NOTAS PRÉVIAS

 

O enfermeiro como agente do cuidado no ambiente offshore: estudo descritivo-exploratório

 


Daniel Del Campo Correa1, Marilda Andrade1

1Universidade Federal Fluminense

 


RESUMO
Introdução: A análise do processo de trabalho do enfermeiro na área offshore, não deve perder de vista o conceito de cuidado, e todas as implicações que tal objeto ocupa para o campo da saúde, sobretudo, para a profissão do enfermeiro. Objetivo: analisar o processo de trabalho do enfermeiro no cotidiano do ambiente offshore. Método: Pesquisa descritiva de caráter exploratório, com abordagem qualitativa. Serão sujeitos da pesquisa enfermeiros que trabalham na área offshore, no Brasil. A coleta de dados se dará através da técnica de entrevista com utilização de questionário semiestruturado. Os dados serão analisados à luz do método da hermenêutica dialética
Palavras-chave: Offshore, Assitência de Enfermagem, Processo de Trabalho.


 

SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA

A análise do processo de trabalho do enfermeiro na área offshore não deve perder de vista o conceito de cuidado e todas as implicações que tal objeto ocupa para o campo da saúde, sobretudo, para a profissão do enfermeiro. Assim, precisamos pensar que o cuidado em saúde não tem tempo nem espaço: inicia-se antes da interação para realização de cuidado propriamente dito. Para tanto, é preciso refletir a influência do paradigma cartesiano sobre o pensamento e os modos do ser e fazer do profissional de saúde, sobretudo, nos espaços de trabalho aonde o corpo humano é considerado uma máquina que pode ser analisada em termos de suas peças e o seu mau funcionamento, reduz-se a simples substituição, ou seja, ao tratamento da doença. Tal fato nos leva a refletir os novos e desafiadores cenários de trabalho que se apresentam mediante uma exigência mercadológica, e como a enfermagem tem se preparado para atuar nesses novos ambientes, muitos deles, bastante específicos. Para isso, é preciso compreender o espaço offshore como um desses novos ambientes, que também podem ser vistos como um território vivo, constituído por fixos e fluxos.
Os fixos dizem respeito ao sistema de objetos que compõe a paisagem de um lugar. Já os fluxos compreendem os sistemas de circulação e de trocas, tanto materiais quanto imateriais que animam e dão vida aos territórios(1). É preciso reconhecer e compreender esses novos fluxos e fixos, pois, diferem dos ambientes nos quais os enfermeiros estão acostumados a lidar desde o seu processo de formação acadêmica. É importante pensar também que o território offshore pode ser entendido como uma instituição total, uma vez que grande número de indivíduos, em situação semelhante, fica separado, por considerável período de tempo, da sociedade mais ampla, e leva uma vida fechada e formalmente administrada(2).
O propósito em desenvolver este tema surge das inquietações profissionais do autor advindas da experiência de atuar na área offshore como supervisor do departamento de saúde de uma unidade marítima – navio ou plataforma de petróleo. A enfermagem offshore, como é conhecida, vem conquistando nos últimos anos através de exigências legais um espaço profissional ainda pouco mapeado e pouco discutido no que se refere às produções científicas. E ao mesmo tempo, ainda existe uma lacuna para discussões acerca da assistência de enfermagem offshore bem como do seu processo de trabalho instituído nesta área. A experiência de ter trabalhado na área offshore associada às disciplinas do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde direcionou os questionamentos que ora levam o autor ao desenvolvimento da temática.

OBJETIVOS

Os objetivos que alicerçam a linha de pensamento para a construção de uma pesquisa que busca respostas ao novo cenário tecnológico do trabalho, em que o enfermeiro está inserido são:
Objetivo Geral: analisar o processo de trabalho do enfermeiro no cotidiano do ambiente offshore.
Objetivos Específicos: Descrever a dinâmica do processo de trabalho de enfermagem desenvolvida pelos enfermeiros no ambiente offshore e; Identificar as dificuldades e possibilidades de atuação do enfermeiro no ambiente offshore.

MÉTODO

A pesquisa encontra-se em curso e é de cunho, descritiva(3) de caráter exploratório, com uma abordagem qualitativa. Serão sujeitos da pesquisa enfermeiros que trabalham na área offshore atuantes no Brasil. A coleta de dados se dará através da técnica de entrevista com utilização de questionário semiestruturado e ocorrerá após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme preconiza Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Após a coleta, os dados serão analisados à luz do método da hermenêutica dialética.

RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que toda a representação das ideias expressas pelos sujeitos contribua para a construção epistemológica acerca das necessidades do cuidado de enfermagem e sua articulação com o processo de trabalho no ambiente offshore. Isto, pois, entende-se que todos os atores envolvidos interdisciplinarmente neste novo processo, necessitam de planos de ação que promovam maior consenso para a melhoria das condições de saúde e modos inovadores de promovê-la considerando os aspectos do processo de trabalho e os determinantes de saúde e doença no ambiente offshore.

REFERÊNCIAS

1. Santos M. O Espaço do Cidadão. 7ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; 2007.
2. Goffman E. Manicômios, Prisões e Conventos. 8ª Ed. São Paulo: Perspectiva; 2008.
3. Lima D. Desenhos de pesquisa: uma contribuição para autores. Online Braz J of Nursing [ serial in the Internet ]. 2011 oct [ cited 2012 oct 11 ] 10(2). Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/3648

 

 

Daniel Del Campo Corrêa – Mestrando do Curso de Pós Graduação Stricto Sensu, Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde, Escola de Enfermagem Aurora de Afosno Costa, Universidade Federal Fluminense, Autor da Pesquisa.
Marilda Andrade – Doutora em Enfermagem, Professora Associada da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense, Orientadora da Pesquisa.

 

 

Recebido: 17/10/2012
Aprovado: 18/10/2012