NOTAS PRÉVIAS
Validação da metodologia problematizadora na educação permanente em saúde: um estudo experimental
Pedro Henrique Cordeiro Ferreira1, Benedito Carlos Cordeiro2
1,2 Universidade Federal Fluminense
1Instituto Nacional de Câncer
RESUMO
Trata-se de um projeto de pesquisa do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Universidade Federal Fluminense, que tem por objetivo principal validar a metodologia da problematização na Educação Permanente em Saúde aplicada aos hemocomponentes. Os objetivos específicos são exercer a Assistência Farmacêutica Hemoterápica, amparada na interdisciplinaridade, no contexto do SUS e obter evidências objetivas de que a metodologia problematizadora é capaz de produzir resultados satisfatórios no processo de Educação Permanente em Saúde. Constitui-se de estudo experimental, de abordagem quantitativa, a ser realizado em um hospital de ensino oncológico no município do Rio de Janeiro. Os sujeitos serão enfermeiros transfusionistas e os aspectos éticos serão respeitados conforme a Resolução CNS 196/1996.
Palavras-chave: Assistência Farmacêutica; Educação Continuada; Estudos de Validação; Aprendizagem Baseada em Problemas.
SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA
Os hemocomponentes são medicamentos de infusão venosa de alta criticidade e cabe ao farmacêutico, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), atuar ativamente na Assistência Farmacêutica Hemoterápica, que compreende um conjunto de ações de caráter educativo que visa assegurar que os hemocomponentes sejam processados e transfundidos dentro de padrões elevados de qualidade, segurança e eficácia. A implantação de um modelo de Assistência Farmacêutica Hemoterápica no SUS, facilita o desenvolvimento de um trabalho integrador e de qualidade entre o farmacêutico produtor e dispensador do hemocomponente, o enfermeiro transfusionista – o principal gerenciador do ato transfusional - e o próprio paciente hemotransfundido(1). A metodologia problematizadora ou problematização é uma das mais iminentes manifestações do construtivismo na educação. Com origem nos trabalhos de Paulo Freire, enfatiza que os problemas a serem estudados precisam valer-se de um cenário real e trabalha a construção de conhecimentos a partir da vivência de experiências significativas(2). Além de criar condições propícias para uma efetiva interdisciplinaridade, a utilização da problematização na Educação Permanente em Saúde confere vários fatores positivos à qualidade dos serviços, dentre os quais o crescimento pessoal do próprio sujeito do trabalho como um compromisso social(3). A compreensão da metodologia problematizadora como método e técnica de ensino carece, na literatura, de validações advindas de estudos construídos sob uma ótica positivista, isto é, pautado na utilização de modelos estatísticos para a explicação da realidade. O autor do presente projeto, no exercício da Assistência Farmacêutica Hemoterápica, propõe realizar uma pesquisa interdisciplinar com enfermeiros que administram hemocomponentes, no decurso das ações de Educação Permanente em Saúde em um hospital de ensino oncológico do SUS. O projeto tem como objeto de estudo a influência da metodologia da problematização no aprendizado dos profissionais de saúde.
QUESTÕES NORTEADORAS
Como validar a metodologia problematizadora no contexto da Educação Permanente em Saúde?
Qual é a contribuição efetiva da Assistência Farmacêutica Hemoterápica para a Educação Permanente em Saúde no contexto da interdisciplinaridade?
OBJETIVOS
A pesquisa tem por objetivo principal validar a metodologia da problematização na Educação Permanente em Saúde aplicada aos hemocomponentes. Por objetivos específicos, (a) exercer a Assistência Farmacêutica Hemoterápica, amparada na interdisciplinaridade, no contexto do SUS e (b) obter evidências objetivas de que a metodologia problematizadora é capaz de produzir resultados satisfatórios no processo de Educação Permanente em Saúde.
HIPÓTESES
O estudo parte dos seguintes pressupostos:
H1 - Os sujeitos que melhor avaliam a metodologia de ensino (problematização) obtêm melhor desempenho (grau de aprendizado) e;
H2 – Quanto maior o grau de satisfação do educando com a metodologia de ensino utilizada, melhor o seu aprendizado.
Como hipóteses nulas, têm-se:
H01 – não existe relação entre gostar da metodologia e o resultado e;
H02 – quanto menor o grau de satisfação, melhor o resultado.
MÉTODO
Trata-se de um estudo experimental, com abordagem quantitativa, realizado no decurso do programa de Educação Permanente em Hemoterapia a ser desenvolvido em um hospital de ensino oncológico do SUS. Os sujeitos do estudo são enfermeiros transfusionistas, aos quais será requisitada autorização individual para utilização dos dados dos instrumentos de avaliação, para fins de pesquisa, por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após apreciação do projeto e liberação de parecer favorável pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, de acordo com a . A coleta de dados se dará por entrevistas estruturadas de avaliação prévia e posterior ao período de problematização com o tema hemocomponente. O tratamento estatístico dos dados se processará por técnica de análise multivariada com base nos graus de aprendizado do tema e de satisfação dos sujeitos com a metodologia utilizada.
REFERÊNCIAS
1. Araújo FQ, Prado EM. Análise das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia. Rev Contemp Educ. 2008; 3 (5): 96-108.
2. Torrezan RM, Guimarães RB, Furlanetti MPFR. A importância da problematização na construção do conhecimento em saúde comunitária. Trab educ saúde. 2012; 10 (1); 2012.
3. Lino MM, Backes VMS, Schmidt SMS, Ferraz F, Prado ML, Martins ST. The reality of nursing continuing education in the public health services: a descriptive study. Online braz j nurs [ serial in the internet ]. 2007 [ cited 2012 jun 01 ] 6(0). Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/ nursing/article/view/619/147#.
Dados do Projeto:
Projeto de pesquisa do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Universidade Federal Fluminense (Linha 2: Educação Permanente). Orientador: Prof. Dr. Benedito Carlos Cordeiro
Apoio Financeiro à Pesquisa: não há.
Endereço para correspondência: pferreira@inca.gov.br
Recebido: 04/07/2012
Aprovado: 04/09/2012