e o que achavam dos palhaços que haviam se apresentado, emergiram falas como as que seguem.

Achei legal, brincalhão, o parafuso da cabeça da minha mãe...(gargalhadas)
Que eles é maluco
Eh! Ele é muito bobo
Uma pessoa engraçada
O que eu achei? Eu achei que eles é muito bom pra fazer graça e que no futuro eles pode seguir mais a frente
Ah! Isso que é duro! Alegria
Achei bom que brincou comigo
Eu acho muito legal, eu gosto dele, da risada dele e também gostei daquele sapato
Eu achei muito legal, eu gostei daquela hora que ela falou que tava com muita fome e trouxe a banana pra comer, eu gostei dos dois, até de você eu gostei
Um palhaço! Um palhaço pra mim é um bobo
É uma diversão
Hum... Ele é muito engraçado e faz agente rir
É legal, ele é muito brincalhão, eu gosto dele, minha coisa mais preferida
Ah! Uma pessoa alegre, que faz a gente ficá alegre também
Ah! É um amigo das crianças
Eu gostei também deles, gostei das palhaçadas, eles são muito legais, eles sabem fazer né, palhaçadas, e tem paciência também de ficar agüentando isso
Observamos que a criança tem uma visão arquetípica da figura do palhaço, porém as descrições, de maneira geral, estão ligadas aos sentimentos e emoções, portanto os palhaços doutores são tidos como modelos de palhaços.

Uma das crianças não quis receber a visita do palhaço, e quando interrogada disse que não gostava de palhaço. Investigando mais a fundo soubemos que esta criança tivera uma experiência anterior ruim com um palhaço, havia levado um susto muito grande. De qualquer forma, entendemos que o fato de os palhaços respeitarem a decisão da criança, e saírem do quarto, fortalece a autonomia da mesma, que lhe é completamente retirada quando se encontra internada.

A galinha magricela
Em geral, o trabalho do palhaço no hospital é movido pela improvisação, todavia existem elementos prontos que são levados às visitas, que dão segurança à atuação.

Organizamos aqui os discursos que se referem às brincadeiras que mais marcaram as intervenções.

Os elementos mais citados pelas crianças foram a galinha de borracha e uma máquina de fotografia que solta água, utilizada pelos palhaços.

Bonita, gostei da Gertrudes (galinha de borracha)
Palhaçadas, gostei, achei legal, bonita
Muito legal, eu gostei mais da cirurgia
Bem
Não gosto não quero que volta
Bonita, gostei de tirar fotos
Legal, gostei da galinha que ele amarrou na cintura e mandou eu puxá
Boa, gostei a hora que eles tiraram a foto
Legal a musica do gato
Gostei daquela coisinha... da galinha
Legal porque ele tava com uma galinha
Ah! Bem educativa né, pra enfermagem medi pressão
Ah! Achei mais legal, eu gostei quando tirou a foto e quando ele tava dando risada e olhando pra mim
De acordo com Masetti (2001) no riso o palhaço e o paciente se encontram e compartilham uma atitude de vida, e isso também ocorre com relação aos familiares e profissionais. Este ponto de encontro se transforma em local de ação porque esse processo resulta em uma conduta ativa de aumento da potência de ambos.

Ajudando a esquecer o dodói
Adams (2002) coloca que as pessoas precisam do riso assim como de um aminoácido essencial, e acrescenta que necessitamos de alívio cômico sempre que as dores da existência nos oprimem.

Selecionamos aqui as falas que estão ligadas a contribuição da visita dos palhaços. As crianças relatam que os palhaços trazem alegria.

Sim, mais alegre
Ajuda! Deixa as crianças feliz
Ajudou, eu ri muito
Sim, eu fico alegre
Ajuda, fico todo feliz quando eles entram
Ajudou a me divertir muito
Sim, faz graça
Ajuda, trazendo alegria
Sim, ajudou ficá alegre
Ajuda, em tudo, fica mais alegre
Espinosa (2001 apud MASETTI, 2001, p. 15) coloca que:

“A alegria é o efeito de composição resultante de uma idéia que se encontra com nossa alma e aumenta nosso poder de ação, nossa potência”.

Também foi citado pelas crianças que as brincadeiras ajudam a distrair a dor e as deixam mais fortes, nos seus discursos é possível perceber que aliam a intervenção do palhaço ao seu processo de cura.

