NOTAS PRÉVIAS

 

Preceptoria na inserção do acadêmico de enfermagem na Atenção Básica: estudo descritivo-exploratório

 

Alexandre Campos de Aguiar1, Cláudia Mara de Melo Tavares2

1,2 Universidade Federal Fluminense

 


RESUMO
Projeto de dissertação do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Universidade Federal Fluminense, cujo objetivo geral é investigar modos e técnicas de interação entre preceptor e estudante de enfermagem que favoreçam o aprendizado da prática profissional de enfermagem na Estratégia Saúde da Família (ESF). Os objetivos específicos são discutir formas de interação do acadêmico de Enfermagem com as ações desenvolvidas na ESF, apontar meios de sensibilização do acadêmico de Enfermagem para a percepção da importância da Atenção Básica. Estudo de abordagem qualitativa, a ser realizado por meio de oficinas com a participação dos enfermeiros que atuam na Atenção Básica no município de Vassouras tomando por base as experiências vivenciadas pela preceptoria de estudantes de enfermagem junto ao trabalho na ESF.
Descritores: Estudantes de Enfermagem, Programa Saúde da Família, Tutoria


 

SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA

Embora a Estratégia Saúde da Família (ESF) esteja bem definida como modelo de atenção em saúde, ainda não é suficientemente valorizada pela sociedade nem pelos profissionais de saúde. Existe uma questão cultural relacionada à subvalorização da Atenção Básica em relação às especialidades e tecnologias de ponta. O maior desafio pedagógico é justamente mudar este conceito na formação acadêmica de enfermagem, não impondo ideias e conceitos formados, mas estimulando o aluno para que ele mesmo entenda e perceba a importância da ESF, não só na própria formação acadêmica, mas no contexto do SUS e na vida das pessoas. A ESF foi criada com o objetivo de fortalecimento do SUS, sendo a base da reorganização da Atenção Básica no Brasil e prioridade para o Ministério da Saúde, que passou a entendê-la como fator primordial para a melhoria da estrutura pública de saúde.

Contudo, mesmo com os esforços impetrados, o modelo tradicional de atenção à saúde - focado na atenção curativo-individual - predomina e os profissionais seguem desconsiderando o contexto sociocultural das famílias(1,2), comprometendo a legitimidade do modelo de atenção preconizado(2).

As Unidades de Saúde da Família (USF) ainda recebem acadêmicos de enfermagem com projetos profissionais voltados apenas para realização de procedimentos técnicos. Eles não valorizam os aspectos interdisciplinares da atuação profissional, nem abordam o cliente como um todo, e muitas vezes reproduzem na USF a lógica do serviço ambulatorial. Tal fato acontece, não obstante haja uma reorientação nacional dos currículos de enfermagem com vistas à valorização das ações de enfermagem no campo da Atenção Básica de Saúde.

Sabemos que a supervalorização das especialidades e tecnologias de ponta, e consequentemente a subvalorização da Atenção Primária, é uma questão cultural, não só para os profissionais da saúde, mas para a própria população usuária do SUS. A mudança deste conceito é um grande desafio a ser enfrentado tanto pelos profissionais de saúde quanto pelo meio acadêmico. Assim, pressupõe-se que para assegurar a interação positiva do acadêmico de enfermagem no contexto da ESF, é preciso promover a participação dos acadêmicos de enfermagem em todas as ações desenvolvidas no serviço pelos profissionais de saúde junto à comunidade. Para tanto, a equipe de Saúde da Família deve estar comprometida com o programa, trabalhando de forma multidisciplinar, interinstitucional e orientada para a promoção da saúde. Isso implica mudar práticas e romper barreiras, algumas das quais estão ligadas às ausências de incorporação efetiva por parte dos profissionais de saúde dos princípios do SUS e da intersetorialidade(3).

 

QUESTÕES NORTEADORAS

De que maneira o acadêmico de enfermagem é recebido na USF? Como vivencia a prática na Atenção Básica? Como é inserido no contexto da ESF por seus professores?

 

OBJETIVOS

Investigar modos e técnicas de interação entre preceptor e estudante de enfermagem que favoreçam o aprendizado prático das ações desenvolvidas pelo enfermeiro no âmbito da ESF; Discutir formas de interação do acadêmico de enfermagem com as ações desenvolvidas na ESF; Apontar meios de sensibilização do acadêmico de Enfermagem para a percepção da importância da atenção básica em Saúde; Selecionar atividades práticas do cotidiano da ESF que favoreçam a aprendizagem do aluno no sentido do fortalecimento dos princípios do SUS.

 

PRESSUPOSTO

No âmbito da formação orientada para a Atenção Básica, de um lado os acadêmicos de enfermagem valorizam pouco o estágio na ESF se comparado ao estágio hospitalar, e de outro o enfermeiro que atua na ESF não busca meios de despertar nos acadêmicos o interesse pelo trabalho na Atenção Básica.

 

METODOLOGIA

Trata-se de estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, a ser realizado por meio de oficinas com a participação dos enfermeiros que atuam na Atenção Básica no município de Vassouras, RJ, com previsão de realização no mês de novembro de 2013, no Laboratório de Práticas Pedagógicas do Curso de Enfermagem da Universidade Severino Sombra (USS), com base nas experiências vivenciadas pela preceptoria de estudantes de enfermagem junto ao trabalho na ESF.

Pretende-se com este estudo desenvolver uma estratégia/tecnologia pedagógica que favoreça a inserção do estudante de enfermagem na ESF.

A coleta de dados se dará por meio de grupo focal com 10 enfermeiros preceptores (totalidade dos que atuam como preceptores), considerando que esta técnica possibilita, por meio de um fórum de discussão, a construção de um conhecimento coletivo do grupo. Esta técnica é apropriada a pesquisas qualitativas, onde se pretende explorar um foco, ou seja, um ponto em especial.

A análise de dados será realizada com base na proposta de categorias temáticas, que consiste em ordenação, classificação e análise final dos dados. Na primeira fase, a entrevista em grupo será transcrita e organizada, o que possibilitará uma visão geral do que foi dito pelos sujeitos.

 

REFERÊNCIAS

1. Tesser, C.D. Medicalização social (II): limites biomédicos e propostas para a clínica na atenção básica. Interface - Comunic., Saude, Educ., v.10, n.20, p.347-62, 2006.

2. Markman Neto, L. Políticas de Saúde, Sistema Único de Saúde e a prática do Programa de Saúde da Família num núcleo específico: limites e desafios. 2004.

3. Ferreira VA, Heringer A, Barros ALS, Acioli S. The principles of United Health System and the educative practices of nurses in the Family Health Program [ serial on the Internet ] 2006 Vol 5 n 3 [ Cited 2010 jun 9 ] Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/469/108

 

 

Dados do Projeto:
Projeto de dissertação do Mestrado Profissional Ensino na Saúde da UFF. Submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFF, aguardando autorização.
Orientadora: Cláudia Mara de Melo Tavares.
Endereço para correspondência: aguiar0173@yahoo.com.br

 

 

Recebido: 04/07/2013
Revisado: 11/09/2013
Aprovado: 11/09/2013