EDITORIAL
Internacionalização da enfermagem para uma publicação de enfermagem internacional
Dalmo Valério Machado de Lima1
1Universidade Federal Fluminense
RESUMO
O Ministério da Educação e o Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil, por meio de seus principais órgãos, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) celebraram o acréscimo em 56% do número de artigos brasileiros em publicações científicas de alto padrão, entre 2007 e 2008, alçando o Brasil da 15ª para a 13ª posição no ranking das nações com maior volume de produção acadêmica. Esse acréscimo pode ter vindo a reboque da elevação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 158% considerando os últimos 12 anos, para mais de US$ 1,45 trilhões, e fez o país representar 2,7% da economia mundial. Essa produção consigna ao povo brasileiro 2,12% da produção internacional, situando-nos a frente de países tradicionais como a Rússia e Holanda.
Palavras-chave: Financiamento da Pesquisa; Acesso à Informação; Enfermagem Baseada em Evidências; Indicadores Bibliométricos; Bibliometria; Ética em Publicação.
O Ministério da Educação e o Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil, por meio de seus principais órgãos, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) celebraram o acréscimo em 56% do número de artigos brasileiros em publicações científicas de alto padrão, entre 2007 e 2008, alçando o Brasil da 15ª para a 13ª posição no ranking das nações com maior volume de produção acadêmica. Esse acréscimo pode ter vindo a reboque da elevação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 158% considerando os últimos 12 anos, para mais de US$ 1,45 trilhões, e fez o país representar 2,7% da economia mundial. Essa produção consigna ao povo brasileiro 2,12% da produção internacional, situando-nos a frente de países tradicionais como a Rússia e Holanda(1). Contudo, em se tratando de inovação tecnológica, leia-se: pesquisas com potencial de desenvolvimento e, consequente registro de patentes, as referiadas alvíssaras revelam-se mais modestas, posto que nos remete apenas a 45ª posição no cenário mundial, equivalendo a 0,32% dos pedidos internacionais, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI)(2).
O ciclo do conhecimento científico inclui a produção, a comunicação e a aplicação do conhecimento gerado. Nesse contexto a publicação científica tem papel fundamental no ciclo, uma vez que promove a difusão do conhecimento na medida que divulga os resultados das pesquisas em andamento ou concluídas.
Diferentemente de outros países, o Brasil possui uma matriz editorial que, por um lado facilita a obtenção do conhecimento produzido, na medida em que a maior parte dos periódicos científicos nacionais é de acesso aberto; por outro lado, dificulta o financiamento, pois recai sobre as Universidades e Sociedades Científicas a manutenção das revistas. O percentual de oferta de apoio de agências de fomento à periódicos, como a Capes, Cnpq e Fundações de Amparo à Pesquisas, é mínimo e definitivamente não atende as demandas das revistas científicas. Além disso, os critérios de concessão das referidas subvenções não são tão claros, tampouco divulgados.
Temas como o papel, função, responsabilidades do editor científico, bem como aspectos éticos de publicação e internacionalização de periódicos foram temas abordados durante o VII Workshop de Editoração Científica (WEC) e I Seminário do COPE (Commitee on Publication Ethics)(3), entre 11 e 14 de Novembro de 2012, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, promovida pela Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC).
O COPE surgiu no Reino Unido e hoje está presente em 75 países e, segundo a conselheira Irene Hames, em 2013 será aberto o primeiro escritório na América Latina, na cidade de São Paulo, Brasil.
No tocante ao processo de controle ético de publicação são inúmeras as manifestações de transgressões aos preceitos: publicação duplicada/redundante, ausência de aprovação em comitê de ética, questões de autoria, ausência ou inadequação do consentimento informado, falsificação ou fabricação de dados, autoplágio, pesquisa antiética, conflito de interesse não declarado, má conduta dos avaliadores ou do editorial, entre outras.
Coadunando com os princípios do COPE e dele se aproximando, a partir do desenvolvimento/adoção de mecanismos de controle do plágio, bem como analisando o balanço de 2012 e projetando o ano de 2013 o Online Brazilian Journal of Nursing apresenta indicadores e reordena políticas de publicação com vistas à maximização da internacionalização do periódico e inserção em novas bases de dados.
O ano de 2012 transcorreu com regularidade e assiduidade de todos os números. Por conta de edital CNPq contemplado em 2011 será atribuído o DOI de todo o passivo de publicações desde a criação do periódico em 2002. O conteúdo na íntegra de 2012 encontra-se disponível gratuitamente nos idiomas português, inglês e espanhol nas versões HTML e PDF, a qualquer usuário cadastrado, sem qualquer controle de IP ou algo que se assemelhe. O processo de revisão é cegado e realizado por pares com titulação. O fluxo editorial com estimativa dos prazos para cada etapa do processo editorial está disponível a todos os usuários. O conteúdo da LILACS foi completamente atualizado e retornamos à base Rev@enf. Mantemo-nos na Scopus, Cinahl, Latindex, Cuiden, Hinari-WHO, Periodica, Oasis entre outras. Adiantamos o processo de entrada na Redalyc. Quanto à avaliação da Capes permanecemos no extrato B1. No que tange ao perfil de publicação 60% dos artigos foram originais e somente 20% escritos por docentes da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF, perfazendo menos de um terço de autores do Estado do Rio de Janeiro.
Em 2013 deixaremos de ser quadrimestrais e passaremos a ter edições nos meses de março, junho, setembro e dezembro. O número suplementar de notas prévias no mês de outubro está mantido. Passará a fazer parte de nossa agenda um número especial anual e, para o próximo, a temática escolhida foi a Saúde da Mulher. Reservaremos um espaço de 20% das publicações para coautoria internacional. O idioma de submissão obrigatoriamente será o mesmo utilizado pelo autor principal, ou seja, submissão em língua estrangeira para estrangeiros. Essa medida visa salvaguardar a qualidade de nossas traduções, posto que o processo atual prevê a revisão do texto vertido para o inglês e espanhol por nativos que desconhecem o idioma português, residentes na Irlanda e Cuba, respectivamente.
Assim, tal como a justiça que deveria refletir a sociedade e não o oposto, a julgar pela obsolescência de nossos códigos; o OBJN integra-se às demandas científicas da enfermagem a nível mundial, pois, como bem dito pelo outrora mal dito e mais conhecido representante da vila portuguesa de Golegã, Distrito de Santarém, Portugal: “mudam-se os tempos, mudam-se vontades e qualidades, o que foi perfeito deixou de ser, por razões em que as vontades não podem, mas que não seriam razões sem que os tempos as trouxessem"(4).
REFERÊNCIAS
1. Agência Brasileira Internacional [ homepage on the internet ]. Brasil avança no ranking da produção científica mundial [ cited 2012 dec 17 ]. Available from: http://www.abin.gov.br/modules/articles/article.php?id=4516
2. World Intellectual Property Organization [homepage on the internet]. [ cited 2012 dec 17 ]. Available from: http://www.wipo.int/about-wipo/en/
3. Committee on Publication Ethics [ homepage on the internet ]. [ cited 2012 dec 18 ]. Available from: http://publicationethics.org/
4. Saramago J. Objecto Quase. 2a ed. São Paulo: Companhia das Letras; 1994.
Recebido:19/12/2012
Aprovado:19/12/2012