ARTIGOS DE REVISÃO

 

O enfermeiro no gerenciamento de material médico-hospitalar: revisão integrativa

 

 

Simone Domingues Garcia1, Roseli Broggi Gil1,Maria do Carmo Lourenço Haddad1, Marli Terezinha Oliveira Vannuchi1,Daniele Bernardi da Costa2

1Universidade Estadual de Londrina
2Universidade de São Paulo

 


RESUMO

O objeto de estudo é a gestão de materiais médico-hospitalares, àrea que requer conhecimentos específicos do enfermeiro, e que atualmente tem suscitado discussões entre especialistas do tema.
Objetivo: caracterizar a produção do conhecimento sobre o gerenciamento de material médico-hospitalar realizado pelo enfermeiro.
Método: retrospectivo, descritivo que seguiu as etapas da revisão integrativa. Para a busca se utilizou das bases de dados Lilacs, Medline e Google acadêmico.
Resultados: Foram encontrados 104 estudos, dos quais se selecionaram dez. A análise das publicações mostrou que a gestão de material tem sido discutida no âmbito das práticas educativas, controle de custo e de materiais, como ferramenta de trabalho, e na perspectiva de atuação do enfermeiro no gerenciamento de materiais.
Discussão: é necessário incorporar o tema no processo de trabalho dos enfermeiros, proporcionando o senso crítico em relação a gestão.
Conclusão: São imprescindíveis a ampliação da produção científica e maior interesse dos enfermeiros nessa área.

Descritores: Gestão de Recursos; Administração de Materiais no Hospital; Enfermagem.


 

INTRODUÇÃO

Nas instituições de saúde, especialmente nos hospitais, a gestão de recurso material (GRM) constitui-se em uma questão particularmente importante, considerando a diversidade de materiais utilizados, seu elevado custo, especialmente daqueles ligados à assistência das pessoas hospitalizadas. A administração destes, normalmente, é realizada pela área administrativa, sem o envolvimento devido de áreas especializadas, como a enfermagem(1).

Os recursos materiais na área da saúde podem ser classificados de acordo com diversos critérios, tais como: finalidade, especificidade para armazenamento, valor, grau de criticidade ou aplicação.

Adotando-se o critério de finalidade, grandes grupos de materiais podem ser constituídos, a saber: medicamentos, higiene, laboratório, informática, manutenção, gêneros alimentícios e os materiais médico-hospitalares propriamente ditos(2).

Comprova-se que os gastos com material em uma instituição hospitalar assumem o segundo lugar, perdendo apenas para os recursos humanos, tornando-se evidente a importância e necessidade de dados e informações para subsidiarem o gerenciameno deste segmento(3).

Desta perspectiva depreende-se que um gerenciamento eficiente e eficaz de recursos materiais, nas instituições de saúde, necessita alinhar as questões de oferta de produtos para subsidiar o atendimento e adotar controles efetivos que garantam a disponibilidade de tais recursos com qualidade, no momento certo, na quantidade necessária e com preço justo(8).

A partir da constatação de que a equipe de enfermagem é a maior requisitante e usuária dos produtos, principalmente dos itens classificados como médico-hospitalar, ela tem em suas mãos uma grande responsabilidade: a de repensar o seu significado nas atividades gerenciais(4).

O enfermeiro, em função de ocupar cargos de coordenação, tem se notabilizado em viabilizar, favorecer e criar as condições técnicas para que a assistência se desenvolva adequadamente(1). Entretanto, esse profissional, cada vez mais inserido na gestão em questão, não está produzindo cientificamente pesquisas e publicações que demonstrem esse envolvimento e dimensionem a real importância de se atualizar na área.

O mercado de trabalho tem exigido do enfermeiro uma ampliação de suas competências para as questões gerenciais, destacando-se aspectos da economia em saúde, em que estão inseridos o financiamento, o faturamento e o custo. Dessa maneira, ele tem demonstrado outras habilidades e exercido outras funções que não somente as assistenciais, assumindo importante espaço intra e extra-hospitalar, ou seja, tornando-se um profissional importante na administração de recursos materiais(1).

Ao afirmar que os recursos materiais são instrumentos de trabalho imprescindíveis para o desenvolvimento das atividades assistenciais, a participação da enfermagem no gerenciamento do mesmo está diretamente relacionada à qualidade da assistência prestada(1).

