NOTAS PRÉVIAS

 

 

Notificação de morte encefálica em uma unidade de terapia intensiva: estudo descritivo

 

 


Bárbara Cristina de Aguiar Ernesto Virginio1, Cristina Lavoyer Escudeiro1
 
1Universidade Federal Fluminense


RESUMO
Este estudo abordará a morte encefálica (ME) em uma Unidade de Terapia Intensiva e está vinculado ao programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial da Universidade Federal Fluminense. Objetivos: identificar o conhecimento dos enfermeiros de uma unidade de terapia intensiva a respeito do processo de notificação de morte encefálica; descrever as facilidades e dificuldades encontradas pelos enfermeiros no processo de notificação de ME e; discutir o processo de notificação de ME e suas implicações para captação e doação de órgãos. Método: O estudo será de abordagem qualitativa do tipo descritivo. O cenário do estudo será a unidade de Terapia Intensiva de um hospital público, notificador de grande porte, situado em Niterói e como sujeitos os enfermeiros do setor.
Palavras-chave: Morte Encefálica; Transplante de Órgãos; Notificação.


 

SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA

O cuidar em enfermagem na Unidade de terapia intensiva (UTI) requer do enfermeiro, como parte integrante da equipe multiprofissional, saberes científicos específicos para assistência ao paciente crítico. Em decorrência do aprimoramento tecnológico, o transplante de órgãos e tecidos tornou-se um procedimento terapêutico aos pacientes portadores de doenças sobre as quais as terapias convencionais não são eficazes, surgindo, dessa forma, novas possibilidades de tratamento para o paciente com afecções intratáveis significativamente relevantes no país(1). Inserida nesta contextualização, a notificação de morte encefálica é uma ação primordial para obtenção de êxito no aumento de potenciais doadores, o que exige do enfermeiro conhecimentos fisiopatológicos deste processo e de suas peculiaridades à assistência ao potencial doador. Informar a notificação de morte encefálica à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Rio de Janeiro (CNCDO-RJ) após a constatação do diagnóstico de morte encefálica, cabe à equipe multiprofissional, visto que a agilidade no processo de notificação de morte encefálica é fundamental.
O enfermeiro, haja vista os conhecimentos científicos apreendidos, possui capacidade para avaliar o paciente com sinais clínicos de ME. No entanto, estudos sobre o enfrentamento de enfermeiros quanto ao atendimento aos pacientes e familiares apontam que durante todo o processo de morrer em hospitais, recomenda-se a necessidade de um novo modelo de cuidar, reconhecendo a parceria entre enfermeiros, médicos e a família, nas situações de cuidado ao final de vida(2).
Ao longo de sete anos vivenciando o cuidar em UTI de um hospital de grande porte, cujo ambiente é caracterizado por processos patológicos neurológicos e/ou pós-operatórios de afecções neurocirúrgicas, observa-se que a recuperação destes pacientes é marcada por internação prolongada e, por vezes, evoluem para clínica de morte encefálica, culminando no óbito. O referido hospital é referenciado para transplantes renais, entretanto, a instituição carece de rotinas específicas para as situações de notificação. Outro evento que corrobora com a falta de notificação é a demora na avaliação dos sinais clínicos, e posterior diagnóstico, bem como a ausência de uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), a qual facilitaria todo processo de intercâmbio entre UTI, Central de Notificação e Captação de Órgãos do Rio de Janeiro e família do potencial doador. Com o estudo pretende-se contribuir para um melhor desenvolvimento das práticas durante o processo de notificação trazendo benefícios à instituição e à sociedade.

 

QUESTÕES NORTEADORAS

Qual o conhecimento do enfermeiro acerca do processo de notificação de ME?
Quais as facilidades e dificuldades encontradas no processo de notificação de ME?
Como ocorre o processo de notificação de ME em uma UTI?

 

OBJETIVOS

Geral: Identificar o conhecimento dos enfermeiros de uma unidade de terapia intensiva a respeito do processo de notificação de morte encefálica (ME).
Específicos: Descrever as facilidades e dificuldades encontradas pelos enfermeiros no processo de notificação de ME;Discutir o processo de notificação de ME em uma unidade de terapia intensiva e suas implicações para captação e doação de órgãos.

 

MÉTODO

O estudo será de abordagem qualitativa do tipo descritivo. O cenário do estudo será a Unidade de Terapia Intensiva de um hospital público, notificador de grande porte, situado em Niterói. Os sujeitos do estudo serão os enfermeiros do setor. Para coleta de dados utilizar-se-á a entrevista semiestruturada, que apresenta um roteiro prévio das perguntas elaboradas a partir dos objetivos do estudo e caracterização dos sujeitos. Os dados serão tratados por meio da técnica de análise de conteúdo, possibilitando a organização dos resultados em categorias, que permite agrupar elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si(3).
O estudo foi aprovado, sob parecer nº 279/11, pelo Comitê de Ética em Pesquisa do hospital que será campo deste estudo, garantindo, portanto, que se respeitarão os princípios éticos e legais relacionados à pesquisa com seres humanos.

 

REFERÊNCIAS

1. Andrade EF, Boing JS, Grando SR, Licheski AP, Massaroli A, Siqueira KA, et al. O Processo de Captação e Transplante de Órgãos e Tecidos: principais dúvidas dos acadêmicos do sétimo período de um Curso de Graduação em Enfermagem de Santa Catarina [ artigo na internet ]. [ cited 2011 Jan 17 ]. Available from: www.abennacional.org.br/2SITEn/Arquivos/N.069.pdf

2. Vedootto D. Silva R. Humanization with the family in na intensive care unit: a descriptive study.  Online braz j nurs [serial in the Internet]. 2011 Jan; [ Cited 2012 May 5 ] 9(3). Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/3135

3. Gomes R. Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. In: Minayo  MC, organizadora. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 29ª ed. Petrópolis: Vozes; 2010.

 

 

Dados do Projeto
Projeto de Dissertação de Mestrado Profissional Assistencial em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense aprovado em 24 de novembro de 2011. 
Aprovação no CEP em 02\12\2011, nº parecer: 279/11.
Orientadora: Profª Drª Cristina Lavoyer Escudeiro
Apoio Financeiro à Pesquisa: Conselho Regional de Enfermagem (COREN)
Endereço para correspondência: Bárbara Cristina de Aguiar Ernesto Virginio. Rua Martins Torres, 606, bl 4, apto 202- Santa Rosa- Niterói- RJ. CEP: 24240-705. Endereço eletrônico: baguiar75@gmail.com

 

Recebido: 16/02/2012
Aprovado: 03/09/2012