RESUMO DE TESES E DISSERTAÇÕES

 

O enfermeiro e a criança estomizada no domicílio: estudo de caso

 

 

Andréa Maria Alves Vilar1, Marilda Andrade1

1Universidade Federal Fluminense

 

 


RESUMO
Objetivo: Descrever como os enfermeiros estão atuando em suas práticas diárias junto aos cuidadores/familiares de crianças com estomas no que tange ao autocuidado e cuidado para a alta hospitalar; Identificar quando os enfermeiros iniciam as orientações ao cuidador/familiar da criança com estoma para a alta hospitalar e; Discutir como se dá a participação da família no cuidado da criança com estoma desde a internação até a alta hospitalar a partir do olhar do enfermeiro.
Método: Pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso realizado com 31 enfermeiros da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal de um Hospital Universitário do município do Rio de Janeiro.
Resultados: enfermeiros orientam familiares para a alta de crianças estomizadas (58%) e iniciam as orientações tão logo se tenha a indicação da confecção do estoma (58%). Discussão: A orientação minimiza as dificuldades apresentadas pelo cuidador.
Descritores: Enfermagem; Tecnologia; Criança; Estomas Cirúrgicos.


 

 

LUGAR, DATA DE DEFESA: Niterói, Brasil, em 4 de janeiro de 2013.

EXAMINADORES: Profª. Dra. Marilda Andrade (Orientadora); Profª. Dra Dalvani Marques (Presidente da Banca Examinadora); Profª. Dra Angelina Maria Aparecida Alves (Membro Examinador); Profª. Dra Rosane Cordeiro Burla de Aguiar (Membro Examinador).

REFERÊNCIA: Vilar, AMA. O enfermeiro e o cuidar da criança portadora de estoma: um preparo para o domicílio. Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado de Enfermagem) -  Universidade Federal Fluminense; 2013.   

 

 

INTRODUÇÃO

Atualmente, a assistência a recém-nascidos e crianças vem sofrendo avanços em razão da alta tecnologia utilizada nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). À custa destes avanços têm-se maior sobrevida da clientela de prematuros das Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN)(1). Muitos destes acabam por se encontrar no cotidiano hospitalar como Crianças Portadoras de Necessidades Especiais (CPNE), que para Holster(2) são aquelas que possuem doenças crônicas, deficiências físicas e distúrbios desenvolvimentais. Neste contexto, muitas crianças apresentam estoma, vocábulo que deriva do Grego e significa boca(3). A presença da família, reforçada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), junto à criança no cenário hospitalar propicia uma interação daquela nos cuidados, que serão fundamentais no âmbito domiciliar. Cabe ao enfermeiro, não somente a habilidade em lidar com esta tecnologia, mas também criar subsídios para orientação e educação em saúde do cuidador/família, propiciando independência deste para o cuidado a ser prestado intra e extra-hospitalar.

 

OBJETIVOS

Descrever como os enfermeiros estão atuando em suas práticas diárias junto aos cuidadores/familiares de crianças com estomas no que tange ao autocuidado e cuidado para a alta hospitalar;
Identificar quando os enfermeiros iniciam as orientações ao cuidador/familiar da criança com estoma para a alta hospitalar;
Discutir como se dá a participação da família no cuidado da criança com estoma desde a internação até a alta hospitalar a partir do olhar do enfermeiro e;
Propor a elaboração de um instrumento de avaliação de enfermagem para a alta hospitalar de crianças portadoras de estoma.

 

MÉTODO

A estratégia utilizada foi o estudo de caso associado a um estudo descritivo, com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado na UTIN de um Hospital Universitário situado na zona Norte do Rio de Janeiro. Este setor é composto por 21 leitos (13 leitos intensivos e oito leitos de berçário intermediário) e por uma Sala de Preparo de Medicação. A pesquisa foi realizada com 31 enfermeiros plantonistas dos diversos setores da UTIN, compreendendo o Serviço Diurno (SD) e o Serviço Noturno (SN). A coleta de dados se deu de forma aleatória, até a ocorrência de repetição das informações quanto ao tema abordado, por meio de um roteiro de entrevista semiestruturado, no período de Janeiro a Março de 2012. O instrumento utilizado foi composto de 13 questões, sendo as questões de 1-8 destinadas ao perfil sociodemográfico e de 9-13 específicas sobre a atuação e percepção dos profissionais sobre o tema estoma. A análise dos dados se deu mediante técnica de análise de conteúdo, na modalidade de análise temática de acordo com Bardin.

 

RESULTADOS

Da análise emergiram três categorias e seis subcategorias: 1- Vivência dos depoentes com recém-nascidos e crianças estomizadas; 2- Fatores restritivos para os enfermeiros na relação com o cuidador, com as subcategorias: 2.1- A escala do setor, 2.2- A tipificação do estoma que define a conduta do enfermeiro, 2.3- Processo de aprendizagem; 3- A importância da família diante do recém-nascido e criança estomizada, com as subcategorias: 3.1- Preparo para a alta: relação profissional-família, 3.2- A dificuldade em se ter uma criança especial, 3.3- O principal cuidador: “a mãe”; 4- Início das orientações aos familiares/cuidadores.

Constatou-se que enfermeiros conhecem o termo estoma (90,32%), mas 74,19% se restringem aos estomas intestinais; orientam familiares para a alta de crianças estomizadas (58,06%) e iniciam as orientações tão logo se tenha a indicação da confecção do estoma (58%).

 

DISCUSSÃO

O enfermeiro atua no processo de orientação para a alta hospitalar, mas cada um elege o momento ideal para este cuidado, uns julgando que o melhor momento seja durante os cuidados diários dispensados à criança, outros que a orientação deva se estabelecer próximo à alta hospitalar decretada pelo médico.  Assim, constatam-se lacunas neste cotidiano do cuidado, uma vez que inexiste uma sistematização e individualidade do cuidado voltado para a necessidade de cada criança e seu familiar, além de embasamento científico multidisciplinar.

 

CONCLUSÃO

A participação sistematizada não somente do enfermeiro, mas da equipe multidisciplinar, é fundamental na orientação para a alta hospitalar ao cuidador da criança estomizada.

 

REFERÊNCIAS

1.Itabashi K, Horiuchi T, Kusuda S, Kabe k, Itani y, Nakamura T, et al. Mortality rates for extremely low birth weight infants born in Japan, 2005. Pediatrics. 2009; 123 (2): 445-50.

2.Hostler, SL. Family-centered care. Pediatr Clin North Am. 1991; 38(6):1545-60.

3.Colorretal [ homepage in the internet ]. Definições e Técnicas de Estomas Intestinais [ cited 2013 June 25 ]. Available from: http://www.colorretal.com.br/index.php/2011/04/15/definicoes-e-tecnicas-de-estomas-intestinais-parte-1/  

 

 

Recebido: 31/07/2013
Revisado: 05/08/2013
Aprovado: 10/08/2013