Torna-se, assim, fundamental o enfermeiro demonstrar, por meio da produção científica, a fundamentação necessária ao seu processo de trabalho na gestão de materiais, caracterizando sua competência teórico-prática como principal estimuladora da melhoria da ciência da administração(5).

Nesse contexto, objetivou-se caracterizar a produção de conhecimento sobre o gerenciamento de material médico-hospitalar realizado pelo enfermeiro.

 

MÉTODO

Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, que seguiu as etapas da revisão integrativa. Esta se constitui em um método de pesquisa, por meio do qual pesquisas primárias são analisadas para elaboração de uma síntese do conhecimento produzido sobre o tema investigado.

A construção desta revisão integrativa foi baseada em estudos(6,7) que seguiram sete etapas estabelecidas, quais sejam: (1) identificação do problema e definição da questão de pesquisa da revisão; (2) definição dos critérios de inclusão e exclusão dos artigos; (3) revisão bibliográfica; (4) definição das informações a serem extraídas dos estudos revisados; (5) análise dos estudos incluídos na revisão integrativa; (6) discussão e interpretação dos resultados e; (7) síntese do conhecimento.

A revisão integrativa torna-se importante quando há poucas pesquisas sobre determinado assunto(7), pois ao localizar e integrar as informações desenvolvidas por diversos autores sobre o tema, este método possibilita identificar em qual estágio está o conhecimento produzido ou até mesmo elucidar assuntos não solucionados(7).

Considera-se que uma revisão integrativa bem desenvolvida sobre um tópico relevante pode gerar impacto sobre a prática profissional(7).

De acordo com a primeira etapa sugerida pelo método, ao identificar o problema da necessidade da participação do enfermeiro na gestão de materiais, a questão norteadora do estudo foi: “Em publicações científicas, há citação da participação do enfermeiro na gestão de material médico-hospitalar?”.

A segunda etapa estabelecida pela metodologia envolve os critérios de inclusão que foram: estudos referentes à gestão de materiais pela enfermagem, publicados no período compreendido entre 2000 a 2010, nos idiomas português, inglês e espanhol, e resumo disponível na base de dados. Foram consideradas as pesquisas apresentadas em concursos de livre docência, teses, dissertações, artigos científicos e resumos expandidos pertinentes ao tema.

Na sequência metodológica, foi realizada a revisão bibliográfica, com a busca na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) nas seguintes bases de dados: Lilacs, Medline e Google acadêmico.

As publicações foram selecionadas a partir dos seguintes descritores de Ciências da Saúde nos três idiomas contemplados por esta pesquisa: gestão, recursos materiais, material médico hospitalar e, enfermagem. Foi utilizada a associação destes empregando o operador booleano AND.

Posteriormente, realizou-se nova busca preservando os mesmos descritores citados acima, com exceção do termo enfermagem, para verificar se ocorreu alteração no número de estudos encontrados, e também na tentativa de contemplar outras áreas que pudessem trabalhar com este tema, haja vista o envolvimento com a gestão de materiais, como por exemplo a área de administração.

Considerou-se o recorte temporal de três meses entre a primeira e a segunda busca, correspondendo ao início de junho e início de setembro de 2011. O tempo do intervalo justifica-se suficiente para a correta identificação do tema nos estudos, respeitando todas as etapas preconizadas pelo método em questão.

Após a definição das informações a serem extraídas das pesquisas identificadas que continham a citação do enfermeiro na gestão de materiais, procedeu-se com a análise dos estudos incluídos na revisão integrativa.

As etapas cinco e seis foram realizadas a partir da elaboração de categorias que auxiliassem a discussão e interpretação dos resultados, bem como enriquecessem a síntese do conhecimento, que constitui-se da etapa sete da revisão. Esta última etapa, assim como a organização das informações disponibilizadas e a apresentação das evidências reveladas foram concretizadas após a avaliação dos estudos incluídos nesta revisão.

 

RESULTADOS

A primeira busca nas bases de dados resultou em 76 publicações, das quais 24 retornaram na Lilacs; 38, na Medline e; 14, no Google acadêmico. Destas publicações, quatro eram resultantes de pesquisas defendidas em concursos de livre docência, 17 teses de doutorado, 30 dissertações de mestrado, 24 artigos científicos e um resumo expandido. Selecionaram-se, nesta etapa, apenas oito.