Ajuda, palhaçadas engraçadas, agente dá risada, interessante, me animou mais
Sim, ah as pessoas, as crianças que ficam chorando, ajuda né! Eu me distraí por causa do meu braço
Sim, a me recuperar
Ajudou, fez eu sair daqui, pode fazer sarar muitas doenças que as crianças tem e continuar fazendo muitas palhaçadas né
Ajuda, ele ajuda fazer ficar mais alegre e forte
Ajuda. Ah! Cuida da saúde né! Sempre medí pressão, olhá, preveni


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este estudo pudemos compreender um pouco melhor a visão da criança, foco do trabalho realizado pelos palhaços doutores, para que se possa inclusive traçar metas de trabalho por meio destes resultados.

Notamos que a criança troca com o palhaço experiências que está vivendo ou já viveu, de forma a liberar suas emoções verdadeiras com a verdade que o palhaço propõe. O trabalho do palhaço é regido por uma regra fundamental, a da verdade e transparência, o jogo é espontâneo, improvisado e baseado na troca entre ambos, pois o palhaço aprende a viver da mesma maneira que a criança.

Foi possível observarmos que para as crianças o palhaço tem o poder de diminuir as dores das mesmas, isso porque quando a criança brinca ela se distrai e o tempo parece não existir, também percebemos pelos discursos que as crianças se sentem mais fortes, por acreditarem na brincadeira, isso lhes dá mais autonomia, que também pode ser gerada com a simples negação ao jogo e o respeito da opinião da criança, pois quando esta encontra-se hospitalizada, lhe é retirado o direito de decidir por seu próprio corpo.

De acordo com Masetti (2001) o aspecto lúdico é o pilar do trabalho dos palhaços suas interações estão relacionadas às propostas e ao jogo que se estabelece individualmente.

É fácil perceber pelas expressões das crianças que seu humor melhorou, que estão mais alegres, que trocam olhares verdadeiros com os palhaços, que brincam como se o resto do mundo não existisse, porém ouvi-las dizendo isso e confirmando nossa idéia inicial faz com que acreditemos cada vez mais no trabalho de palhaços em hospitais, feito de forma pensada, estruturada e, acima de tudo, com muita verdade, compartilhando olhares e emoções.


REFERÊNCIAS

1. Adams P. Patch Adams: o amor é contagioso. Rio de Janeiro: Sextante; 1999.

2. Balieiro K. Doutores da alegria: o sorriso no momento difícil. Inovação. 1997; 7: 8-10.

3. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977.

4. Bolognesi MF. Palhaços. São Paulo: Editora UNESP; 2003.

5. Ferracini R. A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator. Campinas: Editora da Unicamp; 2001.

6. FRANÇANI, G. M. et al. Prescrição do dia: infusão de alegria. Utilizando a arte na assistência à criança hospitalizada. Rev. latino-am. enfermagem. 1998 Dec;  6(5): 27-33.

7. Jara J. El clown un navegante de las emociones. Sevilla: Proexdra; 2000. (Temas de Educación Artística).

8. LANBERT, E. A terapia do riso: a cura pela alegria. São Paulo: Pensamento; 2001.

9. Masetti M. (coord.) Palhaços em hospitais – Brasil. São Paulo: Centro de Estudos Doutores da Alegria; 2003.

10. Masetti MM. Boas misturas: possibilidades de modificações da prática do profissional de saúde a partir do contato com os Doutores da Alegria. [ Dissertação ] São Paulo: Pontifícia Universidade Católica; 2001.

11. Mello LOSBP. A arte de ator: da técnica à representação. [ Tese ] São Paulo: Pontifícia Universidade Católica; 1994.

12. Possolo H. Teatro da juventude. Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Imprensa oficial do Estado, v.2, n.8, São Paulo, out./1996.

13. Simonds C, WARREN B. Le rire médecin: journal du docteur Girafe. Paris: Éditions Albin Michel ; 2001.

14. Tosta AM et al. Plantões da Graça: aliviando o sofrimento através do riso. Fernandópolis: Núcleo de Pesquisa Doutores da Graça; 2000.

15. Wuo AE. O clown visitador no tratamento de crianças hospitalizadas. [ dissertação ]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1999.

 

 

Endereço para correpondência: Avenida Geraldo Roquete, 951 – Coester – Fernandópolis – SP, CEP: 15.600-000.


Received  June 9th, 2004
Accepted July 5th, 2004