NOTAS PRÉVIAS

Incidentes críticos do processo de medicação de uma unidade neonatal: estudo descritivo

Márcia Farias de Oliveira dos Santos¹, Zenith Rosa Silvino¹

¹Universidade Federal Fluminense

RESUMO
Projeto de pesquisa do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Universidade Federal Fluminense.
Objeto: o processo de medicação realizado pela equipe de enfermagem da Unidade Neonatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Objetivos: Caracterizar o processo de preparo e administração de medicamentos, realizado pela equipe de enfermagem, antes e depois de mudanças implantadas pela Gerência do setor; Analisar situações, comportamentos e consequências, positivas e negativas, identificadas no processo, a partir do relato dos próprios profissionais que o executam; Discutir impacto e implicações das modificações implantadas.
Método: Pesquisa descritiva, qualitativa, utilizando a Técnica de Incidente Crítico (TIC). Após coleta de dados por entrevistas semiestruturadas com profissionais de enfermagem, estas serão gravadas e transcritas na íntegra. A análise textual utilizará o software ALCESTE. Resultados obtidos podem colaborar com o desenvolvimento dos processos de trabalho relacionados ao sistema de medicação, melhorando a assistência de enfermagem prestada em qualquer instituição.
Descritores: Enfermagem; Gerência; Técnica do Incidente Crítico.

SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA

A taxa de nascimentos prematuros no mundo é, em média, de 12% nos países pobres e de 9% nos mais desenvolvidos. Esses dados são de um levantamento publicado em 2012 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma ainda que nascem, em média, 15 milhões de recém-nascidos pré-termos por ano no mundo, dos quais 1,1 milhão irão morrer de causas inerentes à prematuridade⁽¹⁾. O Brasil tem taxa de nascimento de prematuros de 9,2%, tal como a de países desenvolvidos como a Alemanha. O problema é que isso significou, no ano passado, o nascimento de 279,3 mil bebês com menos de 37 semanas de idade gestacional, de modo que o país foi o décimo no ranking mundial, em números absolutos, na ocorrência de prematuridade⁽¹⁾. E o neonato, quando prematuro, completa seu crescimento, que deveria ser intrauterino, nas Unidades Neonatais. Nelas, a prestação de uma assistência multidisciplinar de qualidade e de alta complexidade é a única estratégia que pode mudar uma característica intrínseca da prematuridade: risco para complicações e óbito na população infantil. A prematuridade é apenas um dos critérios de eleição para que um neonato seja internado em Unidades de Cuidados Intensivos. O peso inferior a 1.500g, hipoglicemia, insuficiência respiratória, hipóxia, sepse precoce, exposição ao HIV, hiperbilirrubinemia, desequilíbrios metabólicos, asfixia neonatal, malformações congênitas, convulsões, são patologias que demandam cuidados complexos, e engrossam as estatísticas de taxa de ocupação de leitos de Unidades Neonatais. A equipe especialista em Neonatologia só vence as adversidades e a perspectiva da morte com a mentalidade da excelência na assistência. Contribuir para alcançar essa excelência é motivação primeira desse estudo, que pretende avaliar um processo de trabalho da equipe de enfermagem em uma Unidade Neonatal utilizando a Técnica de Incidente Crítico (TIC). Segundo John C. Flanagan, autor que sistematizou o método, a TIC consiste em um conjunto de procedimentos para recolher observações diretas de comportamento humano, de forma a facilitar uma potencial utilização na resolução de problemas do trabalho⁽²⁾.

O processo escolhido foi o de medicação, atividade de importância fundamental quando o assunto é segurança do paciente. Erros de medicação provocam iatrogenias e prejudicam o paciente, o profissional e as instituições de saúde. No cotidiano da assistência hospitalar, a equipe de enfermagem lida com inúmeras atividades de cuidados diversificadas e a contingência de erro não é de todo descartada⁽³⁾.  As fases estudadas do processo são preparo e administração de medicamentos, reconhecidas na literatura e na legislação como atividade dos profissionais de enfermagem. Esperam as autoras que, ao desenvolver uma pesquisa de campo que analisará um processo de trabalho tão relevante, contribuam para a realização de uma prática mais segura.