Da segunda busca, na qual se retirou o descritor enfermagem, retornaram 28 publicações sobre as quais se aplicaram os critérios de inclusão, que exigiu a análise dos resumos. Desta etapa, apenas dois estudos foram selecionados.

Por meio da análise dos resumos, notou-se que a gestão de materiais pelo enfermeiro foi citada em três dissertações de mestrado de diferentes áreas: enfermagem, engenharia de produção e medicina.
Uma vez selecionadas, as publicações foram classificadas e categorizadas nas seguintes modalidades: 1) gestão de materiais no processo de ensinar em enfermagem; 2) gestão de materiais como ferramenta de trabalho; 3) o enfermeiro no controle de custos e materiais e; 4) o enfermeiro como um dos atores da gestão de materiais.

Os assuntos discutidos nos estudos se relacionam com o desenvolvimento de materiais médico-hospitalares, consumo, validação de instrumento de avaliação e classificação.
A seguir, seguem-se os quadros por categoria, que apresentam as publicações selecionadas e suas principais características.

 

DISCUSSÃO

Gestão de materiais no processo de ensinar em enfermagem
A gestão de materiais como prática educativa na enfermagem foi demonstradacomo importante habilidade a ser desenvolvida pelo discente, estimulando no aluno o senso crítico a respeito dos produtos utilizados em âmbito hospitalar(I).

Desta forma, afirma-se a importância de inserir na graduação o tema “gestão de materiais” em diferentes âmbitos, ao considerar o desenvolvimento do aluno e a fase que o mesmo encontra-se de aprendizado. É necessário que os graduandos possuam sucessivas aproximações com o tema, para que assim, haja a construção do conhecimento acerca da dimensão da gestão de materiais, desde o seu planejamento até o processo de aquisição. Considera-se relevante para a transformação das práticas do trabalho dos profissionais da saúde, o sentimento de inquietação e incômodo. É essencial que o vivenciado que incomoda seja discutido, dialogado e pensado em todas as suas dimensões. Neste caso, a educação permanente tem espaços para ser construída(8).

A educação permanente por si só não transforma as práticas, mas o desenrolar deste processo pedagógico pode ser amplamente explorado no sentido de favorecer o crescimento dos sujeitos com a educação sendo fonte propulsora na transformação dos profissionais(8). Assim, ao sugerir a inserção da gestão de materiais nos cursos de educação continuada propõe-se um novo olhar sobre a relevância do assunto, ao transformar o conhecimento empírico dos enfermeiros em um diferencial estratégico no ambiente de trabalho.

Os profissionais acreditam que a participação é a maneira mais adequada para se alcançar as mudanças que satisfaçam as necessidades do ser humano, seja na área pessoal, profissional ou institucional(II). Esses trabalhadores são cientes da importância de opinar sobre as necessidades e prioridades administrativas, posicionando-se e sensibilizando os dirigentes institucionais acerca da gestão de recursos materiais(1). A estratégia da educação continuada descrita no estudo proporcionou aos profissionais envolvidos a necessidade por mudança e a valorização do papel de cada um na prática profissional, essencial no processo de trabalho.

Gestão de materiais como ferramenta de trabalho
Como importante ferramenta de trabalho, a gestão de materiais foi citada nos estudos relacionados no quadro 2 que demonstram a importância de instrumentalizar a prática dos profissionais de saúde. Ao citar ferramentas de trabalho consideram-se importante referenciar as competências profissionais dos enfermeiros, que tem sido definida como um “saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”(8).

Também discute-se as competências individuais necessárias ao gestor como liderança, persuasão, trabalho em equipe, criatividade, tomada de decisão, planejamento, organização e determinação. As competências profissionais também são assim elencadas: saber agir, mobilizar, comunicar, aprender, comprometer-se, assumir responsabilidades e ter visão estratégica(8).

Para a prestação da assistência de enfermagem, cabem aos enfermeiros tarefas diretamente relacionadas à atuação junto ao cliente, bem como a liderança da equipe de enfermagem e o gerenciamento dos recursos físicos, materiais, humanos, financeiros, políticos e de informação.

Do enfermeiro é exigido conhecimento (que conheça o que faz), habilidades (que faça corretamente) e tenha atitudes adequadas para desempenhar seu papel, objetivando resultados positivos(8). Para a realização das atividades propostas, o mesmo deve se instrumentalizar de ferramentas de trabalho que respondam a necessidade do serviço, ao desenvolvimento da equipe e a qualidade da assistência oferecida aos pacientes.

