NOTAS PRÉVIAS

 

Representações da família sobre medo e sofrimento infantil na emergência: estudo descritivo

 

Silvia Helena Oliveira da Cunha1, Eliane Ramos Pereira1, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva1

1Universidade Federal Fluminense

 


RESUMO
Problema: No contexto da emergência junto à criança hospitalizada, as relações familiares consistem em momentos conflituosos e muitas vezes reforçam a cultura do medo.  Condutas ameaçadoras costumam acontecer frente a inquietações do paciente, especialmente em procedimentos no cuidado de enfermagem. Torna-se fundamental o desenvolvimento de estratégias visando parceria com a família.
Objetivos: analisar as representações sociais da família acerca do sofrimento psíquico da criança na emergência; caracterizar a cultura do medo no contexto das representações da família e implicações no paciente; elaborar uma cartilha informativa como estratégia de reeducação colaborativa na minimização dos tormentos psicológicos da criança.
Método: Estudo descritivo de abordagem qualitativa pautada na Teoria das Representações Sociais. Serão utilizadas técnicas de evocação livre e entrevista semiestruturada. A pesquisa acontecerá na emergência pediátrica de um hospital universitário, tendo como sujeitos os familiares que acompanham crianças hospitalizadas.
Descritores: Relações Familiares; Sofrimento Psíquico; Medo; Enfermagem em Emergência; Criança Hospitalizada.


 

SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA

No contexto da emergência pediátrica, a inserção da família possui um papel muito importante na dinâmica do cuidado e apoio à criança hospitalizada. Um conflito emocional se deflagra desde quando se constata a necessidade da internação emergencial da criança. Na unidade, nota-se uma cultura do medo que transita, com frequência, pela situação inesperada de hospitalização. O temor desponta sutilmente repassado no modo com que os familiares lidam com a criança, por vezes com condutas ameaçadoras e condicionadoras nas variadas situações limitantes, especialmente nas suas inquietações diante de procedimentos. Tais atitudes dificultam a aceitação da criança, já fragilizada, a realizar procedimentos invasivos e dolorosos, favorecendo um ambiente de sofrimento e desarticulado das intenções profissionais de humanização.

No cuidado em emergência, a família deve ser inserida como participante ativa no tratamento do doente e receber o suporte necessário para agir como tal, com subsídios para que seja capaz de lidar com seus conflitos, temores e aumento de responsabilidades(1). Assim, evidencia-se a necessidade de estudar os modos de pensar do parente em seu papel diante do sofrimento emocional e a dinâmica do medo conforme constam nas representações da família em emergência pediátrica, procurando-se extrair os seus significados. Essa apreensão servirá como ajuda para construir uma estratégia efetiva de orientação e facilitação do familiar como parceiro corresponsável no processo do cuidado, o que propiciará atitudes colaborativas para minimizar as aflições da criança. A relevância do estudo deve-se à corresponsabilidade da família no cuidado de emergência, para melhor qualidade e continuidade do suporte emocional à criança em sofrimento, visando o cuidado integral e humanizado. Corroboram a pesquisa as premissas de humanização, que preconizam ações com aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde. Elas também priorizam a mudança na cultura da atenção dos usuários, fundamentando-se na consideração das necessidades, desejos e interesses dos diferentes atores do campo.

O estudo será pautado na Teoria das Representações Sociais (TRS), entendida como forma de conhecimento socialmente elaborada e partilhada, com orientação prática para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Esse conjunto de ideias possibilita entendimento sobre o comportamento cotidiano dos indivíduos e dos grupos sociais, sendo designado como saber de senso comum(2).

 

QUESTÕES NORTEADORAS

 

OBJETIVOS


Geral

Analisar as representações sociais da família a respeito do sofrimento psicológico da criança na emergência, para a construção de estratégias colaborativas.

Específicos

 

MÉTODOS

O estudo é descritivo, exploratório, não experimental e com abordagem qualitativa(3). O setor de emergência pediátrica de um hospital universitário servirá como cenário. Os sujeitos serão familiares das crianças internadas ou em observação, que concordem em participar da pesquisa e tenham mais de 18 anos de idade. Podem participar sujeitos com qualquer grau de parentesco ou representantes legais sem grau de parentesco. Constarão como técnicas a evocação livre e entrevista semiestruturada, utilizando-se formulário para caracterização sociodemográfica e roteiro de entrevista. A coleta será realizada entre janeiro e março de 2014, com amostra de 30 indivíduos.

Depois de realizada a análise das evocações, os depoimentos transcritos serão submetidos à análise de conteúdo de Bardin, baseando-se na TRS. O projeto atenderá às premissas éticas da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Como produto final de inovação tecnológica para prática de enfermagem, prevê-se a elaboração de cartilha contendo orientações sobre cuidado e atitudes colaborativas no âmbito da emergência pediátrica. Com linguagem acessível, lúdica e de fácil compreensão, ela poderá promover a parceria do familiar na diminuição dos receios da criança.

 

CONCLUSÃO

Espera-se colher subsídios que sejam evidências científicas que se associem com os dados coletados e pautem as reais necessidades dos familiares das crianças submetidas a procedimentos dolorosos. Esses dados têm a finalidade de produzir uma cartilha que oriente de que forma o parente pode se tornar parceiro no cuidado da criança, e, com isso, ser terapêutico e educativo, contribuindo com a superação dos momentos difíceis e dolorosos enfrentados pela criança no ambiente hospitalar.

 

REFERÊNCIAS

1. Santos AMR, Amorim NMAA, Braga CH, Lima FDM, Macedo EMA, Lima CF. The experiences of relatives of children hospitalized in an emergency care service. Rev. esc. enferm. USP [ internet ]. 2011; 45 (2): 473-9 [ cited  2013 Sep 04 ]. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000200024&lng=en&nrm=iso

2. Almeida AMO, Santos MFS, Trindade ZA. Teoria das Representações sociais: 50 anos. Brasília: Technopolitik; 2011.

3. Lima DVM. Research design: a contribution to the author. Online braz j nurs [ Internet ]. 2011 Oct; 10 (2) [ Cited 2013 Sep 04 ]. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/3648. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1676-4285.20113648

 

 

Dados do Projeto:

Projeto de dissertação do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial/MPEA da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - Universidade Federal Fluminense/UFF, cujo nº do CAEE: 31287214.0.0000.5243 aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense/FM/UFF/HU – Plataforma Brasil. Parecer nº: 724.999 aprovado em 22/07/2014.

Orientadora: Profª. Drª. Eliane Ramos Pereira. Coorientadora: Profª. Drª. Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva.


Endereço para correspondência: olivershoc@yahoo.com.br

 

 

Recebido: 02/09/2014
Revisado: 04/09/2014       
Aprovado: 13/10/2014