QUESTÕES NORTEADORAS

Como se dá o processo de medicação praticado pela equipe de enfermagem na Unidade Neonatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto?
Quais foram as modificações introduzidas na última revisão desse processo?
Na ótica dos profissionais de enfermagem, quais são as situações positivas e negativas encontradas no processo de medicação, adotado atualmente no setor, que podem interferir na excelência da assistência prestada?

OBJETIVOS

1. Caracterizar o processo de preparo e administração de medicamentos realizado pela equipe de enfermagem, antes e depois de mudanças implantadas pela gerência do setor;
2. Analisar situações, comportamentos e consequências, positivas e negativas, identificadas no processo e administração de medicamentos, a partir do relato dos próprios profissionais de enfermagem que o executam;
3. Discutir o impacto e implicações do processo de medicação implantado na Unidade Neonatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto.

MÉTODO

Pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, utilizando a TIC. A coleta de dados será por entrevista semiestruturada individual. O cenário do estudo é a Unidade Neonatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ). Os sujeitos serão os profissionais de enfermagem que trabalham na instituição desde o período anterior a implantação das modificações no processo de medicação realizado pela equipe, cuja avaliação quanto aos resultados é o objeto desse estudo.

A amostragem possível é de 109, número total de profissionais de enfermagem assistenciais lotados na unidade quando da realização de levantamento para esse estudo. Critério de inclusão: profissionais de enfermagem lotados na Unidade Neonatal estudada, desde o período anterior a implementação do novo processo de preparo e administração de medicamentos, que se deu em maio de 2011, exercendo atividade assistencial, e que tenham manifestado a vontade por escrito de participar da pesquisa. Desta forma a amostragem será aleatória. Critério de exclusão: profissionais que estejam de férias, licenciados ou ausentes do trabalho por outros motivos, no período da coleta de dados, estimado para durar três meses, a contar de abril de 2013. Após a coleta, os dados serão submetidos ao software ALCESTE. A categorização terá por base o isolamento dos comportamentos críticos, positivos ou negativos, emitidos pelos entrevistados. Espera-se obter subsídios para identificação de soluções para situações problemáticas do processo, cuja caracterização será estruturada em fluxogramas elaborados pelas autoras. Projeto submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, nº CAAE: 11187813.1.0000.5243UFF/2013, conforme regulamentação brasileira.

REFERÊNCIAS

1. The Partnership [ homepage on the internet ]. Born too soon: the global action report on preterm birth [ cited 2013 Feb 04 ]. Available from: http://www.who.int/pmnch/media/news/2012/preterm_birth_report/en/index.html.

2. Flanagan JC. The critical incident technique. Psychol Bull [ Internet ]. 1954; [ cited 2013 Feb 05 ] 51(4): 327-58. Available from: http://www.analytictech.com/mb870/Readings/flanagan.pdf

3. Balbino CM, Caramez LFC, Barbosa MS, Cavalcanti PCS, Silvino ZR, Teixeira ER, et al. Os erros de medicação com o objetivo de segurança do paciente: revisão sistematizada da literatura. Online braz j nurs [ Internet ]. 2009 [ cited 2013 Feb 04 ] 8(3): [ about; 3 p. ]. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/2599

Dados do Projeto
Programa: Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde – Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa
Universidade: Universidade Federal Fluminense (UFF)
Data da defesa do projeto: 26 de novembro de 2012
Autora: Márcia Farias de Oliveira dos Santos
Banca Examinadora:
Profa. Dra. Zenith Rosa Silvino - Presidente e Orientadora – UFF
Profa. Dra. Elisa da Conceição Rodrigues -1ª. Examinadora - UFRJ
Profa. Dra. Bárbara Pompeu Christovam – 2ª. Examinadora - UFF
Profa. Dra. Eny Dórea Paiva – 1ª. Suplente – UFF
Profa. Dra. Angelina Maria Aparecida Alves – 2ª. Suplente - UNIRIO
Financiamento: próprio

Recebido: 16/03/2013
Revisado: 22/06/2013
Aprovado: 23/06/2013