O enfermeiro tem papel preponderante na administração de recursos materiais e equipamentos dos serviços de saúde, visto que usualmente assume o gerenciamento das unidades e a coordenação das atividades assistenciais, que são realizadas pelo conjunto da equipe de saúde. Nesse sentido, origina-se a necessidade de desenvolvimento de um sistema de gerenciamento de materiais, que pode ser referenciado como ferramenta de trabalho, com o objetivo de organizar esses recursos para facilitar a assistência de enfermagem(9).

Nos estudos apresentados no quadro 2(III, IV, V e VI) são demonstradas estratégias buscadas pelos profissionais na forma de proporcionar a qualificação do processo de trabalho oferecido, seja na atenção básica ou hospitalar. É ponto inquestionável a importância do enfermeiro envolver-se na gestão de materiais, já que o tema vem se solidificando com a prática diária e com os estudos já levantados nos últimos anos. Contudo, é necessário estimular discussões sobre quais ferramentas são mais adequadas a cada tipo de serviço de saúde.

Afirma-se que a classificação dos materiais é uma importante ferramenta gerencial(VI). E em decorrência da diversidade de materiais e com a necessidade de minimizar as ocorrências com faltas, desvios e desperdícios de materiais, que dificultam o processo de gerenciamento hospitalar, os novos instrumentos gerenciais têm sido incorporados nesse processo(10).

O enfermeiro no controle de custos e materiais
Em relação ao tema “custos”, abordado no quadro 3, o gerenciamento de materiais e equipamentos expressa tanto a preocupação com a qualificação da assistência de enfermagem, como com o gerenciamento de custos para a instituição. Frente à crescente incorporação tecnológica, à expansão dos gastos com saúde e à necessidades de contê-los devida a escassez de recursos, cada vez mais os enfermeiros, no mundo todo, estão envolvidos, em seus locais de trabalho, com questões relativas a valores econômicos da assistência(11).

A preocupação com o adequado gerenciamento dos custos na área da saúde, em virtude da desproporção entre a demanda de necessidades e a disponibilidade dos recursos, tem chamado a atenção para um tema recente na literatura de enfermagem nacional: os custos relacionados aos serviços de enfermagem. Considera-se que o conhecimento dos custos da enfermagem é uma ferramenta de gestão que permite ao enfermeiro dimensionar os recursos disponíveis e tomar decisões com base na melhor evidência científica(12).

As preocupações com os custos crescentes da cadeia logística do setor saúde, em particular dos hospitais, suscita a adoção de estratégias de controle, principalmente dos estoques de materiais, no sentido de garantir a viabilidade destas instituições(10). Considera-se que as áreas assistenciais convivem permanentemente com a imprevisibilidade de demanda, exigindo certa flexibilidade administrativa no atendimento às necessidades inerentes aos objetivos a que a instituição se destina(1).

Os gastos com materiais no ambiente hospitalar representam aproximadamente 15% a 25% das despesas correntes, e que com certa frequência são adquiridos cerca de 3.000 a 6.000 itens de consumo em hospitais de alta complexidade. Ressaltam ainda que as particularidades de um sistema não se restringe somente à quantidade de itens ou a seu custo, mas também à diversidade de seu processo produtivo, que normalmente se mantém distanciado dos sistemas de apoio, dificultando sua administração(1).

A dimensão de custos quando da implantação de novas tecnologias nem sempre foi uma preocupação nos serviços públicos, mas atualmente com a necessidade de auto-sustentação e competitividade em relação ao mercado, controlar, re-alocar e otimizar recursos para minimizar custos, passou a ser uma das preocupações da enfermagem. Estas informações apontam para a necessidade de desenvolvimento da competência gerencial de processos com foco em resultados(13).

Assim, a participação dos profissionais é a maneira mais adequada para se alcançar as mudanças que satisfaçam as necessidades do ser humano, seja na área pessoal, profissional ou institucional. Esses trabalhadores estão cientes da importância de opinar sobre as necessidades e prioridades administrativas, posicionando-se e sensibilizando os dirigentes institucionais acerca da importância da GRM. Além disto, identificam a questão “custo versus efetividade versus satisfação” e não apenas os custos(1).

