NOTAS PRÉVIAS

 

O autocuidado na visão do cliente com doença renal crônica em tratamento conservador: estudo sociopoético

 


Gilvanice de Sousa Pacheco1

1Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Descritores:
 Enfermagem, doença renal, autocuidado


SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA

O cliente com doença renal crônica sofre mudanças em seu cotidiano  tais como dieta, controle de líquidos, perda nas relações sociais e baixa auto-imagem, que geram estresse e conflitos, interferindo na sua adesão ao tratamento. Para minimizar esta situação, deve-se desenvolver um programa educativo para explicação da doença renal e importância do autocuidado e tratamento conservador para clientes  em fase pré-diálise. Isto porque estes clientes se não orientados e acompanhados previamente ingressarão de forma abrupta em uma das terapias dialíticas em condições clínicas inadequadas, um dos fatores responsáveis pelo aumento dos custos ao sistema de saúde e do trabalho de enfermagem especializada, além de desconforto, sofrimento e desgaste sofrido pelo cliente submetido.


OBJETIVOS/QUESTÃO NORTEADORA/HIPÓTESE

Pressupondo que o ensino do autocuidado ao cliente em acompanhamento ambulatorial favorecerá sua adesão ao tratamento conservador, questiona-se:- Qual é a influência do ensino do autocuidado na qualidade de vida de clientes com doença renal crônica (DRC) em fase pré-diálise? São objetivos: Avaliar a competência e o déficit que o cliente possui para desenvolver seu autocuidado visando a promoção de qualidade de sobrevida com a DRC; Desenvolver um Curso sobre o autocuidado, junto aos clientes, identificando seus interesses e temas geradores de dúvidas sobre a DRC, considerando sua visão de mundo; Descrever a dimensão imaginativa do cliente sobre o autocuidado para sobreviver com a doença renal crônica.


METODOLOGIA (REFERENCIAL TEÓRICO E TÉCNICA DE PESQUISA)

Escolheu-se os métodos: quantitativo epidemiológico para caracterizar os sujeitos do estudo; descritivo epidemiológico, para identificar o perfil social, econômico e epidemiológico desses clientes e o suas expectativas sobre o tratamento e competência para se autocuidar. A opção pelo método epidemiológico, tem apoio em Pereira3,  quanto a sua destinação ao estudo de fatos que se relacionam á compreensão de  fatores determinantes para evolução do processo saúde / doença. Utilizou-se a técnica de entrevista com 51 clientes com DRC, através de questionário contendo as variáveis: identificação pessoal; socioeconômicas;  epidemiológicas. O método qualitativo foi desenvolvido através da sociopoética que trabalha com o imaginário, criada por Gauthier2, aplicando-se a teoria da ação dialógica de Freire1 num grupo pesquisador, formado por 12 clientes, como estratégia para desenvolver o Curso de autocuidado e a “Vivência de Lugares Geomíticos” ( terra, poço, túnel labirinto, ponte e estrada). O pesquisar/ educar desenvolveu-se na UERJ, entre 2004 a 2005. Como resultado parcial observou-se o conhecimento dos clientes sobre seus limites na escolha e adesão das terapêuticas médica, nutricional e de enfermagem, destacando-se as categorias: Um método de tratar a saúde; Um lugar para “superar obstáculos” e implementar o “autocuidado”; Solidão”, “impotência” e necessidade do  “apoio da família”; O transplante renal é a saída do labirinto”; Medo de ser dialisado; Aprender a conviver com a enfermidade é superar obstáculos.

 

REFERÊNCIA

1. Freire P. Pedagogia do Oprimido. 36. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2003.

2. Gauthier,  J. Sociopoética – encontro entre arte, ciência e democracia na pesquisa em ciências humanas e sociais enfermagem e educação. Rio de Janeiro: Editora Escola Anna Nery; 1999.

3. Pereira, M. G. Epidemiologia: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 1995.

 


Recebido:08/08/2005 
Aprovado: 08/08/2005