Desta forma, torna-se imperativo conhecer e compreender a realidade administrativa que se vivencia para então poder agir sobre ela. Assim, é necessário prospectar com os sujeitos que promovem, colaboram e utilizam os materiais, a respeito dos conhecimentos que têm da gestão de recursos materiais(1).

O enfermeiro como um dos atores da gestão de materiais.
O enfermeiro como um dos atores da gestão de materiais possui representação significativa, considerando que as instituições exigem dos seus colaboradores um perfil profissional em constante desenvolvimento para acompanhar as inovações tecnológicas, com potencial para resolução de problemas, capacidade de negociação e proatividade(X). Dessa forma, também, no que diz respeito às organizações de saúde, exige-se atualmente um perfil de enfermeiro que requer agilidade e decisões assertivas, criativas, inovadoras, agregando valor econômico à empresa e social ao indivíduo(13).

Frente à relevância dessas conquistas para a concretização de avanços na enfermagem, vem à tona a importância de se ocupar esses espaços, efetivamente, garantindo assim, os já conquistados, avançando em busca de novos objetivos pelo envolvimento efetivo desses trabalhadores nos diversos fóruns de participação. Preservar a autonomia que a ocupação de cargos administrativos proporciona é de vital importância para o crescimento da enfermagem na busca da qualidade desejada(1).

Os enfermeiros assumem suas corresponsabilidades na GRM e sentem-se capazes de modificar a realidade existente. Visualizam um longo caminho percorrido, porém entendem que a participação junto a essa gestão ainda é frágil e necessita avançar. Percebem a necessidade da sensibilização dos trabalhadores de enfermagem em relação à importância de seu envolvimento como ponto de partida para avanços nessa área. Ademais, entendem que a GRM, dentro das instâncias que lhe são devidas, deve ser considerada como uma atividade inerente à enfermagem e incorporada como uma atribuição profissional(1).

Estudos que permitam clarear as modalidades de gerenciamento utilizadas são fundamentais para que os enfermeiros possam refletir sobre sua prática e se organizar no sentido de propor transformações que venham contribuir para a melhoria no cuidado. Também é importante conhecer os diferentes modelos de gerenciamento a fim de subsidiar as reflexões(14).

Assim, na prática do enfermeiro o tema exposto é de importância considerável e deve ser argumentado com maior ênfase e frequência, para que todos os profissionais envolvidos tomem dimensão da sua relevância. É totalmente impraticável a realização da gerência da assistência sem o conhecimento da gestão dos materiais, demandando assim discussões sobre o assunto desde a esfera acadêmica até aos espaços de educação continuada nos serviços de saúde.

 

CONCLUSÃO

Quando se realiza a busca por trabalhos científicos, o resumo de um estudo possibilita o primeiro contato do avaliador com o trabalho, e, por esse motivo, é costumeiramente utilizado por pesquisadores como instrumento de análise, tal como nesse estudo. Nesse sentido, é imprescindível que as informações apresentadas nesta seção sejam claras e de qualidade, possibilitando ao avaliador uma tomada de decisão precisa no que se refere à realização da leitura integral da publicação. Porém, pela inexistência de critérios na construção de resumos, constatou-se na busca bibliográfica que a maioria deles não apresentava itens essenciais, o que influenciou diretamente no processo de seleção de publicações para compor a revisão integrativa.

Não obstante, o conhecimento sobre a gestão de materiais médico-hospitalares na prática da enfermagem ainda se mostra incipiente, conforme evidenciado nos estudos nacionais incluídos nessa revisão integrativa. Estudos que apresentam evidências mais sólidas são considerados antigos e são utilizados como base, não apresentando novos estudos comparativos que demonstrem desenvolvimento científico.

Há evidência da necessidade do enfermeiro despertar interesse sobre o tema, a fim de utilizar este conhecimento como ferramenta para tomadas de decisão e liderança, bem como instrumento de gestão dos cuidados sobre os quais é responsável, potencializando, portanto, o seu processo de trabalho.

 

REFERÊNCIAS

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REFERÊNCIAS DA REVISÃO INTEGRATIVA

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10. Santos MPFM. Controle de materiais e medicamentos em um hospital universitário e a participação da(o) enfermeira(o) [ tese ]. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2004.

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Recebido: 22/02/2012
Aprovado: 05/03/2013